Monitorização do Clima de Portugal - 2022

RP20

Cirrus
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26 Ago 2021
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Alto Minho
Não desvalorizando de forma alguma o quão quente o mês está a ser, esses gráficos com a temperatura normal sendo um valor igual em todos os períodos do mês são especialmente enganadores num lugar do interior em plena estação de transição. Comparando com as normais dos meses à volta, a temperatura máxima no dia 1 de outubro devia andar à volta dos 23 ºC e ir descendo até aos 17 ºC no dia 31
Não será preocupante se por exemplo agora ficarem sempre abaixo da média, o que e mesmo isso que faz a média. Primeira quinzena mais quente e a segunda mais fria, deve dar essa média mais ou menos :p
 


N_Fig

Cumulonimbus
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29 Jun 2009
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Figueira da Foz
Não será preocupante se por exemplo agora ficarem sempre abaixo da média, o que e mesmo isso que faz a média. Primeira quinzena mais quente e a segunda mais fria, deve dar essa média mais ou menos :p
Sim, embora neste caso fosse preciso uma segunda quinzena bem fria para compensar a primeira
 

StormRic

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23 Jun 2014
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Póvoa de S.Iria (alt. 140m)
Completa-se o evento "Armand", terminando hoje às 00h a contagem dos acumulados no continente, com mais estes registos dos dias 20 e 21:

5YQpp7U.jpg
WPMuxps.jpg



Embora a avaliação da variação da água no solo devida à "Armand" deva ser feita só pela comparação da estimativa de hoje às 00h com a estimativa de dia 15 às 00h, fica já aqui a comparação com a estimativa de ontem, não contando portanto com a precipitação caída ontem, 21:

biYgq7B.jpg
QJfT7Kt.jpg


Pode-se concluir que enquanto no Noroeste, em especial nas serras do PNPG, uma só destas depressões pode ser suficiente para elevar os níveis de água no solo quase até à plenitude da capacidade de campo (CC, >99%), em grande parte do Nordeste e da região a sul do Tejo a água recebida não foi suficiente para pelo menos anular a perda de água pelos vários factores como a evapotranspiração, infiltração para os níveis inferiores a 1 metro de profundidade ou escorrência. Ou seja, nestas duas últimas regiões o conteúdo de água no solo disponível para as plantas continua no ponto de emurchecimento permanente (PEP, < 1%) naquelas grandes áreas.
 

StormRic

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23 Jun 2014
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Póvoa de S.Iria (alt. 140m)
Engraçado é ver a zona mais a sotavento quase a entrar na cor verde, mais ou menos de Tavira para leste qd foi a região que menos água recebeu!
Não esquecer o significado e o processo de cálculo deste índice. Há muitas variáveis envolvidas, desde o tipo de solo e da sua capacidade de campo atribuída até ao tipo de coberto vegetal e das suas necessidades de água, passando até pela profundidade do solo. Um solo pouco profundo mais rapidamente tem a sua capacidade preenchida do que outro mais profundo. Também a escorrência do terreno derivada da orografia terá implicações, solo declivoso perde mais facilmente por escorrência imediata da precipitação caída do que solo plano quase sem declive. Há solos em que a água caída não é retida e se infiltra logo para profundidades maiores do que aquela para a qual se define este índice.
Penso que dúvidas sobre esta estimativa da água no solo podiam ser melhor esclarecidas consultando publicações do ECMWF (entidade responsável pelo modelo desta avaliação).
 

algarvio1980

Furacão
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21 Mai 2007
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Olhão (24 m)
Resumo climatológico do mês de Setembro de 2022 no Algarve: https://temponoalgarve.blogs.sapo.pt/3930-resumo-climatologico-do-mes-de-1227263

Alguns dados importantes do Ano Hidrológico 2021/2022:

-> Faro (Aeroporto) registou cerca de 50% em relação à média de Faro (Aeroporto) 1981-2010;

-> Alcoutim (Martim Longo) foi a estação que registou menos precipitação no Algarve;

-> Monchique (Fóia) foi a estação que registou mais pluviosidade no Algarve

Algumas estações amadoras no WU tiveram falhas nos dados no mês de Setembro, principalmente na precipitação.
 

StormRic

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23 Jun 2014
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Póvoa de S.Iria (alt. 140m)
Resumo climatológico do mês de Setembro de 2022 no Algarve: https://temponoalgarve.blogs.sapo.pt/3930-resumo-climatologico-do-mes-de-1227263

Alguns dados importantes do Ano Hidrológico 2021/2022:

-> Faro (Aeroporto) registou cerca de 50% em relação à média de Faro (Aeroporto) 1981-2010;

-> Alcoutim (Martim Longo) foi a estação que registou menos precipitação no Algarve;

-> Monchique (Fóia) foi a estação que registou mais pluviosidade no Algarve

Algumas estações amadoras no WU tiveram falhas nos dados no mês de Setembro, principalmente na precipitação.
Excelente resumo, como sempre.
Os três destaques do Ano Hidrológico dão logo um panorama histórico da situação.
 

StormRic

Furacão
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23 Jun 2014
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Póvoa de S.Iria (alt. 140m)
Mais um dia de acumulados volumosos, desta vez com incidência maior nas Serras do Centro e na Região Oeste.
Maior acumulado na Guarda: 51,1 mm. E o Nordeste também contemplado com acumulados significativos, em oposição ao Sueste.
Rajada de vento mais intensa em Mogadouro, 96,1 Km/h. Segundo valor mais elevado em Sabugal, 88,2 Km/h.
Mas houve várias estações com valores superiores a 80 Km/h: Fóia, Cabo da Roca, Esposende, Soure, Penhas Douradas.

sbEtQ9B.jpg
4FM6It2.jpg


Completando o balanço da depressão "Armand" na situação da água no solo, repare-se na variação produzida por um único dia de precipitação (21):

QJfT7Kt.jpg
ap3f4Yu.jpg
 
Última edição:

StormRic

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23 Jun 2014
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Póvoa de S.Iria (alt. 140m)
Mesmo sem chover por aqui e a cor muda, isso quer dizer que a água está se infiltrando mais pro fundo do solo. Pelo menos quero acreditar seja isso!

O solo não é um reservatório tapado e estanque e sem utilização. A principal perda de água é a utilização pelas plantas. Mesmo que não se infiltre a maior profundidade e mesmo que a evaporação fosse nula, perderia sempre água pelo próprio consumo que as plantas fazem dela.
 

Aurélio Carvalho

Nimbostratus
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5 Out 2018
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O solo não é um reservatório tapado e estanque e sem utilização. A principal perda de água é a utilização pelas plantas. Mesmo que não se infiltre a maior profundidade e mesmo que a evaporação fosse nula, perderia sempre água pelo próprio consumo que as plantas fazem dela.
A minha questão ou dúvida é exactamente ao contrário. Como o solo ganhou água mesmo sem chover?
 

StormRic

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23 Jun 2014
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Póvoa de S.Iria (alt. 140m)
A minha questão ou dúvida é exactamente ao contrário. Como o solo ganhou água mesmo sem chover?

Boa pergunta, tinha interpretado ao contrário.
Aliás tenho a mesma dúvida em relação a esta última estimativa, e até em grandes áreas do Sul. Porque antes já tinha achado estranho várias áreas manterem-se no intervalo < 1% mesmo depois de ter chovido significativamente. Isto para a diferença de 21 para 22 em que supostamente entra a precipitação de dia 21.
Provavelmente atraso no recebimento de dados sobre essa zona em particular, entrada de dados tardia. O ECMWF faz a saída desta avaliação da água no solo às 00h de cada dia. Alguns dados podem não chegar a tempo. Ora, por cá o IPMA só faz a publicação dos registos diários sempre depois das 2:00 utc (3h da madrugada, com a hora corrente). Por isso, não me parece possível que os acumulados de 21 possam entrar na estimativa com data 22.
Até agora ainda não tinha detectado esta anomalia, porque ainda não tinha chovido significativamente de forma extensa nas regiões do Sul que há muito estavam no intervalo <1%.
Penso então que os dados da precipitação só devem contar até bem antes das 24h de cada dia, talvez só até às 12h ou às 9h, para a estimativa da água no solo calculada às 00h do dia seguinte.
Conclusão a chuva do dia 21 no Sul pode só ter entrado no cálculo da estimativa das 00h de dia 23. Isso explicaria o aumento de 22 para 23 em zonas em que a precipitação foi escassa no dia 22.
 
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StormRic

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23 Jun 2014
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Póvoa de S.Iria (alt. 140m)
Dia 24 com acumulados ainda significativos, embora dispersos, na Região Litoral Norte ontem, depois do dilúvio do dia 23 no noroeste interior:

D9HOkbV.jpg
COGJym3.jpg


A estimativa da capacidade da água no solo utilizável pelas plantas para ontem reflecte provavelmente aquela abundante precipitação, não só do dia 23 mas também dos dias anteriores.

EpN4WmM.jpg


Sublinhe-se que a capacidade de campo preenchida não significa necessariamente que os terrenos e aquíferos estão repletos e que qualquer precipitação adicional será convertida em escorrência alimentando linhas de água, lagos e albufeiras, ou sequer produzirá saída dos leitos e inundações alargadas em zonas baixas. Tal ainda não é esperado nesta altura do ano e no imediato da situação de seca prolongada ocorrida. Tudo depende de haver ou não picos de precipitação muito intensa. Relembrar que durante fortes eventos convectivos de Verão, com solos completamente secos, houve inundações e linhas de água a saír dos leitos normais, devido a acumulados pontuais muito elevados em pouco tempo.