Urso-pardo de volta a Portugal?

Kodiak

Cumulus
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7 Fev 2009
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Re: Urso-pardo de volta à Peneda Gerês?

Caro Belem,

Não vou por aí. Gosto muito de ambas as regiões, apesar das diferenças: o Gerês eurosiberiano e o Montesinho mediterrânico.

Uma sugestão: Situação Populacional do lobo em Portugal, resultados do Censo nacional 2002/2003, relatório técnico ICN.
 


Kodiak

Cumulus
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7 Fev 2009
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Re: Urso-pardo de volta à Peneda Gerês?

Caro Trevinca,

De facto a distribuição da cabra evolui ao longo dos tempos com regressões e extinções em algumas áreas. E o desaparecimento da cabra em Cabrera (curioso, o nome) deve ser um exemplo. Pena que o tal investigador não a tenha estudado para verificar a que subespécie pertencia. Seria a lusitanica? É bem possível que sim. Estranho é o facto da cabra do Gerês ter resistido, enquanto desapareciam outras, em montanhas mais agrestes e isoladas, como os Picos da Europa. Mas mais estranho é a extinção da subespécie pyrenaica, nos Pirinéus, em tempos tão próximos. Como foi possível? Eu tenho as minhas suspeitas.
 

belem

Cumulonimbus
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10 Out 2007
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Re: Urso-pardo de volta à Peneda Gerês?

Caro Belem,

Não vou por aí. Gosto muito de ambas as regiões, apesar das diferenças: o Gerês eurosiberiano e o Montesinho mediterrânico.

Uma sugestão: Situação Populacional do lobo em Portugal, resultados do Censo nacional 2002/2003, relatório técnico ICN.

O Montesinho não é só mediterrânico ( embora esteja inserido nessa região biogeográfica), também tem microclimas húmidos de montanha, tem um dos maiores carvalhais contínuos da Península e possivelmente até da Europa ( alguns explorados, mas quase nunca percorridos, pois os carvalhos não necessitam praticamente de cuidados), existem numerosos cursos de água mesmo no pino do verão e a vegetação permanece bastante viçosa em numerosos locais.
O Censo Nacional do lobo 2002/2003 não diz qual o local que tem mais importância para o lobo. Essencialmente, menciona a existência de 2 subpopulações de lobo: Uma mais estável a norte do Douro e outra muito mais ameaçada a Sul do Douro.

http://portal.icnb.pt/ICNPortal/vPT2007/O+ICNB/Estudos+e+Projectos/Lobo2.htm?res=1280x960#lobo1


E já agora, obrigado pela referência. :thumbsup:
 

trevinca

Cirrus
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8 Mar 2009
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Re: Urso-pardo de volta à Peneda Gerês?

Estimados amigos:

Os livros que pides do século XIX soan dificeis de obter. No entanto hay algunhas reediciós:

1º. "Crónica de la Provincia de Orense", de Fernando Fulgosio. fai clik aquí: http://www.maxtor.es


2º. Do "Diccionario Geográfico, Histórico y Estadístico"de Pascual
Madoz, non hay reedicios modermas. Porém debes consultar as bibliotecas do estado de Galiza ou Salamanca, por exemplo.


3º. O livro de Grande del Brío: Aqui fai clik: http://www.amarúediciones.com


O "Tigre" é un nome antigo de lince, ainda empleado nos séculos XVIII é XIX na Galiza e no norte de España.

Urso en Entrimo no 1972? Eu creio que era o urso polas explicacios da persona comentada. Non esquezo que coñezo homes que viron ursos direitamente nos anos 50 e 60 na área.


Deica loco, de novo.
 

Kodiak

Cumulus
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7 Fev 2009
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Re: Urso-pardo de volta à Peneda Gerês?

Caro Belem,

O portal do ICNB pouco diz. É apenas um resumo da publicação. A publicação é muito detalhada. Vale a pena.
Eu sei que Montesinho tem microclimas húmidos. Quando me referi aos termos eurosiberiano e mediterrânico, apenas queria dizer que o Gerês se insere na região biogeográfica Eurosiberiana (tal como a Cordilheira Cantâbrica) e Montesinho na região Mediterrânica, com todas as diferenças que existem entre uma e outra. Mas o Gerês, apesar disso, também apresenta na sua vertente sul microclimas de feição mediterrânica, tal como alguns locais da vertente sul da referida cordilheira.
 

Kodiak

Cumulus
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7 Fev 2009
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Re: Urso-pardo de volta à Peneda Gerês?

