Urso-pardo de volta a Portugal?

Kodiak

Cumulus
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Re: Urso-pardo de volta à Peneda Gerês?

Sobre as associações ambientalistas. Penso que há uns anos o espírito era ligeiramente diferente. Passo a dar um exemplo. A Quercus quando nasceu tinha como objectivo principal a conservação da floresta portuguesa. Chamava-se Quercus- Grupo para a Recuperação da Floresta e Fauna Autóctones, isto em 1984. Um ano depois mudou a designação para Quercus, Associação Nacional de Conservação da Natureza e alargou o âmbito de actuação. A ideia era aproximar a Quercus a alguns movimentos conhecidos, por exemplo a Green Peace. Daí uma série de acções como por exemplo o assalto ao Reijim, numa noite memorável (com o apoio da Green Peace) ou a grande manifestação contra a central de Sayago que juntou milhares de pessoas no Porto (tenho fotos). Sempre que a Quercus fazia uma acção deste calibre o número de associados crescia de uma forma nunca vista. Bem, e agora? Agora a Quercus é uma espécie de empresa e a sua área de actuação fica-se pelo problema dos resíduos, do túnel que atravessa a Av. de Ceuta ou da poluição atmosférica na cidade de Lisboa.
As pessoas adormeceram, o espírito transformou-se.
 


belem

Cumulonimbus
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Re: Urso-pardo de volta à Peneda Gerês?

Na altura não cheguei a conclusão nenhuma. Não podia chegar. O Paulo Catry baseou-se no Atlas das Aves do Parque Nacional da Peneda-Gerês para mencionar a ocorrência do galo até ao século XVIII. E eu ainda estava convencido disso baseado no documento já referido. Mas agora passados estes anos já não estou convencido porque, infelizmente, suspeito que houve lapso na transcrição do original para a cópia oitocentista (contra a opinião de outros). O problema é que a autoria do Atlas, ou melhor, a co-autoria é minha. Cheguei também a escrever um artigo para uma boa revista, infelizmente falida, sobre o assunto (1995) sugerindo a reintrodução da ave.
Relativamente à toponímia, referida no Atlas, e mencionada pelo Catry não levanto questões. Como disse, não tenho dúvidas sobre a existência passada do galo. Apenas acho estranho que não apareça mencionado em outros documentos dessa época, e de épocas anteriores. Mas é apenas uma suspeita. Por isso a minha preocupação sobre o assunto.

Ok, agora já entendo.;)
Quanto à reintrodução, será necessário tentar saber quais as populações selvagens que possam doar exemplares e se existe interesse em negociar por parte dos governos ou associações locais.
Também existe a alternativa de receber animais criados em programas de reprodução em cativeiro.
 

psm

Nimbostratus
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25 Out 2007
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estoril ,assafora
Re: Urso-pardo de volta à Peneda Gerês?

Sobre as associações ambientalistas. Penso que há uns anos o espírito era ligeiramente diferente. Passo a dar um exemplo. A Quercus quando nasceu tinha como objectivo principal a conservação da floresta portuguesa. Chamava-se Quercus- Grupo para a Recuperação da Floresta e Fauna Autóctones, isto em 1984. Um ano depois mudou a designação para Quercus, Associação Nacional de Conservação da Natureza e alargou o âmbito de actuação. A ideia era aproximar a Quercus a alguns movimentos conhecidos, por exemplo a Green Peace. Daí uma série de acções como por exemplo o assalto ao Reijim, numa noite memorável (com o apoio da Green Peace) ou a grande manifestação contra a central de Sayago que juntou milhares de pessoas no Porto (tenho fotos). Sempre que a Quercus fazia uma acção deste calibre o número de associados crescia de uma forma nunca vista. Bem, e agora? Agora a Quercus é uma espécie de empresa e a sua área de actuação fica-se pelo problema dos resíduos, do túnel que atravessa a Av. de Ceuta ou da poluição atmosférica na cidade de Lisboa.
As pessoas adormeceram, o espírito transformou-se.






Na associação a que pertenço existe uma grande falta de fundos, e os poucos que vêm, são os subsidios que estão relacionados com contratos programa com a Camara Municipal de Cascais (sensibilização ambiental nas escolas).
Quanto ao nivel de associados é muito pouco, o que não é muito normal, isto numa zona com grande quantidade de quadros superiores, e com grande nivel económico:huh:. Grande parte dos associados são estrangeiros (40%), é triste assim acontecer.


