No mapa que coloquei já para ver esses diferentes núcleos (não sei porquê mas não está a aparecer, mas no link ainda funciona http://postimage.org/image/jfxf5cmol/). Por acaso até parece que o núcleo de Pitões é o mais isolado. Parece ser mais fácil haver migração entre os da mata do Cabril e do vale do Rio Homem, do que uma mancha continua até Pitões. Aliás esses animais de Pitões têm origem numa reintrodução feita na zona e não na dispersão do núcleo central (é dito no texto).
Pelo menos os rebanhos de cabras-assilvestradas da Mata do Cabril e das Fichinhas, abrigam-se em escarpas bastante declivosas. Claro que elas nao passam a vida nessas escarpas. Mas o abrigo que têm é muito bom, e o lobo tem presas mais fáceis, como os garranos e as vacas (que se continuam a passar o inverno na serra não têm muitas hipóteses de defesa contra o lobo...). Mas claro, eliminando os machos desses rebanhos, o processo de desaparecimento será relativamente rápido. Mas é preciso ter em conta que as fêmeas podem viver entre 15 e 20 anos...
Compreendo que, olhando para esse mapa, se possa ter esse pensamento. Mas, conhecendo melhor o terreno, apercebe-se que não é assim tão simples. Repare que, entre o vale do Rio Homem e a Mata do Cabril, tem a estrada florestal, e algum movimento, principalmente durante os fins de semana e no Verão. Esta funciona como barreira à migração dascabras. O que também não invalida a sua passagem. Quanto à Serra do Gerês, entre Pitões e o Vale do Rio Homem tem um contínuo habitat favorável para a cabra, tanto do lado português como do lado Espanhol (apesar de neste momento, essa área do lado espanhol estar bastante pobre em alimento). Portanto, é muito mais fácil animais da zona de pitões irem para o Vale do Rio Homem e vice-versa, do que passarem do Vale do Rio Homem para a Serra Amarela e vice-versa.
É triste que isto ainda aconteça no século XXI! Há leis para respeitar!! Espero que consigam apanhar o imbecil que fez isto, e que o punam com muito mais de 152€! Tanta espécie cinegética que por lei é possível caçar, porque é que continuam a fazer isto? Não percebo...
Qualquer dia aparece uma epidemia qualquer e lá vão as cabra montês todas à vida ao mesmo tempo. E pimba voltamos a ter a espécie extinta. Ter toda a população de uma mesma espécie na mesma área e toda descendente do mesmo núcleo fundador de poucas unidades, é mesmo estar a pedir problemas. Nem que fosse por uma questão de segurança, já se devia ter pegado numa dúzia de cabras e libertado na serra da Estrela ou no Alvão.
Não é um núcleo tão isolado como diz. Está relativamente próximo do Invernadeiro, por exemplo...Claro que é muito difícil haver migrações entre os dois núcleos. Mas a população hoje existente não tem origem apenas nos 18 animais que vieram do Invernadeiro. É resultado de uma série de libertações. É preciso é que os animais libertados não provenham sempre da mesma população. Penso que neste momento, generalizando, se deveria, o mais rápido possível, resolver a questão das subespécies. Logo após isso ficar esclarecido, dever-se-ia elaborar um plano de translocações de modo a aumentar a variabilidade genética, pelo menos, das populações mais frágeis.
Que questão? A que temos é a Capra pyrenaica victoriae vinda da serra de Gredos. A Capra pyrenaica hispanica há no sul de Espanha e as outras duas (pyrenaica e lusitanica) já desapareceram.
Sim, mas essa classificação não é, desde há vários anos, consensual. Essa classificação data de 1911, por Angel Cabrera. Baseia-se apenas em características morfológicas que demonstram uma elevada variação interpopulacional. Essas características são: Morfologia e biometria dos cornos, coloração da pelagem. Recomendo a leitura do documento "Fauna iberica" do mesmo autor, de 1914, que pode encontrar em http://archive.org/details/faunaibricamam00cabr (a partir da página 309). consultando esta tese, nas páginas 52 e 53, http://digital.csic.es/bitstream/10261/8298/3/Tesis_PAcevedo.pdf pode verificar este "problema". Há autores que, por exemplo, aceitam a subespécie C.p. pyrenaica (já extinguida) distinta das restantes, mas não apoiam a distinção das restantes. Daí que, caso se consiga provar que a distinção entre C.p.victoriae e C.p.hispanica não faz sentido, a troca de indivíduos entre populações das duas (agora) subespécies, talvez seja benéfica para a espécie como um todo.
