Litoral Sintrense



StormRic

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23 Jun 2014
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Póvoa de S.Iria (alt. 140m)
Encontrei este vídeo por acaso, achei-o brutal, por isso, resolvi criar este tópico.
@StormRic vais gostar de ver isto.



:thumbsup:Boas filmagens realmente! Video empolgante, a nossa costa é fantástica, de cortar a respiração! Obrigado por esta descoberta!
Com estes meios esperam-se agora filmagens espectaculares. Por exemplo à volta da Pedra da Ursa e do Gigante, entrarem na praia do Caneiro, etc.
Vou aproveitar a deixa e o tópico para mostrar aqui lugares quase inexplorados e desconhecidos.

Tudo o que encontrares deste género é o máximo!:w00t:
 

StormRic

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Póvoa de S.Iria (alt. 140m)
A desconhecida beleza da Praia do Caneiro

Com alguma tristeza apresento estas imagens captadas nas duas únicas visitas a esta concha de areia rodeada de falésias que tão poucas pessoas conhecem de lá ter descido, ou mesmo sequer de passar por lá e de vê-la do cimo.
A razão deste sentimento está à vista nestas mensagens:
http://www.meteopt.com/forum/topico...temperatura-agua-praias-etc.8060/#post-468812
http://www.meteopt.com/forum/topico...atura-agua-praias-etc.8060/page-2#post-480923

Situa-se num pequeno trecho de costa onde só a caminhada permite chegar perto o suficiente para olhar para aquele gigantesco fojo que foi alargando até se desmoronar o arco que o separava das falésias da costa. Um processo que se pode observar no início no mais conhecido Fojo de Alvidrar, perto e muito acessível a partir da estrada da Praia da Adraga.
Para chegar à vista desta prainha que não tem usualmente visitantes a pisar a areia, basta prosseguir para sul pelo caminho que vem de Alvidrar ou então subir para norte o trilho que vem da Praia da Ursa e passa pelo Cabeço de Cortes.
O acesso à Praia do Caneiro não existe no sentido normal do termo. É preciso primeiro descobrir o ninho de pescadores na arriba norte da praia, o que se faz procurando um trilho que irradia desde o estradão de Alvidrar, mais a sul da Casa da Bota, e contorna a enseada com a Pirâmide de Alvidrar. Se descobrirem esse pequeno varandim com um abrigo improvisado e procurarem por cordas, começarão a perceber o engenhoso percurso que sabe-se lá quem (pescadores, escaladores, exploradores?) conceberam para conseguir descer até ao areal da enseada. Começa com uma cordada fácil em que a corda é mais um apoio moral, depois o trilho estreita e a nova corda começa a revelar-se imprescindível para mantermos o equilíbrio. A seguir sobe-se uma escada de madeira, semelhante à colocada na Pedra de Alvidrar, que foi bem amarrada à rocha. Nova cordada na parede serve de corrimão em trilho de pouco declive mas pouco espaço de manobra, e não nos deixa cair mercê de algum movimento em falso. Finalmente uma última corda, dupla com nós, que está cada vez mais curta, para descer a parede de poucos metros mas vertical. Nesse ponto percebe-se que só na maré baixa se chega a seco à praia pois de outro modo a corda deixa-nos suspensos sobre a água o que não é recomendável, pelo menos para o equipamento fotográfico. Também há que pensar se depois conseguimos subir a corda de volta, a parede é escorregadia devido às algas microscópicas e limos que a cobrem.

13 Setembro 2012

Situação típica de verão, alguma ondulação fraca de fundo, baixa-mar às 19:50 não era das mais extremas mas houve que fazer um compromisso com outros imperativos.
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Primeira visão quando se vem pelo trilho do Cabeço de Cortes (de sul, pelas falésias da Ursa), mas aproximando-nos da beira da parede rochosa, junto à cascata que está seca a maior parte do tempo.
A praia tinha pegadas! De visitantes que deixaram o seu nome na areia, "2012 Miguel, Tiago, Silvia". Teriam provavelmente descido na semana anterior a seguir às marés da lua cheia, pois o mar ainda não tinha apagado o registo.



Pelo trilho da falésia norte, a caminho do ninho de pescadores, a enseada e a Pirâmide de Alvidrar:




Já perto do ponto inicial da descida. Seguindo um instinto que nos diz que se cobiçamos um determinado lugar e almejamos encontrar um modo de lá chegar, outros já o terão feito com certeza, especialmente nesta costa de pescadores.
Por isso a sensação de nos estarmos a afastar do objectivo ao vir por este lado é apagada pela confiança no engenho dos pescadores-escaladores.


