Biodiversidade

frederico

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Os espanhóis têm essas estufas mas por outro lado têm grandes extensões de ecossistemas bem preservados que nós não temos. A serra de Aracena, por exemplo, é aquilo que a serra algarvia poderia ser se não tivesse levado com campanhas do trigo, incêndios e eucaliptos. Tem grandes extenções de soutos, sobreirais cerrados, pinhais maduros e muitos carvalhos misturados com as outras árvores. Mais a Norte as serras da metade Sul da Estremadura têm excelentes montados, soutos e alguns bosquetes de carvalho, e genericamente a biodiversidade está em melhor estado que do nosso lado da fronteira. Doñana tem uma área de pré-parque enorme com pinhais, montados e lagoas, onde infelizmente houve um incêndio. Mas tudo aquilo é grandioso em termos de extensão se compararmos com a Ria Formosa, que está praticamente perdida. Até a foz do Odiel em Huelva, cidade com cerca de 150 mil habitantes, está em melhor estado que a Ria Formosa. Perto de Cádis há serras bem preservadas, com carvalhais, montados, e matos mediterrânicos. Mais a Norte em Cáceres há uma região de planícies que é reserva de avifauna, muito extensa. Em Castro Verde nunca classificaram a zona onde estão as abetardas, nem em Elvas.
 


João Pedro

Super Célula
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14 Jun 2009
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Os espanhóis têm essas estufas mas por outro lado têm grandes extensões de ecossistemas bem preservados que nós não temos. A serra de Aracena, por exemplo, é aquilo que a serra algarvia poderia ser se não tivesse levado com campanhas do trigo, incêndios e eucaliptos. Tem grandes extenções de soutos, sobreirais cerrados, pinhais maduros e muitos carvalhos misturados com as outras árvores. Mais a Norte as serras da metade Sul da Estremadura têm excelentes montados, soutos e alguns bosquetes de carvalho, e genericamente a biodiversidade está em melhor estado que do nosso lado da fronteira. Doñana tem uma área de pré-parque enorme com pinhais, montados e lagoas, onde infelizmente houve um incêndio. Mas tudo aquilo é grandioso em termos de extensão se compararmos com a Ria Formosa, que está praticamente perdida. Até a foz do Odiel em Huelva, cidade com cerca de 150 mil habitantes, está em melhor estado que a Ria Formosa. Perto de Cádis há serras bem preservadas, com carvalhais, montados, e matos mediterrânicos. Mais a Norte em Cáceres há uma região de planícies que é reserva de avifauna, muito extensa. Em Castro Verde nunca classificaram a zona onde estão as abetardas, nem em Elvas.
Perto de Cáceres tens esse belo exemplo que é Monfrague, onde provavelmente todos os povoamentos florestais de eucalipto terão já sido erradicados dentro da área do parque natural com a ajuda dos Fundos de Coesão da UE. Cá é ao contrário... :huhlmao:
 

Pedro1993

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7 Jan 2014
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É lindo, ter os morcegos a "caçarem", durante toda a noite, mesmo em frente á porta de casa, os seus mágníficos voos picados, e ainda para mais o que não deve falta é melgas e mosquitos, para lhes servir de alimento, pelo menos já se ouvem zumbir toda noite, junto aos ouvidos, que nem deixam dormir.
Mas é assim todos os dias, mal cai a noite, eles pravavelmente devem de estar hospedados em alguma oliveira, com o tronco oco.
 

belem

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10 Out 2007
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É lindo, ter os morcegos a "caçarem", durante toda a noite, mesmo em frente á porta de casa, os seus mágníficos voos picados, e ainda para mais o que não deve falta é melgas e mosquitos, para lhes servir de alimento, pelo menos já se ouvem zumbir toda noite, junto aos ouvidos, que nem deixam dormir.
Mas é assim todos os dias, mal cai a noite, eles pravavelmente devem de estar hospedados em alguma oliveira, com o tronco oco.

Então e além de zumbir junto aos ouvidos, também picam?
Se é difícil controlar a entrada dessa bicharada, penso que está na hora de comprares uma rede mosquiteira ou então de improvisares uma.
Também há quem ponha frascos com vinagre, para afastar os mosquitos.
Mas a rede mosquiteira é mais eficaz.
Se ainda assim incomodam com o barulho, podes também pôr uns frascos com vinagre e abrir as janelas, mas se não resultar tens é que comprar umas plasticinas para tapar os ouvidos (normalmente estão sempre à venda nas farmácias).
 
