Seg. Previsão do Tempo e Modelos - Abril 2012

Aristocrata

Super Célula
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28 Dez 2008
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Paços de Ferreira, 292 mts
Nas cartas do ECMWF, e no que toca a precipitação, temos bons acumulados para todo o país no espaço de 1 semana. 1º a norte e depois no centro e sul...
Nesta última carta disponível, relativa a dia 3 de maio, vemos que o acumulado em 6 horas é interessante:

europemsl228.gif


Para já, considerando o ECMWF o modelo de referência, temos de saudar o facto de termos expectativas de ver chegar a chuva a todos os cantinhos de Portugal.
Mas também, como todos sabemos, os modelos vão mudando, ora pouco ora muito, de saída operacional para saída operacional.

Depois de meses de seca, temos um Abril chuvoso a norte e um final de Abril\início de Maio interessantes para o resto do país. Acompanhemos as próximas saídas e espero que a todos toque um pouco...;)

:rain: - o negócio de venda de guarda-chuvas reactivou-se apenas na primavera neste ano hidrológico.:lol:
 


David sf

Moderação
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8 Jan 2009
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Apesar de ainda haver alguma incerteza do comportamento da frente que nos irá afectar a partir de quarta feira, 25 de abril, os modelos começam a tender para a opção em que a frente progredirá lentamente para leste, afectando deste modo todo o território continental.
Tudo começa com uma ciclogénese explosiva no Atlântico Norte, que arrasará completamente a dorsal açoriana, que nos últimos dias tem sido decisiva para que o sul do país não tenha sido atingido pelas várias frentes que chegaram ao litoral norte. Nesta animação pode-se ver a tal ciclogénese explosiva (neste caso, o seu núcleo desce cerca de 30 hpa em 24 horas) e o campo de ventos gerados à superfície (velocidade e direcção):

nwyG6.gif


A dorsal atlântica, pela acção conjunta da ciclogénese explosiva e de uma depressão muito cavada nos EUA (imagem abaixo), aparece em força no Atlântico Oeste, originando um bloqueio à circulação zonal, que permitirá uma entrada de ar bastante frio em altitude até latitudes bastante baixas, entre os Açores e o continente.

ECH1-72_ksd3.GIF


Forma-se então uma área de baixas pressões, desde a Noruega até à Madeira, que afectará o estado do tempo em Portugal continental desde dia 25 até, pelo menos o próximo domingo, sendo que é possível que dure ainda mais tempo.

Inicialmente seremos afectados por uma frente fria, que atingirá inicialmente o litoral norte e progredirá lentamente para as restantes regiões. O facto da progressão ser lenta (cerca de 48 horas para "varrer" todo o território) poderá originar bons acumulados, sendo que a frente passará por vários períodos de enfraquecimento e fortalecimento, pelo que a distribuição poderá não ser totalmente democrática.

Distribuição da precipitação ECMWF:

fXDiS.gif


Distribuição da precipitação GFS:

7s2mB.gif


Ainda há algumas diferenças entre os dois modelos, o ECMWF desloca a frente menos lentamente para leste do que o GFS, estando esta já em Espanha na sexta feira. Ainda há bastantes diferenças sobre os acumulados de precipitação em cada região, tem variado muito de saída para saída, pelo que os valores acima não deverão ser os definitivos (até porque ECMWF e GFS têm valores bastante diferentes em muitos locias).

Nota-se em ambos os modelos um pós frontal relativamente interessante no litoral norte, podendo aí ocorrer alguma trovoada e queda de granizo. Ao contrário do que o IM prevê, não acredito em cotas abaixo de 2000 m na quarta feira, já no pós frontal, na quinta feira, a cota pode descer para cerca de 1400 m.

Após a passagem da frente deveremos entrar num regime de convecção, com aguaceiros e trovoadas generalizadas, a começar no sábado e de duração incerta, devido à aproximação do ar frio em altitude ao continente. O GFS prevê que dure até segunda, o ECMWF mantém-na até ao fim da simulação. A precipitação prevista, principalmente pelo ECMWF, é bastante considerável, não esquecendo que a modelação da precipitação em fenómenos convectivos, a tão larga distância temporal, reveste-se sempre de grande incerteza.

