Começo por fazer a notificação habitual: O GFS é apenas um modelo entre muitos e as suas previsões nem sempre correspondem à realidade. As opiniões e análises aqui feitas representam a visão do autor e são desprovidas de qualquer profissionalismo. As instituições governamentalmente reconhecidas é que são a autoridade final no que concerne às previsões e avisos meteorológicos.
Escrito isto, a depressão em altitude tem deambulado pelo Atlântico Central. Nas próximas 36 horas deslocar-se-á para norte dissipando-se eventualmente nas redondezas do arquipélago.
Os parâmetros convectivos mais habituais (CAPE e LI) vão começar a agravar-se a partir do final do dia de hoje a sul do arquipélago acompanhando a referida intrusão de ar frio. As bolsas de cisalhamento intenso (+-20 m/s) e o ar muito seco nos níveis baixos deverão inibir em larga escala a convecção relevante. Para além disso, o GFS e o WRF continuam a modelar uma inversão/estabilidade bastante significativa (também nos níveis baixos). Se os 3 obstáculos forem ultrapassados (o que será muito difícil), a convecção tem todas as condições para ser muito rápida.
Reafirmo que na minha ótica é o G. Central que reúne as condições mais favoráveis. Às 0h do dia 7 a humidade a 700 hPa chega aos 60% em alguns locais, o que tendo em conta as anteriores saídas não é nada mau. O G. Oriental continua a estar na borda de um núcleo anticiclónico a 700 hPa. Não tenho grande esperança.
Quanto a tempo severo, a helicidade tem variado. No período mais crítico vai-se aguentando acima dos 150. Para além dos obstáculos que referi acima há outros. Parece haver boa ventilação ao longo da atmosfera mas os ventos nos níveis baixos não são muito intensos. Teria mais confiança se tivessem mais intensidade ou se houvesse um
jetstreak a apoiar a instabilidade. Mas não há. Como tal, não tenho muitas expectativas nessa vertente.
Em suma, a probabilidade relativa à ocorrência de convecção é baixa. O caso complica-se devido à reduzida área (e intervalo temporal) que reúne as condições mais favoráveis e à pouca certeza no que concerne à real extensão da intrusão de ar extremamente seco nos níveis baixos. Ainda assim, a trovoada seca continua em cima da mesa se bem que está num canto longínquo da mesma