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belem

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Quando atravessei a Espanha para ir aos Pirinéus (via Salamanca, etc...), vi enormes extensões de agricultura intensiva, certamente mantida à custa de sobredosagem de pesticidas e de maquinaria pesada, só vi umas 2 ou 3 florestas, dignas de registo, mas banais em termos de dimensão e de constituição.
Sim, a Espanha tem áreas grandes e bem preservadas, mas tem também áreas gigantescas, bastante arruinadas...
Em Portugal, tal destruição extensiva não existe, mas existem zonas protegidas mal geridas, zonas com, interesse de proteção elevado mas ainda por classificar e numa área relativamente pequena, podem haver dezenas de proprietários, o que dificulta a gestão do espaço.
Só a aquisição de terras e uma gestão adequada pode resolver em parte o problema, que é o que a Faia Brava está a fazer, por exemplo (a educação dos proprietários deverá ser outro passo).
A Faia Brava está a atrair com sucesso, várias aves de rapina (como as necrófagas), a proteger bosques raros, a desenvolver agricultura tradicional (biológica), a atrair turistas e a criar um mosaico rico de biodiversidade. A criar riqueza sustentável e com futuro.. Do outro lado da fronteira, existem os Campanários de Azaba.
Com a criação da Reserva da Biosfera Transfronteiriça, pretende-se um aumento extraordinário de área conservada, onde em muitos casos, se pratica uma gestão com uns moldes algo semelhantes aos que têm sido desenvolvidos na Faia Brava, ainda que terão nuances diferentes, de acordo com as condições de cada local.
Em princípio deverão surgir mais «Faias Bravas», em Portugal pois já apareceram os fundos necessários para aquisição de mais terras. Espera-se que tal melhoria ocorra também no lado espanhol.
 
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frederico

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9 Jan 2009
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Isto da propriedade privada e áreas protegidas daria muito que falar. Ainda há uns meses vi uma zona de sapal à venda na Reserva de Castro Marim, e perguntei-me, quem irá comprar aquilo? É reserva natural, não podem fazer ali nada, nem agricultura. Faria todo o sentido que aquilo fosse comprado pelo Estado, que deveria ter um pequeno fundo para estas coisas. Penso que esse terreno tem um aeródromo, que por acaso fica mesmo ao lado de uma das zonas mais sensíveis da reserva. Ou seja, não deveria estar ali. Nós temos uma das menores percentagens de floresta pública do mundo desenvolvido, menos de 3%, há países com mais de 50%...

Conheço Monfrague, estive lá há cerca de 15 anos, vi plantações de sobreiro e azinheira em zonas onde tinham arrancado os eucaliptos. Quem nos dera que fizessem o mesmo no Alto Alentejo, especialmente na serra da Ossa e a Norte de Nisa. Pelo menos nos anos 30 a serra da Ossa ainda tinha carvalho-roble junto aos cursos de água.

Já fiz de carro desde Vilar Formoso ao País Basco, de facto essa zona planáltica não tem nada de muito interessante, agricultura intensiva... mas tanto a Sul como a Norte do planalto da Meseta já há áreas com valor, as serras da Cordilheira Central e as serras galegas e da Cordilheira Cantábrica.
 

frederico

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Por falar na Faia Brava... algo que reparei nessa região. De Vilar Formoso a Figueira de Castelo Rodrigo praticamente não se vê carvalho-negral, aqui e acolá vi uns quantos muito jovens, na serra da Marofa (se houvesse vontade política hoje estaria toda coberta de carvalhos). Mas quando se passa Vilar Formoso para Espanha ainda conseguimos ver uma extensa área, não muito longe da fronteira, de montado de carvalho (azinheira e carvalho-negral). As terras do Riba-Côa e parte da Beira Interior são uma extensão da Meseta Norte, seria interessante que se tentasse recuperar este ecossistema tão raro e desconhecido. Onde ainda vi em Portugal montado de carvalho, já muito degradado, foi no Alto Alentejo, perto de Nisa. No interior há zonas onde se nota que a vegetação quer voltar, norte da Guarda ou Gardunha, que pena que não se faça nada (muitos daqueles terrenos poderiam ser comprados para serem no futuro floresta pública e não é preciso reflorestar, basta limpar as invasores e deixar os carvalhos crescer).
 

