Seguimento Rios e Albufeiras - 2016

StormRic

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23 Jun 2014
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Póvoa de S.Iria (alt. 140m)
Sábado às 23h59 estava nos 60%. Domingo às 23h59 estava nos 83% e minutos depois começaram as descargas, tal era o volume de entrada (certamente superior a 2000m3/s).
Segunda às 23h59, mesmo com as descargas a barragem terminou nos 97%. O que significa que ainda assim o caudal de entrada foi superior ao de saída.

As descargas deviam ter começado mais cedo, não ao fim do Domingo, e assim o volume de descarga não teria subido tão alto. Terá mesmo sido tida em conta a previsão de precipitação? Estariam mesmo a ser monitorizadas as quantidades que estavam a caír? Estavam em contacto permanente com o IPMA? Têm monitorização a montante nos afluentes? Claro que são perguntas que não terão resposta. Também não sabemos qual a margem de risco assumida e se essa margem depende só de critérios físicos ou também de critérios económicos.
 


AnDré

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22 Nov 2007
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Odivelas (140m) / Várzea da Serra (930m)
Concordo que o assoreamento do rio Mondego agrava o problema das cheias, e isso foi referido pelo presidente da CMC. Toda a gente sabe que o rio está cheio de areia, há zonas onde água dá pelos joelhos e tem causado também vários problemas ao Basófias.
Este problema arrasta-se há mais de 10 anos, desde os tempos do ex-INAG, actual APA, já foi promessa de ministros, já foram feitos diversos estudos e continua sem resolução. E estamos a falar de uma obra que há uns anos, agora se calhar não, ficava paga apenas com a venda da areia retirada do rio.

Notícia de 2005: Ó da Barca alerta para assoreamento no rio Mondego
2006: Cordão humano alerta para assoreamento do rio
2007: Assoreamento do Mondego ameaça inundar cidade
2013: Desassoreamento do Mondego dependente de alguém que compre areia do rio
2014: Assoreamento do rio limita o Basófias

Mas numa coisa o presidente da CMC tem razão, a EDP é que deveria realizar o desassoreamento do rio, pois a taxa hidrica que se paga tem de servir para alguma coisa.

Não estou a ver a ligação do assoreamento com a EDP. O Açude é uma hídrica?
De quem é a responsabilidade do Açude? Não é ele que faz o bloqueio aos sedimentos do rio e consequente assoreamento?
 

jonas_87

Furacão
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11 Mar 2012
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.
Visita à albufeira da Mula, em Sintra-Cascais, para monitorizar o nível, uma vez que deixou de se poder consultar on-line desde há anos.

O nível ontem, 13/01, estava em 8,06 m aproximadamente, quase 5 metros abaixo do nível máximo da escala e portanto do descarregamento automático. É um nível de verão.
Ficam as fotos. Mais fotos e sobre as outras reservas da serra irei pôr no tópico específico.

2TUL0a3.jpg


9CPtr97.jpg


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Boas fotos!
Esse tubo é do ribeira da mula, certo?
Só corria isso? :shocking: Incrivel...
Interessante como há muito mais água a escassos kms a Este.
 

DaniFR

Cumulonimbus
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21 Ago 2011
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Coimbra
Sobre essa percentagem de armazenamento de energia, gerida para a produção eléctrica (EDP), relembro que Sábado às 23h59 estava nos 60%. Domingo às 23h59 estava nos 83% e minutos depois começaram as descargas, tal era o volume de entrada (certamente superior a 2000m3/s).
Segunda às 23h59, mesmo com as descargas a barragem terminou nos 97%. O que significa que ainda assim o caudal de entrada foi superior ao de saída.
Deduzo que de Sábado para Domingo não fizeram quaisquer descargas. Parece-me que o erro foi terem começado a descarregar tão tarde, deveriam tê-lo feito assim que a barragem atingisse os 70% tendo em conta a precipitação que tinha sido registada bacia hidrográfica do Mondego e a que ainda estava prevista para essa noite.

Mas a questão vai muito para além disso. Pergunto, como é que se projecta um Parque Verde para um caudal de 750m3/s, quando o caudal do rio Ceira - rio sem qualquer controlo, apresentou um caudal de 400m3/s? Bastava a Aguieira estar em produção que somando ao caudal do Ceira atingia esses 750m3/s. E sem contar com outros ribeiros afluentes e o escoamento urbano.

