Este estudo não tem exactamente boas notícias em relação às populações da zona do Alvão. Mas também não tem apenas más notícias
A boa notícia é que as passagens inferiores e superiores que foram feitas na A7 e A24 para a circulação de fauna, efectivamente funcionam. Lobos, raposas, texugos, fuinhas,... foram "apanhados" a circular nessas passagens. Já se sabe que as autoestradas são necessárias, mas vamos tentar minimizar os efeitos perversos que elas criam na nossa fauna.
As más notícias é que, coincidindo com a construção e primeiros anos de utilização destas vias, os vestígios de lobos na zona estudada desceram imenso. Entretanto parecem ter vindo a estabilizar.
95% em 2005
81% em 2006
53% em 2007
38% em 2008
53% em 2009
30% em 2010 (apenas o 1º semestre)
A construção da A24 iniciou-se em 2005 e apenas terminou em 2007, elaborando-se ainda trabalhos pontuais até ao final desse ano. As obras da A7 começaram em 2005 e acabaram em 2006.
Outra má notícia é a dieta do lobo na zona estudada.
Ao contrário do que podíamos pensar, até pelo acompanhamento que temos feito noutros threads da expansão das presas selvagens no nosso país, nesta zona o gado doméstico continua a ser (de longe) a base da dieta do lobo.
Caprinos 81,90%
Ovinos 3,45%
Bovinos 1,72%
Equinos 0,86%
Corço 3,45%
Javali 0,86%
Canideos 0,86%
Lagomorfos 6,03%
Aves 0,86%
Ao contrário do que acontece no Montesinho, no Alvão ainda é o gado que sustenta as populações de lobos, o que significa que a guerra lobo-pastor continua tão viva como antes.
Surpreendeu-me especialmente o valor dos javalis (0,86% ?!?!). Os lobos do Alvão são assim tão preguiçosos que só se atiram ás presas fáceis?
De referir também que tal como as autoestradas influenciaram as populações de lobos, também o devem ter feito em relação aos ungulados. Talvez os corços e javalis se tenham afastado um pouco das zonas estudadas.