Eu tive o privilégio (digo privilégio porque acho estas lições de enorme valor) de nas últimas 48 horas ter assistido ao mais espectacular falhanço geral de todos os modelos de que me recordo desde que me apaixonei por isto da Meteorologia.
Refiro-me à depressão dos Açores e aos níveis de precipitação e localização da mesma, modelados por todos eles. Nenhuma previsão era idêntica, mas todos (e foram muitos os que consultei, cerca de 6 modelos diferentes) falharam de uma forma incrível. E foi um falhanço de curto prazo, a 12 horas, não foram previsões a vários dias. Espectacular foi o falhanço do GFS, falamos de qualquer coisa prevista a rondar uns dramáticos 80mm em Santa Maria que foram depois na realidade 2mm, e não foi sequer um problema de localização, se fosse ao lado, era perfeitamente natural, foi mesmo falhanço da precipitação em si onde quer que fosse. Entretanto previsões corrigidas nas saídas em cima do acontecimento ao longo do dia de hoje, mas mesmo assim continuam erradas.
Como já tenho dito mais vezes, os modelos são um progresso enorme na previsão, cada vez melhores ao longo dos anos, mas não representam a realidade e podem ser pouco ou muito falíveis, e isso é uma coisa que nunca podemos esquecer.
Nestes casos há uma atenuante, que já tenho notado muitas vezes na Madeira, o Oceano é uma vastidão imensa onde faltam dados que alimentem/corrijam os modelos, dados de sondagens por exemplo. Não é por acaso que nos EUA tenham que ir com aviões para dentro das depressões tropicais para recolher dados para alimentar os modelos.