Biodiversidade

MSantos

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Aveiras de Cima
tanto gostam de dar na cabeça que nem vêm que então é ainda pior e vamos por partes .
são mesmo ingénuos como apareceu o lagostim em Portugal o peixe gato no douro e no tejo a carpa do Nilo em 1001 lagoas e barragens os papagaios que invadiram o sul de Espanha parece que nenhuma espécie alguma vez foi libertada para caça.
Admitindo que a expansão da rola-turca é 100% natural ela acaba por ser responsável pelo desaparecimento da rola comum uma vez que ocupa o mesmo nicho ecológico competindo directamente e se a sua caça é proibida.
E a caça a rola comum não é proibida onde esta a lógica disto uma espécie que esta em crise pode ser caçada e outra que floresce é proibido

Como referes há vários exemplos de espécies que foram introduzidas para serem caçadas/pescadas, tais como o faisão ou o Muflão (Caça) ou o achigã, ou o Lúcio (pesca). Mas não foi o caso da rola-turca, que ao contrário do que sucede em Espanha, cá em Portugal a espécie ainda não pode ser legalmente caçada. A caça à rola-comum está cada vez mais restringida e mais ano menos ano vai acabar por ser suspensa.
 


frederico

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Ainda há cerca de um ano falei com caçadores na Andaluzia na zona de El Granado. Consideram que a redução brutal da caça miúda na região está ligada ao abandono das culturas agrícolas tradicionais que eram feitas na região, grão-de-bico, tremoços, trigo, cevada, centeio. Isto além das doenças virais nos coelhos. Recordo-me de passar numa noite de luar na estrada que liga Tharsis a Villablanca, é uma imagem que retenho e nunca esquecerei, era miúdo: nas bermas da estrada havia centenas de coelhos. Hoje não há quase nenhum. Esta zona aliás teve lince-ibérico até aos anos 90. Outra imagem que retenho é de uma caçada a que assisti numa zona entre Córdoba e Jaén. Foram mortas nesse dia mais de 400 lebres. Saltavam lebres de todos os lados
 

"Charneca" Mundial

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Ainda há cerca de um ano falei com caçadores na Andaluzia na zona de El Granado. Consideram que a redução brutal da caça miúda na região está ligada ao abandono das culturas agrícolas tradicionais que eram feitas na região, grão-de-bico, tremoços, trigo, cevada, centeio. Isto além das doenças virais nos coelhos. Recordo-me de passar numa noite de luar na estrada que liga Tharsis a Villablanca, é uma imagem que retenho e nunca esquecerei, era miúdo: nas bermas da estrada havia centenas de coelhos. Hoje não há quase nenhum. Esta zona aliás teve lince-ibérico até aos anos 90. Outra imagem que retenho é de uma caçada a que assisti numa zona entre Córdoba e Jaén. Foram mortas nesse dia mais de 400 lebres. Saltavam lebres de todos os lados
Entre 2001 e 2003 vivi na Corte do Pinto, não muito longe de Mértola. Lembro-me de, a cada ano, ver o número de lebres a diminuir. Em 2001 ainda havia uma quantidade grande de lebres que inclusive atravessavam a estrada nacional, em 2003 muitas já tinham desaparecido. Hoje em dia praticamente não há nenhuma e só as vejo certas vezes em caminhos rurais com pouco tráfego... :(
Foi a época da doença das lebres!
 
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MSantos

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Então não temos os mesmos critérios quanto ao que é exótico ou não.
Se a camurça nos próximos anos se expandir naturalmente até Portugal é uma exótica? E o chacal?
A rola-turca dä-se melhor em ambientes humanizados, enquanto a rola-brava prefere ambientes tranquilos, daí que seja normal que a expansão da rola-turca não seja a razão principal do declínio da rola-brava
Poderá é não ser necessariamente benéfica, mas muitas pessoas exageram na atribuição de culpas à rola-turca.

Espécie Exótica: toda a espécie que se encontra fora de sua área de distribuição natural, isto é, que não é originária de um determinado local.

A rola-turca encaixa neste perfil, não há memória de haver rolas desta espécie por cá, trata-se de uma colonização recente (últimos 20/30 anos), à boleia da humanização da paisagem. Para além de exótica, veremos se não é também invasora.

A camurça e o chacal tiveram distribuição histórica em Portugal? Sinceramente desconheço. Se tiveram trata-se de uma recolonização e não de espécies exóticas.

A cabra-montesa que actualmente anda pelo Gerês (Capra pyrenaica victoriae) também é uma subespécie exótica, a subespécie que lá andava Capra pyrenaica lusitanica desapareceu para sempre.
 
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"Charneca" Mundial

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Espécie Exótica: toda a espécie que se encontra fora de sua área de distribuição natural, isto é, que não é originária de um determinado local.