Aliás, às 21h de Domingo, ainda antes de qualquer descarga da Aguieira, já o DaniFR comentava que o Mondego já tinha galgado as margens em Coimbra...
Uma coisa é inundar as esplanadas e chegar à porta dos restaurantes, que tem sido habitual nos últimos anos, e é normal porque as esplanadas estão 30cm abaixo do nível dos restaurantes e apenas 50cm acima do nível normal do rio, outra coisa foi o nível que a água atingiu desta vez. Desde que o Parque Verde do Mondego foi inaugurado, em 2004, foi a primeira vez que a águas chegou ao estacionamento.
Principalmente em Santa Clara, na margem esquerda, há muito tempo que não se via uma cheia destas. O Mosteiro de Santa Clara-a-Velha foi recuperado em 2009, e por estar abaixo do nível do rio tem 4 bombas a tirar água permanentemente, e desde a reabertura em 2009 nunca tinha ficado inundado.

Não estou a ver a ligação do assoreamento com a EDP. O Açude é uma hídrica?
De quem é a responsabilidade do Açude? Não é ele que faz o bloqueio aos sedimentos do rio e consequente assoreamento?
Julgo que seja responsabilidade da APA, assim como o desassoreamento do rio.
 

AnDré

Moderação
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22 Nov 2007
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Odivelas (140m) / Várzea da Serra (930m)
As descargas deviam ter começado mais cedo, não ao fim do Domingo, e assim o volume de descarga não teria subido tão alto. Terá mesmo sido tida em conta a previsão de precipitação? Estariam mesmo a ser monitorizadas as quantidades que estavam a caír? Estavam em contacto permanente com o IPMA? Têm monitorização a montante nos afluentes? Claro que são perguntas que não terão resposta. Também não sabemos qual a margem de risco assumida e se essa margem depende só de critérios físicos ou também de critérios económicos.

Deduzo que de Sábado para Domingo não fizeram quaisquer descargas. Parece-me que o erro foi terem começado a descarregar tão tarde, deveriam tê-lo feito assim que a barragem atingisse os 70% tendo em conta a precipitação que tinha sido registada bacia hidrográfica do Mondego e a que ainda estava prevista para essa noite.

Uma coisa é inundar as esplanadas e chegar à porta dos restaurantes, que tem sido habitual nos últimos anos, e é normal porque as esplanadas estão 30cm abaixo do nível dos restaurantes e apenas 50cm acima do nível normal do rio, outra coisa foi o nível que a água atingiu desta vez. Desde que o Parque Verde do Mondego foi inaugurado, em 2004, foi a primeira vez que a águas chegou ao estacionamento.
Principalmente em Santa Clara, na margem esquerda, há muito tempo que não se via uma cheia destas. O Mosteiro de Santa Clara-a-Velha foi recuperado em 2009, e por estar abaixo do nível do rio tem 4 bombas a tirar água permanentemente, e desde a reabertura em 2009 nunca tinha ficado inundado.

Será que o IPMA avisou a EDP que iam cair 100l/m2 na bacia do Mondego? Ehehe! Estou a brincar. Mas isto agora vai ser o jogo do empurra.
Para mim é ponto assente que a Aguieira, pela função de prevenção de cheias que tem, não devia, nos meses de inverno exceder os 70% de armazenamento total. Ou seja, uns 40% de armazenamento eléctrico. E era isso que estava no início de Janeiro.
Entretanto choveu, e acredito que, vindos de uma seca, quisessem aproveitar para encher um pouco a barragem por prevenção. Só que o caudal foi muito superior ao que deviam estar à espera, e o prevenir de um lado, não preveniu do outro. O resultado já o conhecemos.

Agora, culpar única e exclusivamente a EDP parece-me injusto.
Até porque está visto que estamos a falar de obras que inundaram em leito de cheia. E para agravar a situação, parece que já em 2013 havia 3 milhões de metros cúbicos de areia naquela zona, que foram ignorados. (E com tantas praias a precisar de areia... É mais fácil ir buscá-la a Marrocos. eheh!)

É que 1400m3/s de água a passar em Coimbra, não me parece um valor tão extraordinário assim.
Como seria se tivéssemos um inverno chuvoso como 2000-2001?
 

dahon

Nimbostratus
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1 Mar 2009
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Viseu(530m)
Eu sabia que já tinha lido qualquer coisa sobre alguns problemas no Rio Ceira. Se calhar também é uma situação a rever.

