Primavera é marca por baixas temperaturas
Neve na Suíça, frio recorde na Holanda, déficit de radiação solar na França e na Alemanha. A Europa enfrenta neste final de maio, em plena primavera, condições meteorológicas para inverno nenhum botar defeito. O clima invernal no oeste europeu é resultado de uma frente fria que veio do norte do continente e já dura três semanas. Enquanto isso, no leste, temperaturas amenas deixam romenos e russos mais aquecidos. "O frio atinge Londres, Amsterdã, Frankfurt, Paris...", enumera Olivier Proust, meteorologista da Météo France, para quem o clima atual é "excepcional" em razão da combinação de diferentes fatores: chuvas fortes, déficit de sol e temperaturas invernais.
A duração da frente fria incomoda. "É o que chamamos de um bloqueio meteorológico, com uma vasta área de depressão presa no norte da Europa, que leva o vento e traz frio para a estação", detalha Proust. Na manhã desta sexta-feira foram registrados meros 3,7°C em Paris, a menor temperatura num dia 24 de maio desde 1887. Na França, a média das temperaturas registra uma baixa de 5 a 6°C. Alguns locais chegam a ter uma queda de 10°C nos padrões da estação. A Holanda teve na quinta-feira as temperaturas mais baixas já registradas num 23 de maio desde que as medições começaram a ser feitas, em 1901.
Mais ao sul, mesmo as temperaturas um pouco mais elevadas não mostram os ares primaveris. Milão registrou 7°C; Bergamo, 6°C. "Na mesma época do ano passado já fazia 30°C", diz Judith Jaquet, do Centro Meteorológico Epson. Na Alemanha, por exemplo, o mês de maio não é particularmente frio, mas "o que é surpreendente é a pouquíssima irradiação solar, que caiu pela metade em relação ao normal", explica a porta-voz do Serviço Meteorológico da Alemanha, Uwe Kirsche.
Na Bélgica, onde as temperaturas médias estão 2°C abaixo do normal, o sol brilhou até o momento por 89 horas, contra uma média de 191 de predominância do sol para um mês de maio normal, lembrou na quinta-feira um meteorologista do Instituto Real Meteorológico, Fabian Debal. A mesma coisa acontece no leste da França, onde nunca tinha sido registrado uma presença tão baixa do sol nos cinco primeiros meses do ano. Na cidade de Dijon, foram em média menos de três horas por dia de céu claro.
A chuva foi outra convidada inesperada neste mês de maio. Na semana passada as precipitações atrapalharam os primeiros dias do Festival de Cannes e na próxima semana é o torneio de Roland Garros que deve ser a vítima. Na Bélgica é preciso ir até 1984 para encontrar um mês de maio tão chuvoso. A Noruega teve chuvas tão fortes nos últimos dias que, combinadas ao degelo das montanhas, provocou enchentes devastadoras. Na Suíça, até a neve que parecia ter ido embora voltou com tudo nesta sexta-feira.
De acordo com a meteorologia francesa, neste final de semana o frio deve dar uma leve trégua ao continente europeu, mas nada de muito definitivo para os próximos dez dias. Enquanto isso, no leste, o céu deve ser muito mais azul. Nesta sexta-feira a temperatura mínima esperada era de 12°C em São Petersburgo -- a máxima em Paris não deveria passar dos 10°C. Com 30°C de dar inveja a qualquer europeu do oeste, os romenos aproveitaram para ir à praia. Na Grécia, os belos dias de sol já trazem outra preocupação: a falta de chuvas, que deixa o país em estado de alerta por conta dos incêndios típicos de verão. (AFP)
Jornal Cruzeiro do Sul