Diversidade climática

PortugalWeather

Cumulus
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4 Fev 2014
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Em relação ao Litoral Norte( Entre-Douro e Minho, pois por o que conheço não consigo destinguir essas duas regiões, nem consigo entender o porquê de existir uma divisão regional-administrativa entre Minho e Douro Litoral é uma divisão regional que nao faz sentido nenhum) considero essa região um autêntico Jardim Botânico onde todo o tipo de biodiversidade e um inumero de especies totamente antagonicas podem coexistir no mesmo espaço, por isso não me escandaliza nada que hajam oliveiras e sobreiros ao lado de florestas de folha caduca,carvalhais alvarinhos,castanheiros, eucaliptais, palmeiras, outras especies subtropicais, castas viniculas unicas como o alvarinho, plantações de milho, enfim ali dá-se tudo entre 1200-2000 mm, com calor,frio,chuva,nevoeiros,trovoadas, não brinquemos essa região é unica.
 
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Nimbostratus
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5 Mar 2009
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Baião
Julgo que a Temática "Sobreiro" ficou bem esclarecida!Optimo!
Julgo tambem que será importante verificarem os meus posts desde o inicio desta "discussão"!
Nunca disse que o sobreiro era especie dominante; Nunca disse que formava extensos bosques (forma sim bosquetes e formaria bosques caso a incuria da desflorestação e reflorestação não tivesse existido); Igualmente nunca disse que o clima do Entre Douro e Minho era marcadamente mediterraneo...
o que disse e mantenho é que o sobreiro (assim como o medronheiro, a esteva, loureiro, etc) mostram a influência que o mediterraneo exerce sobre a região em causa!
Aliás, referi que o limite sul do Pinheiro Silvestre espontaneo era o Gerês...agora, negar evidencias não!
Ha um post que refiro ser contra a definição do sobreiro árvore de Portugal...aqui seria o carvalho Alvarinho...mas não vamos entrar em estado de negação ok PortugalWeather, James e Gabkoost?!Óptimo:thumbsup:
 
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Agreste

Furacão
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29 Out 2007
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Terra
O sobreiro viu a sua área aumentar em força no século XX por causa da cortiça.

Também podemos dizer que o sobreiro viu a sua área fortemente reduzida por causa da campanha do trigo.

Eu vejo o sobreiro com árvore nacional por possuir muito mais ferramentas de adaptação a vários climas. E não é uma árvore mediterrânica. Árvores mediterrânicas são a alfarrobeira, a amendoeira, a figueira, essas sim presentes em todas as hortas e domesticadas pelo fruto. As amêndoas iniciais eram amargas.
 

PortugalWeather

Cumulus
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4 Fev 2014
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Julgo que a Temática "Sobreiro" ficou bem esclarecida!Optimo!
Julgo tambem que será importante verificarem os meus posts desde o inicio desta "discussão"!
Nunca disse que o sobreiro era especie dominante; Nunca disse que formava extensos bosques (forma sim bosquetes e formaria bosques caso a incuria da desflorestação e reflorestação não tivesse existido); Igualmente nunca disse que o clima do Entre Douro e Minho era marcadamente mediterraneo...
o que disse e mantenho é que o sobreiro (assim como o medronheiro, a esteva, loureiro, etc) mostram a influência que o mediterraneo exerce sobre a região em causa!
Aliás, referi que o limite sul do Pinheiro Silvestre espontaneo era o Gerês...agora, negar evidencias não!
Ha um post que refiro ser contra a definição do sobreiro árvore de Portugal...aqui seria o carvalho Alvarinho...mas não vamos entrar em estado de negação ok PortugalWeather, James e Gabkoost?!Óptimo:thumbsup:

Recomendava que tambem lesses os meus posts com mais atenção vais perceber que nunca neguei essa existência, mas á coisas que alguem do Sul como eu apercebe-se secalhar com mais facilidade sobre essa região que alguem que reside ai possa não notar, vou ao Norte 1 vez por mês e nota-se diferenças brutais aqui com a região onde resido de Setubal, e o engraçado é que apesar de tambem existirem diferenças com a vizinha Galiza os contrastes são muito menores. Relativo aos sobreiros,etc não as nego a sua existência mas tambem olha existem tantos sobreiros ai no Norte que eu nunca os vi, e olha que eu quando viajo para ai, estou muito atento a esses promenores logicamente aqui na Penisula de Setubal Sobreiros é algo que não falta, relativo aos Pinheiros Mansos vejo imensos no Ribatejo, alguns na Beira Litoral, mas quando passa-se ali o Vouga deixo-os de os ver, com as Oliveiras vê-se algumas mas nem tem comparação com regiões ribatejanas,Oeste ou Penisula de Setubal, isto é o que o vejo, claro que falo no Litoral, pois no Alto Douro devido aos efeitos do relevo e da interioridade(principalmente no douro superior) existe estas especies em muito maior numero e de forma predominante.
Mas o que alguem da minha região fica espantado quando viaja para o Noroeste é o verde, ir em Junho,Julho aqui em Setubal e ter já tudo seco, e chegar ao Noroeste e ver ainda flores a florir no Gerês ou no Alto Minho e ver um Verde fantástico a cobrir toda a paisagem e ver, aguas e caminhos de água nas bermas da estrada é algo que para alguem de Setubal é espantoso.
 

Bracaro

Cirrus
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5 Jan 2014
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Bracara - Gallaecia
Se me permitem a minha opinião como Minhoto que sou, a região do Minho não se compara com mais nenhuma região de Portugal e só tem equivalente com a parte ocidental da Galiza - províncias da Corunha e Pontevedra. Da mesma maneira que Trás-os-Montes se assemelha à Galiza interior - Lugo e Ourense. Daí a Galiza e o Norte de Portugal serem hoje uma Euro-região.
No Minho temos um clima bastante húmido e mesmo no Verão é muito raro passar um mês sem chover, por isso é que se chama Verde Minho e até no Verão há água a correr por todo o lado.
Sobre os sobreiros, aqui também os há, mas poucos. Há muitos pinheiros bravos, carvalhos e castanheiros. Aqui em Braga, na zona do Bom Jesus, há uma mancha enorme de carvalhos, mas infelizmente os eucaliptos continuam a ganhar terreno.
 
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Nimbostratus
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19 Jan 2009
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Entre BRG e GMR
Não esquecer que o monopolio e o proprio fabrico e industria da cortiça, passou do sul do pais para o norte do pais, esse factor pode ter impulsionado o surgimento do sobreiro nas regiões mais a Norte.

E mais do que isso, a sua presença espontânea mas escassa seria sempre de esperar tendo em conta a relativa proximidade de outras regiões onde esta árvore é dominante.

Tal não atesta necessariamente afinidades climáticas da região onde ele é dominante com outras onde se encontram ocasionalmente.

Por haverem acácias a proliferarem agora de forma espontânea no nosso território que dizer que temos um clima como o das suas origens na Austrália? Mesma coisa com os Eucaliptos! Originários de regiões secas dão-se às mil maravilhas em zonas extremamente húmidas.

Apesar de algumas características do clima Mediterrânico se fazerem senti (poucas e uns anos mais do que outros) no Noroeste do país, discordo que seja este que permite a presença espontânea de Sobreiros.
 

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Nimbostratus
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Entre BRG e GMR
Em relação ao Litoral Norte( Entre-Douro e Minho, pois por o que conheço não consigo destinguir essas duas regiões, nem consigo entender o porquê de existir uma divisão regional-administrativa entre Minho e Douro Litoral é uma divisão regional que nao faz sentido nenhum) considero essa região um autêntico Jardim Botânico onde todo o tipo de biodiversidade e um inumero de especies totamente antagonicas podem coexistir no mesmo espaço, por isso não me escandaliza nada que hajam oliveiras e sobreiros ao lado de florestas de folha caduca,carvalhais alvarinhos,castanheiros, eucaliptais, palmeiras, outras especies subtropicais, castas viniculas unicas como o alvarinho, plantações de milho, enfim ali dá-se tudo entre 1200-2000 mm, com calor,frio,chuva,nevoeiros,trovoadas, não brinquemos essa região é unica.