No ninho de pescadores, vista de precipício para a Sentinela da Praia do Caneiro. Aqui começa a descida, apreensão, claro, porque ainda é muito alto. Cedo estaremos ao pé daquele rochedo emblemático, envoltos naquelas ondas gentis.



Nesta primeira vez nem pensei em tirar fotos da descida.


Já com os pés na areia, algo incrédulo. Do lado direito da imagem a última parede vertical e a cordinha da vida...


E começamos a exploração das múltiplas cavernas:


A maré está ainda a vazar e vai deixando-nos progredir mais nas sucessivas descobertas. A Passagem do Poente, na falésia norte, começa a abrir-se, ainda é cedo. Na falésia sul, uma das Portas do Oceano começa a escoar a última água:



Na falésia sul as Portas do Oceano dão acesso à Caverna Delicada. Nesta parede, mas muito mais acima, existem fabulosas grutas cujo acesso tem de ser feito com equipamento de escalada partindo do cimo da parede.
Aqui fica um vídeo de tiagomix100 sobre a quase desconhecida Gruta da Manhosa e vale a pena ver também os videos que este escalador tem feitos na praia da Ursa e em Alvidrar.




A Sentinela, ainda com a maré a descer, a entrada da enseada vai ficar quase a seco e permitir o acesso ao rochedo.


Corredor na falésia norte:


Outra caverna também do lado norte. Lá em cima foi de onde tivemos a primeira visão da praia:


À espera da maré descer mais, e verificação da corda da salvação, como se vê não é assim tão difícil o aspecto da parede:



Já mais baixa a água, vai permitir o acesso a várias grutas. Todo o local está cheio de vida nas rochas.



A Igreja, na falésia norte, praticamente por baixo do ninho de pescadores, tem uma sala de entrada alta com um bloco encravado sobre a porta, e uma segunda sala. Outras galerias estavam repletas de areia. A primeira foto é só com luz natural, as outras tiveram flash:




Cada vez mais baixa a maré:


Do lado sul, A Caverna Delicada:



Novamente do lado norte, a Passagem do Poente já está aberta:





Nesta altura convém referir que o silêncio neste local é absoluto e que a rebentação das ondas parece uma música distante.
Momentos de cristal, quebrados apenas por um ligeiro sopro de brisa, uma onda remota, um pingo...





O Silêncio ruidoso da Natureza é de Ouro
 
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Continuação do dia 13 de Setembro de 2012 na Praia do Caneiro

À saída da Passagem do Poente:


A Sentinela e a Pirâmide de Alvidrar:


A passagem para Alvidrar foi experimentada e é possível com marés muito baixas, mas fica-se com pouco tempo para permanecer no local, a Janela do Tempo é estreita. Necessita também de haver uma boa carga de areia na costa, algo que o ano passado por exemplo não existia.
Vejam, naquela ligação à página do conhecido fotógrafo Hélio Cristóvão, de onde veio a inspiração para procurar o acesso pelas falésias à Praia do Caneiro.;)

Na enseada de Alvidrar há um trilho relativamente pouco perigoso que acede até perto da Pirâmide.


Luz quente do poente na enseada:


E na Passagem:





Nesta primeira visita, não arrisquei subir de noite, por isso ao crepúsculo já estava cá em cima novamente:





3 Setembro 2013

Segunda visita, mas com uma janela do tempo mais estreita.
Situação calma de verão:
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A praia limpinha de vestígios pela maré, o leito da cascata e a abertura a meio da falésia que dá acesso à Gruta da Manhosa vêem-se do lado esquerdo.


Rodeando mais perto da beira, vê-se no canto superior esquerdo o leito da cascata seca e ao centro a entrada da Gruta da Manhosa. Note-se na parede acima as marcas típicas da escorrência em rocha calcárea.


Aqui houve em tempos pré-históricos um arco. No canto superior direito vê-se o tosco abrigo do ninho de pescadores:


Enseada de Alvidrar:


No fim da primeira cordada, lá está a escada e o desconhecido mais além daquela parede:


Mesmo a tempo do poente:


Muita areia em 2013, o ano do verão em que se passava a seco da Praia Grande à Praia da Adraga, algo incrível.
Cavernas das Portas do Oceano, as galerias ainda mais entulhadas de areia:



Com atenção vê-se a escada de mão na falésia:


A Caverna Delicada bem atapetada de areia, intocada até ao momento, aliás como toda a praia:



Tentando entrar por uma das estreitas galerias, luz do crepúsculo no exterior e flash no interior:


O último adeus à Praia do Caneiro. Será que voltaremos a vê-la assim limpa e intocada?




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