A Pesquisa de Petróleo em Portugal
Apesar de alguns trabalhos de pesquisa terem sido realizados (mapa) ao longo dos anos nas bacias sedimentares portuguesas, pode considerar-se que estas se encontram subavaliadas. Mesmo a bacia Lusitânica, a mais pesquisada das bacias portuguesas, com uma densidade de sondagens da ordem de 2,4 por 1000 km2, é disso um bom exemplo.
Os resultados das sondagens foram muitas vezes encorajadores e não existem dúvidas da presença - pelo menos em algumas das bacias - de todos os componentes (rochas mãe maduras, reservatórios selados e armadilhas) necessários a potenciais acumulações económicas de petróleo. Contudo, ainda não existe produção em Portugal.
As bacias "tradicionais" (Porto, Lusitânica e Algarve) continuam a estimular a pesquisa com a procura de novos objectivos que permitam obter descobertas comerciais, como é comprovado pelo continuado interesse das companhias que continuam a achar que vale a pena investir na pesquisa em Portugal.
As áreas de fronteira - as bacias mais profundas e exteriores para Oeste e Sul da plataforma continental - apresentam novas oportunidades de pesquisa, particularmente tendo em conta os termos contratuais e um regime fiscal muito favoráveis.
HISTÓRIA DA PESQUISA
As primeiras sondagens de pesquisa foram efectuadas no início do século passado. Estas eram, na maioria, pouco profundas e localizadas junto a ocorrência de rochas impregnadas por petróleo à superfície (seeps), no onshore, Norte e Sul da bacia Lusitânica.Óleo em fracturas
Em 1938 foi emitido um alvará de concessão para pesquisa de petróleo e substâncias betuminosas, abrangendo as bacias Lusitânica e do Algarve. Por várias vezes houve transmissão dos direitos desta concessão, que se manteve activa até 1968.
Durante o período de vigência da concessão foram adquiridos, no onshore da bacia Lusitânica, cerca de 3264 km de sísmica de reflexão, na maioria mono-canal, levantamentos de gravimetria e um pequeno levantamento magnético perto de Lisboa. Nesta bacia foram ainda efectuadas 78 sondagens de pesquisa, das quais apenas 33 atingiram profundidades superiores a 500 m. Muitas destas sondagens apresentaram fortes indícios de petróleo e algumas atingiram produção sub-comercial. Durante este período, na bacia do Algarve, apenas foram efectuados levantamentos de gravimetria.
Depois do abandono desta concessão, sob nova legislação de petróleo, as áreas de prospecção e pesquisa, onshore e offshore, foram divididas em blocos, tendo por base uma malha regular e postos a concurso internacional. Do concurso resultou a assinatura de 30 contratos para áreas no offshore, em 1973 e 1974. O último destes contratos terminou em 1979. Durante este período foram realizados cerca de 21237 km de levantamentos sísmicos de reflexão multi-canal, gravimétricos e magnéticos. Para além destes levantamentos foram efectuadas 22 sondagens, 5 das quais na bacia do Porto, 14 na bacia Lusitânica e 3 na bacia do Algarve. Todas as sondagens foram fechadas e abandonadas, embora algumas tenham apresentado muito bons indícios de petróleo e duas delas, Moreia-1 e 14 A-1, produziram pequenas quantidades de óleo em drillstem tests.
Depois de 1979, a pesquisa abrandou consideravelmente no offshore. Todavia, em 1978 ressurge o interesse pelo onshore. Assim, de 1978 a 2004, foram atribuídas 39 áreas, das quais 23 concessões no onshore da bacia Lusitânica (duas destas abrangem lotes no onshore e no offshore), 15 concessões no offshore (11 na bacia do Porto, 3 na bacia do Algarve e 1 na bacia Lusitânica) e 1 licença de avaliação prévia no deep-offshore da bacia do Algarve. Durante este período foram efectuadas 28 sondagens, das quais 23 no onshore da bacia Lusitânica e 5 no offshore (3 na bacia do Porto e 2 na bacia do Algarve). Também em muitas destas sondagens foram encontrados bons indícios de petróleo, sobretudo óleo. Foram ainda adquiridos cerca de 36000 km de sísmica convencional, dos quais cerca de 27600 no âmbito de campanhas de sísmica multi-cliente - cerca de 4600 km pela GSI em 1984 e cerca de 23000 km pela TGS-NOPEC de 1999 a 2002.
Na sequência do levantamento sísmico e gravimétrico no deep-offshore realizado pela TGS-NOPEC em 1999-2002, foi lançado, em 2002, o Concurso Público para Atribuição de Direitos de Prospecção, Pesquisa, Desenvolvimento e Produção de Petróleo no Deep-Offshore. O grupo formado pelas empresas Repsol-YPF (Espanha) e RWE-Dea (Alemanha) candidatou-se aos blocos 13 e 14, que foram adjudicados em 2005.
No final de 2006, apenas uma companhia operava em Portugal, Mohave Oil & Gas Corporation, detentora de 2 concessões no onshore da bacia Lusitânica. Na região de Alcobaça, a Mohave encontrou fortes indícios de gás em duas das sondagens realizada e, na região de Torres Vedras, tem realizado um conjunto de sondagens, com recuperação de óleo em fracturas e iniciou testes de produção. A empresa adquiriu ainda 760 km de sísmica no offshore e 224 km no onshore. Esta sísmica e estas sondagens já foram consideradas nos totais atrás referidos.
Em 2007 houve um significativo incremento na prospecção e pesquisa de petróleo em Portugal com a assinatura de 12 novos contratos de concessão:
- a 1 de Fevereiro de 2007, 3 contratos de concessão com as empresas Hardman Resources Ltd., Petróleos de Portugal - Petrogal S.A. e Partex Oil and Gas (Holdings) Corporation, em consórcio ("Hardman / Galp / Partex"), para as áreas Lavagante, Santola e Gamba, no deep-offshore da bacia do Alentejo (mapa).
Desde 25 de Março de 2010, por transmissão de posições contratuais, estas áreas são detidas pelas empresas Petrobras International Braspetro B.V. e Petróleos de Portugal - Petrogal S.A., em consórcio ("Petrobras / Galp");
- a 18 de Maio de 2007, 4 contratos de concessão com as empresas Petrobras International Braspetro B.V., Petróleos de Portugal - Petrogal S.A. e Partex Oil and Gas (Holdings) Corporation, em consórcio ("Petrobras / Galp / Partex"), para as áreas Camarão, Amêijoa, Mexilhão e Ostra, no deep-offshore da bacia de Peniche (mapa) e
- - a 3 de Agosto de 2007, 5 contratos de concessão com a empresa Mohave Oil & Gas Corporation, para as áreas Cabo Mondego-2, S. Pedro de Muel-2, Aljubarrota-3, Rio Maior-2 e Torres Vedras-3, no onshore e offshore da bacia Lusitânica (mapa).
Em 2008 o consórcio Hardman / Galp / Partex realizou uma campanha sísmica 2D de 3.307 km na bacia do Alentejo (mapa) de modo a complementar e apertar a malha da sísmica previamente adquirida na área - a campanha sísmica da TGS-NOPEC registada entre 2000-2002.
Ainda em 2008 o consórcio Petrobras / Galp / Partex realizou uma campanha sísmica 2D de 8.615 km na bacia de Peniche (mapa) de modo a complementar e apertar a malha da sísmica previamente adquirida pela TGS-NOPEC, entre 2000-2002, nessa área.
A Mohave Oil & Gas Corporation prossegue o processo de aquisição, no onshore, de duas campanhas de sísmica 3D.