Caro Trevinca,

Estamos sempre a aprender. Liberne, gato-cravo e outros nomes já conhecia: mas, chamarem-lhe tigre?
De facto, o lince, extinto provavelmente nesta região em meados do século XIX, era muito abundante no século XVIII. Sabes dizer-me de que época são os últimos relatos do lince no Xurés? No Gerês chamava-se lobo-cerval (ao lobo chamavam-lhe também lobo asnal).
Conheces homens que viram ursos na região nos anos cinquenta? Na região do Xurés?
 

belem

Cumulonimbus
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10 Out 2007
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Re: Urso-pardo de volta à Peneda Gerês?

Caro Belem,

O portal do ICNB pouco diz. É apenas um resumo da publicação. A publicação é muito detalhada. Vale a pena.
Eu sei que Montesinho tem microclimas húmidos. Quando me referi aos termos eurosiberiano e mediterrânico, apenas queria dizer que o Gerês se insere na região biogeográfica Eurosiberiana (tal como a Cordilheira Cantâbrica) e Montesinho na região Mediterrânica, com todas as diferenças que existem entre uma e outra. Mas o Gerês, apesar disso, também apresenta na sua vertente sul microclimas de feição mediterrânica, tal como alguns locais da vertente sul da referida cordilheira.

Caro Kodiak,

Tens o link desse estudo?
Acredito que valha a pena, por isso estou interessado.
Eu sei que Gerês e Montesinho são de diferentes regiões biogeográficas, pois acabei de o dizer.
Mas essas diferenças, não nos dizem muito sobre as capacidades de albergar lobos, ursos-pardos,etc ou não... O que essencialmente importa é áreas grandes com habitat natural disponível, longe de grandes centros urbanos e com muitas fontes de alimento.
 

belem

Cumulonimbus
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10 Out 2007
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Re: Urso-pardo de volta à Peneda Gerês?

Caro Trevinca,

Estamos sempre a aprender. Liberne, gato-cravo e outros nomes já conhecia: mas, chamarem-lhe tigre?
De facto, o lince, extinto provavelmente nesta região em meados do século XIX, era muito abundante no século XVIII. Sabes dizer-me de que época são os últimos relatos do lince no Xurés? No Gerês chamava-se lobo-cerval (ao lobo chamavam-lhe também lobo asnal).
Conheces homens que viram ursos na região nos anos cinquenta? Na região do Xurés?

Sinceramente já tinha ouvido chamarem tigre ao lince.
 

trevinca

Cirrus
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8 Mar 2009
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Re: Urso-pardo de volta à Peneda Gerês?

Estimado Kodiak:

Na Espanha: lince, lobo cerval, gato clavo, tigre, lubicán (Galiza).

Na zona de León, foi empleado por algunha persoa o término "tigre montés" que é mais apropiado.

¿Cándo desapareceu o lince do Xurés? Teño que repasar miñas notas. No entanto, no livro de DELIBES y RODRÍGUEZ sob o lince espanhol (publicado no 1990 polo ICONA), referen que o que fora Presidente da Federación da Caça Espanhola, o profesor Trigo de Yarto, veu unha piel dun lince na serra do Xurés, algo vella. Trigo de Yarto ainda vivía nos anos noventa.

Efectivamente, coñezo algunha persona que veu ursos direitamente nos anos 40 e 50, na área Xurés-Gerêz-Montalegre. Tamén guardias civiles que testemunhan que por aquel entao se veían ainda ursos na serra.

Boas noites.-
 

Kodiak

Cumulus
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7 Fev 2009
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Re: Urso-pardo de volta à Peneda Gerês?

Que é o caso de Montesinho e sobretudo do Gerês. O Gerês com o azar de ficar relativamente próximo de áreas urbanas mas a sorte de ser muito acidentado e não ter estradas pelo interior. Ainda hoje, por exemplo, tentei ascender ao Altar de Cabrões (1538 m) pela vertente norte mas voltei para trás devido às ladeiras escorregadias com neve e gelo. Conheces bem o Gerês? Aquele que só é possível fazer a pé? Não estou a falar do Gerês de Albergaria, Leonte ou Vilarinho das Furnas.
A publicação está à venda, creio, na loja do ICNB em Lisboa.
 

trevinca

Cirrus
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8 Mar 2009
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Re: Urso-pardo de volta à Peneda Gerês?

