Curioso, a última carta, sem a legenda com o texto descritivo do que aconteceu ao lado, parece tão inofensiva... Do tipo "humm.. pode ser que se forme uma trovoadita ou outra"... E essa de 1700 e tal está realmente engraçada! Mas estranha, a descrição do Maine, e depois de Évora! Tudo a ver!
Achei isso curioso, falarem de Évora e nada mais. Penso que será devido ao facto de Évora no século XVI ser muito prestigiada pela Universidade fundada pelos jesuítas (Companhia de Jesus) que eram na época dos mais importantes veículos de produção e difusão de conhecimento e informação, entrando depois em declínio com a expulsão dos mesmos em 1759 pelo Marquês de Pombal. A origem da notícia quase de certeza que é dos jesuítas. São reanálises, portanto falíveis. O Fil tem andado de volta de reanálises e por vezes até tem encontrado enormes discrepâncias entre reanálises de diferentes entidades para a mesma data. São coisas para consultar com alguma cautela. E essa até nem está mal, temos a clássica depressão a sudoeste. Noutras situações que tenho encontrado às vezes não se vê grande coisa nas cartas. Por exemplo esta notícia, curta mas dramática, de uma trovoada no centro do país a 21 de Agosto de 1926, foi tão devastadora que muita gente teve que emigrar devido a terem perdido os seus bens. Na carta faltará talvez uma depressão térmica na Península. 21 de Agosto de 1926
eu acho que todos se devem lembrar do dia 18 de Fev de 08 quando uma pessoa ficou desaparecida no rio Jamor em Belas devido a chuva intensa que se abateu sobre nós. Penso que nesse dia cairam 120mm de chuva em Lisboa.
Vendo essa de évora que desconhecia, tirando as minhas conclusões parece que não é assim tão raro nevar no alentejo, as vezes meto-me a pensar quantos nevões terão caído aqui em montemor e em évora
E mais um interessante. Uma tempestade nos Açores a 4 de Outubro de 1946, com muitos pescadores desaparecidos e estragos pelo menos em Santa Maria, São Miguel e Terceira. Ventos (rajada?) de quase 160k/h que destruíram a Base das Lajes criada poucos anos antes durante a 2ª guerra mundial. 4 de Outubro de 1946 Tudo leva a crer que pudesse ser um ciclone tropical mas oficialmente não consta nenhum nessa altura nem nesse ano nos Açores. A época de 1946 foi fraca de actividade tropical, no dia 5 formou-se um furacão que atravessou a Flórida mas não veio para os Açores. Numa lista de catástrofes naturais dos Açores estranhamente este evento não consta. Talvez os nossos amigos dos Açores possam investigar alguma coisa nos arquivos locais. Reanálise: Pela reanálise do NCAR parece uma cutoff que se formou a sul dos Açores/oeste da Madeira e que talvez posteriormente a baixa em superficie tenha evoluído para uma depressão tropical ou subtropical dado os valores do vento e estragos referidos na notícia (talvez de furacão Cat1 ou 2) e do impacto em ilhas ainda distantes uma das outras. Vou tentar obter mais informações e mandar um email para o Hurricane Research Division/Database Re-analysis Project a ver se eles alguma vez estudaram este sistema.
Conjunto de registos históricos sem dúvida muito interessantes! Em tempo de secura meteorológica nada como relembrar eventos bem mais agitados (alguns agitados até demais)...
Re: Tempestades históricas em Portugal, Little Ice Age Dá para ter uma ideia de como foi a Pequena Idade Glacial, Little Ice Age, em Portugal. Nevões brutais no interior em 1886, 1744, 1665, icebergs no Atlântico em 1877, ou neve no Porto Santo em 1860. Pergunto-me como eram os nevões e o frio no Porto, Lisboa e Braga, durante a Pequena Idade do Gelo? Certamente que eram mais abundantes e o frio muito mais extremo! Pergunto-me que temperaturas tinha o Inverno? Sabe-se que na Europa os rios permaneciam gelados 2 meses, e faziam-se feiras em cima deles. Isto só é possível se as temperaturas mantiverem-se abaixo dos -5ºC durante esses 2 meses nos sítios como Londres, Amsterdam ou Paris. Hoje em dia nunca acontece. Sei também que haviam relatos históricos dessa época de nevões na Serra do Montemuro (perto de Lisboa, a 660 metros), pois até ali havia localizada uma "Fábrica do Gelo" onde se levava o gelo da serra para Lisboa para produzir gelados, visto não haver frigoríficos naquela altura. Imaginem! http://www.ippar.pt/patrimonio/itinerarios/industrial/ind_gelo.html http://www.geocaching.com/seek/cache_details.aspx?guid=7d77901f-f547-4e3c-8609-58b400411a92
O valor de precipitação registado em Lisboa/Gago Coutinho, segundo observadores do IM, foi de 147,3 mm nesse dia.
Sem dúvida que a década de 70 foi uma década cheia de emoções, basta dizer-se que se estava a arrefecer para ter cartas como estas
Se bem que bastante jovem nessa década, recordo-me de formação de geada nos campos praticamente ao nível do mar, dias seguidos, pequenos lagos congelavam, só a meio da manhã o branco desaparecia. As mínimas na região do Porto eram seguramente negativas, a corrente de nordeste, ar polar, acontecia com regularidade.
Re: Cheias de 25 de Novembro de 1967 Isso é realmete muito estranho. A nuvem nem parecia ser um cumulo congestus
Re: Cheias de 25 de Novembro de 1967 por acaso aconteceu algo semelhante por aqui no Cartaxo, no dia 9 de Setembro de 2006 e curiosamente também foi de manhãzinha (por volta das 7 da manhã). Uma nuvem aparentemente inofensiva (muito parecida com essa do video) apenas caíram umas gotinhas (nada de granizos ou chuvadas) e fizeram umas trovoadas brutais...houve uma inclusive que caiu a um 1km daqui provocando um incêndio junto ao Jardim de Infância. Foi uma verdadeira "trovoada seca"