Seguimento Meteorológico Livre - 2020

N_Fig

Cumulonimbus
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O nosso querido "Antílope dos Açores" está crescido e implacável, um autêntico animal selvagem! :D

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E também dá para identificar os 3 "irmãos": o anticiclone de Santa Helena, o anticiclone do Índico e o anticiclone do Ártico. Só há algo que me faz um pouco de confusão, não era suposta a pressão ser mais alta em desertos como o Saara?
 


rozzo

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Agadir não fica junto ao mar? 50°?

Geralmente é bastante suave por estar junto ao mar sim. Por exemplo, a média das temperaturas máximas é mais baixa que em Lisboa.
De qualquer forma, ter o Deserto do Saara ao lado tem destas coisas. Basta um dia com um fluxo anómalo de Leste para trazer temperaturas extremas.

O seguinte gráfico ilustra bem isso, com as temperaturas amenas a predominar, e ali 3 dias anómalos pelo meio, incluindo esse do recorde próximo dos 50ºC.

30sJYmG.png

Fonte: Weather Online
 

rozzo

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E também dá para identificar os 3 "irmãos": o anticiclone de Santa Helena, o anticiclone do Índico e o anticiclone do Ártico. Só há algo que me faz um pouco de confusão, não era suposta a pressão ser mais alta em desertos como o Saara?

Na verdade a pressão ao nível do mar não. Dado o aquecimento brutal nos níveis baixos, existe sobre toda essa região uma imensa baixa térmica, mas que na verdade apenas tem reflexo numa camada relativamente "fina" da atmosfera, próxima da superfície.

Já olhando para o geopotencial aos 500hPa, nota-se claramente as regiões onde os anticiclones subtropicais predominam, e onde estas massas de ar quente e estável ocupam uma "profundidade" significativa na atmosfera (e não apenas circulação de superfície).

QkL2P5N.png


FoKs9nZ.png



Por essa razão é sempre importante ver as cartas aos vários níveis e é frequente os mapas apresentarem simultaneamente estas 2 variáveis.

1) Por um lado, as cartas em altitude (500hPa) mostram melhor o forçamento de larga escala, e portanto a circulação que domina a sinóptica;
2) Por outro claro as cartas de superfície determinam os "detalhes" obtidos regionalmente.

A título de exemplo: podemos ter uma potente região de alta pressão subtropical sobre toda a Península Ibérica e região envolvente (com forçamento de larga-escala similar e com geopotenciais elevados), e todavia partes da península mesma estarão a torrar, e outras frescas, devido à circulação de superfície (brisas, Nortada, etc.), que está expressa nas cartas da pressão à superfície.

Também a situação actual é bastante ilustrativa:
1) Temos a região de massas de ar com características subtropicais bastante expandida para norte, a afectar o Atlântico NE e a Península Ibérica;
2) A circulação à superfície "colabora", com o Anticiclone dos Açores extenso até ao Golfo da Biscaia, favorecendo a circulação de Leste à superfície, e inibindo boa parte das brisas/Nortada amenizadoras;
3) Claro que estas cartas têm uma escala algo "grosseira". Se formos analisar cartas da pressão à superfície com mais resolução, veremos mais detalhes, como a baixa térmica regional sobre a península, e a distribuição das isóbaras ainda assim a permitir alguma Nortada refrescante no litoral Norte e Centro.
 

RedeMeteo

Nimbostratus
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13 Nov 2017
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Serpa
O nosso querido "Antílope dos Açores" está crescido e implacável, um autêntico animal selvagem! :D

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Agora é que deve estar implacável e não no Inverno
 
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rozzo

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11 Dez 2006
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Acho que este mês de Julho será histórico e apenas o que vos digo. Preparem se para serem batidos todos os recordes.

De facto vai bem encaminhado para entrar no pódio dos Julhos mais quentes de sempre, em termos médios, dada a persistência do calor nos modelos.

