Seguimento Litoral Norte - Janeiro 2023

  • Thread starter Thread starter Dan
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Não te esqueças de um turismo de massas baseado em modelos balneares de altíssimo consumo de água. São só cerca de 7 milhões numa micro região com clima que tende a ter estações e anos muito secos.
Fazendo um pouco de off-topic, nos últimos dez anos foi notório o aumento do número de turistas portugueses no Algarve, que infelizmente se concentram em pouco mais de um mês. Sucede que há estudos que mostram que o gasto médio por turista é muito baixo, longe da realidade italiana ou grega. Ou seja, este turismo de massas compensa? Seria melhor para todos no Algarve se houvesse metade dos turistas mas fossem pessoas que consomem mais na restauração e comércio locais. Quem lucra com este turismo de massas e sem poder de compra são sobretudo os supermercados das grandes cadeias e as pessoas que fazem arrendamentos “ilegais”! Não são os restaurantes, cafés ou hotelaria. Este turismo exagerado de portugueses tira a qualidade de vida nas férias a todos! E há impactos no Ambiente dos quais ninguém fala. Há cada vez mais turistas nas ilhas barreira e têm feito coisas que o Plano de Ordenamento não previa. A Ria Formosa não pode ser uma reserva de Avifauna e estar parte do ano a abarrotar de pessoas. A tendência é para piorar pois as autarquias querem mais e mais concessões de praia e mais e mais blocos de apartamentos para entrar dinheiro de IMIs. Eu este ano fui a uma praia já longe donde está a casa dos meus pais pois em todas as praias próximas era impossível estacionar! Além disso não gosto de praias a abarrotar de pessoas. Fazia 12 kms para ir à praia. Pelo menos esta praia que não digo qual é tinha lugar para estacionar e pouca gente. Ainda não foi descoberta pelos turistas! Aguentará quanto tempo?
 
Fazendo um pouco de off-topic, nos últimos dez anos foi notório o aumento do número de turistas portugueses no Algarve, que infelizmente se concentram em pouco mais de um mês. Sucede que há estudos que mostram que o gasto médio por turista é muito baixo, longe da realidade italiana ou grega. Ou seja, este turismo de massas compensa? Seria melhor para todos no Algarve se houvesse metade dos turistas mas fossem pessoas que consomem mais na restauração e comércio locais. Quem lucra com este turismo de massas e sem poder de compra são sobretudo os supermercados das grandes cadeias e as pessoas que fazem arrendamentos “ilegais”! Não são os restaurantes, cafés ou hotelaria. Este turismo exagerado de portugueses tira a qualidade de vida nas férias a todos! E há impactos no Ambiente dos quais ninguém fala. Há cada vez mais turistas nas ilhas barreira e têm feito coisas que o Plano de Ordenamento não previa. A Ria Formosa não pode ser uma reserva de Avifauna e estar parte do ano a abarrotar de pessoas. A tendência é para piorar pois as autarquias querem mais e mais concessões de praia e mais e mais blocos de apartamentos para entrar dinheiro de IMIs. Eu este ano fui a uma praia já longe donde está a casa dos meus pais pois em todas as praias próximas era impossível estacionar! Além disso não gosto de praias a abarrotar de pessoas. Fazia 12 kms para ir à praia. Pelo menos esta praia que não digo qual é tinha lugar para estacionar e pouca gente. Ainda não foi descoberta pelos turistas! Aguentará quanto tempo?

Sou licenciado em Turismo e fiz um estudo de caso em sazonalidade turística e o impacto da mesma nas várias regiões de Portugal.

Resumindo e concluíndo para não estender o Off-Topic, toda a literatura sobre Ordenamento e Planeamento Turístico está definida desde os anos 60. Pouco ou nada mudou acerca da teoria.

Dito isso, quais as autarquias que planeiam e respeitam as mesmas? Virtualmente NENHUMAS. Especialmente aquelas à beira mar. Pequenas autarquias condenadas a vender produtos diferenciados (seja pelo seu isolamento ou falta de grandes atracções) podem ter mais cuidado no que fazem. Silves é um bom caso no Algarve pois, à data que eu conheci um diretor do Turismo daquele concelho, apostavam nas mais valias culturais, paisagísticas e ambientais de um Algarve diferente.

De resto, o país está completamente a saque. Não existe qualquer planeamento a longo prazo e literalmente TODAS as acções verbais que apontam para modelos sustentáveis não passam de propaganda e Green Washing com vista a ganhar votos, galardões, prémios e justificar "investimentos".

