Lobo Ibérico

lreis

Cumulus
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Portugal tem um património rico em cães pastor desde o castro laboreiro até o rafeiro alentejano, protegiam-se os rebanhos salvavam-se estas raças das extinção e evitava-se o ataque dos lobos pois com uma parelha de serras da estrela nenhum lobo se atreve a atacar e também se preveniam os ataques de cães vadios
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Concordo e é fácil de se implementar. Mas não se vê uma política organizada "top/bottom" neste sentido. Vêem-se incentivos dispersos proporcionados por diversas ONGAs, outras associações/organizações, até dependências estatais de alguns serviços, mas não se vê esta matéria a surgir ao nível de um código de boas práticas e até de ser uma condicionante para acesso a apoios estatais.
Na prática, o Estado é perdulário por não ser consequente nos apoios que dá (ao efectivo pecuário) e por não terem coerência: por um lado, dá-se apoios para o desenvolvimento de gado bovino, etc., e não se exige condições de segurança para a manutenção/desenvolvimento do efectivo, e por outro, do lado da protecção da população de lobo, andamos sempre a correr "atrás do prejuizo" e não nos desenvencilhamos desta carga negativa da notícias que aparecem nos media.
 
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lreis

Cumulus
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22 Dez 2010
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Face discussão ocorrida parece-me de grande oportunidade esta iniciativa.
Falta saber, face ao que tenhoescrito se existe uma estratégia pontual de corrida "atrás do prejuizo", ao se ao invés se concretiza uma estratégia global de coordenação de medidas de política geral/actuação prática, aos quais permitam ao cidadão não ser permanentemente "invadido" por noticias, sucessivas e quase iguais, de um lobo que ataca aqui, e depois outro que ataca ali, os agricultores estão furiosos, e o Estado entra neste jogo mediatico, uma, duas, duzentas vezes, a reboque de factos sujeitos a confirmação, com evidentes prejuizos para a Conservação da Natureza.

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Jornal Sol online, 27 de Janeiro

O secretário de Estado do Ordenamento do Território e da Conservação da Natureza visitou hoje as zonas afectadas pelos ataques dos lobos ibéricos. Miguel de Castro Neto anunciou que existem 57M€ disponíveis na medida Agricultura e Recursos Naturais do Programa de Desenvolvimento Rural 2015-2020, que podem ser alocados ao apoio à protecção do lobo ibérico.
“Trata-se de uma medida de apoio a criadores de gado, em área de presença de lobo, para a manutenção de cães de protecção de rebanho contra ataques de lobo, bem como apoio à instalação de cercas/estruturas de confinamento dos animais cujas características não permitirão a entrada de lobo”, anunciou a Secretaria de Estado em comunicado.
Além dos apoios destinados à prevenção dos ataques de lobo ibérico, os 57M€ destinam-se também ao pastoreio intensivo, que inclui apoio a montados e a outras pastagens.
Com vista ao acompanhamento da população do lobo ibérico, Miguel de Castro Neto anunciou ainda que o Instituto de Conservação da Natureza e Florestas (ICNF) vai “de imediato” iniciar o plano de acção do lobo ibérico, garantindo a actualização de todos os dados referentes à espécie, a sua localização, o número de alcateias e de presas naturais, bem como a identificação das acções a desenvolver no território pelo ICNF e entidades parceiras.
De visita aos concelhos de Pinhel, de Almeida e de Cinfães, o secretário de Estado ouviu os autarcas, agricultores e a população local, e conheceu de perto as explorações pecuárias e boas práticas na protecção do efectivo pecuário contra ataques do lobo.
Em Lamego, numa reunião com os presidentes de Câmara de Armamar, de Arouca, de Castro Daire, de Cinfães, de Lamego, de Moimenta da Beira, de Penedono, de Resende, de São João da Pesqueira, de Sernancelhe, de Tabuaço, e de Tarouca, Castro Neto ouviu as preocupações dos autarcas e debateram-se possíveis medidas para melhorar o sistema de protecção do lobo ibérico.
De acordo com o governante, “o acompanhamento de proximidade às populações afectadas pelo lobo ibérico é essencial para a protecção da espécie e, nesse âmbito, as medidas de reforço da protecção das populações serão agora efectivadas, com o contributo de todos”.
O Lobo-ibérico é uma espécie protegida a nível europeu ao abrigo da qual o Estado assumiu a responsabilidade de indemnizar os proprietários de efectivo pecuário que venham a ser directamente prejudicados pela acção do lobo.
O ICNF tem acompanhado todas as explorações vítimas de ataques de Lobo ibérico, com vista ao pagamento das indemnizações devidas e a propostas de melhoria de protecção das explorações, bem como soluções de financiamento para as mesmas
 
