Islândia - Julho/Agosto 2019

David sf

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8 Jan 2009
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A Islândia tem uma área superior à de Portugal continental mas tem apenas 350 000 habitantes, dos quais cerca de 250 000 vivem na área urbana de Reykjavík, a capital. Deste modo sobra uma área imensa para 100 000 habitantes, aproximadamente a população de Coimbra.

O que lhe falta em habitantes sobra-lhe, e muito, em beleza natural, alternando montanhas com planícies, paisagens lunares com campos verdes e floridos, quedas de água com aridez, nascentes de água quente com glaciares. Há muitos lugares no planeta com grande beleza natural, mas duvido que haja mais algum que reúna tanta e tão diversificada como a Islândia.

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Visitei a Islândia de 30 de julho a 8 de agosto. Voei na WizzAir, com escala em Londres (ainda deu para ficar 3 dias na capital inglesa), o que custou cerca de 300€ ida e volta.
A melhor maneira de se deslocar pela Islândia é de carro alugado, uma vez que os transportes públicos são raros e as visitas guiadas caríssimas. Li em muitos blogs de viagens que seria aconselhável alugar um carro de tracção às 4 rodas, mas arrisquei num mais acessível (ao bolso) Kia Picanto e não me arrependi.

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De facto, com condições meteorológicas favoráveis (e neste aspecto tive uma grande sorte), qualquer carro pode circular pela maior parte das estradas do país, mesmo as que são em gravilha. Apenas as estradas cujo nome tem prefixo “F”, e que estão devidamente assinaladas por sinalização vertical, exigem um veículo mais robusto, uma vez que existem diversas travessias de linhas de água ao longo delas.

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Durante 9 dias dei a volta à ilha através da N1 (a famosa Ring Road) com vários desvios sempre que havia algo interessante por perto. Foram 2550 km e achei facílimo conduzir na Islândia – a maior parte das estradas por onde andei eram longas rectas em zonas planas, era quase como conduzir no Alentejo. Mesmo as estradas de gravilha estavam em bastante boas condições, permitindo circular a mais de 60 km/h sem grande problema. Isto tudo, claro, em condições de tempo seco. Estive 9 dias na Islândia, e apenas vi chover durante 2 aguaceiros que não chegaram a durar 15 minutos, ambos na manhã do primeiro dia (já quando cheguei a Lisboa estava a chover…).

Fiquei quase sempre em guesthouses, o preço dos hotéis é exorbitante (a partir de 150€/noite um quarto single). As refeições em restaurantes são caríssimas (sopa de peixe a 20€, pizza a 25€, prato principal entre os 30€ e os 40€ em restaurantes comuns). A solução passava por comprar pão, fruta, bolachas, enchidos, skyr (que são originários da Islândia e muito mais doces do que os que se vendem cá) nos supermercados para ir matando a fome a o longo do dia e, como queria experimentar a gastronomia local, fazer do jantar a única refeição de faca e garfo diária.

Só não deu para ver auroras boreais. Apesar de a actividade ter estado forte, nunca escurecia totalmente. À meia noite o panorama era este:

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David sf

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30/07 – Península de Reykjanes e Reykjavík (136km)

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Parti pouco depois das 7 da manhã do aeroporto de Luton para um voo com 2 horas e meia de duração. Tanto a WizzAir como a EasyJet têm um voo por dia para a Islândia desde este aeroporto e saem mais ou menos à mesma hora (na imagem o avião da WizzAir que iria apanhar e atrás o da EasyJet já no taxiing para descolar rumo à Islândia):

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Aterrei no aeroporto de Keflavík pouco depois das 9 da manhã, e já cheira a enxofre. Fui levantar o carro e às 10 fiz-me à estrada. Era muito cedo para ir logo para Reykjavík, a capital do país situada a cerca de 30km a Norte do aeroporto, e fui primeiro explorar a Península de Reykjanes, onde se situa o aeroporto.

A primeira paragem é na denominada “ponte entre os dois continentes”, uma ponte metálica pedonal construída recentemente a ligar, alegadamente, as placas americana e europeia . A Islândia é atravessada pelo rift atlântico na direcção SW-NE, e existem vários pontos turísticos que se vendem como sendo o contacto entre as duas placas.

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Quando voltei ao carro começou a chover e o vento forte dava uma sensação de frio, apesar de a temperatura não estar muito baixa, 13ºC.

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A paragem seguinte foi em Krysuvík, uma área geotermal com lama borbulhante:

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E poucos quilómetros depois parei no lago Kleifarvatn. Era necessário caminhar um pouco e chovia. Por análise do radar estava a acabar, e fiquei um pouco de tempo no carro à espera que parasse. Parou ao fim de 10 minutos e não voltei a ver chover até aterrar em Lisboa…

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E parto rumo a Reykjavík.