Isso é transversal não só ao Turismo como a todos os sectores das autarquias, NUTS e governo de Portugal.

No Litoral Norte, zona que nos diz mais, não existe qualquer atenção sobre o que a região tem de mais especial: A precipitação muito acima da média Europeia e totalmente fora do contexto do resto do país.

A intensa sazonalidade não é respeitada em termos de investimentos e continuam a abrir hotéis como cogumelos fazendo com que o crescimento do Turismo não compense o aumento da oferta. Ou seja, cada vez temos mais empresas descapitalizadas. Depois, no estio, temos zonas como o Gerês que estão absolutamente invadidas de turismo e visitantes do pior tipo. Literalmente trata-se em alguns casos de turismo de massas em zonas de proteção da Biosfera.

O potencial agrícola desta região foi dizimado pelo abandono rural e urbanização sem nexo nenhum. Grande parte dos vales mais povoados (Cávado e Ave) são verdadeiros caixotes do lixo sub urbanos onde todo o tipo de território e ocupação partilha o mesmo espaço. Quintas abandonadas, fábricas de zinco, moradias de luxo, prédios já degradados, pavilhões e armazéns, explorações agrícolas e turísticas, eucaliptais, vias rápidas e auto estradas, caminhos rurais etc. Este problema está já a expandir-se para áreas até há 2 décadas ainda mais ou menos decentes. Sejam vilas do Alto Minho ou aldeias de montanha, não existe nexo nem fiscalização.

Invernos como este, longos e pesados no que toca à chuva, são na realidade invernos "normais" e que se repetem várias vezes todas as décadas. Se o Algarve tem falta de água para alimentar o seu turismo voraz e canibal, o Noroeste tem uma série de outros problemas completamente opostos mas que resultam no mesmo caos.
 
Neste período as "intervenções" de "restauro" da muralha incluíram a impermeabilização das juntas com cimento comum. Ou seja, vedaram o escoamento natural que os muros de pedra proporcionam. Naturalmente, mais cedo ou mais tarde, iria acontecer um evento de precipitação histórico que levaria as paredes a ceder.

Era exactamente isso que eu pensava, deixou de ter escoamento natural. Aquilo não era para funcionar como um reservatório estanque.
Como é que pode haver tanta incompetência?? E admira que não tenha acontecido antes, mas de certa forma este poderá ter sido um evento histórico a nível local, ou então actualmente olharam para as juntas e acharam que precisavam de "restauro". Não percebo é como o IPPAR não sabia que as intervenções não tinham respeitado a construção original.
Aliás, já tenho observado esses restauros de muralhas de pedra feitos dessa maneira, e sempre me perguntei se aquilo podia estar correcto, em todos os aspectos incluindo o da drenagem embora o que está mais à vista é em primeiro lugar o aspecto visual desvirtuado.
 
Sou licenciado em Turismo e fiz um estudo de caso em sazonalidade turística e o impacto da mesma nas várias regiões de Portugal.

Resumindo e concluíndo para não estender o Off-Topic, toda a literatura sobre Ordenamento e Planeamento Turístico está definida desde os anos 60. Pouco ou nada mudou acerca da teoria.

Dito isso, quais as autarquias que planeiam e respeitam as mesmas? Virtualmente NENHUMAS. Especialmente aquelas à beira mar. Pequenas autarquias condenadas a vender produtos diferenciados (seja pelo seu isolamento ou falta de grandes atracções) podem ter mais cuidado no que fazem. Silves é um bom caso no Algarve pois, à data que eu conheci um diretor do Turismo daquele concelho, apostavam nas mais valias culturais, paisagísticas e ambientais de um Algarve diferente.

De resto, o país está completamente a saque. Não existe qualquer planeamento a longo prazo e literalmente TODAS as acções verbais que apontam para modelos sustentáveis não passam de propaganda e Green Washing com vista a ganhar votos, galardões, prémios e justificar "investimentos".

Isso é transversal não só ao Turismo como a todos os sectores das autarquias, NUTS e governo de Portugal.

No Litoral Norte, zona que nos diz mais, não existe qualquer atenção sobre o que a região tem de mais especial: A precipitação muito acima da média Europeia e totalmente fora do contexto do resto do país.