A rola-turca encaixa neste perfil, não há memória de haver rolas desta espécie por cá, trata-se de uma colonização recente (últimos 20/30 anos), à boleia da humanização da paisagem. Para além de exótica, veremos se não é também invasora.

A camurça e o chacal tiveram distribuição histórica em Portugal? Sinceramente desconheço. Se tiveram trata-se de uma recolonização e não de espécies exóticas.

A cabra-montesa que actualmente anda pelo Gerês (Capra pyrenaica victoriae) também é uma subespécie exótica, a subespécie que lá andava Capra pyrenaica lusitanica desapareceu para sempre.

Então se uma espécie coloniza naturalmente um local a partir de um núcleo não introduzido, é exótica?
Achas que as espécies têm origem em toda a sua área de distribuição natural? O irónico, é que muitas espécies já nem sequer existem nos seus locais de origem!

E já existem estudos que tornam a autenticidade da cabra do Gerês como subespécie diferenciada algo improvável e quem diga que na Peninsula Ibérica provavelmente existiam apenas duas subespécies diferenciadas: uma ocuparia grande parte da Ibéria e outra estaria restrita à zona dos Pirinéus e atualmente encontra-se extinta (trata-se do bucardo).
Não analisaram geneticamente a do Gerês, mas duvido que fosse diferente da que existia na Galiza.
Por isso provavelmente a que existia no Gerês, seria mesmo a Capra pyrenaica victoriae.

https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC5279733/

https://www.researchgate.net/public...he_genetic_history_of_the_European_wild_goats
 
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frederico

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Então se uma espécie coloniza naturalmente um local a partir de um núcleo não introduzido, é exótica?
Achas que as espécies têm origem em toda a sua área de distribuição natural? O irónico, é que muitas espécies já nem sequer existem nos seus locais de origem!

E já existem estudos que tornam a autenticidade da cabra do Gerês como subespécie diferenciada algo improvável e quem diga que na Peninsula Ibérica provavelmente existiam apenas duas subespécies diferenciadas: uma ocuparia grande parte da Ibéria e outra estaria restrita à zona dos Pirinéus e atualmente encontra-se extinta (trata-se do bucardo).
Não analisaram geneticamente a do Gerês, mas duvido que fosse diferente da que existia na Galiza.
Por isso provavelmente a que existia no Gerês, seria mesmo a Capra pyrenaica victoriae.

https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC5279733/

https://www.researchgate.net/public...he_genetic_history_of_the_European_wild_goats

Parece que fenotipicamente havia algumas diferenças com a cabra que há em Gredos, mas isso não é suficiente para termos uma sub-espécie.
 
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frederico

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The validity of Cabrera's four Capra pyrenaica-subspecies is questioned and discussed (Couturier, 1962; Clouet, 1979; Shackleton, 1997; Manceau et al. 1999). This taxonomy is questionable because it is based on only two morphological criteria which are variable within Iberian Ibex populations (Couturier, 1962; Clouet, 1979; Manceau et al. 1999), namely coat colour and horn morphology (Cabrera 1911; Manceau et al. 1999). Recent genetic analyses have cast doubt on the generally accepted taxonomy of the species (Acevedo & Cassinello 2009; Manceau et al. 1999). Based on their mitochondrial DNA sequence polymorphism it does propose the distinction of two Capra pyrenaica-subspecies (Acevedo & Cassinello 2009; Manceau et al. 1999). Genetic analysis did not support the recognition of the subspecies Capra pyrenaica hispanica and Capra pyrenaica victoriae (Manceau et al. 1999). The Portuguese subspecies Capra pyrenaica lusitanica was not included into this genetic study, because it was extinct at the time (Manceau et al. 1999). However, the genetic analysis showed that the Pyrenean population was distinctive from other Spanish populations (Manceau et al. 1999). There is a need for comprehensive revision that integrates genetic and morphological approaches resulting in a definitive description and differentiation of the subspecies (Acevedo & Cassinello 2009). (Perez et al. 2002; Wilson and Reeder 2005)

https://petermaas.nl/extinct-archive/speciesinfo/portugueseibex.htm
 

Thomar

Cumulonimbus
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Deixa-mos vos contar algo que eu presenciei hoje.
Hoje por questões de saúde da minha mulher tive que me deslocar a Ponte de Sôr, e quando passava perto da barragem de Montargil,
observei de mais perto e diria muito perto a natureza na sua forma mais bela e cruel ao mesmo tempo,
Uma ave de rapina, julgo que uma águia (era mesmo muito grande), à caça de um pequeno pardalito a apenas poucos metros do carro [talvez 5 metros (e nunca, nunca vi uma águia tão perto)], quase lhe bati com o carro e foi a safa para o pardalito, pois a águia assustou-se com o carro e o pardalito conseguiu (pelo menos naquela altura não ser o almoço dela.
Foi lindo! :)
 

bandevelugo

Cumulus
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Nunca deve ter dado um passeio num eucaliptal e qual a lógica entre monocultura e sermos caçadores recolectores. E depois as faias são autocnes com um habita associado não é monocultura pois tem uma serie de outra flora que serve de alimento, já se perguntou porque motivo os javalis atacam os campos agriculturas. E o eucalipto não é autóctone nada na europa o usa como alimento e os niveis inferiores estão ocupados por infestantes como o tojo e tire as palas de quem nada sabe e opina e para ajuda o esquilo vermelho é uma praga invasora que foi introduzida e não pastam

Meu caro, o eucalipto não é achado aqui para a conversa, só o pinheiro, que é autóctone. Estava cá muito antes de nós, e cá ficará.

Tojos e os esquilos também são espécies autóctones, como toda a gente sabe - só o Camrov8 é que não, mas como andam misturadas com os pinheiros pelos vistos também levam por tabela!

E quanto à biodiversidade num pinhal, olhe, tente apanhar míscaros e camarinhas nos faiais, carvalhais e nas matas de sobreiro, a ver se consegue.
 
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Thomar

Cumulonimbus
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Mais más notícias!: :(

Estudo alerta que um terço das espécies de insetos corre risco de extinção

Um terço de todas as espécies de insetos do mundo está em risco de extinção, revela um estudo publicado hoje por duas organizações ambientais, que explica que o uso de pesticidas é um dos principais responsáveis pela situação.


O relatório "Atlas de Insetos", elaborado pela agência europeia da ONG Amigos da Terra e pela Fundação Heinrich Böll, ligada ao partido dos Verdes na Alemanha, adianta que esta é uma realidade que também afeta polinizadores, como as borboletas e abelhas, essenciais para a produção de alimentos.


O estudo assinala que 41% de todas as espécies de insetos está a desaparecer e aponta que pelo menos 9,2% das 2.000 espécies de abelhas e 7% das 482 classes de borboletas da Europa estão ameaçadas, avançando que o uso de pesticidas, que quintuplicou desde 1950, é responsável pela situação precária dos insetos.

A ONG e a Fundação Heinrich Böll apontam também que o avanço da agricultura industrial e o uso de pesticidas pesados permitiu grandes áreas de cultivo na Argentina e no Brasil, que antes eram ricas em insetos.

"Os pesticidas estão a destruir populações e ecossistemas de insetos em todo o mundo e ameaçam a produção de alimentos. Um pequeno conjunto de empresas controla a maior parte do fornecimento de pesticidas e, se não forem controlados, continuarão a usar a sua imensa influência política", afirma o diretor de alimentação e agricultura da Amigos da Terra, Mute Schimpf.

Segundo o relatório, 75% das colheitas dependem da polinização por insetos, animais que também melhoram a qualidade do solo e reduzem as pragas das plantas, decompondo o estrume e a sua matéria morta.

Cerca de 90% das espécies animais do mundo são insetos. Destes apenas se conhece cerca de um milhão de diversidades, mas calcula-se que possa haver até quatro milhões por descobrir.


A presidente da Fundação Heinrich-Böll, Barbara Unmüßig, lamenta que as monoculturas para produzir pasto ou plantas, que podem ser usadas como combustível, estejam "a impulsionar, em países como Brasil ou Indonésia, a desflorestação, os desertos agrícolas monótonos e a aplicação ilimitada de pesticidas".

"Somente na Argentina, o uso de pesticidas aumentou 10 vezes desde os anos 90", acrescenta Unmüßig, que denuncia que empresas como a Bayer ou a BASF comercializam para todo o mundo, "quase sem restrições", pesticidas proibidos na União Europeia, o que leva a que "quase 50% dos pesticidas no Quénia e mais de 30% no Brasil sejam altamente tóxicos para as abelhas".

O "Atlas de Insetos" apela a modelos agrícolas sustentáveis, com medidas como a redução de pesticidas sintéticos em 80% até 2030, dedicar 50% da dotação da Política Agrícola Comum (PAC) aos objetivos ambientais, apoiar os agricultores e reduzir o consumo e produção de carne.

Nesse sentido, o documento apela a que haja uma maior ambição por parte da Comissão Europeia nos seus programas de biodiversidade e na sua estratégia "Do produtor à mesa", iniciativas destinadas a tornar a produção e o consumo de alimentos mais sustentáveis.

O relatório sublinha ainda que 84% das espécies cultivadas na União Europeia e 78% das espécies de flores silvestres dependem da polinização animal.
Felizmente só viverei mais uns 20/30 anos, as novas gerações nem sabem a mínima ideia o que os esperam :suicidio:
Depois disso será tarde demais!.. :angry:

(desculpem o discurso, mas não acredito em melhoras, tendo
como exemplo os governantes dos países maiores do mundo...)