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AJB

Nimbostratus
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5 Mar 2009
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Sinceramente, estou plenamente convicto que isto é pura "corrida atrás do prejuizo"! Espero estar enganado, mas infelizmente não creio...não ha estratégia nem visão de futuro na conservação da Natureza e das Florestas ou da Fauna...
 

james

Cumulonimbus
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Sinceramente, estou plenamente convicto que isto é pura "corrida atrás do prejuizo"! Espero estar enganado, mas infelizmente não creio...não ha estratégia nem visão de futuro na conservação da Natureza e das Florestas ou da Fauna...

Em Portugal , não há estratégia para nada , esse é que é o problema . Mas o lobo tem - se aguentado , o seu número estabilizou à muitas décadas e tem vindo a reocupar alguns territórios .

Penso que se existir ameaças ao lobo esporádicas não há problema de maior para a sua estabilização ( felizmente já não há caçadas em massa como noutros tempos e promovidas pelas próprias autoridades , cujo único objetivo era a erradicação do lobo ) .
 

AJB

Nimbostratus
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5 Mar 2009
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Pois, talvez não...na minha área de trabalho, que poderei falar melhor, e que se cruza com a questão da preservação da fauna, é gritante a falta de estratégia! Chega a ser assustadora a falta de conhecimentos! Nos dias de hoje, para estar (por exemplo) num cargo de chefia ou de direção intermédia ou superior numa área especifica (ex: conservação da fauna) querem um bom gestor ou economista! Preferem controlar os gastos (importante naturalmente) e os funcionários em deterimento total de pensamento estrategico para a area em questão!
Felizmente o lobo-iberico, a população e sua abrangencia, geográfica estabilizou! Mas o problema é que tal não se deve a estratégia ou a um investimento do estado nessa matéria! Tal deve se a factores externos...alguns deles irreversiveis a médio prazo (como a desertificação humana do interior) mas outros perfeitamente permeáveis a alterações rápidas (a co-habitação Homem/Animal)...e isto é uma bola de neve...quando se derem conta aparecem batidas, armadilhas em grande escala, veneno...e toda a sensibilização ate agora realizada volta quase ao zero...
 

frederico

Furacão
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9 Jan 2009
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Na minha opinião o lobo estabilizou e está até a repovoar algumas regiões devido ao despovoamento do interior.

Não se deveu a qualquer estratégia de protecção por parte do ICN. Quem anda pelos parques naturais constata que o Ministério do Ambiente nada faz para proteger os ecossistemas. Não há trabalho no terreno para erradicar espécies invasoras, para vedar o acesso a áreas sensíveis, para limpar os entulhos e as pequenas lixeiras a céu aberto, ou para impedir a urbanização de áreas sensíveis.

Planos interessantes não faltam, há boa informação disponível online sobre os nossos ecossistemas e medidas de protecção, mas no terreno não se faz nada, não há dinheiro, não há gente formada, as organizações ambientais não conseguem ter fundos para substituir o Estado pois são poucos os associados e poucas as cotas para as necessidades e a autarquias estão-se nas tintas.

Já aqui defendi e volto a repetir, Portugal precisa de uma rede de floresta pública, não de matas com pinheiros, como o Pinhal de Leiria, mas sim de floresta a sério, com carvalhos, e não seria algo muito caro se pensado a longo prazo. Não é necessário gastar dinheiro em viveiros nem em projectos de reflorestação, basta identificar terrenos abandonados com regeneração natural e com bosquetes, e tentar negociar a aquisição destes terrenos com os proprietários. A maioria situam-se no interior, em regiões despovoadas, e são baratos. As organizações ambientalistas têm tentado fazer isto, mas não há fundos suficientes.

Se temos um SNS, uma Escola Pública, também temos de ter Floresta Pública, e quem escreve isto é um membro do fórum que é um terrível Liberal.

Tendo uma rede nacional de floresta pública com florestas em todas as regiões do país seria mais fácil reintroduzir o garrano, aumentar as populações de veado, de gamo e de corço. O problema dos ataques ao gado quase desapareceria, pois o lobo já teria presas naturais.

Até nos EUA há uma rede de florestas públicas, e boa parte da floresta é pública.

