Seca em Portugal



trovoadas

Cumulonimbus
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3 Out 2009
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loule-caldeirao
No Minho não é a seca que preocupa os agricultores de imediato, mas a possibilidade de esta chuva causar doenças nas vinhas.
Sim eu sei disso mas é evidenciado na reportagem que esta chuva não resolveu nada como é óbvio. A minha intervenção vem no sentido que dificilmente esta seca se prolongará nos próximos meses pelo Minho.
Quanto ao sul as incertezas são sempre maiores.
Em relação às doenças fungícas são sempre um problema mas deduzo que até seja normal ter um Setembro húmido e quente no norte do país.
Por aqui tem sido um problema principalmente na Primavera com períodos húmidos e quentes após Invernos secos e amenos. A meu ver os períodos húmidos após períodos muito secos também têm potenciado a proliferação destas doenças. Uma espécie de estratégia de sobrevivência destes organismos.
 

N_Fig

Cumulonimbus
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29 Jun 2009
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Figueira da Foz
A verdade é que estas chuvas dos últimos dias, não tendo resolvido de maneira nenhuma o problema, desagravaram fortemente a seca meteorológica em grande parte do país, tivemos lugares da Beira Interior com mais de 150 mm em 15 dias, não foi coisa pouca. Entendo que é preciso mais, mas não me parece boa ideia (até para a saúde mental aqui dos meteoloucos) estar a desvalorizar um evento em que as coisas até correram inesperadamente bem para a época do ano
 

StormRic

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23 Jun 2014
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Póvoa de S.Iria (alt. 140m)
Exemplo de como cerca de 70 mm (ou mais), além de preparar os solos e de evitar a morte a curto prazo de árvores e de animais dependendo dos pastos, não consegue encher albufeiras no caso das regiões em que a secura dos solos chegou a ser inferior a 20% de conteúdo de água ou menos.

Foco-me apenas no caso da Serra de Sintra, no extremo Oeste da AML.

24 de Junho, último dia em que a estimativa da água no solo ainda era superior a 40%.
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4 de Julho, o nível da albufeira da ribeira da Mula, que recolhe as escorrências do maior vale da Serra nas encostas sul, estava em 3,30 m, volume morto.

Segue-se o período de dois meses de maior secura e evapotranspiração.
A 25 de Julho a zona mais a oeste do maciço ocidental da Serra estava inserida numa quadrícula em que a estimativa de água no solo era 20% ou menos.
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Este valor de água no solo, < 20%, mantém-se até às 0h de 12 de Setembro, provavelmente mais agravado tendo em conta o alastramento pela Região Oeste da área de cor correspondente. Em 24 horas a cor passa a verde claro, ou seja, > 40%, precisamente na zona da Serra de Sintra e periferia.
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Em 16 de Setembro, às 0h, a área verde alastrou por uma zona a norte da Serra, da Região Oeste e AML, mas não atinge o intervalo seguinte, ou seja, mantém-se não superior a 60%.
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No dia 15, ao fim da tarde, com a precipitação do evento terminada e não se observando já nessa altura praticamente nenhumas escorrências para a albufeira, o nível observado era de 3,15 m, inferior ao nível de 4 de Julho. Ou seja, esta precipitação nem repôs o nível anterior observado, significando que não compensou sequer a perda dos dois meses mais quentes e secos.
E o estado da albufeira e margens era este, com marcas de grandes escorrências durante os períodos de chuva, abarrancamentos, deslizamentos e vegetação a despontar rapidamente nas áreas postas a descoberto pela descida de nível ao longo deste ano hidrológico.

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StormRic

Furacão
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23 Jun 2014
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Póvoa de S.Iria (alt. 140m)
Evolução do estado do solo na última semana, até às 00h de ontem 21 (não contabiliza, portanto, a chuva caída ontem).
Na primeira carta, o estado reflete a chuva dos três primeiros dias do evento ex-Danielle.
A partir daí, o Nordeste e o Sul, incluindo o vale do Tejo, têm perdido água no solo a um ritmo muito acelerado. Refira-se que esta estimativa diz respeito ao solo até à profundidade média de 100 cm. Esta perda de água não significa que a água recebida se tenha evaporado toda, absorvido pelas plantas ou escorrido. Pode ter penetrado mais profundamente indo encher aquíferos subterrâneos ficando disponível ainda em poços, fontes ou albufeiras. Esta estimativa mostra assim a água utilizável directamente pelas plantas e não a reserva total a todas as profundidades.