31/01/2015

Dez casas inundadas em Coimbra junto ao rio Ceira

Cerca de dez habitações foram hoje inundadas ao nível do rés-do-chão na povoação do Cabouco, concelho de Coimbra, devido à subida das águas do rio Ceira, informou uma fonte do Comando Distrital de Operações de Socorro (CDOS ).

A cheia, que também afecta a via pública naquela aldeia da freguesia de Ceira, teve origem num “problema técnico” ocorrido durante a noite na barragem do Alto Ceira, no concelho da Pampilhosa da Serra, relacionado com a gestão dos caudais deste afluente do Mondego, disse a fonte à agência Lusa.

Não há feridos a registar, mas a subida do nível da água “causou danos numa dezena de casas”, adiantou. O alerta para o problema foi comunicado às autoridades cerca das 08:00.
Encontravam-se pelas 11:00 no local 15 operacionais dos Bombeiros Sapadores e Voluntários de Coimbra, apoiados por cinco viaturas, além de elementos da GNR.

fonte

Rutura de conduta teve contributo «marginal» para a cheia do rio Ceira

Conclusão é da Proteção Civil que informou que o incidente se deveu essencialmente à forte precipitação na região de Coimbra

A Proteção Civil informou esta segunda-feira que a inundação no sábado passado no Cabouco, Coimbra, ocorreu devido à precipitação «muito forte», considerando que a rutura de uma conduta entre barragens teve um «contributo marginal» para a cheia.
(...)
Também no sábado passado, a EDP disse à Lusa que a chuva foi a causa da cheia do rio Ceira, considerando que o impacto da rutura da conduta foi «residual».
 
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DaniFR

Cumulonimbus
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21 Ago 2011
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Coimbra
A maior cheia desde que há Parque Verde

A cheia de 11 de janeiro foi a maior e mais devastadora desde que existe o Parque Verde do Mondego. Nos bares e no restaurante das “docas”, a água subiu mais de um metro.

Os prejuízos deverão ascender a largas dezenas de milhares de euros.

Desde 27 de janeiro de 2001 que não se via uma subida das águas como a que agora ocorreu.

Na altura, o caudal máximo instantâneo, registado no açude-ponte foi de 1910,7 m3/s – ainda assim bem mais alto do que os 1470 m3/s da passada segunda-feira… embora muito abaixo da situação vivida em 1948, quando o caudal natural do rio (não havia açude) atingiu os 4000 m3/s.

Diário As Beiras
 

andre21

Cirrus
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15 Jan 2016
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porto
Já que se fala em excesso de água, vou atirar umas achas para a fogueira.

Não percebo nada do tema principal deste fórum, mas sendo da área da energia, quando à estes picos de chuva costumo vir espreitar o fórum.

No que toca à produção de energia, ao contrário do que pensa a maioria das pessoas a EDP não lucra assim tanto quando vem estas chuvadas. É muito melhor uma chuva mais espaçada no tempo, isto porque:
  • Muita chuva e muito vento, significa energia muito barata no mercado. Se formos ver os diagramas que aqui colocam, a produção renovável é superior ao consumo. Muitas das centrais térmicas continuam a produzir energia (provavelmente a um custo superior à venda) pois a sua paragem\arranque é muito lento e dispendioso. Embora as novas centrais a gás, já permitam uma redução muito significativa da potência, nunca podem parar, pois quando para o vento e reduz a água, elas não arrancam em tempo útil para alimentar a nossa rede. Nesta função temos habitualmente o alto lindoso, é um pouco o "bombeiro da rede", pois de parado à produção (não sei se na potência máxima) são 90 segundos).
  • Numa barragem de grande queda esta questão tem menor importância. Mas numa barragem como temos várias no Douro de baixa queda, Crestuma, Régua, Carrapatelo, a energia produzida quando temos a barragem a efetuar descargas é muito menor, pois a cota a jusante sobe bastante, e os grupos ficam "afogados", pois diminui a já reduzida queda de água, o que exerce menos força nas turbinas e assim menos energia produzida.
Não quero de forma alguma desculpar possíveis erros de gestão das barragens (não sei quem controla isso), tinha ideia (errada?) que era um organismo externo à EDP. Sei que pelo menos as eclusas de algumas barragens são operadas pela EDP, no entanto as embarcações pagam a "portagem" a uma entidade, que depois apenas paga uma remuneração à EDP para manter o sistema operacional.

Continuem com os debates e as vossas analises, pois com o conhecimento que tenho da área elétrica ajudam-me a perceber melhor o funcionamento deste sistema.
 