Numa região com grandes interesses imoliários e tão fortes, muita esta associação tem feito, é também muitas das vezes o merito tem haver com a presidente, pois ela dá a cara nos orgãos de informação quando existe um atentado ambiental, e pondo em risco a sua actividade profissional.
 

Kodiak

Cumulus
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Re: Urso-pardo de volta à Peneda Gerês?

Basicamente existem duas populações:a população dos Pirinéus e a população da vizinha Cordilheira Cantâbrica. A população dos Pirinéus está, parece-me a mim, fora de questão. Os espécimes aí existentes são ligeiramente diferentes, sobretudo no que diz respeito ao tamanho do bico. Esta adaptação tem a ver com a alimentação. O galo-montês dos Pirinéus vive sobretudo em florestas de resinosas, como o pinheiro silvestre. Ora o pinheiro-silvestre no Gerês, como espécie autóctone, subsiste apenas em algumas das zonas mais elevadas. Em tempos (há milhares de anos) era comum, mas com o aquecimento do clima, depois do último período glaciar começou a diminuir.
Quanto à subespécie cantâbrica, a população está a regredir devido, parece, à perturbação do habitat - abertura de trilhos, turismo, etc. O galo é muito sensível e a aclimatação de animais de cativeiro é muito complicada. O Gerês tem ainda algumas manchas de carvalhal muito ricas no que diz respeito à composição. Tem sobretudo muito azevinho, uva do-monte e teixo, muito importantes para o galo, mas tem por outro lado um número crescente de visitantes altamente perturbadores. Falar do galo-montês não é a mesma coisa que falar da cabra-montês, cuja reintrodução,casual no nosso território, foi um sucesso.
 

belem

Cumulonimbus
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Re: Urso-pardo de volta à Peneda Gerês?

Basicamente existem duas populações:a população dos Pirinéus e a população da vizinha Cordilheira Cantâbrica. A população dos Pirinéus está, parece-me a mim, fora de questão. Os espécimes aí existentes são ligeiramente diferentes, sobretudo no que diz respeito ao tamanho do bico. Esta adaptação tem a ver com a alimentação. O galo-montês dos Pirinéus vive sobretudo em florestas de resinosas, como o pinheiro silvestre. Ora o pinheiro-silvestre no Gerês, como espécie autóctone, subsiste apenas em algumas das zonas mais elevadas. Em tempos (há milhares de anos) era comum, mas com o aquecimento do clima, depois do último período glaciar começou a diminuir.
Quanto à subespécie cantâbrica, a população está a regredir devido, parece, à perturbação do habitat - abertura de trilhos, turismo, etc. O galo é muito sensível e a aclimatação de animais de cativeiro é muito complicada. O Gerês tem ainda algumas manchas de carvalhal muito ricas no que diz respeito à composição. Tem sobretudo muito azevinho, uva do-monte e teixo, muito importantes para o galo, mas tem por outro lado um número crescente de visitantes altamente perturbadores. Falar do galo-montês não é a mesma coisa que falar da cabra-montês, cuja reintrodução,casual no nosso território, foi um sucesso.

Na Península Ibérica existem 2 populações, mas na Europa existem mais outras tantas. Não haverá alguma com galos monteses com características semelhantes às da população ocidental? A espécie é a mesma e não é reconhecida uma subespécie para a população ocidental, pelo menos tanto quanto sei ( se souber algo sobre isso, corrija-me).
O PNPG tomou há pouco tempo a decisão de restringir o acesso das pessoas a áreas mais sensíveis do parque, espero que isso beneficie de alguma forma a protecção ambiental.
 

belem

Cumulonimbus
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Re: Urso-pardo de volta à Peneda Gerês?

