Sistema de detecção de incêndios 'made in' Portugal
Fonte: DN
O ano de 2003, em que ardeu uma mancha verde recorde de 425 mil hectares, foi devastador para as florestas portuguesas. Mas, por isso mesmo, esse foi também o ano do click para os investigadores Pedro Vieira e João Matos, que se propuseram a si mesmos um desafio: conceber um sistema automático de detecção rápida de incêndios.
Quatro anos depois, o Forest Fire Finder, ou F3, está aí. É um novo sistema de alta tecnologia made in Portugal, deu origem a uma patente e a sua eficácia, já testada no terreno, pode fazer a diferença para o ataque rápido a um incêndio. E é por isso que o F3 está a entusiasmar produtores florestais, autarcas e decisores políticos, "cá dentro e lá fora", como garante João Matos, um dos "pais" deste novo sistema. Uma associação florestal da região da Chamusca já tem o F3 funcionar no terreno.
Um dos factores decisivos no combate a um incêndio é a rapidez de actuação. Sabe-se que uma diferença de apenas oito minutos na chegada de meios de intervenção é também a diferença entre um pequeno ou um grande fogo. Daí a importância de um sistema eficaz de detecção precoce de focos de incêndio. E o caminho óbvio, sublinha João Matos, "era desenvolver um sistema de detecção automática".
A ideia em si não era nova. "Durante um ano avaliámos o que havia no mercado, e existiam alguns, como câmaras de vigilância, pequenos aviões, câmaras térmicas, sistemas de laser", lembra João Matos, sublinhando que todos "tinham um índice alto de falsos alertas". Tratava-se, portanto, de desenvolver uma coisa nova e muito fiável.
Por exclusão de partes, João Matos e Pedro Vieira acabaram por chegar ao seu ovo de Colombo: um sistema de análise química da atmosfera para detecção de fumo. "Percebemos que era a única possibilidade e, além do mais, não existia em lado nenhum".
Colegas do curso de Engenharia Tecnológica da Faculdade de Ciências de Lisboa, João Matos e Pedro Vieira, hoje com 39 e 40 anos respectivamente seguiram percursos diferentes. O primeiro fez uma empresa de informática, o segundo seguiu a via académica, na Universidade Nova. Este projecto, que foi desenvolvido em colaboração com esta universidade, acabou por dar origem a uma nova empresa para desenvolvimento de produtos de alta tecnologia. O F3 é o primeiro.
Cada unidade base deste sistema cobre um raio de 15 quilómetros, o que se traduz em 700 quilómetros quadrados, ou 70 mil hectares. Nesta altura João Matos e Pedro Vieira estão em negociações com vários países para fornecimento do sistema F3. Chile, Itália, algumas regiões autónomas de Espanha, França e Dubai são alguns dos interessados em instalá-lo.
Fonte: DN