A intensa sazonalidade não é respeitada em termos de investimentos e continuam a abrir hotéis como cogumelos fazendo com que o crescimento do Turismo não compense o aumento da oferta. Ou seja, cada vez temos mais empresas descapitalizadas. Depois, no estio, temos zonas como o Gerês que estão absolutamente invadidas de turismo e visitantes do pior tipo. Literalmente trata-se em alguns casos de turismo de massas em zonas de proteção da Biosfera.

O potencial agrícola desta região foi dizimado pelo abandono rural e urbanização sem nexo nenhum. Grande parte dos vales mais povoados (Cávado e Ave) são verdadeiros caixotes do lixo sub urbanos onde todo o tipo de território e ocupação partilha o mesmo espaço. Quintas abandonadas, fábricas de zinco, moradias de luxo, prédios já degradados, pavilhões e armazéns, explorações agrícolas e turísticas, eucaliptais, vias rápidas e auto estradas, caminhos rurais etc. Este problema está já a expandir-se para áreas até há 2 décadas ainda mais ou menos decentes. Sejam vilas do Alto Minho ou aldeias de montanha, não existe nexo nem fiscalização.

Invernos como este, longos e pesados no que toca à chuva, são na realidade invernos "normais" e que se repetem várias vezes todas as décadas. Se o Algarve tem falta de água para alimentar o seu turismo voraz e canibal, o Noroeste tem uma série de outros problemas completamente opostos mas que resultam no mesmo caos.
Excelente comentário. O Minho e o Algarve são as duas regiões mais típicas de Portugal e mais singulares mas também são as que estão mais destruídas. O Noroeste de Portugal e o Algarve vistos do céu são as regiões mais desordenadas que conheço na Europa. O Noroeste é também a região com a paisagem mais descaracterizada que conheço em toda a Europa, além do caos que referes, há o eucalipto em minifúndio que é uma aberração económica e ecológica!

Quanto ao Gerês, a última vez que lá estive fiquei chocado com a quantidade enorme de casas junto à Caniçada, recentes, espalhadas pela paisagem… e com as invasoras dentro do parque e o excesso de turistas em locais altamente sensíveis. Não vi qualquer projecto de renaturalização, não vi vigilantes no terreno, nem áreas de acesso condicionado, nem limpeza das invasoras. Achei que para Parque Nacional tinha uma gestão muito má e muito aquém do que se faz em Espanha. Soube-se recentemente que provavelmente há corrupção nos licenciamentos em autarquias em torno do Parque Nacional e que deve haver casas cuja legalização não respeitou a lei. Não quero ofender ninguém mas a ideia que tenho de autarcas locais é que são pessoas incultas, parolas e provincianas que querem encher o parque de moradias de luxo, teleféricos, passadiços e tascas, querem um Parque temático para diversão e não entendem o que é um Parque Nacional, não entendem o valor do património natural do Gerês. As soluções para o Gerês são impossíveis de implementar em Portugal, e passariam por implementar taxas turísticas de entrada para não residentes e o dinheiro iria a cem por cento para manutenção e renaturalização, e pela definição de áreas interditas a toda a gente excepto com autorização do Parque.

E para não ser só Off-Topic já que estamos num tópico de meteorologia e clima, o valor de ontem de Vila Nova de Cerveira ficou ainda longe do recorde para 24 horas no Minho, que supera os 300 mm.
 
E para não ser só Off-Topic já que estamos num tópico de clima, o valor de ontem de Vila Nova de Cerveira ficou ainda longe do recorde para 24 horas no Minho, que supera os 300 mm.
Precisamente, mas... os recordes acima dos 300 mm não ocorreram a tão baixa altitude como Cerveira e Valença.
 