Sobre as associações ambientalistas. Penso que há uns anos o espírito era ligeiramente diferente. Passo a dar um exemplo. A Quercus quando nasceu tinha como objectivo principal a conservação da floresta portuguesa. Chamava-se Quercus- Grupo para a Recuperação da Floresta e Fauna Autóctones, isto em 1984. Um ano depois mudou a designação para Quercus, Associação Nacional de Conservação da Natureza e alargou o âmbito de actuação. A ideia era aproximar a Quercus a alguns movimentos conhecidos, por exemplo a Green Peace. Daí uma série de acções como por exemplo o assalto ao Reijim, numa noite memorável (com o apoio da Green Peace) ou a grande manifestação contra a central de Sayago que juntou milhares de pessoas no Porto (tenho fotos). Sempre que a Quercus fazia uma acção deste calibre o número de associados crescia de uma forma nunca vista. Bem, e agora? Agora a Quercus é uma espécie de empresa e a sua área de actuação fica-se pelo problema dos resíduos, do túnel que atravessa a Av. de Ceuta ou da poluição atmosférica na cidade de Lisboa.
As pessoas adormeceram, o espírito transformou-se.


Concordo que a Quercus anda um bocado adormecida, mas também tem feito algumas coisas boas, como as mini-reservas estratégicas que protegem espécies raras da nossa flora e fauna, que de outra forma estariam extintas ou fortemente ameaçadas em poucos anos. Essencialmente a Quercus «compra» terrenos com forte valor ambiental e interesse proteccionista. De alguns anos para cá tem andado empenhada nisso e já conseguiu proteger algumas áreas.
 

BeiraTejo

Nimbostratus
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Re: Urso-pardo de volta à Peneda Gerês?

Vou corrigir o meu post;de facto o urso estava por todo pais,exemplo disso é a marca toponímica do sul de portugal como a serra da ossa.Dou mais duas localidades derivadas da palavra urso:lapadusso,usseira.
Quero mencionar outra especie que se extinguiu em portugal e que deu o nome a um dos afluentes do Guadiana que era o esquilo, antigamente o nome esquilo era ardila, há outro afluente este pertencente ao Douro com o nome de arda .O que levou ao que o esquilo ou arda a desaparecer de portugal?Foi a destruição da floresta nativa de portugal (carvalhos) , a sua alimentação principal dos esquilos ou ardilas eram as bolotas.

Ao que parece os esquilos estão tambem a entrar em portugal via espanha, isto devido tambem ao abandono da agricultura. Os carvalho voltam a conquistar os terrenos que eram deles
há pouco tempo na tv ouve uma noticia sobre isso os esquilo até os filmaram. acho que foi a rtp.

Também a relatos mas do urso iberico na zona de leiria fatima, na pia do urso mais propriamente mas ja foi há alguns seculos.

omeçando pela provável origem do nome desta localidade, dizem os mais antigos que a designação se ficou a dever ao facto de um urso (provavelmente um Urso Ibérico) aproveitar uma das pias existentes no maciço rochoso e aí beber água com frequência.
A pia em questão, devidamente assinalada no local, apresenta um declive natural que facilitaria a este e a outros animais a ingestão do líquido, numa zona, recorde-se, densamente arborizada.
Outra lenda em redor da Pia do Urso aborda a existência, há alguns anos, de uma oliveira diferente das demais, em virtude desta apresentar a rama preta e ao longo da sua vida nunca ter produzido azeitona. A explicação para estes factos bizarros, apontavam os mais idosos, relacionava-se com a hipótese de, aquando da permanência naquele local dos exércitos franceses, a oliveira ter servido de esconderijo de armas, munições e pólvora.

mais em: http://www.cm-batalha.pt/index.php?pagina=turismo&area=pia_urso

Sobre as associações ambientalistas. Penso que há uns anos o espírito era ligeiramente diferente. Passo a dar um exemplo. A Quercus quando nasceu tinha como objectivo principal a conservação da floresta portuguesa. Chamava-se Quercus- Grupo para a Recuperação da Floresta e Fauna Autóctones, isto em 1984. Um ano depois mudou a designação para Quercus, Associação Nacional de Conservação da Natureza e alargou o âmbito de actuação. A ideia era aproximar a Quercus a alguns movimentos conhecidos, por exemplo a Green Peace. Daí uma série de acções como por exemplo o assalto ao Reijim, numa noite memorável (com o apoio da Green Peace) ou a grande manifestação contra a central de Sayago que juntou milhares de pessoas no Porto (tenho fotos). Sempre que a Quercus fazia uma acção deste calibre o número de associados crescia de uma forma nunca vista. Bem, e agora? Agora a Quercus é uma espécie de empresa e a sua área de actuação fica-se pelo problema dos resíduos, do túnel que atravessa a Av. de Ceuta ou da poluição atmosférica na cidade de Lisboa.
As pessoas adormeceram, o espírito transformou-se.
O que que foi o assalto a Reijiim?



edit: encontrei o video do esquilo http://ww1.rtp.pt/noticias/index.php?headline=98&visual=25&article=386771&tema=27
 

Minho

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Melgaço
Re: Urso-pardo de volta à Peneda Gerês?