A região natural do Entre Douro e Minho é a região Natural geográfica (que se prolongaria até Vigo) segundo os especialistas.

A sua divisão administrativa tem a ver com com o regime de influências das suas cidades mais importantes e da reivindicação dos poderes locais.

No entanto, excluir sempre o Grande Porto desta região porque a cultura desta cidade é absolutamente Duriense enquanto que outras, ainda no Douro Litoral, é já mais próxima do que se convém como "Minhoto".
 

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Cumulus
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Se me permitem a minha opinião como Minhoto que sou, a região do Minho não se compara com mais nenhuma região de Portugal e só tem equivalente com a parte ocidental da Galiza - províncias da Corunha e Pontevedra. Da mesma maneira que Trás-os-Montes se assemelha à Galiza interior - Lugo e Ourense. Daí a Galiza e o Norte de Portugal serem hoje uma Euro-região.
No Minho temos um clima bastante húmido e mesmo no Verão é muito raro passar um mês sem chover, por isso é que se chama Verde Minho e até no Verão há água a correr por todo o lado.
Sobre os sobreiros, aqui também os há, mas poucos. Há muitos pinheiros bravos, carvalhos e castanheiros. Aqui em Braga, na zona do Bom Jesus, há uma mancha enorme de carvalhos, mas infelizmente os eucaliptos continuam a ganhar terreno.

Por essas mesmas razões é que considero que deveria existir uma tipologia de clima próprias para essa região Entre Douro e Minho/Galiza e depois a região do Cantábrio e Sudoeste de França, sendo que pudesse existir uma subdivisão em duas áreas:

A) Noroeste de Portugal/ Galiza e Oeste das Astúrias;
B) Astúrias,Cantábria,Pais Basco e Aquilane.

Pois estas regiões para mim todas elas não tem o clima Oceânico da Europa Central e Ilhas Britânicas mas também não tem nada haver com climas mediterrâneos deveriam ter uma tipologia de clima especificas, pela singularidade e especificidade que têm.
 

GabKoost

Nimbostratus
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Entre BRG e GMR
Julgo que a Temática "Sobreiro" ficou bem esclarecida!Optimo!
Julgo tambem que será importante verificarem os meus posts desde o inicio desta "discussão"!
Nunca disse que o sobreiro era especie dominante; Nunca disse que formava extensos bosques (forma sim bosquetes e formaria bosques caso a incuria da desflorestação e reflorestação não tivesse existido); Igualmente nunca disse que o clima do Entre Douro e Minho era marcadamente mediterraneo...
o que disse e mantenho é que o sobreiro (assim como o medronheiro, a esteva, loureiro, etc) mostram a influência que o mediterraneo exerce sobre a região em causa!
Aliás, referi que o limite sul do Pinheiro Silvestre espontaneo era o Gerês...agora, negar evidencias não!
Ha um post que refiro ser contra a definição do sobreiro árvore de Portugal...aqui seria o carvalho Alvarinho...mas não vamos entrar em estado de negação ok PortugalWeather, James e Gabkoost?!Óptimo:thumbsup:

Falando por mim percebi exactamente o que querias dizer.

A minha única relutância é acreditar que estas presenças de Flora se devem devido à influência climática Mediterrânica que, no meu entender, existindo uns anos mais outros anos menos, é quase sempre exagerada no Noroeste.

Esta região é capaz de suster qualquer tipo de vegetação e culturas pelo que a proximidade de zonas próximas (em Portugal tudo é próximo) com grande densidade de certas árvores apenas tem como consequência lógica a sua existência cá.

