Seguimento Litoral Centro - Janeiro 2015



StormRic

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23 Jun 2014
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Póvoa de S.Iria (alt. 140m)
Uma boa parte da mata de Sintra é insustentável, ao contrário do que se possa pensar... Os ciprestes estão muito bem na Califórnia e na Peninha também não se deram mal, mas não sei se as árvores caídas serão algum dia substituídas pela mesma espécie. O mais natural é virem a ser substituídas por carvalhiça (Quercus lusitanica) ou, quem sabe, com muita sorte, pelo carvalho negral, que terá sido a mata autóctone das zonas altas da serra. Com o passar dos muitos anos e com muito esforço de controlo das espécies invasoras. Aquela mata "misteriosa" de Cupressus lusitanica teve o seu papel de "pioneira", mas com a particularidade de formar uma mata com muito pouco subcoberto. Nas clareiras, sim, imagino o regresso da mata autóctone, já bem presente na vertente ocidental da serra, até mesmo junto ao convento da Peninha.

Sem dúvida, esse foi sempre aliás o grande problema das matas de Sintra, a introdução de espécies. Uma das matas mais resistentes ao vento é por exemplo a que rodeia o Castelo dos Mouros, no exterior das muralhas de nordeste a noroeste mas bem lá em cima, na zona do Penedo da Amizade. As matas originais dos cimos de Sintra eram sempre de baixa estatura, entrelaçavam-se com os penedos e umas ás outras, rastejavam mesmo. Agora que as espécies introduzidas atingem alturas enormes e a mata perde densidade parece irremediável que acabe por desaparecer dos cimos. No entanto é preocupante notar que os eucaliptos apesar da sua altura descomunal (são a segunda espécie com mais altos exemplares em todo o mundo a seguir às sequóias) vão ser capazes de resistir muito melhor ao vento. Embora constituídas principalmente por Cupressus Lusitanicus (que não são de qualquer modo autóctones, apesar do nome), as matas da Peninha mais ocidentais, muitas são pouco conhecidas, adaptaram-se no seu porte e inclusivamente o solo foi capaz de produzir um coberto notável devido à pouca altura das copas; aprenderam mesmo a rastejar e a criar copas do tipo almofada para resistir ao vento. Essa mata é das mais sustentáveis e regenera-se continuamente.