Os esquilos extinguidos? Sinceramente não sabia. Sempre vi esquilos aqui por Melgaço e não é preciso ir para a zonas protegidas. Por exemplo, no monte onde está instalada a minha estação meteorológica já por lá vi esquilos. Sinceramente não tinha percepecção que o esquilo estivesse extinto cá em Portugal. :huh:
 

BeiraTejo

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Alcochete (6m)
Re: Urso-pardo de volta à Peneda Gerês?

Os esquilos extinguidos? Sinceramente não sabia. Sempre vi esquilos aqui por Melgaço e não é preciso ir para a zonas protegidas. Por exemplo, no monte onde está instalada a minha estação meteorológica já por lá vi esquilos. Sinceramente não tinha percepecção que o esquilo estivesse extinto cá em Portugal. :huh:

se calhar deve ser so algumas especies...
 

Dan

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Bragança (675m)
Re: Urso-pardo de volta à Peneda Gerês?

se calhar deve ser so algumas especies...

É só uma espécie: o esquilo-vermelho (Sciurus vulgaris). Parece que terá sido extinto em Portugal no séc. XVI e só voltou a aparecer nos anos oitenta, primeiro no norte do país, mas agora já está também presente na região centro.
 

BeiraTejo

Nimbostratus
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Alcochete (6m)
Re: Urso-pardo de volta à Peneda Gerês?

São sete horas da manhã. O dia de trabalho dos guardas da Fundação Urso-Pardo (FOP)começou há uma hora. Estamos em Junho e as fêmeas, com as suas crias, são sujeitas a vigilância exaustiva todos os dias, durante as horas de maior actividade: a seguir à alvorada e antes do pôr do Sol. Encontramo-nos num ponto do curso superior do Sil, na comarca espanhola de Laciana, província de Leão. Texto de Eva Van Den Berg; Fotografias de Andoni Canela