Cavado e cut-off após a passagem da frente - GFS:

QO7ei.gif
 

Vince

Furacão
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23 Jan 2007
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Sem dúvida interessante a situação dos próximos dias, não só a ciclogénese explosiva a norte da PI e respectiva frente que chegará aqui, como o longo cavado que se forma depois que desce imenso de latitude, com o Jet polar praticamente a fundir-se com o Jet subtropical também acelerado (situação que parece explicar a reactivação e/ou intensificação da frente a sul, mas muito provavelmente a beneficiar mais Espanha)
Depois de um Inverno de má memória, é bom ver este dinamismo e agitação na atmosfera, a ver se é desta vez que saímos finalmente desta seca. Pelo menos a atmosfera parece levar um bom "abanão" neste evento. É sempre bom ver estes mergulhos do Jet tão para sul quase até às Canárias, são uma espécie de tentativa de "partir a loiça toda". O final deste mês e o início de Maio talvez possam vir a ser interessantes por cá. Vamos aguardar.

Animação do Jet (vento aos 300hPa)

2rwm6jd.gif
 

stormy

Super Célula
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7 Ago 2008
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Por pouco não vejo uma situação similar à de 16NOV2009, neste caso o momento da rotação da frente pode ficar mais a Sul.

É uma situação interessante..nomeadamente no caso de haver convecção inserida na frente e nas linhas de instabilidade associadas ao cavado e ao pantano depressionario a oeste.
Quanquer convecção que rebente terá á partida uma atmosfera razoavelmente instavel e com shear muito forte devido á sobreposição em altura de um forte jet stream....

Para esta analise convectiva mais precisa precisamos de esperar mais uns 2 dias...mas para já os nossos amigos Espanhóis parecem bastante animados quanto á possibilidade de convecção organizada quer pré frontal, quer pós frontal ou mesmo inserida na frente:thumbsup:
 

CptRena

Nimbostratus
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16 Fev 2011
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Gafanha da Encarnação, Aveiro
A temperatura em altitude só influencia a cota de neve caso se deem movimentos verticais com transporte de ar frio para niveis mais baixos, aquando da precipitação, caso contrario não tens neve á mesma...
O que diz o cptRena é mais que verdade, mas implica uma atmosfera média muito seca, para que se tenha o tal arrefecimento evaporativo, e é esse o mecanismo principal quando há precipitação no Inverno com fluxo de NE ou E á superficie...mesmo com temperaturas positivas a 850hpa o ar é muito seco nos niveis baixos o que te causa o abaixar significativo da cota mesmo com pouco ar frio quer em altitude ou á superficie.

Nesta situação de 4f/5f não me parece razoavel uma previsão de cotas 1200m, porque para alem de teres uma atmosfera humida com pouco frio em altura, tens uma entrada de ar muito quente e humido nos niveis baixos, com dewpoints perto dos 13-15ºC....nessas condições a instabilidade é forte e há uma grande libertação de calor latente dentro dos sistemas convectivos, que aquece os nives medios muitas vezes ainda mais do que os modelos preveem.

Lá para 6f/sab já poderá haver uma cota mais baixa com a passagem da frente e a ocorrencia de intabilidade no seio de ar muito mais frio e seco em altura...mas ainda não podemos ter certezas pois os modelos andam muito pouco consistentes quanto á evolução do cavado que nos vai afectar a partir de 5f.

De assinalar para já temos a precipitação muito forte associada á depressão cavada a NW, que vai afectar essencialmente o N e litoral centro, entre 3f e 4f, tambem merece atenção o vento, tambem no norte e litoral centro e a ondulação em todo o litoral oeste.
O vento terá o seu maximo na manhã de 4f, com velocidades na ordem dos 30 a 40kts ( 50-60km.h) com rajadas de até 80-95km.h no litoral NW e terras altas do norte e centro.

É sempre um gosto ler estas explicações tão bem fundamentadas do stormy. :thumbsup:
Eu analisei o skew-T para a Guarda e na quarta-feira previa-se alguma secura ali nos 750hPa. Aproximadamente 40% de HR pela madrugada. Foi isso que também me impulsionou a escrever sobre os factores que contribuem para a formação dos flocos.

skewguarda034.gif

CliM@UA ©2010 - Grupo de Meteorologia e Climatologia da Universidade de Aveiro
 

stormy

Super Célula
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7 Ago 2008
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Lisboa
Há qualquer coisa de estranho com os modelos...não preveem CAPE nenhum...acho estranho.
O facto de enfraquecerem o sistema frontal faz sentido, pois a cicrulação em altura toma uma forma meridional, sendo que a região de maior gradiente horizontal toma o sentido S-N, dai a frente perder actividade reorganizando-se mais tarde segundo essa orientação.