Estimados amigos:

O lince estaba ainda presente nas montanhas que facían fronterira con Trás-Os-Montes nos anos 60, segundo as referencias oficiais espanholas: "Servicio de Pesca Continental, Caza y Parques Nacionales". Anos 1967 ó 1968.
 

Kodiak

Cumulus
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7 Fev 2009
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Re: Urso-pardo de volta à Peneda Gerês?

Caro Belem,

O maior carvalhal de Quercus pyrenaica, situa-se na serra da Nogueira. Tem, ou tinha, aproximadamente 8.000 hectares.
Mas ao falar-se de carvalhais é preciso distinguir a espécie dominante. Os maiores carvalhais de Quercus robur de Portugal, os mais ricos de todos os carvalhais, do ponto de vista florístico e faunístico, estão do lado de cá. Os carvalhais de Quercus robur desta região albergam mais de uma centena de espécies desde o carvalho e o arando, as dominantes, ao teixo e ao azevinho, passando por uma enorme variedade de plantas. Existem ainda nesta região mais de 8000 teixos adultos alguns com datas próximas ou anteriores à fundação do nosso país. São impressionantes pelo porte e pela idade. E também pela raridade. Teixos iguais, só nas montanhas mais altas da Galiza, nas Astúrias e Pirinéus. Aqui existe o quarto azevinhal mais importante da Península e os últimos núcleos de pinheiro silvestre autóctone de Portugal, relíquia que sobreviveu ao aquecimento do clima, após a glaciação do Wurm. É claro que tudo isto tem a ver o meio, contribuindo de forma decisiva as condições do clima. E um meio destes permite a sobrevivência de importantes populações de predadores e de presas. E apesar das pressões existentes e das tentativas de transformar o Gerês num destino turístico qualquer, a fauna tem vindo a prosperar nos últimos anos, com excepção de uma ou outra espécie. Mas também te digo, que não sei o que é pior, se o turismo, que apesar de tudo é possível controlar, se os "palitos" que querem semear em Montesinho.
 

Kodiak

Cumulus
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7 Fev 2009
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Re: Urso-pardo de volta à Peneda Gerês?

Caro Trevinca,

Outra notícia importante. Consegues dizer-me em que locais? Ou pelo menos a referência exacta?

Recebi hoje resposta da livraria de Salamanca e o livro sobre Orense já está a caminho de Portugal.
 

belem

Cumulonimbus
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10 Out 2007
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Sintra/Carcavelos/Óbidos
Re: Urso-pardo de volta à Peneda Gerês?

Que é o caso de Montesinho e sobretudo do Gerês. O Gerês com o azar de ficar relativamente próximo de áreas urbanas mas a sorte de ser muito acidentado e não ter estradas pelo interior. Ainda hoje, por exemplo, tentei ascender ao Altar de Cabrões (1538 m) pela vertente norte mas voltei para trás devido às ladeiras escorregadias com neve e gelo. Conheces bem o Gerês? Aquele que só é possível fazer a pé? Não estou a falar do Gerês de Albergaria, Leonte ou Vilarinho das Furnas.
A publicação está à venda, creio, na loja do ICNB em Lisboa.

Essa zona é a da Serra do Gerês propriamente dita ( onde andaste)?
Eu fiz trabalho de campo, numa zona com estrada ( a que sobe a Mata de Albergaria), mas entrei para dentro da mata ( claro!).
Em 2008, tive nas serras acima de Melgaço ( que tinham algumas bolsas isoladas de floresta de caducifólias ( e lembro-me de ver azevinho) rodeadas por vastas zonas rochosas cobertas de pinhal, mato arbustivo e uma vasta flora fanerogâmica, depois avancei até à fronteira e desci por Entrimo/Xures espanhol até Portugal, para descer outra vez pela Mata da Albergaria.
Só encontrei 1 espécie de coléoptero luminoso na primeira viagem em 2006 ( início de Julho), junto às Caldas do Gerês e tinha uma luz constante e verde, que brilhava no chão nas bermas dos caminhos ( pensa-se que sejam Lampyris iberica, pois as amostras não ficaram comigo e o que é facto é que não foram analizadas).Na Mata da Albergaria vimos a mesma espécie. Às armadilhas luminosas chegavam dezenas de machos! Isto numa zona com muitos veados e garranos... Andarão lobos nesta zona , pelo menos de passagem?
Em Montesinho, encontrei facilmente 2 espécies.
Existem relatos confirmados ( (?) a fonte é um doutorado da CIBIO) de uns que voam com a luz sempre acesa em Terras de Bouro em Junho, mas eu fui um pouco tarde e não vi nada disso.