Seguimento - Incêndios 2018

ClaudiaRM

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Aqui o problema é o facto das pessoas não estarem cientes porque não conhecem a realidade da situação. Não conhecem comportamento de fogo nem sabem como o combater portanto não tem consciência do perigo. E não é por já terem passado uma vez pela situação que isso lhes confere algum tipo de experiência com o combate ás chamas.

Precisamente por causa disso é que é preciso ouvir as autoridades. Não é porque já houve erros que os leigos passam a ter mais competência do que os profissionais. Eu sei que há casos de negligência médica mas se me sinto doente vou ao médico não vou à cartomante...
 


KarluZ

Cirrus
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25 Jan 2018
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São todos responsáveis excepto os chic-espertos?
Verdade, verdade, compara sr chico esperto Antonio Costa o ano passado com Alexis Tsipras na Grecia a assumir responsabilidade politica 3 dias depois das mortes de Attica

É apenas confiança, populações abandonadas no portugal profundo não tem confiança, para ter é preciso de muitos anos de bom trabalho

ferido em estado grave é uma idosa segundo li no jornal
 

dahon

Nimbostratus
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1 Mar 2009
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São todos responsáveis excepto os chic-espertos?
Verdade, verdade, compara sr chico esperto Antonio Costa o ano passado com Alexis Tsipras na Grecia a assumir responsabilidade politica 3 dias depois das mortes de Attica

É apenas confiança, populações abandonadas no portugal profundo não tem confiança, para ter é preciso de muitos anos de bom trabalho

ferido em estado grave é uma idosa segundo li no jornal

Então o facto de eu não ter confiança nos politicos justifica eu correr risco de vida.
"Ora eu não tenho confiança no governo, por isso vou ficar e possivelmente morrer para defender a minha casa sem qualquer tipo de meios adequados ao combate ás chamas."
Logo à partida as odds de sucesso não são nada favoráveis e mesmo assim eu vou apostar a minha vida.........essa lógica para mim não faz qualquer tipo de sentido.
Eu sei que parece um bocado frio pensar assim, mas é como eu penso.
 

ClaudiaRM

Furacão
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Ora eu não tenho confiança no governo, por isso vou ficar e possivelmente morrer para defender a minha casa sem qualquer tipo de meios adequados ao combate ás chamas."

E pode ficar. Não pode é depois culpar este mundo e o outro. Total liberdade, total responsabilidade. Se eu for diagnosticada com um apendicite, o médico vai dizer-me que se eu não for sujeita a uma apendectomia vou morrer. Não podem operar-me à força. Se eu não confiar em médicos e recusar a cirurgia, assino um termo de responsabilidade e vou para casa morrer de septicemia. Mas quando isso acontecer, há um documento a comprovar que eu não fui vítima de negligência médica. Apenas da minha decisão.
 

vitamos

Super Célula
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11 Dez 2007
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Não, não justifica obviamente. Obviamente que não ajudam politicos que em plena catástrofe se dedicam a fotos criativas geridas por equipas de marketing. Isso a mim pessoalmente revolta-me. Mas as autoridades, o estado ele próprio e os seus organismo devem ter o seu peso e devem ser respeitados quando o salvar vidas é prioritário.
 
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Hawk

Cumulonimbus
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Só falta dizer que os habitantes da aldeia tem mais experiência de comportamento fogo que qualquer operacional que esteja a combater/comandar. As chamas a 100m até podem aparentar estar calmas, basta o vento aumentar de intensidade ou mudar de direcção e é literalmente a morte do artista.

Todas essas tarefas referidas devem ser feitas em antecipação. Não quando o fogo já está em cima.

Eu falei especificamente na retirada forçada de pessoas na 2a e 3a linha de casas em relação ao mato, como no caso de Enxerim. Essa visão da "morte do artista" é a tal visão "Pedrógão". Parece que de repente só há dois níveis de risco: o inexistente e a morte certa.

Isso não abona a favor da Protecção Civil, no verdadeiro sentido da palavra, não no sentido ANPC.
 

ClaudiaRM

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Alexis Tsipras na Grecia a assumir responsabilidade politica 3 dias depois das mortes de Attica

A isso chama-se populismo. Ou está calado ou se assume a responsabilidade política, demite-se. Quem é responsável ou se acha responsável tem de tirar ilações disso. Neste caso, a demissão. Claro que ele tem mais ou menos tantas responsabilidades nos incêndios como eu, pelo que a demissão não fazia sentido. Tirada populista para calar os papalvos. Costuma resultar, na verdade.
 