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algarvio1980

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21 Mai 2007
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Olhão (24 m)
Evolução do estado do solo na última semana, até às 00h de ontem 21 (não contabiliza, portanto, a chuva caída ontem).
Na primeira carta, o estado reflete a chuva dos três primeiros dias do evento ex-Danielle.
A partir daí, o Nordeste e o Sul, incluindo o vale do Tejo, têm perdido água no solo a um ritmo muito acelerado. Refira-se que esta estimativa diz respeito ao solo até à profundidade média de 100 cm. Esta perda de água não significa que a água recebida se tenha evaporado toda, absorvido pelas plantas ou escorrido. Pode ter penetrado mais profundamente indo encher aquíferos subterrâneos ficando disponível ainda em poços, fontes ou albufeiras. Esta estimativa mostra assim a água utilizável directamente pelas plantas e não a reserva total a todas as profundidades.

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Esse mapa é estranho, como é que Alcoutim que tem chovido pouco tem uma percentagem de água do solo como na Serra de Monchique. :wacko: O meu concelho, até choveu razoavelmente, cerca de 23 mm e isso nem mexeu na escala, parece ser uma zona sombra. :wacko:


Chuva alivia produtores e ajuda a recuperar castanheiros em Valpaços​


 

joralentejano

Super Célula
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21 Set 2015
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Arronches / Lisboa
Evolução do estado do solo na última semana, até às 00h de ontem 21 (não contabiliza, portanto, a chuva caída ontem).
Na primeira carta, o estado reflete a chuva dos três primeiros dias do evento ex-Danielle.
A partir daí, o Nordeste e o Sul, incluindo o vale do Tejo, têm perdido água no solo a um ritmo muito acelerado. Refira-se que esta estimativa diz respeito ao solo até à profundidade média de 100 cm. Esta perda de água não significa que a água recebida se tenha evaporado toda, absorvido pelas plantas ou escorrido. Pode ter penetrado mais profundamente indo encher aquíferos subterrâneos ficando disponível ainda em poços, fontes ou albufeiras. Esta estimativa mostra assim a água utilizável directamente pelas plantas e não a reserva total a todas as profundidades.

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Não sei que dados são utilizados para calcular os valores desse mapa, mas pelo menos aqui no Alto Alentejo, os valores aumentaram para 41/60% após a Ex-Danielle e passado 1 semana a zona da Serra de S. Mamede passou para a escala de 1/10% e até mesmo PEP. No extremo leste do sotavento algarvio pouco choveu e os valores mostrados são mais elevados.
Verdade que com o calor dos últimos dias, a chuva que caiu na semana passada de pouco valeu e rapidamente evaporou, mas 1 semana depois da chuva, os valores na minha zona ficaram piores do que aqueles que eram mostrados no início do mês após um verão rigoroso e sem chover há 3 meses. :confused:
 

Aurélio Carvalho

Nimbostratus
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5 Out 2018
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Esse mapa é estranho, como é que Alcoutim que tem chovido pouco tem uma percentagem de água do solo como na Serra de Monchique. :wacko: O meu concelho, até choveu razoavelmente, cerca de 23 mm e isso nem mexeu na escala, parece ser uma zona sombra. :wacko:


Chuva alivia produtores e ajuda a recuperar castanheiros em Valpaços​


Esse mapa sempre foi demasiado estranho, por isso nem ligo a ele.
Mas o acumulado mensal de Alcoutim e Olhão e refiro me a EMA ronda os 24 mm mensais. Não me parece que valores desses interfiram o que quer que seja no solo, depois de tantos meses de secura.
Depois é giro ver Beja que é das zonas que mais choveu neste mês no país com percentagem quase no emurchimento total.
 