Só que é estranho não haver quase nenhum CAPE na massa de ar pré e pós frontal, nem CAPE nem LI e mesmo os outros indices estão baixos.

Numa situação destas, com o jet muito forte sobre o território e um cavado tão vigoroso, eu esperaria que se formasse uma região activa de convergencia, com celulas e aglomerados convectivos a evoluir nessa area sob o jet...mas não há sinal disso...

E as condições em altura são boas...há humidade, shear...

Na minha opinião o dia de 4f será um dia essencialmente de precipitação estratiforme, forte no norte, e de vento por vezes muito forte no litoral norte e centro e nas terras altas...
Mas 5f, 6f e Sab parecia-me razoavel que os modelos colocassem muita actividade convectiva por todo o pais, mas especialmente forte no centro e sul....assim não sei...estou confuso...:confused:
 

Aurélio

Cumulonimbus
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23 Nov 2006
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A cada run que passa isto fica mais desinteressante, tirando o dia de Quarta a Norte e Centro não se vê nada de especial.
Muitos dias de chuviscos alternando com alguns aguaceiros moderados dispersos, sem qualquer manutenção de linhas de instabilidade.
Faz-me saltar á memória o outro "grande evento" que rendeu em 3/4 dias cerca de 2 mm por aqui.
Tomara que eu esteja enganado mas esta precipitação parece-me a cada run que passa (excepto Quarta) cada vez mais fraca !!
 

Snifa

Furacão
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16 Abr 2008
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Porto-Marquês:145 m Mogadouro:749 m
Bons dias,

avisos do IM já lançados por chuvas fortes, ventos e mar alteroso no Norte/Centro:

alertasdn.jpg


previsão para amanhã:

Previsão para 4ª feira, 25 de abril de 2012

Regiões do Norte e Centro:
Céu muito nublado.
Períodos de chuva, por vezes forte, que será de neve acima
dos 1200/1400 metros.
Vento fraco a moderado (10 a 30 km/h) de sudoeste, soprando
temporariamente moderado a forte (30 a 40 km/h) e com rajadas
até 70 km/h no litoral.
Nas terras altas, vento forte a muito forte (45 a 65 km/h) de
sudoeste com rajadas da ordem dos 95 km/h, tornando-se forte

(35 a 45 km/h) a partir do meio da tarde.

REGIÃO SUL:
Céu pouco nublado, tornando-se gradualmente muito nublado a
partir do início da manhã.
Períodos de chuva, a partir do meio da tarde, em especial no
alto Alentejo.
Vento em geral fraco (10 a 20 km/h) de noroeste, tornando-se
gradualmente moderado (20 a 35 km/h) de sudoeste a partir do
início da manhã.
Nas terras altas, vento forte (40 a 55 km/h) de sudoeste
com rajadas da ordem dos 70 km/h.
Pequena subida da temperatura mínima na região Norte.

GRANDE LISBOA:
Céu geralmente muito nublado.
Períodos de chuva, a partir do final da manhã.
Vento fraco a moderado (10 a 30 km/h) de sudoeste, soprando
temporariamente moderado a forte (30 a 40 km/h) e com rajadas
até 70 km/h.

GRANDE PORTO:
Céu muito nublado.
Períodos de chuva, por vezes forte.
Vento moderado (20 a 30 km/h) de sudoeste, soprando
temporariamente moderado a forte (30 a 40 km/h) e com rajadas
até 70 km/h.

Pequena subida da temperatura mínima.

ESTADO DO MAR:
Costa Ocidental: Ondas de oeste com 4 a 5 metros,
sendo ondas de noroeste 3 a 4 metros a sul do Cabo Raso.
Temperatura da água do mar: 14/15ºC
Costa Sul: Ondas de sudoeste com 1 a 1,5 metros.
Temperatura da água do mar: 16ºC

METEOROLOGISTAS: Madalena Rodrigues.