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ClaudiaRM

Furacão
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Faz lembrar o outro: 'se querem que eu peça desculpa, eu peço'. Olha, obrigadinha.
A nossa revolta no ano passado neste tópico foi o número de vítimas mortais. Uma só teria sido uma tragédia. Mais de cem é inacreditável, é inimaginável, é terrível, um horror nunca antes visto. Tudo o que possa evitar que coisa remotamente semelhante possa repetir-se, é desejável, respeitável e necessário. O que se passou recentemente na Grécia demonstra que estas tragédias estão à espreita. Não é porque aconteceu que automaticamente não volta a acontecer. Vejamos o ano passado: Junho e Outubro. Nunca foi tão certo o ditado 'mais vale prevenir do que remediar'.
 
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KarluZ

Cirrus
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25 Jan 2018
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Então o facto de eu não ter confiança nos politicos justifica eu correr risco de vida.
"Ora eu não tenho confiança no governo, por isso vou ficar e possivelmente morrer para defender a minha casa sem qualquer tipo de meios adequados ao combate ás chamas."
Logo à partida as odds de sucesso não são nada favoráveis e mesmo assim eu vou apostar a minha vida.........essa lógica para mim não faz qualquer tipo de sentido.
Eu sei que parece um bocado frio pensar assim, mas é como eu penso.


Eu não disse nada disso, eu até disse que fui evacuado quando criança, leia o que eu escrevi

Já houve muitas evacuações de pessoas sem tanta polémica, o ano passado não houve em Pedrogão, houve depois em Agosto e em Outubro houve muito poucas
Em 1996 ou 1997 eu fui evacuado com mais crianças, acamados e velhos de uma aldeia para uma escola da vila
A resistência é a falta de confiança das pessoas que já ficaram sozinhas no passado


Marmelete. A aldeia que se levantou contra os guardas da GNR

Faz hoje 15 anos, a aldeia de Marmelete, no concelho de Monchique, era engolida por um mar de chamas gigante. Sem o apoio de bombeiros, os habitantes viram-se obrigados a salvar as próprias casas, com o que tinham à mão. Esta semana, a GNR tentou evacuar a povoação, mas o povo juntou-se e fez finca-pé. Ninguém saiu

Há quinze anos era domingo. E a aldeia de Marmelete, no concelho de Monchique, estava engalanada: assinalava-se o dia da festa anual do padroeiro, Santo António. Na noite da véspera, as gentes do povo partiram a pé, em procissão solene, desde a igreja, no centro, até uma pequena capela numa das encostas da povoação. Cumprindo a tradição, pegaram na imagem do santo e trouxeram-na para a aldeia. Mas, no dia seguinte, o ritual de festa seria quebrado. Antes de os habitantes repetirem a procissão para devolver o santo à capela, Marmelete era atingida por uma mão gigante de lume que não se fez anunciar. O incêndio, que já lavrava na Serra de Monchique há quatro dias, embicou em virar na direção da aldeia e, em meia hora, galgou quilómetros e quilómetros de matos e de floresta. Com os bombeiros apanhados desprevenidos, os moradores de Marmelete acharam-se sozinhos. Uns fugiram e seguiram de carro pela estrada nacional que leva a Aljezur, por entre chamas. Mas a maioria ficou, determinada em salvar o casario. E o esforço coletivo resultou: em 2003, arderam todos os pedaços de terra em redor da aldeia, porém as casas escaparam ilesas.

Esta semana, quando a serra de Monchique se voltou a incendiar, os cento e poucos habitantes de Marmelete recordaram o dia em que o santo não voltou à capela. Só que, desta vez, e apesar dos mais de 23 mil hectares ardidos na região nos últimos dias, o fogo poupou a povoação. E nem perto andou.

Ainda assim, na madrugada de quarta-feira, os moradores acordaram no maior sobressalto. João Torrinho, o dono de uma empresa de cereais, foi dos primeiros a ouvir as sirenes, ainda ao longe, do lado da aldeia vizinha de Casais. Eram 4h10 da manhã e tinha-se deitado há pouco, regressado da zona alta da Fóia, onde tinha estado a acompanhar a progressão do incêndio, ao longe.

Nem vinte minutos depois, as sirenes de três carros-patrulha da GNR já estavam na rua principal de Marmelete, a gritar aflitivamente. “Era um barulho completamente ensurdecedor”, descreve José Maria, que poucas horas antes tinha andado a ajudar os bombeiros, também na zona da Fóia, ao volante de uma máquina de rasto.