belem

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Na Faia Brava, parece-me que predominam pisos bioclimáticos mais termomediterrânicos, do que junto a Vilar Formoso (por vezes a manifestarem-se em substratos fortemente rupícolas).
Logo é menos propícia ao carvalho-negral, mas mais a azinheiras, sobreiros, zelhas, lodões-bastardos. etc... Existem alguns núcleos razoáveis destas espécies, e inevitavelmente, muitas zonas arbustivas (Portugal, nunca foi só floresta).
Em alguns vales com cursos de água, existem também choupais-salgueirais e amiais ripícolas bem conservados (amieiros, freixos, sanguinho de água, etc...).
Muitas destas formações florestais, são pouco conhecidas pelo publico em geral e cada vez mais raras.
Aliás mesmo fora da reserva, (na bacia hidrográfica do Douro e no PNDI), existem maciços arborizados bem conservados (azinhais, sobreirais, zimbrais)...
E imagine-se só lodoais (núcleos de lodão-bastardo), como este:

DSC_0003.JPG

Sim, isto é em Portugal e na bacia hidrográfica do Rio Douro.

DSC_0009.JPG

Aqui os técnicos da Faia Brava tentam recolher sementes, para posteriormente propagar a espécie na Faia Brava.

DSC_0012.JPG


Também convém ter em conta, que além de se identificarem maciços florestais importantes para conservação, tem sido feito o plantio de várias autoctones no local, usando sementes provenientes de núcleos da região (sobretudo em locais, onde a recuperação é nula ou muito lenta).
O carvalho-negral tem sido propagado em zonas altas e mais húmidas.

Quanto à aquisição de terrenos em zonas, onde o coberto original já está em fase de recuperação e expansão, concordo perfeitamente.
Por vezes, surgem obstáculos, mas pode-se pelo menos tentar perceber se é possível a aquisição de vários terrenos (idealmente contíguos).
 
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belem

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Curiosamente e ainda que raros, por acaso até ocorrem bosques de carvalho-negral na Faia Brava, e apresentam-se associados ao raro mostajeiro de folhas largas, à macieira-brava, ao pilriteiro, ao sanguinho de água entre outros.
Esta rara associação florestal, tem contudo maior expressão em outras zonas da Beira Interior, geralmente mais frias que a Faia Brava.
 
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Curiosamente e ainda que raros, por acaso até ocorrem bosques de carvalho-negral na Faia Brava, e apresentam-se associados ao raro mostajeiro de folhas largas, à macieira-brava, ao pilriteiro, ao sanguinho de água entre outros.
Esta rara associação florestal, tem contudo maior expressão em outras zonas da Beira Interior, geralmente mais frias que a Faia Brava.

Eu tenho seguido pelas redes sociais, todo o trabalho tem desenvolvido ao longo dos tempos, e é de louvar todo o trabalho que eles fazem, só assim se consegue perservar, o que ainda resta, e plantar, ou seleccionar as espécies autóctones que vão nascendo de forma espontanea.
É bom que vão surgindo outras empresas como a Montis, até eu tinha o sonho de fazer algo parecido, mas em menor escala, é claro.

Eu tenho um difusor para afastar as melgas e os mosquitos, mas pronto também eu não os chateio muito, até porque também tem direito á vida.
Tenho é de "contratar mais morcegos", até porque para cada ser vivo tem de existir sempre um predador, se não a população fica descontrolada, como acontece, com o caso dos javalis, o lobo acaba por fazer muita falta.
 
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Isso de afastar mosquitos e afins...nada como pendurar sacos de água ao redor das casas.
Os mosquitos chocam com grande violência contra esses sacos e ficam contundidos.
Após esse episódio altamente traumático, abandonam as nossas casas e vão chatear os vizinhos, os quais não conhecem essa técnica tão bruta mas, ao mesmo tempo, tão eficaz!