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David sf

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As cidades na Islândia são, no geral, desinteressantes. Algumas casas de madeira mais engraçadas, igrejas modernas de arquitectura arrojada e as vistas para o mar e/ou montanha é aquilo que se pode aproveitar. Reykjavík não é excepção.

Aqui começo a cruzar-me com os muitos turistas que visitam o país. Na época alta (julho/agosto) chega a haver mais turistas do que habitantes na ilha. No entanto, o território é vasto e a grande quantidade de turistas nunca chega a incomodar.

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Os transportes públicos são “BESTA”:

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Em muitos locais da Islândia existem estes montinhos de pedras, que, tal como cá, dizem trazer boa sorte.

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Em Reykjavík consegue-se comer por preços mais reduzidos que no resto do país. Esta sopa de borrego (parecido ao nosso ensopado) servida dentro do pão, custou-me 15 euros. Por outro lado, tanto a água como o couvert são oferecidos:

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Ao fim do dia a onda de calor ártica começou a fazer sentir-se. Às 23h estavam 18ºC em Reykjavík.
 
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David sf

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31/07 – Golden Circle (216km)

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Há vários anos atrás, quando o turismo estava muito pouco desenvolvido e a rede de estradas estava em bastante mau estado, os poucos turistas que chegavam a Reykjavík limitavam-se a percorrer o chamado Golden Circle, constituído pelo Parque Nacional de Thingvellir, o Geysir e a catarata de Gullfoss (das várias “foss” magníficas que existem no país).

Saí às 8 da manhã do quarto onde fiquei hospedado às portas da capital islandesa e parti para o Parque Natural da Thingvellir. É um local importante para a identidade islandesa, pois foi lá que reuniu o primeiro parlamento do país, no século X. Também foi local de várias execuções de condenados à morte por afogamento.

A caminho paro num miradouro, com belas vistas e a aproveitar a manhã soalheira.

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A entrada para o parque natural não é paga, mas o estacionamento é-o, cerca de 5€. O pagamento é feito numa máquina onde se insere a matrícula do carro (a máquina identifica logo o modelo do carro e a cor).

Estava uma manhã bastante quente, dava para andar de manga curta.

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O parque natural de Thingellir está situado na zona de divergência das placas europeia e americana. É possível mergulhar na zona de contacto entre as placas e tocar nas duas em simultâneo.

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Próximo a Thigvellir está a Oxárafoss a primeira das muitas “foss” (queda de água) por onde passei:

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Depois de 2 horas bem passadas em Thingvellir ponho-me a caminho do complexo de geysers conhecido como Geysir. Este é o local por onde passei em que o reboliço turísitico mais se faz sentir, com vários autocarros, lojas de souvenirs, restaurantes, etc..

Neste complexo pode-se ver o Geysir original, que deu o nome de todos os outros, que actualmente se encontra adormecido (ou extinto).

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Ao lado está o Strokkur, que está bastante activo. Dizem que média tem projecções de 8 em 8 minutos, eu tive sorte e em 10 minutos vi 4.

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David sf

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As projecções têm intensidade variável, há algumas que não atingem mais que 3 ou 4 metros, outras que são muito mais fortes. Quem não calcula bem a sua posição, em função da direcção do vento, arrisca-se a apanhar uma molha.

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À entrada do complexo existe também um conjunto de fumarolas que enganam os turistas mais incautos que ficam por aqui à espera de uma projecção.

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À distância de 10km do complexo de Geysir está uma das mais famosas “foss” do país, a Gullfoss. A cerca de 1km de distância já se vislumbra o “spray” proveniente da queda de água:

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No início do século passado houve planos para a construção de uma central hidroeléctrica neste local, mas felizmente a dona do terreno recusou vendê-lo e impediu que o local fosse danificado.

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Ao longe já se vislumbravam as montanhas mais altas por onde iria passar nos dias seguintes.

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Ao fim da tarde chego à Julia’s Guesthouse, um agradável alojamento rural numa quinta isolada, a 2km em estrada de terra da N1. Depois de um dia agradável, aqui mais junto ao mar começa a aparecer algum nevoeiro.

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Iceberg

Nimbostratus
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Obrigado David pela partilha dessa fantástica jornada.

Islândia, o meu destino de sonho, que espero um dia poder concretizar.

Água, gelo, fogo, energia, montanhas, lagos, cascatas, vulcões, auroras boreais, dias sem noite. Todas as manifestações da natureza num único local.