Acabámos de percorrer um caminho encharcado pelo orvalho da manhã, até chegarmos a um penhasco de onde iremos observar, a várias centenas de metros de distância, uma das zonas onde os guardas-florestais localizaram uma fêmea com duas crias. Não se trata de um enclave fixo, pois a fêmea desloca-se constantemente por todo o território. Mas este é um sítio provável para a observar. Se não estiver aqui, partiremos para outro dos muitos pontos controlados pelos 22 guardas, homens e mulheres, que durante todo o ano, dia após dia, cruzam a pé o território deste carnívoro. Todos comunicam permanentemente uns com os outros via rádio, comentando as idas e vindas dos plantígrados cantábricos. Além disso, mantêm-se vigilantes para garantir que ninguém viola a lei que protege esta espécie. Têm competência para intervir e interpor acções judiciais. E fazem-no. “Na maior parte das vezes, deduzimos acusação em casos de colocação de laços para captura de javalis e de caça furtiva, sobretudo ao corço”, explica o guarda Luis Fernández. A sua profissão exige, sem dúvida, vocação, entusiasmo e firmeza em doses elevadas, atributos que não faltam a nenhum deles, nem ao chefe desta “tribo”, o presidente da FOP, Guillermo Palomero, dedicado há 20 anos à conservação do urso. Este homem, “urseiro” por convicção, aparenta contentamento, mas mostra cautela quando faz o balanço da actividade de conservação. “Ainda há muito por fazer”, explica. “Continuam a morrer animais devido às armadilhas e ao uso de venenos e ainda não foram desmanteladas as infra-estruturas que fragmentam o habitat do urso e impedem a comunicação entre os indivíduos da Cantábria Oriental e Ocidental.” Apesar destas reservas, há razões para júbilo. Em Março de 2001, o número de efectivos não ultrapassava os 80 animais, mas já era possível prever que as coisas iam melhorar. Superado o eterno desacordo entre as administrações e as ONG implicadas na recuperação do maior mamífero terrestre da Península Ibérica, alcançou-se umconsenso, do qual resultou um programa de acção conjunto. Estima-se que, na actualidade, exista na cordilheira cantábrica uma população de 130 animais. No censo de progenitoras com crias realizado em 2005, apurou-se um recorde de taxa de natalidade, ultrapassado na temporada de 2006, durante a qual nasceram 30 ursos (esbardos, como lhes chamam nas Astúrias). Os que sobreviveram já são jovens independentes. No monte, fazemos aquilo a que chamam “a espera”, ou seja, permanecemos imóveis, enquanto observamos, com o binóculo, a grande massa de pedra que é a montanha diante dos nossos olhos. Não sinto os pés nem as mãos. Um frio húmido infiltra-se nos ossos. “Isto não é nada, frio é o que faz no Inverno”, comenta outro guarda, José Manuel Ramón. Enquanto os guardas perscrutam a paisagem, levanto-me para caminhar, na esperança de reactivar a circulação sanguínea. Aqui, os ursos contam com bosques de faias e maciços de carvalhos e bétulas. Frequentam sobretudo as franjas situadas entre 1.100 e 1.400 metros de altitude, embora possam subir acima dos dois mil metros, em busca de pastagens e rochedos. Regresso ao meu posto no momento exacto. Os guardas continuam de binóculo em punho, mas agora estão de pé. “Ali está!”, observa Luis. Demoro alguns segundos até conseguir focar uma formosa fêmea que, seguida dos filhotes, caminha e fareja o solo. De vez em quando, detém-se e levanta pedras com a pata enorme, em busca de insectos para comer. “Apesar da sua reputação, os ursos são pouco dados à caça. Apreciam os frutos secos e os mirtilos, as ranunculáceas, as umbelíferas, as pastagens soalheiras e os rebentos de faia. E adoram mel”, conta Guillermo Palomero. A observação da fêmea e das crias “ao vivo e em directo” produz uma sensação muito especial e emocionante. Confere outro significado a esta paisagem que me rodeia, a qual, a partir de hoje, jamais poderei voltar a contemplar da mesma maneira. Tive muita sorte, porque os ursos são muito difíceis de avistar. Consegui fazê-lo porque vim aqui na companhia das pessoas que melhor conhecem o urso, caso contrário seria altamente improvável. Quase sempre são avistados à distância e a sua presença costuma ser atestada pelas pegadas no chão, pelos excrementos, pelas raspagens na casca das árvores. A maioria dos habitantes da região nunca os avistou. Nós pudemos observá-los e, à vista desarmada, não são mais do que um ponto na paisagem. A progenitora não se apercebe que está a ser observada. A visão não é o seu melhor atributo. Pelo que me dizem, porém, se o vento soprasse de frente, seria capaz de localizar o nosso cheiro (tem um olfacto muito apurado) a quilómetros de distância e trataria de nos evitar. Leia o artigo completo na revista
 

Kodiak

Cumulus
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Re: Urso-pardo de volta à Peneda Gerês?

Sobre o assalto ao Riejin: O Reijin, navio porta-automóveis japonês transportava 5400 (cinco mil e quatrocentos) automóveis quando se aproximou da costa portuguesa em Abril de 1988. Encalhou junto à praia da Madalena. Deu muito que falar, desde um protesto no Porto, da parte de um grupo ecologista francês, até ao assalto, na noite de 23 de Outubro daquele ano. Três membros da Quercus, apoiados pela direcção, (naquela altura eu era membro da direcção) assaltaram o navio, e colocaram uma enorme faixa como protesto contra o governo português por autorizar o afundamento dos automóveis em pleno oceano. Entretanto deu-se uma explosão no barco e a Quercus foi acusada do acto. Como disse correu muita tinta sobre o assunto inclusivamente um processo em tribunal. Mas a Quercus, apoiada pela Green Peace (pagou o bote que transportou os "assaltantes") ganhou o caso. Os automóveis foram desmantelados e a Quercus ganhou adeptos.

Sobre a micro-reservas: é de louvar, mas espero pelos resultados. Entretanto vamos assistindo à política do "uma no cravo outra na ferradura". Que me dizem do apoio oficial (não sei se toda a Quercus apoia) à instalaçâo de parques eólicos em áreas protegidas?

Sobre o Tetrao urogallus: as subespécies da Peninsula são o T.u. cantabricus e o T.u. aquitanicus. Existem mais 9 subespécies. Se a política a prosseguir for idêntica à da Cabra (Capra pyrenaica) então teremos a questão resolvida. Mas permanece a questão do habitat.

Restringir acessos: no Parque Nacional da Peneda-Gerês o Plano de Ordenamento há muito que restringe o acesso a diversas áreas, concretamente a três áreas de protecção total ou integral, o Alto Vale do Homem, o Cabril e o Ramiscal. Para além disso na Área de Protecção Parcial (a designação engana) com cerca de 20.000 hectares não é permitida nenhuma actividade humana, excepto a pastorícia. Na restante área (cerca de 50.000 hectares) as actividades são condicionadas. Depois há outro tipo de restrições, como por exemplo a proibição da escalada, rapell, canyoning, na maioria das áreas. Ultimamente foram encerradas algumas estradas florestais (só pemitidas a residentes) e imposta uma taxa na estrada de Albergaria, nos meses do Verão. Índependentemente deste aspecto há muito que é proibido estacionar nesta mesma estrada.
O novo plano de ordenamento prevê um aumento da Área de Ambiente Natural, entre outros aspectos. Mas alguns autarcas parolos opôem-se a estas medidas.
 

belem

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Re: Urso-pardo de volta à Peneda Gerês?

Sobre a micro-reservas: é de louvar, mas espero pelos resultados. Entretanto vamos assistindo à política do "uma no cravo outra na ferradura". Que me dizem do apoio oficial (não sei se toda a Quercus apoia) à instalaçâo de parques eólicos em áreas protegidas?

Sobre o Tetrao urogallus: as subespécies da Peninsula são o T.u. cantabricus e o T.u. aquitanicus. Existem mais 9 subespécies. Se a política a prosseguir for idêntica à da Cabra (Capra pyrenaica) então teremos a questão resolvida. Mas permanece a questão do habitat.

Restringir acessos: no Parque Nacional da Peneda-Gerês o Plano de Ordenamento há muito que restringe o acesso a diversas áreas, concretamente a três áreas de protecção total ou integral, o Alto Vale do Homem, o Cabril e o Ramiscal. Para além disso na Área de Protecção Parcial (a designação engana) com cerca de 20.000 hectares não é permitida nenhuma actividade humana, excepto a pastorícia. Na restante área (cerca de 50.000 hectares) as actividades são condicionadas. Depois há outro tipo de restrições, como por exemplo a proibição da escalada, rapell, canyoning, na maioria das áreas. Ultimamente foram encerradas algumas estradas florestais (só pemitidas a residentes) e imposta uma taxa na estrada de Albergaria, nos meses do Verão. Índependentemente deste aspecto há muito que é proibido estacionar nesta mesma estrada.
O novo plano de ordenamento prevê um aumento da Área de Ambiente Natural, entre outros aspectos. Mas alguns autarcas parolos opôem-se a estas medidas.


Algumas micro-reservas já foram abertas e declaradas área protegida.


Em relação ao galo-montês, penso que se tem que começar pela criação em cativeiro. Ainda é cedo para a reintrodução.


No que refere ao PNPG, a notícia é recente e tem em vista um aumento da área com restrições de acesso.
 

Kodiak

Cumulus
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Re: Urso-pardo de volta à Peneda Gerês?

Que micro reservas são essas? Onde se situam e que pretendem proteger? São micro reservas botanicas?

Sobre as restrições: as noticias tem a ver com o novo plano de ordenamento e o alargamento da área de ambiente natural. Mas o novo plano, que já devia ter entrado em vigor, foi suspenso por pressão dos autarcas da região e, penso (tenho quase a certeza) de alguns grupos económicos ligados à energia eólica.
 

belem

Cumulonimbus
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Re: Urso-pardo de volta à Peneda Gerês?

Que micro reservas são essas? Onde se situam e que pretendem proteger? São micro reservas botanicas?

Sobre as restrições: as noticias tem a ver com o novo plano de ordenamento e o alargamento da área de ambiente natural. Mas o novo plano, que já devia ter entrado em vigor, foi suspenso por pressão dos autarcas da região e, penso (tenho quase a certeza) de alguns grupos económicos ligados à energia eólica.


As micro reservas já não são um assunto novo.
Em 2005 já tinham sido criadas 3.
Protegem um pouco de tudo:

http://www.naturlink.pt/canais/Artigo.asp?iArtigo=14562&iLingua=1