Ahhh, já me esquecia de um por(maior): os mosquitos não morrem. O PAN já pode ficar sossegado.
Espero que os activistas não saibam que causo alguma dor aos mosquitos, mas sempre é bem melhor que espetar uma faca...
 
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Por falar na Faia Brava... algo que reparei nessa região. De Vilar Formoso a Figueira de Castelo Rodrigo praticamente não se vê carvalho-negral, aqui e acolá vi uns quantos muito jovens, na serra da Marofa (se houvesse vontade política hoje estaria toda coberta de carvalhos). Mas quando se passa Vilar Formoso para Espanha ainda conseguimos ver uma extensa área, não muito longe da fronteira, de montado de carvalho (azinheira e carvalho-negral). As terras do Riba-Côa e parte da Beira Interior são uma extensão da Meseta Norte, seria interessante que se tentasse recuperar este ecossistema tão raro e desconhecido. Onde ainda vi em Portugal montado de carvalho, já muito degradado, foi no Alto Alentejo, perto de Nisa. No interior há zonas onde se nota que a vegetação quer voltar, norte da Guarda ou Gardunha, que pena que não se faça nada (muitos daqueles terrenos poderiam ser comprados para serem no futuro floresta pública e não é preciso reflorestar, basta limpar as invasores e deixar os carvalhos crescer).

De Vilar Formoso a Figueira de Castelo Rodrigo ainda existem muitos bosquetes de carvalho negral, azinheira e pinhais, dispersos entre campos agrícolas, pastagens e áreas de giestal. Não concordo quando dizes que praticamente não se vêem, Eu vivi nessa região e percorri todas as estradas daquela zona, falo com conhecimento de causa. Nessa zona há também algumas áreas de montado de sobro, as maiores do distrito da Guarda, principalmente no triângulo entre Vilar de Amargo, Vale de Afonsinho e Algodres.
 
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Na Faia Brava, parece-me que predominam pisos bioclimáticos mais termomediterrânicos, do que junto a Vilar Formoso (por vezes a manifestarem-se em substratos fortemente rupícolas).
Logo é menos propícia ao carvalho-negral, mas mais a azinheiras, sobreiros, zelhas, lodões-bastardos. etc... Existem alguns núcleos razoáveis destas espécies, e inevitavelmente, muitas zonas arbustivas (Portugal, nunca foi só floresta).
Em alguns vales com cursos de água, existem também choupais-salgueirais e amiais ripícolas bem conservados (amieiros, freixos, sanguinho de água, etc...).
Muitas destas formações florestais, são pouco conhecidas pelo publico em geral e cada vez mais raras.
Aliás mesmo fora da reserva, (na bacia hidrográfica do Douro e no PNDI), existem maciços arborizados bem conservados (azinhais, sobreirais, zimbrais)...
E imagine-se só lodoais (núcleos de lodão-bastardo), como este:

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Sim, isto é em Portugal e na bacia hidrográfica do Rio Douro.

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Aqui os técnicos da Faia Brava tentam recolher sementes, para posteriormente propagar a espécie na Faia Brava.

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Também convém ter em conta, que além de se identificarem maciços florestais importantes para conservação, tem sido feito o plantio de várias autoctones no local, usando sementes provenientes de núcleos da região (sobretudo em locais, onde a recuperação é nula ou muito lenta).
O carvalho-negral tem sido propagado em zonas altas e mais húmidas.

Quanto à aquisição de terrenos em zonas, onde o coberto original já está em fase de recuperação e expansão, concordo perfeitamente.
Por vezes, surgem obstáculos, mas pode-se pelo menos tentar perceber se é possível a aquisição de vários terrenos (idealmente contíguos).

Conheces o Ricardo Nabais! :D

Na Faia Brava não existe Carvalho negral, existe sim carvalho cerquinho, azinheira, e sobreiro. Há inclusivamente um enorme sobreiro classificado. O carvalho negral fica às portas da Reserva mas não conheço nenhum exemplar no perímetro da Reserva. Na Faia Brava, principalmente nas vertentes mais escarpardas do Côa começam a aparecer alguns zimbros (Juniperus oxycedrus e cornalheiras (Pistacia terebinthus).

Resumindo a Faia Brava é uma Reserva incrível! :)
 
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