Mas isso já são "opiniões" que ninguém (ou muito poucos) está em medida de confirmar ou refutar.
 

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A região natural do Entre Douro e Minho é a região Natural geográfica (que se prolongaria até Vigo) segundo os especialistas.

A sua divisão administrativa tem a ver com com o regime de influências das suas cidades mais importantes e da reivindicação dos poderes locais.

No entanto, excluir sempre o Grande Porto desta região porque a cultura desta cidade é absolutamente Duriense enquanto que outras, ainda no Douro Litoral, é já mais próxima do que se convém como "Minhoto".

O Grande Porto é uma metrópole é diferente tem uma cultura urbana, alias com grandes influencias até internacionais,mercantis nomeadamente de Inglaterra.Penso que uma metrópole tem de ser analisada de forma diferente nesse aspecto cultural,apesar de terem uma cultura duriense próprias devido também á evolução económica e social da região e da cidade impulsionada pelo próprio rio nomeadamente através do Vinho do Porto. Agora lá está,estamos a falar de distancias de 40 kms por vezes nem tanto não vejo razão nenhuma para que se divida em 2 regiões distintas, acho que faria mais sentido distinguir o Alto do Douro de Trás-os-Montes que o Minho do Douro Litoral.
 

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Falando por mim percebi exactamente o que querias dizer.

A minha única relutância é acreditar que estas presenças de Flora se devem devido à influência climática Mediterrânica que, no meu entender, existindo uns anos mais outros anos menos, é quase sempre exagerada no Noroeste.

Esta região é capaz de suster qualquer tipo de vegetação e culturas pelo que a proximidade de zonas próximas (em Portugal tudo é próximo) com grande densidade de certas árvores apenas tem como consequência lógica a sua existência cá.

Mas isso já são "opiniões" que ninguém (ou muito poucos) está em medida de confirmar ou refutar.

:lmao: acho que vejo mais palmeiras e até bananeiras no Norte ou no Gerês que Sobreiros :lmao:
 

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Nimbostratus
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Falando por mim percebi exactamente o que querias dizer.

A minha única relutância é acreditar que estas presenças de Flora se devem devido à influência climática Mediterrânica que, no meu entender, existindo uns anos mais outros anos menos, é quase sempre exagerada no Noroeste.

Esta região é capaz de suster qualquer tipo de vegetação e culturas pelo que a proximidade de zonas próximas (em Portugal tudo é próximo) com grande densidade de certas árvores apenas tem como consequência lógica a sua existência cá.

Mas isso já são "opiniões" que ninguém (ou muito poucos) está em medida de confirmar ou refutar.

Mas não podes comparar a presença do Sobreiro com a presença do Eucalipto ou da Acácia...daí ter feito a diferenciação (ha ja uns bons posts atras) de autóctone, endemica, invasora e indigena...as definições destas palavras explicam a tua observação com a qual não concordo:thumbsup:
 
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Entre BRG e GMR
1-... e o engraçado é que apesar de tambem existirem diferenças com a vizinha Galiza os contrastes são muito menores. ...

2-...relativo aos Pinheiros Mansos vejo imensos no Ribatejo, alguns na Beira Litoral, mas quando passa-se ali o Vouga deixo-os de os ver...,

3...com as Oliveiras vê-se algumas mas nem tem comparação com regiões ribatejanas,Oeste ou Penisula de Setubal, isto é o que o vejo, claro que falo no Litoral, ...

4...Mas o que alguem da minha região fica espantado quando viaja para o Noroeste é o verde, ir em Junho,Julho aqui em Setubal e ter já tudo seco, e chegar ao Noroeste e ver ainda flores a florir no Gerês ou no Alto Minho e ver um Verde fantástico a cobrir toda a paisagem e ver, aguas e caminhos de água nas bermas da estrada é algo que para alguem de Setubal é espantoso...