Actualizado a 24 de abril de 2012 às 6:49 UTC

http://www.meteo.pt/pt/otempo/previsaodescritiva/

Boa rega em perspectiva, em especial no Norte/Centro.:thumbsup:
 

Aurélio

Cumulonimbus
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23 Nov 2006
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Faro

Em 12 horas não é em 6 horas quando deixa de olhar para esses mapas e falar como eles realmente eles são, mapas de 12 horas e não de 6 horas



O que esses mapas mostram é uma precipitação cada vez mais residual, dispersa ou se quiseram localizada, e com menor intensidade.
Este evento apenas tem algum interesse devido ao facto dos eventos este ano serem rarissimos pois é uma situação completamente banal.
Como havia referido anteriormente a precipitação mais generalizada e mais intensa estaria pendente da criação de pequenos núcleos que de acordo com as ultimas runs já não existirão.
Salvo pequenas alterações de ultima desta vez nem será o GFS o vencedor, nem o ECM mas sim aqueles modelos a que nunca ligam nenhuma e que não a formação de nada ao largo de Portugal mas sim praticamente em cima de Portugal ou na PI !!

Esta situação seria mais interessante se como chegou a dar o ECM e o GFS existisse no fim de semana por exemplo a formação de uma depressão a oeste.
Esta depressão é igualzinha a uma outra que já tivemos que por acaso também era abrangendo os mesmos dias, com a mesma configuração final desta e que rendeu 2 mm por aqui.
Seja como for talvez o interior alentejano seja dos locais mais avantajados para a formação de alguma coisa no fim de semana !!
 

vitamos

Super Célula
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11 Dez 2007
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Estarreja
Aurélio:

Em 1º lugar acalmas-te poes os caps lock e agressividade de lado por favor.

Em 2º lugar há consenso generalizado nos modelos globais e mesoscalares e não existe alteração significativa de sinóptica de ontem para hoje. O IM lançou a sua previsão e os avisos estão colocados. Será um evento interessante com acumulados localmente muito significativo.

Em 3º lugar a tua análise é a mesma de sempre. É de um pessimismo cego, todos os eventos para ti são fiascos. Não existe um único em que o discurso mude.

Sugiro-te mais calma e reflexão e acima de tudo ler o que os modelos mostram e não adivinhar o que eles não mostram.
 

Aurélio

Cumulonimbus
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23 Nov 2006
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Faro
Aurélio:

Em 1º lugar acalmas-te poes os caps lock e agressividade de lado por favor.

Em 2º lugar há consenso generalizado nos modelos globais e mesoscalares e não existe alteração significativa de sinóptica de ontem para hoje. O IM lançou a sua previsão e os avisos estão colocados. Será um evento interessante com acumulados localmente muito significativo.

Em 3º lugar a tua análise é a mesma de sempre. É de um pessimismo cego, todos os eventos para ti são fiascos. Não existe um único em que o discurso mude.

Sugiro-te mais calma e reflexão e acima de tudo ler o que os modelos mostram e não adivinhar o que eles não mostram.

Vitamos:

1º lugar subsitituí o Caps Lock que até vê-se pior por bold;

2º lugar não existe mudança de sinóptica de ontem ás 12h para hoje ás 00h, mas ouve e imensa entre as runs das 00h e 12h de ontem;
Os acumulados só poderão ser localmente significativos no Norte e parte do Centro na Quarta Feira;

3º lugar a minha análise é a mesma de sempre. É de um realismo cego, que vê mapas de precipitação como sendo de 12 horas e não de 6h (ECMWF). Os eventos não são um fiasco, quando olho para os modelos e vejo o que realmente dão, e não o que leio aqui, porque felizmente com o tempo aprendi a analisá-los e interpretá-los, e sei que um cavado tão grande mas sem pequenos núcleos depressionários não dão mais do que uns aguaceiros dispersos.

A minha calma é a mesma de sempre e leio aquilo que os modelos mostram no dia presente, e não adivinhar o que eles não mostram, ou seja um evento super interessante, quando não o é (à data e hora presente). Mas já foi, mas como sempre é sempre a tirar ....

Abraço,
 

Gerofil

Furacão
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21 Mar 2007
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Estremoz
Esta situação seria mais interessante se como chegou a dar o ECM e o GFS existisse no fim de semana por exemplo a formação de uma depressão a oeste.

Amigo Aurélio, a análise do estrangulamento do cavado (alinhamento sudoeste/nordeste) dará origem à formação de um centro de baixas pressões a sudoeste da Península Ibérica no Sábado, favorável a tempo instável e convectivo nas regiões do centro e sul durante o fim de semana. E, nessas situações, pode ocorrer 0 mm onde vive e 30 ou 50 mm a 5 quilómetros de onde vive.