Lobo Ibérico

Seattle92

Nimbostratus
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Controlo da população mais ameaçada do país?

Ataques de lobos a rebanhos em São Pedro do Sul levam câmara a pedir ajuda
26.10.2012 - 12:20 Por Lusa

O conjunto montanhoso constituído pelas serras de Montemuro, Gralheira, Arada e Freita alberga as mais importantes alcateias portuguesas a sul do Douro e as mais meridionais da Europa.

Os especialistas reconhecem que estas alcateias têm nos rebanhos domésticos uma das fontes principais da sua alimentação, como admitiu à agência Lusa Gonçalo Brotas, da Associação de Preservação do Habitat do Lobo Ibérico (ACHLI).

Perante as crescentes queixas das populações de investidas das alcateias sobre os animais domésticos, as últimas das quais pelo presidente da Junta de Freguesia de Covas do Rio, José Cruz, a ACHLI tem em curso um programa para substituir as presas dos lobos.

Covas do Rio situa-se na área que concentra alguns dos mais importantes rebanhos de cabras e manadas de bovinos com características comunitárias e que constituem uma das principais fontes de rendimento das comunidades.

Enquanto os projectos de alteração de hábitos alimentares das alcateias não produzem efeitos, nomeadamente com a reintrodução de espécies que desapareceram destas serras, como o corço, a Câmara de São Pedro do Sul pediu a intervenção do Ministério da Agricultura, nomeadamente uma acção de controlo das alcateias.

Como lembra o presidente da junta de Covas do Rio, nos últimos meses os ataques têm-se repetido “todas as semanas e mais que uma vez” por semana.

A solução está a ser preparada com o plano de reintrodução do corço, espécie que abundava na região até há cerca de um século e que será uma presa natural do lobo. O javali é outra das espécies que está a regressar em grande número a este conjunto montanhoso.

Para que o regresso do corço seja um sucesso e passe a substituir gradualmente os animais domésticos na alimentação das alcateias, a ACHLI tem, há mais de um ano, um programa de adaptação controlada de espécie, numa cerca situada no Montemuro.

“Nesta região, o lobo depende muito dos rebanhos e faz sentido a reintrodução de presas naturais porque as alcateias preferem estas aos animais domésticos”, disse Gonçalo Brotas.

No imediato, porém, as populações exigem maior controlo sobre as alcateias, apesar de os prejuízos que resultam dos ataques dos lobos serem objecto de uma compensação financeira legal, aplicada no âmbito da protecção a esta espécie protegida
http://www.publico.pt/Local/ataques...dro-do-sul-levam-camara-a-pedir-ajuda-1568940
 


Dan

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Bragança (675m)
Muito estranha essa noticia. Deve ser das poucas regiões do país onde não há corços e javalis em abundância.
 

DMigueis

Cumulus
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"Enquanto os projectos de alteração de hábitos alimentares das alcateias não produzem efeitos, nomeadamente com a reintrodução de espécies que desapareceram destas serras, como o corço, a Câmara de São Pedro do Sul pediu a intervenção do Ministério da Agricultura, nomeadamente uma acção de controlo das alcateias."

Um processo de reintrodução não se resumo a uma permissão, pegar nos bichos e libertá-los na área de interesse...e isso demora o seu tempo. Não é num ano e meio que se obtém resultados.
 

DMigueis

Cumulus
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http://sicnoticias.sapo.pt/pais/201...edro-do-sul-aterrorizada-com-ataques-de-lobos

Depois de tanto se falar da campanha para salvar o centro de recuperação do lobo ibérico, vem o jornalismo medíocre da SIC deturpar factos, deturpar a verdade, e incitar à perseguição da espécie mais emblemática de Portugal, e em particular da sua população mais ameaçada (Sul do Douro)!
É triste ver jornalismo de tão baixo nível. Dizem que houve repovoamento de lobo na região de S. Pedro do Sul, quando isso NUNCA aconteceu! Dizem que o lobo é o responsável pela diminuição do número de cabeças de gado de 2500 para 900 em 4 anos, quando isso de certeza não é verdade!
É triste a mesma estação televisiva ter uma programação bastante focada na conservação da natureza, com 2 programas semanais sobre biodiversidade, com várias reportagens recentemente que promovem a conservação da natureza, focando projectos nacionais, que há poucas semanas promoveu e contirbui para o sucesso da campanha para salvar o CRLI, e que agora incita a perseguição e exterminação do lobo na região de S. Pedro do Sul.
Porquê promover a continuidade de um centro de recuperação se depois favorecem a extinção da espécie em estado selvagem? Os animais não foram feitos para estar dentro de uma jaula/cerca.
Tanta incoerência, tanto péssimo jornalismo que impera na SIC. É triste!
 