1 . Para quem como eu tem um particular interesse em cultura regional, as semelhanças com a Galiza vão imensamente para além do que as pessoas possam perceber à primeira vista. Em primeiro lugar a vegetação tem traços semelhantes. Não são mais parecidos pela devastação que a forte densidade urbana e décadas de ladrões incompetentes nos sectores do planeamento criaram.

O que eram Carvalhais, Soutos e Amieiros à beira rio transformou-se em Eucaliptos, betão ou mato devido aos milhares de incêndios. Neste aspecto a Galiza está muito mais preservada.

Para além disso, a toponímia e agricultura desenvolvida é idêntica nos dois lados do rio Minho o que comprova não só uma pertença cultural como também um clima com características mais ou menos semelhantes.

Por exemplo, o cultivo de Milho em regadio aberto no verão seria impossível em qualquer outra região da Península que não as faixas Litoral Norte da PI ou certos pontos de terras altas ou mais próximas dos leitos de rios. Coisas que no NO nem sequer é problema. Os recursos hídricos são tantos que outrora era cultivado em absolutamente todo o lado.

Outra coisa é reparar por exemplo nos tradicionais Espigueiros que são um testemunho monumental de um tipo de agricultura muito específico e condicionado por um clima preciso. Existem na franja litoral Norte da PI por uma razão concreta.

2- O Pinheiro Manso no Minho é plantado pelo homem com finalidade económica. Outrora, hoje cada vez menos, os proprietários de Pinheiros Mansos ganhavam importante rendimento a vender Pinhas no Natal.

Eu mesmo, em jovem, fiz fila na casa de um lavrador para comprar uns quilos de pinhas para por junto à lareira na noite de Natal.

Esta árvore é assim uma raridade colocada, que eu saiba, quase sempre com fim económico e não representa nada em termos climáticos e de diversidade da flora natural.

3- As Oliveiras na minha região também não são espontâneas. Em todos os manuscritos até certa data nem sequer aparecem mencionadas no Noroeste. A sua presença limita-se quase sempre aos adros das Igrejas por motivos óbvios.

Mais tarde, com a introdução do Milho que veio ocupar grande parte dos vales húmidos que eram até aí ocupados pela pastorícia (mais uma característica de modo de vida Atlântico), as populações terão começado a introduzir a Oliveira pois o Azeite iria compensar a redução nas suas dietas das gorduras fornecidas pelo grande consumo de carne.

A partir do séc XV, se bem me recordo, é que estas árvores aparecem mencionadas regularmente como parte da paisagem agrícola do Minho.

4- Os meus avós maternos, sendo Minhotos, emigraram para a tua Zona no tempo das grandes fábricas tipo CUF e Siderurgia Nacional. Portanto, os meus tios maternos e minha mãe lá nasceram e para lá ia passar 15 dias de férias (Zona da Moita e Alhos Vedros) em Agosto.

Ora, em pleno verão eu ficava espantado e perplexo com a interdição de usar água em demasia de X a X horas. Não me entrava na cabeça de criança como era possível.

As quintas, hoje prédios sociais, eram extensões de erva seca com árvores o que me criava a sensação de estar em África pois eram paisagens, no Estio, que me despertava esta ideia.

Quando voltava ao Minho lembro-me de notar a diferença pois neste tempo ainda se reava o Milho com poças pela estrada fora. Quando num local nem a torneira podíamos abrir à vontade, no outro, transformavam-se caminhos em Rios para regar centenas e centenas de hectares de Milho.

Isso tudo com recurso a água de origem natural. Fontes e Minas em pleno Agosto de calor aterrador.

Por isso digo e sempre direi que a influência Mediterrânica no Noroeste é exagerada. Existe? Sim. Mas que é uma influencia menor isso é e de que maneira.
 
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1 . Para quem como eu tem um particular interesse em cultura regional, as semelhanças com a Galiza vão imensamente para além do que as pessoas possam perceber à primeira vista. Em primeiro lugar a vegetação tem traços semelhantes. Não são mais parecidos pela devastação que a forte densidade urbana e décadas de ladrões incompetentes nos sectores do planeamento criaram.