AnDré

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22 Nov 2007
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Odivelas (140m) / Várzea da Serra (930m)
  • Numa barragem de grande queda esta questão tem menor importância. Mas numa barragem como temos várias no Douro de baixa queda, Crestuma, Régua, Carrapatelo, a energia produzida quando temos a barragem a efetuar descargas é muito menor, pois a cota a jusante sobe bastante, e os grupos ficam "afogados", pois diminui a já reduzida queda de água, o que exerce menos força nas turbinas e assim menos energia produzida.

Isso nota-se particularmente na Régua. Tabela de 5ªfeira, para exemplificar.

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Apesar do grosso caudal do Douro, a barragem da Régua só conseguiu produzir a uma potência máxima de 97MW, quando estão instalados 158MW.
De qualquer forma o índice de produção das barragens do Douro está altíssimo. Quase um terço da energia eléctrica consumida na 5ªfeira foi produzida nas barragens do Douro e foz do Tâmega - Torrão.
 

StormRic

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23 Jun 2014
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Póvoa de S.Iria (alt. 140m)
Esse tubo é do ribeira da mula, certo?
Só corria isso? :shocking: Incrivel...

Este tubo é de uma linha de água afluente que desce da Tapada do Saldanha.

Já agora fica aqui o vídeo a mostrar o estado da Ribeira da Mula no dia 13, não só relativamente à quantidade de água, mas também o estado caótico da flloresta ao longo da linha. Quando houver uma enxurrada a sério o material lenhoso que irá parar à albufeira pode causar problemas. Penso que nunca foi feita uma filmagem da Ribeira da Mula em enxurrada, é impressionante, são vários metros de altura de água que levam árvores inteiras e tudo à frente.



(vídeo até 4k)
 

Gerofil

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21 Mar 2007
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Estremoz
Autoridades do Norte pedem maior cooperação a Agência do Ambiente para prevenir cheias

Vários representantes de autoridades da região Norte apelaram hoje à Agência Portuguesa do Ambiente (APA) para que haja maior comunicação com as entidades a nível local para prevenir estragos causados por eventuais cheias. Na primeira sessão de apresentação dos Planos de Gestão de Riscos de Inundações (PGRI), no caso o referente à região Norte, que decorreu na Casa do Infante, no Porto, o ponto mais discutido foi o da situação de cheias do fim de semana de 09 e 10 de janeiro, na sequência das quais o vereador da Proteção Civil da Câmara Municipal do Porto, Manuel Sampaio Pimentel, disse que "50% dos sensores [de deteção de cheias]" não estiveram operacionais.
O responsável da APA na região Norte, Pimenta Machado, ecoou a resposta da agência na altura, que garantiu que "todas as estações de monitorização relevantes para emitir alertas hidrológicos" sobre o caudal do rio Douro estavam operacionais durante as últimas cheias no Porto.

Destak/Lusa | destak@destak.pt
 

DaniFR

Cumulonimbus
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21 Ago 2011
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Coimbra
Ordem dos Engenheiros aceita rever sistema de alerta de cheias

O Ministério do Ambiente anunciou hoje que a Ordem dos Engenheiros aceitou o convite do ministro João Pedro Matos Fernandes para rever o sistema de alerta de cheias no Rio Mondego.

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"Esta decisão surgiu após a reunião desta tarde, na Câmara Municipal de Coimbra, que contou com representantes de todas as entidades envolvidas na gestão e avaliação das cheias ocorridas entre 9 e 11 de janeiro", refere um comunicado da tutela.

Segundo a nota, os estudos terão início na próxima semana e o relatório preliminar deve estar concluído dentro de um mês, embora o documento final só esteja terminado dentro de três meses.

No encontro de hoje, em que participaram o ministro e o secretário de Estado do Ambiente, foram avaliados os aspetos hidrológicos, as medidas de prevenção e minimização e a articulação entre as diversas estruturas envolvidas.

Na quarta-feira, a Comunidade Intermunicipal da Região de Coimbra (CIM/RC) exigiu a modernização urgente do sistema de alerta de cheia na sequência das inundações registadas entre 09 e 11 de janeiro com a subida das águas do rio Mondego.

Em Coimbra, o Mosteiro de Santa Clara-a-Velha e a zona de acesso ficaram inundados, assim como as esplanadas do Parque Verde e outros estabelecimentos comerciais nas duas margens do rio.

A subida das águas, devido ao aumento da pluviosidade e das descargas da barragem da Aguieira, provocaram também inundações em Soure, Montemor-o-Velho e Figueira da Foz.

fonte