Blooder.PT

Cirrus
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Amora (19m)
http://sicnoticias.sapo.pt/pais/201...edro-do-sul-aterrorizada-com-ataques-de-lobos

Depois de tanto se falar da campanha para salvar o centro de recuperação do lobo ibérico, vem o jornalismo medíocre da SIC deturpar factos, deturpar a verdade, e incitar à perseguição da espécie mais emblemática de Portugal, e em particular da sua população mais ameaçada (Sul do Douro)!
É triste ver jornalismo de tão baixo nível. Dizem que houve repovoamento de lobo na região de S. Pedro do Sul, quando isso NUNCA aconteceu! Dizem que o lobo é o responsável pela diminuição do número de cabeças de gado de 2500 para 900 em 4 anos, quando isso de certeza não é verdade!
É triste a mesma estação televisiva ter uma programação bastante focada na conservação da natureza, com 2 programas semanais sobre biodiversidade, com várias reportagens recentemente que promovem a conservação da natureza, focando projectos nacionais, que há poucas semanas promoveu e contirbui para o sucesso da campanha para salvar o CRLI, e que agora incita a perseguição e exterminação do lobo na região de S. Pedro do Sul.
Porquê promover a continuidade de um centro de recuperação se depois favorecem a extinção da espécie em estado selvagem? Os animais não foram feitos para estar dentro de uma jaula/cerca.
Tanta incoerência, tanto péssimo jornalismo que impera na SIC. É triste!

Primeira participaçao minha neste forum somente para subscrever tudo aquilo que disseste sem retirar uma virgula.
Cumprimentos a todos e viva o nosso Lobo Ibérico que é LINDO
 

DMigueis

Cumulus
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Primeira participaçao minha neste forum somente para subscrever tudo aquilo que disseste sem retirar uma virgula.
Cumprimentos a todos e viva o nosso Lobo Ibérico que é LINDO

:thumbsup:

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DMigueis

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http://www.tvi.iol.pt/videos/13728794

Reportagem sobre o mesmo assunto, na TVI, hoje.
Alguém que ainda sabe fazer jornalismo. Imparcial e a ouvir as duas partes. Ainda assim falta ouvir o Grupo Lobo ou ACHLI e também o ICNF.
 

lreis

Cumulus
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22 Dez 2010
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http://www.tvi.iol.pt/videos/13728794

Reportagem sobre o mesmo assunto, na TVI, hoje.
Alguém que ainda sabe fazer jornalismo. Imparcial e a ouvir as duas partes. Ainda assim falta ouvir o Grupo Lobo ou ACHLI e também o ICNF.

A meu ver a questão principal nesta matéria (e no abstrato para o território nacional) é porque se demora/se tem demorado tanto tempo a efectuar reintroduções.
Relativamente ao javali, até é um exagero de linguagem, porque este existe na região hà já algum tempo e em número que vai provocando estragos "aprecíáveis".
Relativamente ao corço, a matéria é importante porque pelo menos na década de 90 foram feitas reintroduções sem saber bem se actualmente a dinâmica da população permite servir de "sustento" cabal ao lobo.
Ou seja, falar-se agora em novas introduções (de corço ou até de outras espécies... esta seria também uma discussão interessante) pode ser até extemporânea, em teoria.
Por outro lado, esta matéria liga-se frequentemente com o facto de se atribuir a lobos os estragos provenientes de caês/matilhas que são abandonados por caçadores. Não percebi se houve ou não confirmação dos ataques por técnicos conhecedores do assunto.
De qualquer forma, muitas destas matilhas têm provocado estragos em Portugal, como já se referiu aqui (estou em crer) e o Estado tarda em monitorizar e responsabilizar quem criminosamente larga os seus caes na serra, como se descartáveis fossem.
 

DMigueis

Cumulus
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A meu ver a questão principal nesta matéria (e no abstrato para o território nacional) é porque se demora/se tem demorado tanto tempo a efectuar reintroduções.

