Se a última siberiana, a de há duas semanas atrás, não deixou neve em lado nenhum (mesmo a que caiu no nordeste foi já causada por um fluxo depressionário de sudoeste que apanhou ainda frio instalado à superfície), a anterior, em Janeiro, deixou neve em mais de 2/3 do país. Mais, a única hipótese de mais de metade do território, correspondente a cerca de 90% da população, ter neve à porta de casa é com a existência de uma entrada deste tipo.
O que acontece é que enquanto não aparecer o anticiclone dos Açores o frio não entrará sequer em França. E este só deverá aparecer quando desaparecer o da Gronelândia, e as altas pressões a latitudes polares se deslocarem para a zona da Escandinávia, pois o jet tem de atravessar o Atlântico em algum lugar. E portanto nos próximos tempos mantém-se o padrão de influência atlântica, chuva e vento forte de oeste, com um interregno para a passagem de ano, quando ocorrer uma entrada de noroeste. Nessa noite, e apesar de haver -1 a 850hpa e -30 a 500hpa até ao Alentejo, as cotas não deverão ser muito baixas, pois o mínimo a 500hpa não ocorre em simultâneo com o mínimo a 850hpa.
O facto dos solos estarem saturados faz com que a sua capacidade de infiltração seja muito baixa, pelo que era benéfico até para o sul do país, que houvesse um interregno na precipitação durante cerca de uma semana. Dava tempo para os solos recuperarem, e continuaria a haver infiltração proveniente das poças e lençóis de água ainda existentes. Quase toda a água que cair agora escorrerá à superfície, e como consequência, tudo o que cair a jusante das barragens vai para o mar, e mesmo o que caia a montante só é armazenado caso as albufeiras ainda não estejam cheias.