IPMA - Novidades, dúvidas, sugestões e críticas



algarvio1980

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Os 60 mm em 6 horas foram excedidos em inúmeras estações. Continuo a sublinhar que o IPMA sub-avisou a situação prevista para o distrito de Faro.
Não foi um evento centrado numa ou noutra localidade, foi afectada uma grande área.
Aviso vermelho não faz sentido, nenhuma EMA registou valores que justificassem, só a de Loulé é que justificou ontem e mesmo assim foi isolado. As EMAS tiveram todas o azar de passar tudo ao lado, ou então, existe muitos valores extrapolados nas amadoras. Mas, se a Protecção Civil alertou ontem para situações de inundações como é que existem pessoas a colocar os carros em garagens numa artéria de Faro que é problemática e que acontece sistematicamente. Curiosamente, entre a EMA do Aeroporto e a de Tavira nenhuma registou o dobro da precipitação entre as três e depois tens estações amadoras que distam 2-3 kms umas das outras e algumas registaram o dobro do que outras não deixa de ser estranho. :intrigante:
 

StormRic

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23 Jun 2014
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Aviso vermelho não faz sentido, nenhuma EMA registou valores que justificassem, só a de Loulé é que justificou ontem e mesmo assim foi isolado. As EMAS tiveram todas o azar de passar tudo ao lado, ou então, existe muitos valores extrapolados nas amadoras. Mas, se a Protecção Civil alertou ontem para situações de inundações como é que existem pessoas a colocar os carros em garagens numa artéria de Faro que é problemática e que acontece sistematicamente. Curiosamente, entre a EMA do Aeroporto e a de Tavira nenhuma registou o dobro da precipitação entre as três e depois tens estações amadoras que distam 2-3 kms umas das outras e algumas registaram o dobro do que outras não deixa de ser estranho. :intrigante:
O problema é o IPMA só olhar para a sua rede. Mas lá que caíram mais de 60 mm em 6 horas em áreas onde por causa disso houve inundações com prejuízos, isso é inegável.
O Aviso Vermelho serve para quê?
 

okcomputer

Cirrus
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13 Jul 2020
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Meteorologia é imprevisível. Apesar da evolução tecnológica, das simulações/modelações da atmosfera com supercomputadores cada vez mais potentes, das redes de instrumentação mais alargadas e sofisticadas., teremos sempre uma percentagem de imprevisto nestas coisas, o que é normal, não controlamos a natureza.

O que eu já não acho normal é esses recursos não serem melhor usados em 2022 e continuar sem entender certas coisas hoje como já não entendia há 10 ou 20 anos atrás.

Há cerca de uma década quase caí numa dessas ratoeiras que são aquelas ruas ou avenidas desniveladas em "trincheira" para passar debaixo de outra via que se multiplicaram em muitas cidades e que quando chove de forma torrencial mais de 10 ou 15 minutos dão logo problemas.

Na altura pensei no assunto e de como poderíamos ser avisados desse tipo de risco.

Solução foi simples, estações meteorológicas a fornecer dados em tempo real, feito um script que quando em 10-15 minutos acumulava anormalmente X mm ou rainrate Y mm, disparava um email e um sms para mim a avisar-me desse facto e eu passava a evitar certas vias que sabia inundarem.

O problema é que eu não consegui fazer isso recorrendo a estações do IPMA ou outras oficiais porque o atraso com que disponibilizam dados. ou nem disponibilizam de todo, faz-nos perder aquele quarto de hora decisivo.

Tive que recorrer a estações amadoras que muitas vezes estão offline (bom, as IPMA diga-se que algumas também tem um uptime confrangedor) ou simplesmente desaparecem porque o proprietário desistiu daquilo ou outra razão qualquer.

Então ontem eu estava a ver o sub Litoral Centro e lá pela página 12 já se percebia que iria haver problemas sérios, ainda não eram 21:30

Depois só vi as primeiras mensagens de alerta modo "urgente" de entidades publicas, nas redes sociais por exemplo, mais de uma hora depois... Mais de uma hora depois...

Este modelo não funciona. O Modelo IPMA/avisos e Prociv/alertas é acertado, a filosofia de base é ajustada, mas simplesmente não funciona quando é mesmo preciso urgência.
Está completamente desfasado dos tempos que vivemos, está obsoleto e subaproveitado face ao que é possível fazer hoje numa sociedade altamente conectada e digitalizada.

É patético que eu tenha que recorrer a estações amadoras como "early warning system" como já tinha que recorrer há 10 anos.

Em Portugal na ressaca das tragédias dos incêndios 2017 passou a enviar-se SMS por causa do risco incêndio.
Já na altura uma solução terrível pois SMS é um sistema antigo de messaging em que as mensagens são enviadas uma a uma dum servidor central para todas as antenas, processo que leva horas e horas a entregar umas milhões de mensagens.
Houve mensagens dessas que levaram quase todo o dia dia a chegar a todos os destinatários. E as operadoras cobram milhões ao Estado.

Na altura ninguém percebeu porque estavam a usar tecnologia desadequada para tal tarefa. Alguns disseram que era para desenrascar, que logo se faria com cell broadcast. Tudo bem então, compreensível. Cell broadcast é uma coisa diferente, quase instantânea, foi feita para estas coisas de avisos urgentes. É um sinal que é emitido nas antenas escolhidas de determinada região, milhões pessoas podem receber um aviso em pouco tempo, não é um sistema lento de mensagem uma a uma como no tradicional SMS.

Na Alemanha depois daquelas inundações catastróficas no Verão do ano passado eles implementaram num ano e pouco o cell broadcast.
Aliás, penso que terá hoje precisamente o seu primeiro teste/ensaio nacional, chamaram mesmo ao dia de hoje o "dia de alerta nacional".
Mensagens de teste vão ser enviadas para telemóveis por cell broadcast, APPs oficiais vai receber notificações, alertas vão ser injetados de forma automática nas emissões de TV e rádios nacionais. É um ensaio de larga escala.


Estamos em 2022, cinco anos depois das tragédias de 2017, e ainda não há alertas com cell broadcast em Portugal.

Basta disto. Estou cansado deste país. Não compreendo certas coisas.

Agora na Grande Lisboa tiveram sorte, numa hora de ponta e noutro tipo ou fase de maré ou se a intensidade da precipitação se prolongasse mais uma hora, teriam que lidar com centenas ou milhares pessoas presas nos seus automóveis, edificado e outros locais.

Até quando confiamos apenas na sorte, até quando toleramos o "deixa andar" ?
 
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Mindz

Nimbostratus
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18 Out 2015
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Montijo
Meteorologia é imprevisível. Apesar da evolução tecnológica, das simulações/modelações da atmosfera com supercomputadores cada vez mais potentes, das redes de instrumentação mais alargadas e sofisticadas., teremos sempre uma percentagem de imprevisto nestas coisas, o que é normal, não controlamos a natureza.

O que eu já não acho normal é esses recursos não serem melhor usados em 2022 e continuar sem entender certas coisas hoje como já não entendia há 10 ou 20 anos atrás.

Há cerca de uma década quase caí numa dessas ratoeiras que são aquelas ruas ou avenidas desniveladas em "trincheira" para passar debaixo de outra via que se multiplicaram em muitas cidades e que quando chove de forma torrencial mais de 10 ou 15 minutos dão logo problemas.

Na altura pensei no assunto e de como poderíamos ser avisados desse tipo de risco.

Solução foi simples, estações meteorológicas a fornecer dados em tempo real, feito um script que quando em 10-15 minutos acumulava anormalmente X mm ou rainrate Y mm, disparava um email e um sms para mim a avisar-me desse facto e eu passava a evitar certas vias que sabia inundarem.

O problema é que eu não consegui fazer isso recorrendo a estações do IPMA ou outras oficiais porque o atraso com que disponibilizam dados. ou nem disponibilizam de todo, faz-nos perder aquele quarto de hora decisivo.

Tive que recorrer a estações amadoras que muitas vezes estão offline (bom, as IPMA diga-se que algumas também tem um uptime confrangedor) ou simplesmente desaparecem porque o proprietário desistiu daquilo ou outra razão qualquer.

Então ontem eu estava a ver o sub Litoral Centro e lá pela página 12 já se percebia que iria haver problemas sérios, ainda não eram 21:30

Depois só vi as primeiras mensagens de alerta modo "urgente" de entidades publicas, nas redes sociais por exemplo, mais de uma hora depois... Mais de uma hora depois...

Este modelo não funciona. O Modelo IPMA/avisos e Prociv/alertas é acertado, a filosofia de base é ajustada, mas simplesmente não funciona quando é mesmo preciso urgência.
Está completamente desfasado dos tempos que vivemos, está obsoleto e subaproveitado face ao que é possível fazer hoje numa sociedade altamente conectada e digitalizada.

É patético que eu tenha que recorrer a estações amadoras como "early warning system" como já tinha que recorrer há 10 anos, é patético que até imagens de radar tenham um atraso incompreensível no site do IPMA, entre outras coisas.


Em Portugal na ressaca das tragédias dos incêndios 2017 passou a enviar-se SMS por causa do risco incêndio.
Já na altura uma solução terrível pois SMS é um sistema antigo de messaging em que as mensagens são enviadas uma a uma dum servidor central para todas as antenas, processo que leva horas e horas a entregar umas milhões de mensagens.
Houve mensagens dessas que levaram quase todo o dia dia a chegar a todos os destinatários. E as operadoras cobram milhões ao Estado.

Na altura ninguém percebeu porque estavam a usar tecnologia desadequada para tal tarefa. Alguns disseram que era para desenrascar, que logo se faria com cell broadcast. Tudo bem então, compreensivel. Cell broadcast é uma coisa diferente, quase instantânea, foi feita para estas coisas de avisos urgentes. É um sinal que é emitido nas antenas escolhidas de determinada região, milhões pessoas podem receber um aviso em pouco tempo, não é um sistema lento de mensagem uma a uma como no tradicional SMS.

Na Alemanha depois daquelas inundações catastróficas no Verão do ano passado eles implementaram num ano e pouco o cell broadcast.
Aliás, penso que terá hoje precisamente o seu primeiro teste/ensaio nacional, chamaram mesmo ao dia de hoje o "dia de alerta nacional".
Mensagens de teste vão ser enviadas para telemóveis por cell broadcast, APPs oficiais vai receber notificações, alertas vão ser injetados de forma automática nas emissões de TV e rádios nacionais. É um ensaio de larga escala.


Estamos em 2022, cinco anos depois das tragédias de 2017, e ainda não há alertas com cell broadcast em Portugal.

Basta disto. Estou cansado deste país. Não compreendo certas coisas.

Agora na Grande Lisboa tiveram sorte, numa hora de ponta e noutro tipo ou fase de maré ou se a intensidade da precipitação se prolongasse mais uma hora, teriam que lidar com centenas ou milhares pessoas presas nos seus automóveis, edificado e outros locais.

Até quando confiamos apenas na sorte, até quando toleramos o "deixa andar" ?

Digam o que disserem, o IPMA e o presidente deste ridículo Instituto são uns incompetentes. Volto a dizer o que disse anteriormente, se eu tivesse a prestação deles no meu atual trabalho, já tinha sido despedido á muito mas como "o clima é muito volátil e as alterações climáticas estão aí" vai-se deixar passar mais uma vez em claro..
 
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13 Jul 2020
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Pessoalmente não acho que haja algo de profundamente errado com instituições como o IPMA, o que acho que falha em Portugal é aquela última camada de informação ao cidadão.
É um pouco como o "last mile problem" da logística ou transportes, em que há toda uma estrutura que até funciona de forma razoável, muitos investimentos foram feitos, recursos formados, etc mas depois a última camada não aproveita da melhor forma tudo o que existe, sendo que não raras vezes, nem é o mais complicado ou caro de se fazer usando a tecnologia e comunicações atual, pelo contrário.
 

algarvio1980

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Mas em Portugal cumprem alguma coisa, quando está aviso vermelho para a ondulação aonde vão todos, vão ver o mar. Dá aviso de precipitação em zonas que costuma inundar aonde metem os carros na garagem, dá vento colocam o carro debaixo da árvore. :D Mas, se a população está a marimbar-se para os avisos ou alertas das entidades logo aí começa mal.
Alguém em Portugal já suspendeu alguma coisa dando previsão de mau tempo nunca vi, já vi jogos de futebol decorrerem sob aviso vermelho, porque o tuga não liga patavina para isso, está uma estrada inundada pensa, passo. não passo, vou passar chega a meio o carro pifa-se e grita socorro ai meu deus que vou na cheia.
 

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Cirrus
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Mas em Portugal cumprem alguma coisa, quando está aviso vermelho para a ondulação aonde vão todos, vão ver o mar. Dá aviso de precipitação em zonas que costuma inundar aonde metem os carros na garagem, dá vento colocam o carro debaixo da árvore. :D Mas, se a população está a marimbar-se para os avisos ou alertas das entidades logo aí começa mal.
Alguém em Portugal já suspendeu alguma coisa dando previsão de mau tempo nunca vi, já vi jogos de futebol decorrerem sob aviso vermelho, porque o tuga não liga patavina para isso, está uma estrada inundada pensa, passo. não passo, vou passar chega a meio o carro pifa-se e grita socorro ai meu deus que vou na cheia.
Mas não haverá uma banalização dos avisos?

Estará o sistema de avisos por distritos correcto?
 
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algarvio1980

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O problema, a meu ver, está ao nível da ANEPC e não do IPMA apenas...o IPMA faz parte de um 'sistema' (como os políticos gostam de dizer) que está caduco...
Não será das câmaras que alteram PDM's para construir em todo o lado, quando ignoram zonas de risco de inundação, quando constroem em leito de cheia e depois a malta fica toda espantada com isto e lá aparece os autarcas na linha da frente a dizerem que isto são as alterações climáticas.

Episódios torrenciais sempre existiram em Portugal, sobretudo no Sul do país mas a banalização e o ignorar do histórico climático daz parecer que tudo seja novidade.

No sul quando chove anda tudo com a água pelo joelho, no Norte chove e não se assiste ao espectáculo que se vê em Lisboa e nas cidades algarvias.
 

fernandinand

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Não será das câmaras que alteram PDM's para construir em todo o lado, quando ignoram zonas de risco de inundação, quando constroem em leito de cheia e depois a malta fica toda espantada com isto e lá aparece os autarcas na linha da frente a dizerem que isto são as alterações climáticas.

Episódios torrenciais sempre existiram em Portugal, sobretudo no Sul do país mas a banalização e o ignorar do histórico climático daz parecer que tudo seja novidade.

No sul quando chove anda tudo com a água pelo joelho, no Norte chove e não se assiste ao espectáculo que se vê em Lisboa e nas cidades algarvias.
Existem utopias e depois existem coisas em concreto, já aqui referido algumas vezes, como o Cell Broadcasting...
 
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algarvio1980

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Existem utopias e depois existem coisas em concreto, já aqui referido algumas vezes, como o Cell Broadcasting...
Ontem, em entrevista na RTP3, o presidente do IPMA falou que a tecnologia tinha que ser melhorada de forma a avisar a população.
 

StormRic

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Póvoa de S.Iria (alt. 140m)
Mas não haverá uma banalização dos avisos?
Os Avisos dependem dos critérios e das previsões dos modelos e dos meteorologistas em serem atingidos os valores desses critérios, é algo praticamente automático assim que surge uma previsão que se enquadre nos critérios. Se parece que há banalização é porque há mais situações que se enquadram nos critérios. Tem havido este Outono muitas situações dessas, mas até agora as pessoas ainda não tinham visto suficientes consequências pela simples razão de os solos, aquíferos, reservas de água, estarem todos em baixo pela seca extrema que o território atravessou. As pessoas viam os Avisos e nada acontecia, logo pensavam que o Aviso era exagerado, e pela repetição se criou a ideia de banalização. Nesta altura, a capacidade dos solos está quase preenchida na maior parte do território. Isso significa que agora os eventos que anteriormente ainda não tinham consequências vão passar a ter, e as pessoas vão começar a prestar real atenção aos avisos. Casa inundada, olhos no céu e nos Avisos, vai ser o normal, e vai deixar de ser banal o Aviso e vai ser mesmo tomado a sério. Infelizmente essa atitude correcta e consciente só é tomada depois de terem acontecido prejuízos e perdas irreparáveis.
Seguramente, quem tiver sofrido prejuízos vai estar sempre a perguntar ao ver o tempo escurecer: "vê lá se há avisos, se temos que estar alerta, se é preciso limpar sarjetas, sumidoros, verificar telhados, retirar lixos, desimpedir linhas de água, pôr painéis nas portas ou até pôr-mo-nos a salvo!"