Quanto ao Gerês, a última vez que lá estive fiquei chocado com a quantidade enorme de casas junto à Caniçada, recentes, espalhadas pela paisagem… e com as invasoras dentro do parque e o excesso de turistas em locais altamente sensíveis. Não vi qualquer projecto de renaturalização, não vi vigilantes no terreno, nem áreas de acesso condicionado, nem limpeza das invasoras. Achei que para Parque Nacional tinha uma gestão muito má e muito aquém do que se faz em Espanha. Soube-se recentemente que provavelmente há corrupção nos licenciamentos em autarquias em torno do Parque Nacional e que deve haver casas cuja legalização não respeitou a lei. Não quero ofender ninguém mas a ideia que tenho de autarcas locais é que são pessoas incultas, parolas e provincianas que querem encher o parque de moradias de luxo, teleféricos, passadiços e tascas, querem um Parque temático para diversão e não entendem o que é um Parque Nacional, não entendem o valor do património natural do Gerês. As soluções para o Gerês são impossíveis de implementar em Portugal, e passariam por implementar taxas turísticas de entrada para não residentes e o dinheiro iria a cem por cento para manutenção e renaturalização, e pela definição de áreas interditas a toda a gente excepto com autorização do Parque.
Estive no Gerês este Verão passado e observei tudo o que referes, até a construção de moradias escondidas na floresta, calcetamento de trilhos, circulação, até em alta velocidade, e estacionamento de veículos que mesmo nos locais proibidos os vigilantes em viatura passavam e nada diziam. Tive eu de sugerir que tirassem as viaturas pois iam aparecer nas fotografias que eu ia tornar públicas, isto ao longo da estrada da Geira e de Albergaria.
 
Estive no Gerês este Verão passado e observei tudo o que referes, até a construção de moradias escondidas na floresta, calcetamento de trilhos, circulação, até em alta velocidade, e estacionamento de veículos que mesmo nos locais proibidos os vigilantes em viatura passavam e nada diziam. Tive eu de sugerir que tirassem as viaturas pois iam aparecer nas fotografias que eu ia tornar públicas, isto ao longo da estrada da Geira e de Albergaria.
Ora aí está um problema muito português. Em Portugal ainda se fazem moradias sem licenciamento ou com licenciamentos manhosos e algumas são moradias de luxo. Mais tarde ou mais cedo acabam licenciadas, e demolições nem vê-las. Se há queixas geralmente surgem já passados vários anos e depois estes processos atrasam imenso e nunca acontece nada… algo que deveria ser simples e célere e resolvido em poucos meses com demolição e ponto final. Um caso célebre em Portugal foi a casa de um familiar do Picasso em Cacela Velha construída em cima da falésia e que destruiu fornos romanos. O processo andou duas décadas em tribunal e no fim não aconteceu nada e a casa não foi demolida.

PS: o pior está para chegar e são os estrangeiros que compram terras nas serras e depois metem uma caravana, tendas ou casas de madeira. No Algarve este tipo de situações agravou imenso a progressão de incêndios pois os bombeiros andavam a tentar salvar vidas de gente que vive em caravanas no meio da serra.
 
Quanto ao Gerês, a última vez que lá estive fiquei chocado com a quantidade enorme de casas junto à Caniçada, recentes, espalhadas pela paisagem… e com as invasoras dentro do parque e o excesso de turistas em locais altamente sensíveis. Não vi qualquer projecto de renaturalização, não vi vigilantes no terreno, nem áreas de acesso condicionado, nem limpeza das invasoras. Achei que para Parque Nacional tinha uma gestão muito má e muito aquém do que se faz em Espanha. Soube-se recentemente que provavelmente há corrupção nos licenciamentos em autarquias em torno do Parque Nacional e que deve haver casas cuja legalização não respeitou a lei. Não quero ofender ninguém mas a ideia que tenho de autarcas locais é que são pessoas incultas, parolas e provincianas que querem encher o parque de moradias de luxo, teleféricos, passadiços e tascas, querem um Parque temático para diversão e não entendem o que é um Parque Nacional, não entendem o valor do património natural do Gerês. As soluções para o Gerês são impossíveis de implementar em Portugal, e passariam por implementar taxas turísticas de entrada para não residentes e o dinheiro iria a cem por cento para manutenção e renaturalização, e pela definição de áreas interditas a toda a gente excepto com autorização do Parque.

E para não ser só Off-Topic já que estamos num tópico de meteorologia e clima, o valor de ontem de Vila Nova de Cerveira ficou ainda longe do recorde para 24 horas no Minho, que supera os 300 mm.

Conheço pessoalmente guardas florestais do PNPG e membros de comissões ligadas ao mesmo.

O nível de disparate que existe em torno do mesmo é pura e simplesmente criminoso no sentido mais estrito do termo. As pessoas tem de entender que o principal interesse à volta do parque é económico. Ponto final. A pressão turística é extrema. As zonas circundantes como a Caniçada (fora do parque) são favelas de ricos cujos esgotos vão muitas vezes directamente parar à albufeira (onde andam as ETAR? Sei igualmente de casos onde as fossas são ainda retiradas por tratores e encaminhadas para o ribeiro mais próximo).

