ola Vince
Desconheço a história da introdução das Hortências nos Açores, mas vou pesquisar sobre isso
A hortênsia é originária da China e está introduzida nos Açores desde o século XIX como planta ornamental. É conhecida localmente como "Novelão". Rapidamente tornou-se numa "praga", constituindo hoje um dos símbolos turísticos dos Açores, mas ao mesmo tempo não perturba nem se torna numa ameaça à flora endémica dos Açores.
É uma planta que tem efeito de simbiose com a endémica local, e além disso serve como separação limite entre os vários pastos e vedações. Esta planta adaptou-se bem ao clima húmido e chuvoso dos Açores e prefere zonas de montanha e locais húmidos perto de lagoas ou lagoeiros. É uma planta muito usada em tapetes de flores nas procissões das várias ilhas, a par de outras como o incenso, a conteira e o cedro do mato.
Além da Hortênsia existem outras como a Criptoméria (igualmente da china) a Rosa do Japão, a Conteira ou Roca de Vénus, ( dos Himalaias,) a Cana, o Metrosídero,(Austrália e Nova Zelândia) a Ficcus, o Eucalipto, ou o incenso (originário da Austrália) que dominam grande parte da flora açoriana.
Essas plantas inicialmente foram vistas como plantas de luxo e de ornamentação pelos românticos do século XIX, hoje fazendo parte da realidade açoriana.
A vegetação endémica dos Açores (alguma só encontrada aqui) é a seguinte:
1 - Cedro do Mato;
2 - Uva da Serra;
3 - Vidália;
4 - Louro;
5 - Azevinho;
6 - Sanguinho;
7 - Folhado;
8 - Ginjeira-Brava;
9 - Dragoeiro;
10 - Vinhático;
11 - Erva-Leiteira;
12 - Alfacinha;
13 - Pau Branco;
14 - Silvado-Manso;
15 - Faia da Terra;
16 - Urze;
17 - Tamujo;
Podem visualizar as plantas aqui neste link:
http://clubambientefoc.no.sapo.pt/plantas.htm
... E mais... muitas mais...
Os povoadores quando chegaram aqui às ilhas depararam-se com um espesso mato por desbravar e com a flora nativa local intacta. Hoje a flora endémica restringe-se apenas às zonas de montanha porque a paisagem ao longo dos tempos foi sendo humanizada.
As ilhas eram à altura do descobrimento, locais sinistros e o matagal que as cobria era de facto excepcional, aliado ao medo que os colonos tinham em se fixar aqui nas ilhas devido ao aspecto muito bravio e aterrorizador de carácter fortemente vulcânico, o que dificultou muito a fixação de pessoas aqui nas ilhas.
Antes dos portugueses terem aqui chegado já possivelmente outros povos mareantes teriam aqui aportado mas depressa deixaram de parte os seus intentos de colonização porque as ilhas eram extremamente vulcânicas ( e ainda são!), e existem várias provas como marcas (hieróglifos gravados em algumas grutas dos Açores de idade muito anterior à chegada dos portugueses, e ossadas de animais (caprinos e ovinos) encontradas em São Miguel que datam do século XII
Ninguém queria sair do seu luxo e da sua civilização para irem povoar ilhas despovoadas no meio do mar e teluricamente activas a nível vulcânico, e verdadeiramente assustadoras, daí que tivesse que se recorrer a colonos de várias origens no povoamento dos Açores, entre os quais ingleses, italianos, espanhóis, judeus, mouriscos, escravos negros, degredados do norte de África e do reino, Ingleses, Bretões franceses, e uma grande percentagem de Flamengos. Hoje o povo açoriano é essa mescla de origens. A presença da origem dos vários colonos está hoje patente em alguns sobrenomes de famílias açorianas e na toponímia local. Eu por exemplo tenho Brum (nome de origem flamenga do meu lado materno). Gaspar Frutuoso (1 cronista açoriano do século XVI), relata bem o cruzamento de várias etnias que houve nos Açores.
Por exemplo, Bettencourt é Açoriano e tem origem no nome "Betancour" que foram dos povoadores franceses que ajudaram na mescla étnica do povoamento dos Açores.
"BRUM, DUTRA, SILVEIRA, TERRA, GOULART " e outras, são todas de origem flamenga.
E por último vários apelidos ingleses de familias Açorianas como "Stone" "Read", "Dart", Hicking", "Riley" etc etc etc... A Influencia bretã, inglesa e flamenga ficou na tradição nos Açores seja nos topónimos locais, seja em certos regionalismos, seja no artesanato seja no vestuário de Folclore, seja também no próprio falar das gentes destas ilhas. O peculiar exemplo é o sotaque flamengo e espanhol da Terceira São Jorge Pico e Faial, e o sotaque afrancesado de São Miguel.
Por exemplo, a ilha de São Miguel e Santa Maria foi fortemente colonizada por uma leva de mouriscos e flamengos enquanto que a ilha do Corvo foi toda ela povoada por escravos negros a que se juntaram depois familias brancas. Daí que os corvinos tenham uma certa influência negróide acusada nos seus traços mais comuns, ainda que sejam "brancos".
A influência escrava também deixou a sua marca como:
Terceira: "Lagoa do negro"
S.Miguel: "Rua do Negro"; "Rua da Guiné"; "Grota do Negro"; "Pico do Escravo", etc etc etc
De referir que além da flora primitiva açoriana existe uma ave que é igualmente endémica dos Açores e única no mundo, e só existente na ilha de São Miguel. Esta ave está ameaçada de extinção.
Esta ave é o Priôlo, outrora uma praga em São Miguel e hoje está apenas confinada às florestas endémicas da Laurissilva do Pico da Vara ( a Maior altitude de São Miguel e a segunda maior elevação dos Açores com 1105m)
Esta ave no século XIX foi quase levada à extinção porque a praga era tanta que os camponeses tiveram que proceder à sua caça porque os milheirais e as culturas eram todas devastadas por essa mesma ave.
Hoje na serra da Tronqueira em São Miguel está-se a proceder à sua recuperação com 775 casais de indivíduos e a ave pelos vistos está a recuperar bem.
Aqui está uma imagem do priôlo:
http://fotos.sapo.pt/zFpB7JMkkZPSdwo5bLGE/x435
http://www.spea.pt/ms_priolo/pt/index.php?op=o_habitat_priolo
http://www.google.pt/imgres?imgurl=http://www.spea.pt/ms_priolo/pt/images/priolo_2.jpg&imgrefurl=http://www.spea.pt/ms_priolo/pt/index.php%3Fop%3Do_priolo&h=350&w=400&sz=48&tbnid=D10duI-ds9EvqM:&tbnh=109&tbnw=124&prev=/images%3Fq%3Dpriolo&hl=pt-PT&usg=__v-kS2Z31-YGV2snio6clVJCxg84=&ei=GMpwS-GEKJLu0gS52O2xCw&sa=X&oi=image_result&resnum=3&ct=image&ved=0CAsQ9QEwAg
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