Fico (ficamos) a aguardar pelos próximos capítulos da tua viagem. :thumbsup:
 

hurricane

Cumulonimbus
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Eu estou a ponderar ir 'a Islandia no inicio de Novembro. Será uma boa época? A mim o frio e a neve nao me incomoda muito, mas as poucas horas de luz nao devem dar para visitar bem os locais
 
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David sf

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01/08 – Costa Sul (216km)

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Acordo cedo para um dos dias mais preenchidos da viagem. O nevoeiro da tarde anterior dissipou-se e a manhã apresenta-se soalheira, apesar de bastante mais fresca, 10ºC:

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A primeira paragem poucos quilómetros após a guesthouse é a primeira das 3 “foss” do dia, a Uridafoss. Confesso que não conhecia esta queda de água até ao dia que a visitei. O Google Maps funciona bastante bem na Islândia e quem pesquisar por “tourist attraction” irá descobrir muitos locais interessantes menos conhecidos:

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Após a Uridafoss uns largos quilómetros da planície até ao próximo maciço montanhoso. A quantidade de terreno plano que encontrei na Islândia surpreendeu-me, e na minha opinião é uma grande vantagem pois permite ter grande visibilidade a 360º (bem como o facto de a vegetação ser rasteira).

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No maciço montanhoso seguinte, onde está o famoso inimigo das companhias aéreas, o Eyafjallajokull, situa-se a Seljalandfoss:

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A poucas centenas de metros existe outra queda de água, denominada Gljúfrabúi (não sei porque esta não é foss). O acesso a ela é complicado, implica um número de equilibrismo ao longo de pedras escorregadias sobre uma linha de água. O tipo à minha frente caiu à água, que devia estar a uns 5ºC, uma vez que é abastecida directamente do degelo do glaciar, e eu resolvi não arriscar. Tirei a foto desde o lado de fora.

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Poucos quilómetros depois parei no centro de interpretação do Eyjafjallokull:

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Onde estavam estas simpáticas vacas:

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A paragem seguinte era na foss mais conhecida da Islândia, a Skogafoss. Quando iluminada pelo sol produz vários arco-íris graças ao spray que liberta. É Possível subir uma longa escadaria de 60m em altura e fotografá-la desde cima.

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David sf

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Segui caminho ao longo do sopé do maciço do Eyjafjallajokull atravessando campos de lava, e mais montinhos de pedra para dar sorte.

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Paragem seguinte em Dirhólaey, com vista para a praia Reynisfjara (Praia preta):

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Já lá em baixo na praia, onde regularmente morrem turistas levados por ondas:

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A praia é bastante agradável, mesmo estando o ar e o mar a 10ºC. Há uma gruta com formações basálticas numa das extremidades:

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Última paragem do dia em Fjadrárgljúfur, um canyon escavado por um rio numa formação vulcânica.

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A vista desde o alto do canyon para os campos de lava circundantes:

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E dos campos de lava para o canyon:

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Esta noite dormi num hotel (foi a única) onde paguei 160€ por um quarto single. Não havia, num raio de 100km, nenhuma guesthouse disponível quando andei à procura de alojamento. O hotel fica situado numa zona agrícola rodeado de várias pseudocrateras.

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David sf

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Eu estou a ponderar ir 'a Islandia no inicio de Novembro. Será uma boa época? A mim o frio e a neve nao me incomoda muito, mas as poucas horas de luz nao devem dar para visitar bem os locais

Não recomendo, só se for para ver auroras. Tem a vantagem de ser época baixa, e ser tudo mais barato, mas sendo a maior parte da beleza natural convém o céu estar limpo. Com nevoeiro ou nuvens baixas não vês quase nada. A condução é mais perigosa, havendo muitas estradas cortadas. O vento é cortante, mesmo quando fraco e com temperaturas a rondar os 10ºC, nem imagino como será quando está forte e com temperaturas negativas. Eu estive há uns meses na Lapónia com -20ºC e digo-te que o frio que apanhei com a brisa marítima da Islândia foi bem mais complicado...
 

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Cumulonimbus
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Não recomendo, só se for para ver auroras. Tem a vantagem de ser época baixa, e ser tudo mais barato, mas sendo a maior parte da beleza natural convém o céu estar limpo. Com nevoeiro ou nuvens baixas não vês quase nada. A condução é mais perigosa, havendo muitas estradas cortadas. O vento é cortante, mesmo quando fraco e com temperaturas a rondar os 10ºC, nem imagino como será quando está forte e com temperaturas negativas. Eu estive há uns meses na Lapónia com -20ºC e digo-te que o frio que apanhei com a brisa marítima da Islândia foi bem mais complicado...

Obrigado pelos conselhos. Pois eu ja li em blogs que de facto recomendam roupa apropriada caso contrário é muito dificil suportar o frio. E sim adorava ver as auroras é verdade. Se calhar opto por outro destino e vou 'a Islandia la para Marco ou Abril
 
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