Neste caso é preciso ver que uma reintrodução não é nada que se decida hoje e amanhã já lá vamos por os animais.
Um dos responsáveis pela reintrodução do corço nestas serras é a U. Aveiro, que já esteve ligada à reintrodução do veado e corço na Serra da Lousã, que se revelou um sucesso. Por isso, tenho a certeza que na Arada, Freita e Montemuro, a reintrodução do corço vai com certeza ser bem sucedida.

Relativamente ao corço, a matéria é importante porque pelo menos na década de 90 foram feitas reintroduções sem saber bem se actualmente a dinâmica da população permite servir de "sustento" cabal ao lobo.

Claro que pode servir de sustento. Se 1000 cabeças de gado (na maioria cabras) servem, 1000 corços também servirão.

O que é importante saber é se realmente o lobo tem preferência por presas silvestres ou domésticas, nunca ponde de parte a disponibilidade de presas silvestres e domésticas na área em questão.

Por outro lado, esta matéria liga-se frequentemente com o facto de se atribuir a lobos os estragos provenientes de caês/matilhas que são abandonados por caçadores. Não percebi se houve ou não confirmação dos ataques por técnicos conhecedores do assunto.
De qualquer forma, muitas destas matilhas têm provocado estragos em Portugal, como já se referiu aqui (estou em crer) e o Estado tarda em monitorizar e responsabilizar quem criminosamente larga os seus caes na serra, como se descartáveis fossem.

Aqui concordo. É muito raro um lobo, que mata para sobreviver, caçar uma cabra e não a comer. E muito menos uma população de lobo tão reduzida matava 1600 cabeças de gado em 4 anos!
O controlo destas matilhas devia ser uma prioridade para o ICNF!
Por outro lado o acompanhamento dos rebanhos por cães de gado também deveria ser mais rigorosa!
 

Seattle92

Nimbostratus
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A reportagem da SIC foi das mais vergonhas que vi na minha vida. A parte em que apresentaram um ex caçador de lobos como um herói que infelizmente já não pode resolver o problema, atingiu um nível nojento.

E o que dizer da afirmação que foram soltos lobos na serra????? Onde é que aquela desculpa de jornalista foi buscar essa informação?

Incrível como se atribuem a 10 ou 15 lobos (não há mais que isso naquela serra) toda aquela mortandade de cabras. Mais engraçado ainda são as cabras que desaparecem de noite sem sequer deixar rasto. Já ouviram falar em ladrões?????

Toda essa história foi má demais para ser verdade. Um grande retrocesso na protecção do lobo ibérico :mad:
 

MSantos

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Só agora tive a oportunidade de ver esta reportagem da SIC, de facto muito tendenciosa e incitadora de ódios contra o lobo, um retrocesso na conservação desta espécie emblemática da nossa fauna :mad:.
 

lreis

Cumulus
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Neste caso é preciso ver que uma reintrodução não é nada que se decida hoje e amanhã já lá vamos por os animais.
Um dos responsáveis pela reintrodução do corço nestas serras é a U. Aveiro, que já esteve ligada à reintrodução do veado e corço na Serra da Lousã, que se revelou um sucesso. Por isso, tenho a certeza que na Arada, Freita e Montemuro, a reintrodução do corço vai com certeza ser bem sucedida.



Eu também não tenho dúvida que a reintrodução vai ser um sucesso no tempo. Pelo menos, não me recordo de um exemplo relativamente ao corço que tenha corrido mal nas últimas décadas. Também concordo que uma reintrodução não é pegar nuns animais e pô-los lá de imediato.
Estes prazos, para mim, dou-os como adquiridos.
O meu enfoque é na discussão, planeamento e decisão sobre a matéria.
Aí é que me parece que a Administração Pública, à semelhança de outras matérias, é rica em indefinições e não-decisões que vão protelando algo que, apesar de tudo, aparentava ser matéria mais consensual.





Claro que pode servir de sustento. Se 1000 cabeças de gado (na maioria cabras) servem, 1000 corços também servirão.

O que é importante saber é se realmente o lobo tem preferência por presas silvestres ou domésticas, nunca ponde de parte a disponibilidade de presas silvestres e domésticas na área em questão.




Também concordo e não também não tenho dúvida disso. Mas esta matéria não era o meu enfoque. O que eu queria chamar a atenção é que, tanto quanto é do meu conhecimento, não existem estudos sobre a dinâmica da população na área.
Por hipótese: foram libertados 10 e agora existem 100.
Eu orientava-me mais para a evolução da população (os 100, por ex.) e depois se essa previsão de animais representa uma população de presas naturais que garantem a alimentação na intrega,quase na integra ou muito parcialmente.
Era este tipo de reflexão que me parece que seria importa fazer para orientar futuras reintroduções.
 