Os benefícios económicos seriam incalculáveis dentro de algumas décadas, a exploração madeireira dos carvalhos poderia ser sustentável, e como se sabe é uma madeira valiosa, poderia haver ainda uma colheita controlada de plantas medicinas ou cogumelos para exportação, produção de mel biológico e acima de tudo a exploração do turismo ambiental, tudo claro está sem pôr em causa dos valore ambientais e tendo em conta que neste tipo de áreas protegidas têm de haver zonas sem perturbação humana.

Temos boa parte dos terrenos do país ao abandono, creio que espaço não faltará. E devido ao despovoamento os carvalhos estão a tentar voltar, contudo têm a vida complicada pois os terrenos abandonados estão cheios de infestantes como acácias e eucaliptos, e depois há a mania da lavoura, de lavrar as terras, o que destrói as pequenas árvores endémicas que vão surgindo. Bastaria portanto limpar as zonas onde há regeneração, espalhar bolotas, remover o mato à superfície sem lavrar...
 

AJB

Nimbostratus
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5 Mar 2009
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Bem, gostei dessa de seres liberal mas acreditares que o Estado deve estar presente nesta matéria tambem:thumbsup:
Eu não serei assim tão liberal, confesso, mas sinceramente não tenho nenhum problema com os "liberais", tenho sim é com o absentismo intelectual e nesta altura é o que reina em Portugal em termos de conservação da Narureza!
Muito bom Frederico, mesmo!
Só acrescentava uma coisa...no ICNF conheço gente muito capaz e com muita vontade, mas as chefias preferem te-los nos gabinetes a despachar papelada...é o que temos...e é real!
 

boneli

Nimbostratus
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12 Jan 2008
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É treta que não há dinheiro.....agora que se é bem ou mal aplicado isso é outra história!!!

Florestas públicas sempre existiram e existem e se calhar não são meia dúzia de hectares...para quê andar a criar mais se as que existem estão ao abandono???
 
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frederico

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boneli,

o que temos são maioritariamente matas, como o Pinhal de Leiria.

Grandes extensões de floresta original praticamente não existem em Portugal, embora no Interior haja regiões com uma regeneração notável. A importância de ser pública é permitir que pelo menos ali a regeneração seja possível. Sendo floresta privada, haverá sempre lavouras destrutivas, cortes, plantações de eucalipto e pinheiro-bravo, problemas de conservação da fauna autócne.

Eu compreendo que as culturas de pinheiro e eucalipto dão emprego e são importantes para a economia, tal como o montado o é no Sul, mas há espaço para ambos os modelos florestais.

Também já referi que não ficaria assim tão caro ao Estado uma rede de guardas florestais, o território tem muita falta de vigilância.
 
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lreis

Cumulus
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22 Dez 2010
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Tendo uma rede nacional de floresta pública com florestas em todas as regiões do país seria mais fácil reintroduzir o garrano, aumentar as populações de veado, de gamo e de corço. O problema dos ataques ao gado quase desapareceria, pois o lobo já teria presas naturais.

Até nos EUA há uma rede de florestas públicas, e boa parte da floresta é pública. ...

Foi por esta ordem de ideias que em 1901 e seguintes foi aprovado o Regime Florestal (algo considerado ainda hoje pela Europa, como um enquadramento técnico-legal visionário) e depois em 1938/40 se aprovou o Plano de Repovoamento Florestal. Claro que subsequentemente se cometeram imensos erros, mas isto levar-nos-ia longe.
Só mais uma pequena nota a este propósito: na Serra da Nogueira, em pleno Perímetro Florestal, já arborizações feitas, e no actual zona do Parque do Montesinho, quando em meados da década de 60, se detectam as primeiras presenças de corço, na empena virada a Norte , institui-se uma zona de exclusão de qualquer actividade agroflorestal (corte de arvoredo, caça, pastoreio, etc),na ordem de muitas centenas de hectares, durante vários anos e até a circulação foi muito condicionada, para permitir criar condições de execpação para o corço. Tudo ao abrigo do Regime Florestal. Segundo me foi relatado, esta área de restrição foi cumprida com resultados muito satisfatórios.
Os tempos eram outros, eu sei. Mas de qualquer forma, são exemplos a ter em conta
 

lreis

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22 Dez 2010
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boneli,

o que temos são maioritariamente matas, como o Pinhal de Leiria.

Grandes extensões de floresta original praticamente não existem em Portugal, embora no Interior haja regiões com uma regeneração notável. A importância de ser pública é permitir que pelo menos ali a regeneração seja possível. Sendo floresta privada, haverá sempre lavouras destrutivas, cortes, plantações de eucalipto e pinheiro-bravo, problemas de conservação da fauna autócne.

