Esse ano de 1997 foi em Portugal o mais quente de sempre, começou logo em janeiro nos primeiros dias com grandes nevões um pouco por todo o país mas com maior incidência no interior norte e centro, tendo nevado a cotas baixíssimas. Seguiram-se um fevereiro extremamente quente e um dos mais secos de sempre, depois um março brutalmente quente e o mais seco de sempre, e um abril também ele excecionalmente quente, a primavera de 1997 foi a mais quente de sempre. Depois veio um período entre abril e outubro com trovoadas bem severas nalguns locais, o verão desse ano, ao contrário de outros verões mais recentes, foi recheado desses fenómenos. Seguiu-se então o célebre outono, que não foi nada simpático (em termos de bom tempo) com o nosso país. Nos meses de outubro, novembro e dezembro, sobretudo os dois primeiros, todo o país mas principalmente o sul foram assolados por temporais que causaram rastos de destruição. O pico desses temporais deu-se no dia 5 de novembro, com uma ciclogénese explosiva a varrer literalmente o Alentejo, em que Beja registou em poucas horas um acumulado superior a 100 mm, sendo ainda hoje o recorde da estação, tendo provocado a morte a 11 pessoas na sequência de cheias e destruição de habitações provocada pelo temporal. Em Badajoz foi ainda pior: 140 mm em poucas horas e 21 mortos. Se há anos em que a pasmaceira predomina, esse 1997 foi pródigo em acontecimentos.