Chegados ao casario, os guardas entraram por várias artérias da aldeia, de sirenes continuadamente ligadas. Pelo meio, desataram a bater às portas. “Ao murro e ao pontapé”, garante José Maria. Houve quem se assustasse, no entanto, a maioria dos habitantes ficaram simplesmente incrédulos. “Não se via fumo nem fogo nem clarões, rigorosamente nada”, garante João Torrinho. Intrigados, muitos perguntaram aos GNR onde andava, afinal, o lume. “Respostas, zero. Só diziam, de forma rude e autoritária, que era para abandonar imediatamente” a aldeia, continua o morador. Desconfiado, meteu-se no carro com a filha e foi ver onde ardia.

Primeiro, subiu ao cerro do Pico. Nada: as chamas continuavam a lavrar ao longe, na zona da Fóia, praticamente onde andavam a remoer por volta da meia-noite, quando largou a máquina de rasto. Depois, rumou à aldeia vizinha, Casais. Também nada: o fogo consumia Monchique, também ao longe. Diagnóstico: a povoação não estava em risco.

Enquanto isso, na aldeia, a indignação crescia e mais de meia centena de pessoas - praticamente metade dos moradores da aldeia - começavam a juntar-se no adro, a conta-gotas. E foi no adro que os ânimos se exaltaram a sério. Montou-se a discussão e era meia dúzia de guardas contra 50 e tal populares. Houve gritos, desacatos, insultos e muito finca-pé. Os mais velhos insistiam que o povo não corria perigo e que não era possível que houvesse ordens para serem retirados. Outros acrescentavam que mesmo que houvesse risco, jamais deixariam as suas casas, para poderem protegê-las do incêndio. Outros ainda, poucos, quiseram saber para onde deveriam, então, fugir.

“Perguntei a uma militar, já que era para sair, para onde é que era então para ir, e ela respondeu-me que era para seguir na direção de Monchique, enquanto apontava com o dedo na direção de Aljezur. Eles claramente não eram de cá e nem sequer sabiam onde estavam”, conta a dona de uma pequena mercearia.

Como o levantamento popular subia de tom e a população insistia que o fogo andava demasiado longe - e também com alguma exaltação, fruto da lembrança de há 15 anos, em que a povoação só se salvou porque se autoprotegeu -, os guardas decidiram a contactar o comando, para perceber o que haveriam de fazer.

“Pegaram nos rádios, a perguntarem se teríamos razão. Depois conferenciaram e lá acabaram por se ir embora. Diz-se por aí que, com o aperto que levaram, uma militar até chorou ”, assegura um morador que não quer ser identificado com medo de “se meter em trabalhos”.
https://ionline.sapo.pt/622017

Outra explicação pode ser falta de experiencia e conhecimento da gentes da terra o que transmite ainda menos confiança


GNR chama estagiários para evacuação de aldeias ameaçadas pelos incêndios

A GNR recorreu a um contingente de estagiários para fazer face à falta de guardas durante as evacuações das aldeias em Monchique e nos concelhos vizinhos de Silves e Portimão, onde também chegaram as chamas. Estes elementos nem sequer acabaram os seus cursos de formação e avançaram para o terreno sem estar legitimados para intervir.
https://www.jn.pt/nacional/interior...ldeias-ameacadas-pelos-incendios-9701541.html



Eu só estava a tentar dar uma explicação para a resistência das pessoas, é um problema de confiança de gente abandonada do interior, e não trata-las como doentes mentais como ontem vi num vídeo de um advogado comentador na SIC
 

dahon

Nimbostratus
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1 Mar 2009
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Nesse caso qual é a ligação entre confiança no governo e cumprir as ordens das autoridades? Fiquei sem perceber onde se insere essa questão.

Edit: Vi agora que está no fim do post. Então basicamente confirma aquilo que eu disse anteriormente. Está a por a hipótese de as pessoas não evacuarem porque não tem confiança no governo. Mantenho aquilo que disse nesse caso.
 

ClaudiaRM

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2 Dez 2009
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E é bom que se comece a abrir os olhinhos. Com aquilo que andamos a fazer ao planeta, estas desgraças vão acontecer cada vez com mais frequência. Hoje ao almoço, ao contrário do que é normal, estava a TV ligada e entre as consequências terríveis do enorme incêndio e as inacreditáveis cheias em França, fiquei a pensar que estava a ver aqueles filmes americanos que retratam o Armageddon meteorológico.
 
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algarvio1980

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21 Mai 2007
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Olhão (24 m)

ClaudiaRM

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Nesse caso qual é a ligação entre confiança no governo e cumprir as ordens das autoridades? Fiquei sem perceber onde se insere essa questão.

Não confio no governo. O governo manda na Protecção Civil. A PC diz à GNR para evacuar e eu mando a GNR pastar porque eu sei mais do que eles todos juntos. É a minha interpretação da coisa.