Eu compreendo que as culturas de pinheiro e eucalipto dão emprego e são importantes para a economia, tal como o montado o é no Sul, mas há espaço para ambos os modelos florestais.

Também já referi que não ficaria assim tão caro ao Estado uma rede de guardas florestais, o território tem muita falta de vigilância.

Pois, mas o interior não dá votos e por isso...
O erro crasso da anulação do Corpo Nacional da Guarda Florestal (igualmente desenvolvido pelo Regime Florestal) já está a sair bem caro... e este já nem estava a funcionar muito bem quando foi extinto.
Mas o tempo não volta para trás, acho eu.... nem sei se deveria.
Terá quer vir um novo Fontes Pereira de Melo das florestas, para abrir os cordões à bolsa e instituir um novo Corpo, juntando talvez com o espirito dos Vigilantes da Natureza.
 

james

Cumulonimbus
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16 Set 2011
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É curioso que os 2 locais onde o ,lobo tem mais sucesso ( o Montesinho e a Peneda - Gerês ) raramente se fala de ataques a gado , há presas naturais em abundância .

E atenção a um pormenor : no Minho , obviamente que eu conheço melhor , ainda existe muita floresta autóctene .Á primeira vista , muitas vezes apenas parece uma vasta extensão de pinhais , mas quem se embrenhar por dentro , descobre ainda mundos de vida e com grande profusão de pequenos carvalhos, que estão a recuperar após criminosos desvastes no passado .

O pior são mesmo as matas de produção , que apenas visam o lucro , como por exemplo , na Serra do Caramulo e na serra de Valongo , Serra da Agrela e outras zonas dos distritos do Porto e Aveiro , outrora regiões belíssimas e onde as transformaram num eucaliptal .
 

lreis

Cumulus
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22 Dez 2010
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É curioso que os 2 locais onde o ,lobo tem mais sucesso ( o Montesinho e a Peneda - Gerês ) raramente se fala de ataques a gado , há presas naturais em abundância .

Chamo também a atenção para uma zona onde existe uma presença de lobo assinalável, onde existe produção bovina de grande montante e onde se fala (também) pouco de ataques de lobo: o planalto do Barroso.
É uma zona muito mais plana do que as referidas por James, onde há um efectivo bovino muito relevante (provavelmente mais até que no Montesinho ou na Peneda-Gerêz), onde uma percentagem do rendimento agrícola vem desta produção e pouco se houve de conflitos nesta área.
Outro aspecto lateral, os produtores de batata do Barroso relevam uma aparente diminuição de destruição dos batatais por parte de javalis.
Justificação que os mesmos encontram, a população de javalis encontra-se controlada pela presença de lobos. Os lobos "habituaram-se" a ver na população de javalis (juvenis e crias, subentendo) mais uma presa frequente e acessível.
Isto tudo, para dizer, no passado, nos habituamos a ouvir frequentemente de relatos de destruição e agora se ouvem com menor frequência.
Os factos actuais não surgem nos media? talvez, há hoje menos produção de batata/menos área agricultada? talvez, há hoje maior furtivismo? muito provável, há hoje uma diversificação maior entre presas e predadores, na cadeia? provável.
Se calhar da conjugação disto tudo se faz o caminho...
 

AJB

Nimbostratus
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5 Mar 2009
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O País deve ser "dividido" por zonas florestais: de produção e de conservação!Todo o litoral Norte e Centro está "perdido" pois o eucalipto entrou e não sairá mais...devemos é manter as especies autóctones no interior e nas zonas montanhosas! O problema é que deverá haver mecanismos de compensação dos proprietários: os do interior sem rendimeto deveriam ser compensados pelos do litoral onde os periodos de rotação das especies (eucalipto) são incomparavelmente menores logo os lucros serão maiores!
Como digo, falta de estratégia neste país que se da ao luxo de desperdiçar um recurso tão valioso!
Estou para ver quando for avistado o primeiro urso na zona de Montesinho/Nogueira...o que é que os nossos governantes e o ICNF dirão!!!
 

boneli

Nimbostratus
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12 Jan 2008
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Braga. Lomar
Os últimos sensos de Lobo foram à 25/30 anos mais coisa menos coisa....tenho a certeza que se voltarem a fazer, ia haver surpresas!!!!!

Falta saber porque não fazem. E não me venham dizer que é por falta de dinheiro.