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StormRic

Furacão
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23 Jun 2014
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Póvoa de S.Iria (alt. 140m)
As considerações a seguir são apenas da minha autoria,

Chamo a atenção que o cálculo da estimativa de água no solo depende de vários parâmetros e ainda que se refere ao conteúdo de água utilizável pelas plantas nos 100 cm superficiais do solo. Depende do tipo de solo e do tipo de coberto vegetal. Cada tipo de solo tem uma capacidade total diferente. Se essa capacidade fôr pequena, podem observar-se grandes/rápidas variações da percentagem com menores quantidades de precipitação ou com períodos mais curtos de evapotranspiração. Suponho que um dos factores para a rápida perda de humidade do solo é o próprio estado das plantas, contribuindo para uma extracção da humidade do solo tanto maior quanto maior fôr o estado de secura. Se a chuva caída se infiltrar até uma profundidade maior que 1 m, é considerada perdida para a capacidade utilizável pelas plantas. Solos diferentes têm diferentes velocidades de permeabilidade em profundidade. Um solo arenoso terá capacidade de absorção e permeabilidade, bem como de escorrência superficial imediata, diferente de um solo argiloso ou de um solo calcário. 50 litros por metro quadrado num solo arenoso desaparecem em poucos dias; num solo calcário também; num solo argiloso permanecem semanas.
A variação da percentagem não é linear em relação à precipitação acumulada. Outro aspecto a ter em conta é o da amplitude dos intervalos de cada cor. Passar para o intervalo 41-60% pode significar ter atingido apenas os 41% e com uma variação negativa de 21% descer logo dois intervalos (duas cores).
Também é preciso considerar que a cor em cada área é uma média e foi calculada através de médias de parâmetros que entram no seu cálculo, como a precipitação. A precipitação em particular, nos eventos que ocorreram, está longe de ter sido homogénea, mesmo em áreas pequenas. A resolução é de 16 Km e sabemos bem como nestas situações convectivas até distâncias de 1 ou 2 Km implicam grandes diferenças nos acumulados. Portanto, não é olhando para os acumulados pontuais das redes de observação que se pode inferir directamente e comparar qual seria o estado do solo em diferentes áreas.


"O índice de água no solo (AS), produto soil moisture index (SMI) do Centro Europeu de Previsão do Tempo a Médio Prazo (ECMWF), é disponibilizado para o RUN 00 UTC t+0, ECMWF-HRES, e tem 16 km de resolução. Considera a variação dos valores de percentagem de água no solo (média 0-100 cm profundidade), em relação à capacidade de água utilizável pelas plantas, entre o ponto de emurchecimento permanente (PEP) e a capacidade de campo (CC) e a eficiência de evaporação a aumentar linearmente entre 0% e 100%. A cor laranja escuro quando AS≤PEP; entre o laranja e o azul considera PEP<AS<CC, variando entre 1% e 99%; e azul escuro quando AS>CC. O mapa utiliza os limites das DRAP (Direções Regionais de Agricultura e Pescas)."

 

trovoadas

Cumulonimbus
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3 Out 2009
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loule-caldeirao
Evolução do estado do solo na última semana, até às 00h de ontem 21 (não contabiliza, portanto, a chuva caída ontem).
Na primeira carta, o estado reflete a chuva dos três primeiros dias do evento ex-Danielle.
A partir daí, o Nordeste e o Sul, incluindo o vale do Tejo, têm perdido água no solo a um ritmo muito acelerado. Refira-se que esta estimativa diz respeito ao solo até à profundidade média de 100 cm. Esta perda de água não significa que a água recebida se tenha evaporado toda, absorvido pelas plantas ou escorrido. Pode ter penetrado mais profundamente indo encher aquíferos subterrâneos ficando disponível ainda em poços, fontes ou albufeiras. Esta estimativa mostra assim a água utilizável directamente pelas plantas e não a reserva total a todas as profundidades.

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Não digo que tudo é mentira nesse mapa no entanto tem diversos erros como é o caso concreto da região de Alcoutim que está praticamente sempre nos 21-40%. Talvez seja um erro de resolução tendo em conta que tem o Guadiana à porta e depois a barragem de Odeleite a sul. Se for o caso é um erro grande :D
Acho que no pico/fim do Verão é que se detectam os erros crassos. Entretanto já choveu é mais complicado...