Chuva deixa prédio em risco
Mau tempo generalizado provocou inundações e obrigou a evacuar edifícios
00h08m
CARINA FONSECA,, GINA PEREIRA,, E RICARDO PAZ BARROSO
Um casal de idosos recusou, esta sexta-feira, sair do prédio degradado que habita em Lisboa, apesar dos esforços da Protecção Civil, e mesmo depois do telhado ter ruído quinta-feira. Em Coimbra, o rio Mondego galgou as margens.
Prédios devolutos ou em estado avançado de degradação, nomeadamente em Lisboa, foram o principal alvo da chuva constante que tem assolado o Centro e Sul do país, o que tem obrigado a vários realojamentos (ver caixa). A chuva também abriu buracos no pavimento, como no caso da Avenida Infante D. Henrique, ou o abatimento de solo que se registou na Rua da Verónica, à Graça - o Regimento de Sapadores Bombeiros já reforçou o dispositivo.
Apesar dos esforços dos técnicos da Protecção Civil, Manuel David, 84 anos, morador há 46 anos no número 144 da Calçada de Santana, em Lisboa, recusou-se a sair de casa. Nem a derrocada, anteontem à noite, de parte do telhado convenceu este reformado e a mulher, Miquelina Marques, 80 anos (mais a filha de 60 anos) a abandonarem o local. "Se é para perder tudo o que tenho, mais vale ir com as coisas do que ficar depois a olhar para elas destruídas", explicou Manuel David.
Mas Adelina Lameiras, 50 anos, que há quase três décadas explora uma pequena tabacaria no rés- do-chão do edifício, não foi avisada pela Protecção Civil dos riscos que corre o prédio. "Se interditarem o prédio, para onde é que vou?", pergunta ao JN.
No edifício, que albergava ainda mais três moradores, que aceitaram ser realojados em casa de familiares, constata-se logo a falta de condições: Paredes rachadas, chuva no primeiro andar (quando o prédio tem quatro pisos) e instalações eléctricas a ressumar humidade. O prédio foi considerado em risco de derrocada após uma vistoria preliminar da Divisão de Conservação de Edifícios Particulares, da Câmara de Lisboa, que segunda-feira regressa para uma vistoria técnica.
Vigilância foi a palavra de ordem, ontem, em Coimbra, devido à chuva contínua e às descargas da Barragem da Aguieira, que fizeram subir os níveis do rio Mondego e da Ribeira de Fornos. Ao final da tarde, três corporações de bombeiros mantinham na rua equipas de prevenção, mas não havia registo de danos, além de pequenas infiltrações em casas.
"A situação mais alarmante é a subida das águas do Mondego, devido a descargas da Barragem da Aguieira. Na margem direita do Parque Verde, há zonas em que a água já saiu do leito e, na Praça da Canção [margem esquerda], a água atingiu 15 centímetros de altura", explicou fonte dos Bombeiros Sapadores. No primeiro caso, durante a tarde, a zona de esplanadas chegou a ser ameaçada pela água.