Sim já tinha lido qualquer coisa sobre isso. É engraçado que a distinção entre sub espécies muitas vezes tem "muito pouco" de cientifico. E então quando se referem a espécies já extintas... à vezes ficamos pela a opinião de um determinado cientista do sec. 19. Seja como for, mesmo que se chegue à conclusão que as duas subespécies não existem, pelo mesmo qualquer pessoa reconhece que são populações com características suficientemente diferentes para serem preservadas. Chame-se raça, ou outra coisa qualquer, mas não vejo interesse em misturar estas duas populações. A diferença genética deve ser preservada na minha opinião. Para além do mais não há qualquer necessidade de o fazer. Podia-se pensar nisso se uma das populações estivesse em perigo, mas nenhuma está. Existem cerca de 10 000 exemplares de victoriae nas serras do centro de Espanha (serra de Gredos, serra de França,...). Essa população é mais que suficiente para se irem buscar exemplares, sempre que for necessário "refrescar" geneticamente as populações que foram reintroduzidas no norte de Espanha (cordilheira Cantábrica, Galiza) e agora Portugal. Não vejo razão para se trazerem animais do sul da península. Se oficialmente se deixar de falar em sub espécies deste animal, pode ser que alguns típicos velhos de Restelo parem com a conversa que a Cabra Montês é uma fraude e que o que interessava era a lusitanica e bla bla bla. Incrivel como já li coisas do género. Preferiam não ter esta espécie em Portugal do que ter estes animais.
Isto para mim é completamente novo!! Estou Já agora, essas opiniões por acaso vêm de caçadores? ou simples "amantes" da natureza e da vida selvagem? É que se vê da parte de caçadores por exemplo, estão mal, que a "nossa" subespécie tinha um valor cinegético bastante inferior. Quando aos 10000 indivíduos de C.p.victoriae...Há relativamente pouco tempo, eram muito poucos...E grande parte das populações tiveram origem na população de Gredos. O que não invalida que sejam "geneticamente" saudáveis. E a prova disso é que, pelo menos no Gerês, os animais têm muito bom aspecto, e até hoje, em cerca de 300 animais que já vi, apenas um não tinha um corno (e não quer dizer que seja problema genético, pode ter sido numa luta ou queda...) e um tinha o corno deformado.
Caçadores? Não, por esses até podiam introduzir elefantes nas herdades do Alentejo (estou a gozar). Fica aqui um depoimento que já tinha colocado neste forum e que demonstra bem porque é que nunca nada será feito pelo ICNB, enquanto por lá andar gente mais conservadora que talibãs. http://passaarao.blogspot.pt/2011/02/proposito-da-cabra-do-geres-mais-um.html Só há um pequeno erro neste texto, os exemplares vieram de Gredos e não Pirenéus.
Muito interessante esse texto e provavelmente muito antigo (sabes de que ano é?). Como tinha dito, muitas destas classificações de espécies e sub espécies são um pouco "amadoras", principalmente as feitas já há muito tempo. Neste caso o autor indica que vê as cabras do Gerês como uma subespécie diferente, mas reconhece que nunca viu nenhuma. E muitas das características que diz serem habituais desta "sub espécie", parecem vir da descrição de um único animal embalsamado que estaria num museu em Coimbra. Fiquei impressionado com a história da "raça" da serra de Gredos. Chegaram a existir apenas 12 animais Por pouco hoje em dia não tínhamos apenas os exemplares da hispanica
esse documento data de 1914, por Angel Cabrera. O título é "Fauna iberica" Pode fazer o download aqui: http: // archive . org/ details / faunaibricamam00cabr