Recordes absolutos, será mais difícil, o evento de Agosto 2018 foi excepcional em intensidade absoluta, apesar de curto.
Mas nunca se sabe, vamos ver já este próximo pico de calor a meio da próxima semana, que promete ser muito intenso.
 

N_Fig

Cumulonimbus
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Figueira da Foz
De facto vai bem encaminhado para entrar no pódio dos Julhos mais quentes de sempre, em termos médios, dada a persistência do calor nos modelos.

Recordes absolutos, será mais difícil, o evento de Agosto 2018 foi excepcional em intensidade absoluta, apesar de curto.
Mas nunca se sabe, vamos ver já este próximo pico de calor a meio da próxima semana, que promete ser muito intenso.
Mesmo o recorde de julho é bem alto, 46,5 ºC em 1995 na Amareleja, dificilmente acontece algo assim
 

Snifa

Furacão
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16 Abr 2008
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Porto-Marquês:145 m Mogadouro:749 m
Mesmo o recorde de julho é bem alto, 46,5 ºC em 1995 na Amareleja, dificilmente acontece algo assim

Penso que terá sido nesta altura :calor:

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Tonton

Nimbostratus
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23 Dez 2017
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Mactamã
Na verdade a pressão ao nível do mar não. Dado o aquecimento brutal nos níveis baixos, existe sobre toda essa região uma imensa baixa térmica, mas que na verdade apenas tem reflexo numa camada relativamente "fina" da atmosfera, próxima da superfície.

Já olhando para o geopotencial aos 500hPa, nota-se claramente as regiões onde os anticiclones subtropicais predominam, e onde estas massas de ar quente e estável ocupam uma "profundidade" significativa na atmosfera (e não apenas circulação de superfície).

QkL2P5N.png


FoKs9nZ.png



Por essa razão é sempre importante ver as cartas aos vários níveis e é frequente os mapas apresentarem simultaneamente estas 2 variáveis.

1) Por um lado, as cartas em altitude (500hPa) mostram melhor o forçamento de larga escala, e portanto a circulação que domina a sinóptica;
2) Por outro claro as cartas de superfície determinam os "detalhes" obtidos regionalmente.

A título de exemplo: podemos ter uma potente região de alta pressão subtropical sobre toda a Península Ibérica e região envolvente (com forçamento de larga-escala similar e com geopotenciais elevados), e todavia partes da península mesma estarão a torrar, e outras frescas, devido à circulação de superfície (brisas, Nortada, etc.), que está expressa nas cartas da pressão à superfície.

Também a situação actual é bastante ilustrativa:
1) Temos a região de massas de ar com características subtropicais bastante expandida para norte, a afectar o Atlântico NE e a Península Ibérica;
2) A circulação à superfície "colabora", com o Anticiclone dos Açores extenso até ao Golfo da Biscaia, favorecendo a circulação de Leste à superfície, e inibindo boa parte das brisas/Nortada amenizadoras;
3) Claro que estas cartas têm uma escala algo "grosseira". Se formos analisar cartas da pressão à superfície com mais resolução, veremos mais detalhes, como a baixa térmica regional sobre a península, e a distribuição das isóbaras ainda assim a permitir alguma Nortada refrescante no litoral Norte e Centro.

No meio disto tudo, acho que deve ser mencionado o papel preponderante dos ventos alísios, especialmente sobre as massas oceânicas, para a formação dos anticiclones, já que sobre massas continentais são frequentemente perturbados por fenómenos de baixas pressões de origem térmica, especialmente na faixa desértica.

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Aurélio Carvalho

Nimbostratus
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5 Out 2018
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Faro
Xiii
Tanto calor previsto para os próximos 10 dias, olhando para a automática do IPMA até da impressão...
Se é normal haver estas temperaturas no Verão a durabilidade com que está prevista não é assim tão comum.
Para já os devaneios de situações anteriores têm acabado por amenizar um pouco, veremos se acontece o mesmo desta vez.
Para já as máximas das automáticas rondam os 43c.