A corrente húmida é mais visível a norte. Mas aquela mancha a oeste dos Açores, animando as imagens, está-se a dirigir rapidamente para cá e já tem alguma convecção. Ela é o precursor da pluma (como o Vince chamou) ou o rio (como eu chamei) que ficará mais óbvia ao longo do dia:
Não vale a pena estar a olhar religiosamente para a localização da chuva. Em termos gerais poderá ser essa a zona mas em termos específicos é pouco provável. Ainda para mais o evento é longo (pelo menos 72 horas). Pequenas variações irão acontecer nos modelos ao longo das saídas (pode ficar mais grave ou menos grave).
Apesar de o GFS na saída das 6h indicar que as maiores diferenças de temperatura fiquem a norte, certos aspetos são preocupantes. Alguns ventos, o CAPE moderado a elevado e a muita água precipitável:
Até dou um exemplo. Em poucas centenas de quilómetros a temperatura baixa 10º:
Há ainda que esperar bolsas de ar mais quente que inflacionarão a chuva localmente (por cima da Terceira há indicação de ar a 20º perto de ar a 15º):
Quanto a trovoadas, há a aparente estabilidade entre os 925 e e os 850 hPa. Este evento é mais um de 'passagem'. A 700 hPa e a 500 hPa os ventos serão intensos sem nenhum ponto de congergência. Contudo, a 850 hPa e a 950 hPa o caso é diferente, sendo que haverão depressões:
Aquando da ocorrência das depressões não excluo a ocorrência de trovoada. Não creio que as repetidas frentes tenham o poder convectivo suficiente para sustentar o crescimento das nuvens perante as poderosas correntes de ar acima (têm uma grande disparidade térmica mas movem-se muito lentamente). A única exceção, como já referi, são as depressões nos níveis baixos.
Por fim, e à medida que o evento se desenrola, a humidade a 500 hPa vai diminuindo, tornando-se o ar extremamente seco no G. Oriental. Isto é muito relevante. Nas horas anteriores as correntes convectivas encontrarão muito ar húmido e isso facilitará a condensação e a chuva. No Grupo Oriental o mesmo tenderá a não ocorrer. Como tal, a quantidade de chuva tenderá a ser menor: