Dado o CAPE ter um valor elevado aqui no Algarve e no sul do país, poderá existir alguma probabilidade de se formar algum tornado ou algo de muito extremo que pode mesmo causar inundações localmente, sei que ainda é cedo que pode mudar tudo mesmo à última hora, e lembro-me de uns 4 anos que vinha uma tempestade com precipitações extremas para o Algarve, tudo ficou em alerta e nada aconteceu nem uma pinga sequer caiu no chão, devido que a precipitação ocorreu no mar e em Marrocos, por isso, mais vale esperar para ver.
Se tudo se mantivesse como está, ou seja, mantendo a força e posição desta depressão nos niveis altos (ULL Upper Level low) que depois evolui para Cut-off Low (isolada), mais conhecida por DANA pelos espanhois ou DISA no Meteopt, conjugada com estes os elevados niveis de CAPE/LI, sim, existe alguma hipotese. Se se gerarem células convectivas e estas acabarem por ser intensas, a vorticidade (rotação) que existe na atmosfera gerada por este tipo de depressões pode induzir em determinada altura e sob certas condições um movimento rotativo a uma célula convectiva, podendo esta evoluir para supercélula e gerar fenónomos do tipo tornado. Dada a próximidade do centro da cut-off com as áreas de elevada instabilidade, essa possibilidade aumenta, pois quanto mais próximo estiverem do centro da cutoff, mais rápido é o movimento/vorticidade dela. Normalmente nas Cut-off's dos últimos tempos, a instabilidade nunca está próxima do centro , está mais afastada(geralmente está em espanha), porque quando elas nos tem aparecido pelo NW aí não está calor e/ou humidade nos niveis baixos para grandes valores de instabilidade onde a vorticidade é mais elevada. O que não é o caso destes últimos run's.
Mas dito isto, primeiro é preciso dizer que tudo se teria que manter. O que é quase a mesma coisa que dizer que é impossível. A cut-off teria que fica no mesmo local, ou próximo ou ainda noutro melhor, teria que manter a mesma potência (ela é bastante profunda até aos niveis mais altos, dos 200hpa por exemplo), a temperatura nesses niveis tinha que se manter muito fria (isso parece garantido, embora uma pequena variação de -15 para -10 faça uma brutal diferença), e a temperatura nos niveis mais baixos tinha que se aguentar quente (já tenho algumas duvidas) no momento certo, à tarde por exemplo, bem como o fornecimento dos niveis de humidade. Manter-se tudo isso como está nesses run's, é simplesmente quase impossível...
Depois há todo o comportamento típico dos modelos nestas situações. Entram sempre como leões e saem como cordeiros, passam de trough's e cut-off's potentes para depois as recuarem todas para norte, para França e assim, como a dos últimos dias. Mas como desta vez a trough/vaguada vai até às Canárias, pode ser que mesmo que eles recuem muito ainda fique por cá o suficiente. E ora bolas, meteoloucamente falando, tantas vezes «vai o cântaro à fonte que um dia lá fica a asa». Algum dia os modelos hão-de pôr mais em vez de tirar.
Para finalizar, mesmo que fosse tudo exactamente igual, uma coisa são os valores e a teoria dos modelos. Outra coisa é a realidade, a nossa particularmente, e a nossa climatologia de tornados diz-nos que são fenónomos extraordinariamente raros em Portugal, pois as condições são muito adversas a que se formem. Mas por vezes acontecem, e se tudo se mantivesse, acho que as probalidades de ocorrer por exemplo um tromba marinha eram razoáveis. Mas sempre diminutas.
Uns mapas do
LW (exprimentais mas que servem de suporte ao estofex) baseado em run's que não o último para as 72h (o máximo) ou seja, dado o atraso destes mapas, seria Domingo, suportam a hipotese de formação de pequenos tornados ou mais provavelmente, trombas marinhas. Mas já não é a 1ª vez que modelos destes suportam isso (este ano já foram 2 ou 3 vezes cá pelo menos), sem que tivesse ocorrido nada depois. A diferença desta vez é que realmente os valores do CAPE/LI destes run's são bastante raros para cá, estão efectivamente próximos da vorticidade mais elevada da depressão. Mas até lá tudo muda consideravelmente. Basta uma das condições falhar para que tal possibilidade caia a pique.
Tornado Index (laranja)
Significant tornado parameter (a linha azul)