A catástrofe do dia de Todos-os-Santos foi devastadora e as perdas não se limitaram à derrocada de palácios e igrejas edificados com o ouro do Brasil, no então recente reinado de D. João V. Também há que contabilizar um riquíssimo património móvel, em jóias, obras de arte e dinheiro vivo que na época era só metálico. E as somas a que se chega são tão astronómicas que José Luís Cardoso, professor de História da Economia, verificou uma grande dissonância e notórios exageros quando investigou os valores referidos na época e que vão de 85 mil a 375 mil contos, com os mercadores estrangeiros, sobretudo ingleses, a queixarem-se de perdas na ordem dos 40 mil contos. Numa primeira abordagem, avaliou o volume dos prejuízos em 230 mil contos da época, mas ao confrontar esse valor com o que seria, então, o PIB considerou os números excessivos. Numa estimativa mais apertada aponta, agora, para 100 mil contos, correspondentes na altura a 75% da riqueza total produzida durante um ano em Portugal.