O que eram Carvalhais, Soutos e Amieiros à beira rio transformou-se em Eucaliptos, betão ou mato devido aos milhares de incêndios. Neste aspecto a Galiza está muito mais preservada.

Para além disso, a toponímia e agricultura desenvolvida é idêntica nos dois lados do rio Minho o que comprova não só uma pertença cultural como também um clima com características mais ou menos semelhantes.

Por exemplo, o cultivo de Milho em regadio aberto no verão seria impossível em qualquer outra região da Península que não as faixas Litoral Norte da PI ou certos pontos de terras altas ou mais próximas dos leitos de rios. Coisas que no NO nem sequer é problema. Os recursos hídricos são tantos que outrora era cultivado em absolutamente todo o lado.

Outra coisa é reparar por exemplo nos tradicionais Espigueiros que são um testemunho monumental de um tipo de agricultura muito específico e condicionado por um clima preciso. Existem na franja litoral Norte da PI por uma razão concreta.

2- O Pinheiro Manso no Minho é plantado pelo homem com finalidade económica. Outrora, hoje cada vez menos, os proprietários de Pinheiros Mansos ganhavam importante rendimento a vender Pinhas no Natal.

Eu mesmo, em jovem, fiz fila na casa de um lavrador para comprar uns quilos de pinhas para por junto à lareira na noite de Natal.

Esta árvore é assim uma raridade colocada, que eu saiba, quase sempre com fim económico e não representa nada em termos climáticos e de diversidade da flora natural.

3- As Oliveiras na minha região também não são espontâneas. Em todos os manuscritos até certa data nem sequer aparecem mencionadas no Noroeste. A sua presença limita-se quase sempre aos adros das Igrejas por motivos óbvios.

Mais tarde, com a introdução do Milho que veio ocupar grande parte dos vales húmidos que eram até aí ocupados pela pastorícia (mais uma característica de modo de vida Atlântico), as populações terão começado a introduzir a Oliveira pois o Azeite iria compensar a redução nas suas dietas das gorduras fornecidas pelo grande consumo de carne.

A partir do séc XV, se bem me recordo, é que estas árvores aparecem mencionadas regularmente como parte da paisagem agrícola do Minho.

4- Os meus avós maternos, sendo Minhotos, emigraram para a tua Zona no tempo das grandes fábricas tipo CUF e Siderurgia Nacional. Portanto, os meus tios maternos e minha mãe lá nasceram e para lá ia passar 15 dias de férias (Zona da Moita e Alhos Vedros) em Agosto.

Ora, em pleno verão eu ficava espantado e perplexo com a interdição de usar água em demasia de X a X horas. Não me entrava na cabeça de criança como era possível.

As quintas, hoje prédios sociais, eram extensões de erva seca com árvores o que me criava a sensação de estar em África pois eram paisagens, no Estio, que me despertava esta ideia.

Quando voltava ao Minho lembro-me de notar a diferença pois neste tempo ainda se reava o Milho com poças pela estrada fora. Quando num local nem a torneira podíamos abrir à vontade, no outro, transformavam-se caminhos em Rios para regar centenas e centenas de hectares de Milho.

Isso tudo com recurso a água de origem natural. Fontes e Minas em pleno Agosto de calor aterrador.

Por isso digo e sempre direi que a influência Mediterrânica no Noroeste é exagerada. Existe? Sim. Mas que é uma influencia menor isso é e de que maneira.

Bem GabKoost, obrigado por partilhares tamanha rica informação e testemunhos sobre a realidade dessa região. Sim as semelhanças com a Galiza são muito mais profundas que sequer se possa imaginar mas essa discussão já nos levava para outros campos de analise e outras dimensões bem mais profundas e complexas.
Sabemos muito bem porque essa influencia mediterrânica no NW é amplificada.