O orçamento anual para a gestão do parque é insignificante e mal dá para os poucos guardas terem equipamento funcional.

O governo actual, que passa o tempo em acções de Green Washing e auto bajulação ambiental mais rapidamente atribui milhões a fundações idiotas sem qualquer propósito do que para a gestão do mais emblemático parque do país.

De referir que o PNPG é quanto a mim um parque de inverno e não de verão. O que o torna especial é os seus imensos recursos hidrológicos. Uma visita agora depois das chuvas é uma experiência única com dezenas de cascatas e água por todo o lado. A obra do homem à volta destes recursos é imponente e presente em todo o lado mesmo que não se dê conta. Contudo, o que se vê é exploração de turismo balnear rasca e projectos incríveis de teleféricos em pleno parque para que os veraneantes possam andar de lado para lado num parque de atrações.

300mm num dia não me parece um recorde difícil de bater caso existisse uma rede de estações operacional. O dia de 30/12 e 01/01 podem muito bem ter chegado a estes valores em certas localizações.
 
Era exactamente isso que eu pensava, deixou de ter escoamento natural. Aquilo não era para funcionar como um reservatório estanque.
Como é que pode haver tanta incompetência?? E admira que não tenha acontecido antes, mas de certa forma este poderá ter sido um evento histórico a nível local, ou então actualmente olharam para as juntas e acharam que precisavam de "restauro". Não percebo é como o IPPAR não sabia que as intervenções não tinham respeitado a construção original.
Aliás, já tenho observado esses restauros de muralhas de pedra feitos dessa maneira, e sempre me perguntei se aquilo podia estar correcto, em todos os aspectos incluindo o da drenagem embora o que está mais à vista é em primeiro lugar o aspecto visual desvirtuado.

Atenção que a intervenção do século passado advém do projecto à escala nacional do Estado Novo de recuperação dos edifícios históricos e classificados do país.

Portugal estava literalmente em ruínas e em certos casos, monumentos estavam na penúria literalmente desde que as invasões francesas tinham destruído grande parte do país. Após isso, muitas décadas de uma monarquia falida e governos incompetentes que se sucediam como as estações deixaram ao abandono todo o legado arquitetónico do país.

Este projecto de recuperação foi algo que nunca antes nem depois encontra semelhanças em termos de dimensão e vontade política de manter certos ícones num estado apresentável.

Contudo, estamos a falar das décadas de 40/50/60 onde as teorias modernas de conservação não existiam, muito menos pessoas qualificadas em número suficiente para executar tantas tarefas. de referir ainda que o Estado Novo tinha igualmente um desejo de manifestar a sua grandeza nacionalista o que em muitos casos fez com que se aplicassem mais esforços em estética do que funcionalidade ou respeito pelas traças originais.

A muralha de Valença sofreu as consequências de ter sido intervencionada por sapateiros independentemente ou não da boa vontade do governo. Julgo que a mesma se aguentou muito bem. Foram cerca de 70 anos a levar com intempéries até que a mesma cedeu.

A autarquia afirma que vai reconstruir a mesma. Quero ver se o vão fazer de forma inteligente ou se vão repetir os erros do passado. É que se no primeiro caso até perdoo, fruto dos conhecimentos e limitações da época, a ignorância, agora já não o faço.
 
Boa noite.

Dia de sol hoje, depois de um dia não tanto assim de sol ontem, com aguaceiros fracos ao longo do dia.
A Tmín de hoje foi de 0,9ºC, talvez a próxima madrugada traga a necessária geada.
Sigo com 5,7ºC e 89% de Hr.

Efectivamente hoje foi um dia luminoso, agradável. Que bem que soube e que bem que faz às almas deste nosso Portugal.

Perdoem-me mas também tenho que escrever isto: o meu grande amigo de infância partiu hoje. Andava desde o verão deprimido, que neste contexto de ausência de sol, com dias quase sempre encobertos, não permitiu melhorar a sua auto-estima.
Todos gostamos de chuva, também gostamos de sol. Mas no caso da chuva, o nosso clima impiedoso pode levar a estas situações, pelo passar dos dias num ambiente escuro, cinzento.
Eu sei que é normal o clima ter este efeito no humor das pessoas. Sempre foi e sempre será. E se todos tivermos consciência disto, atentem sempre naqueles que manifestam sintomas, e se puderem busquem ajuda.

Desculpem por estas palavras...

Boa semana a todos e aproveitem o sol enquanto possível:thumbsup: