Barragem de Odelouca já está a 25,9 por cento da sua capacidade
O mau tempo que chegou em grande, com o Inverno, não trouxe só estragos e inundações para o Algarve. Também trouxe boas notícias no que toca ao abastecimento de água para o próximo Verão, tendo afastado o cenário de seca que já se previa, devido aos baixos números de armazenamento de água nas barragens registados no Outono.
Um dos exemplos mais significativos desta reviravolta é a Barragem de Odelouca, situada nos concelhos de Silves e Monchique.
É que esta é a mais recente do Algarve, tendo sido fechada a sua comporta no passado dia 28 de Agosto pelo primeiro-ministro José Sócrates, já está a 25,9 por cento da sua capacidade de armazenamento de água.
No entanto, «no caso de Odelouca, por questões de segurança, já estão a ser feitas descargas, porque é uma construção nova e não poderá encher muito mais», explicou ao «barlavento» fonte da Administração da Região Hidrográfica (ARH) do Algarve.
Ainda assim, aquela que é a maior barragem do Algarve, com capacidade máxima para 157 milhões de metros cúbicos, já tem tanta água como a de Beliche, no concelho sotaventino de Castro Marim - 40,6 milhões de metros cúbicos (Odelouca) e 40,7 (Beliche).
A principal diferença é que a do Beliche tem uma capacidade máxima muito mais reduzida (48 milhões), por isso a percentagem é superior (84,8) quando comparada com Odelouca, segundo os dados de 4 de Janeiro fornecidos ao «barlavento» pela ARH.
Quando analisados todos os números das albufeiras algarvias é mesmo caso para dizer que se passou do 8 para o 80, até porque a mesma fonte da ARH admitiu que «já estavam a ser preparados planos de contingência em relação a uma possível seca».
A barragem do Funcho, por exemplo, apresentava em Outubro uma situação muito delicada, tendo apenas 19,5 por cento em relação ao valor máximo.
No passado dia 4, o armazenamento de água já tinha conseguido chegar aos 75,3 por cento. Isto, traduzido em milhões de metros cúbicos, significa que, face aos 47,7 máximos, a barragem já se situa nos 35,9.
Também no Barlavento algarvio, com números um pouco mais altos, a barragem da Bravura, no concelho de Lagos, tinha no início da semana passada, 84,2 por cento do valor máximo de referência.
«Se não tivesse chovido, estaríamos numa situação de um à vontade relativo, mas com alguma preocupação. Agora podemos dizer que não haverá problemas» para a rega. Se continuar a cair muita água, a barragem começará a fazer descargas, pois «só faltam cinco milhões de metros cúbicos» para encher, adiantou Hélder Henriques, presidente da Associação de Regantes e Beneficiários de Alvor.
Neste momento, «a Bravura tem 29 milhões de metros cúbicos de água, mais nove do que antes das chuvas de Dezembro», avançou ainda.
É no Sotavento, porém, que se encontra a albufeira mais cheia do Algarve. Em Odeleite, a segunda maior barragem algarvia já está a 95,8 por cento da sua capacidade total (130 milhões), enquanto os valores caem na barragem do Arade, que está a 51,1 por cento, (14,5 milhões).
No entanto, «o Arade, por questões técnicas, não pode encher mais», afirmou a fonte da ARH.
Contactado pelo «barlavento», o presidente da Associação de Regantes e Beneficiários de Silves, Lagoa e Portimão José Vilarinho explicou que a «Protecção Civil obriga a Barragem do Arade a estar à cota 55 para prevenir as cheias», o que, num ano de seca, pode gerar problemas para a rega.
E isto era algo que poderia ter acontecido este ano, pois, em Outubro, o volume de água armazenado situava-se apenas nos 9,9 por cento. Mas a chuva veio salvar a situação, estando agora a albufeira com 51,1 por cento (14,5 milhões), quase no limite imposto.
José Vilarinho admitiu ao «barlavento» que, com aquela restrição, «estão a ser perdidos cerca de três milhões de metros cúbicos de água, para que haja essa folga de segurança».
Por sua vez, a associação entregou na Direcção Regional de Agricultura um projecto de recuperação que permitirá que as comportas passem do sistema hidráulico para o eléctrico, pois «estas já não estão fiáveis e têm que ser mantidas sempre abertas», justificou.
É que a barragem do Arade é uma das mais antigas do país, tendo sido concluída em 1956.
Apesar do Algarve ter passado do mínimo para «o máximo de água armazenada que poderia ter», isso não invalida que sejam lançados planos de sensibilização quanto ao consumo da água, acrescentou a fonte da ARH. É que nunca se sabe se para o próximo ano chove tanto...
11 de Janeiro de 2010 | 09:27
ana sofia varela