Gelo e frio paralisam a cidade mais alta do país
A formação de gelo paralisou quarta-feira a cidade da Guarda, obrigando ao encerramento de escolas, alguns serviços públicos e comércio, num cenário pouco comum e que motivou críticas à protecção civil pela associação empresarial local
Alguns habitantes da cidade mais alta do país, afirmaram à Lusa não terem memória de uma situação idêntica e muitos daqueles que saíram à rua tiveram que ir a pé porque «os carros escorregavam».
Após o almoço a situação ficou mais calma mas durante a manhã ocorreram vários acidentes, várias pessoas sofreram quedas e os acessos à cidade estiveram cortados à circulação automóvel.
«As ruas da parte mais alta da cidade e do centro histórico continuam fechadas ou condicionadas, mas as restantes estão todas mais ou menos transitáveis», disse à Lusa fonte dos bombeiros locais.
Maria Rosa, residente na Guarda, referiu não ter memória «de uma coisa assim».
«Não se pode andar na rua, está tudo cheio de gelo e os carros escorregam», indicou.
Também Avelino Gonçalves referiu que as ruas do centro da cidade estão «um perigo» e que só saiu de casa para ir trabalhar.
«Tive que vir a pé, devagarinho e apoiado no guarda-chuva, para não cair», relatou, dizendo que no percurso entre casa e o emprego, viu «muita gente a cair e carros encostados».
Já Daniel Santos, contou que foi obrigado a comprar umas meias para calçar sobre as botas «para aderir ao gelo» e não cair nas ruas geladas da cidade.
A comerciante Manuela Martins, que abriu a porta da sua loja pelas 8h30, adiantou que tem vendido «luvas e meias» a quem saiu à rua mais desprevenido.
Devido ao gelo todas as escolas da Guarda estiveram fechadas, incluindo o Conservatório de Música de S. José da Guarda, que também teve que alterar a data da audição geral e do Concerto de Inverno para o dia 13 de Janeiro.
O NERGA – Associação Empresarial da Região da Guarda, emitiu um comunicado onde lamenta «a deficiente e ineficaz actuação da protecção civil», que acusa de não ter tomado «as devidas precauções de modo a evitar o caos a que a Guarda hoje assistiu».
A instituição culpa «a protecção civil da Guarda pelos elevados prejuízos que as empresas e outras instituições sofreram, face ao elevado número de pessoas que não puderam ou quiseram deslocarem-se até ao seu local de trabalho».
Segundo Granja de Sousa, coordenador da Protecção Civil Municipal da Guarda, a situação devido ao gelo complicou-se porque as temperaturas registadas foram da ordem dos sete graus negativos.
«Começámos muito cedo a tentar desbloquear algumas ruas e a temperatura desceu na ordem dos sete graus negativos. Todo o sal que espalhámos foi em vão, dado que só actua até aos quatro ou cinco graus negativos e, a partir daí, não há nada a fazer», explicou à Lusa.
Granja de Sousa adiantou que para as próximas horas é esperada uma melhoria das condições climatéricas na região.
Lusa / SOL