Eu já estive e percorri de lés a lés quatro ilhas dos Açores (Faial, Pico, Terceira e São Miguel) e são dos locais mais lindos onde já estive. Autêntico tesouro escondido, um segredo que só se conta aos melhores amigos.
Senti-me lá sempre como uma criança em terra de fantasia, de mapa na mão, à procura de tesouros, vulcões, colinas esverdejantes, grutas e algares, flores e vacas a ornamentar, mar azul com uma tonalidade que só se compreende ao vivo, terra e banhos a fumegar, a magia de Angra, o gin do Peters, ou a gastronomia riquíssima, do melhor bife de vaca ao cavaco que comi nas Lajes ou às lapas na grelha que saboreei na Terceira. Curioso é que quando lá andei achei que todas as ilhas eram diferentes e tinham os seus especiais encantos, desde a magia do Faial ou as cinzas dos Capelinhos, a natureza selvagem do Pico e a assombrosa vista que se tem das outras ilhas lá de cima, da arquitectura, imensa história e cores da Terceira até aos postais de São Miguel e as furnas com cheiro a enxofre, as suas lagoas, algumas recordo envoltas numa bruma de mistério e fantasia.
Quanto a preços para "estrangeiros" (ai ai São Miguel Azores, espero que a gente aqui não seja "estrangeiro" para ti), não é tanto assim, infelizmente até acho que os preços são baratos para o tesouro que é, sinal de crise talvez ou de desconhecimento do tesouro. Um casal com crianças fica uma semana a viajar entre várias ilhas e hotéis de 3 ou 4 estrelas por pouco mais do que mil euros, o que é barato dada a quantidade de voos continente e inter-ilhas que são, o que encarece muito as coisas e que se calhar pouco sobrará para a economia local, os hotéis são geralmente bons, atendimento profissional e as pessoas muito simpáticas, o que nem sempre se encontra por paragens bem mais próximas.
Felizmente nunca será um turismo de massas, que a malta, o povão, gosta é de prédios , barulho e praia com areia a queimar os pés e a pele, mas estou convencido que ao longo dos anos este tesouro escondido no Atlântico será cada vez mais um refúgio para mentes inteligentes à procura de um sossego que só a verdadeira natureza consegue proporcionar. Espero que os dirigentes tenham calma e paciência, em não estragar o que é bom, como tantas vezes acontece.
A beleza dos Açores é tanta que eu sempre que regressava e ia ver as fotografias que tirei achava que elas estavam uma porcaria. Era frustrante, as fotografias nunca conseguiam fazer justiça ao que os olhos viram e a mente recordava.