DMigueis

Cumulus
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Quanto à existência de estudos da população a Sul do Douro, não sei se há algum trabalho, mas tenho quase a certeza que haverá algo. Agora, se está disponível para o público em geral é que já tenho mais dúvidas. Mas isso são questões relacionadas com quem trabalha com o lobo, e que não quero discutir aqui.

E julgo que sim, esse raciocínio parece-me algo a ter em conta neste momento, no que diz respeito às reintroduções.
 

lreis

Cumulus
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Quanto à existência de estudos da população a Sul do Douro, não sei se há algum trabalho, mas tenho quase a certeza que haverá algo. Agora, se está disponível para o público em geral é que já tenho mais dúvidas. Mas isso são questões relacionadas com quem trabalha com o lobo, e que não quero discutir aqui.

E julgo que sim, esse raciocínio parece-me algo a ter em conta neste momento, no que diz respeito às reintroduções.

O importante é que o tipo de informação relevante produzida por esses estudos chegue a quem tem a obrigação de planear o futuro. É a materialização da investigação que dará origem a acções concretas e que permitem fazer avançar alguma coisa neste domínio.
Caso contrário...
 

lreis

Cumulus
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Lobo Ibérico - situação no Alvão Marão

Para vosso conhecimento


NOTA DE IMPRENSA
19 de Março de 2013



QUERCUS ALERTA PARA PERIGO DE EXTINÇÃO A CURTO PRAZO

DO LOBO-IBÉRICO NO PARQUE NATURAL DO ALVÃO

A Quercus vem alertar para possibilidade de virmos a assistir, a muito curto prazo, à extinção da população de lobos no Sítio de Importância Comunitária Alvão-Marão e no Parque Natural do Alvão, dado que a espécie está em iminente risco de desaparecer nestas duas áreas.

Neste momento, as alcateias sobreviventes no SIC Alvão-Marão e no PN do Alvão estão isoladas e o seu sucesso reprodutivo tem sido praticamente nulo. Esta situação teve como principal causa a proliferação de infraestruturas, como vias de comunicação, parques eólicos e seus acessos, as quais provocaram a fragmentação do habitat da espécie e a sua perturbação, através do aumento da presença humana e de veículos automóveis nos seus territórios de caça e de reprodução.

Nova estrada no Parque Natural do Alvão agravará ainda mais a situação

A construção de mais uma nova estrada no Parque Natural do Alvão, promovida pelo Município de Vila Real, é mais uma infraestrutura que trará efeitos negativos nas já ameaçadas alcateias, com a previsível passagem de milhares de carros por ano em locais que atualmente têm uma intensidade quase nula de tráfego automóvel.

Apesar da Lei de Proteção do lobo-ibérico referir que cabe ao Estado “adotar uma política de ordenamento que não desfigure os habitats da espécie e possibilite a recuperação onde ela for possível…” e proibir “a destruição ou deterioração do respectivo habitat” e mesmo a sua “perturbação”, a verdade é que a existência de legislação em nada impede que o Estado Português continue a promover a construção de novas estradas dentro de áreas protegidas, neste caso através de um Município que se apresenta publicamente como grande defensor da conservação da biodiversidade no Alvão-Marão, nomeadamente da acarinhada borboleta-azul.

Talvez por ironia do destino, esta estrada atravessará também uma área de ocorrência da borboleta-azul (Phengaris alcon), pelo que poderá afetar significativamente uma população destas raras borboletas.

Esta estrada acabará ainda com o último percurso pedestre entre Lamas de Olo e Fisgas do Ermelo, o qual é possível fazer atualmente sem a presença significativa de trânsito automóvel. Por outro lado, passará praticamente por cima de um local muito apreciado para a prática balnear, junto à ponte de pedra sobre o Rio Olo.

Deste modo, a Quercus apela ao Município de Vila Real que escolha a proteção da Biodiversidade e que anuncie publicamente o cancelamento do projeto de construção da nova estrada em questão.

Lisboa, 19 de Março de 2013
A Direção Nacional da Quercus - Associação Nacional de Conservação da Natureza
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Para mais informações contactar:
João Branco | 937 788 472
Paulo Lucas | 933 060 123