Discussão e classificação de nuvens

thunderboy

Cumulonimbus
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Alcanena/Aveiro
Alguém me identifica esta nuvem?
Precedeu uma célula que causou aguaceiros bastante fortes.


Penso que a acompanhar vinha uma shelf cloud mas não tinha a certeza. Por isso também irei postar essa foto.

A foto ficou assim porque houve reflexão da imagem pelo vidro de um janela:hehe:

 


ACalado

Cumulonimbus
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Covilhã 750m
fotos de ontem e de hoje ;) não sei bem se a nuvem é uma lenticular :huh:

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Só para efeitos de comparação:

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Gerofil

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21 Mar 2007
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Nuvens: um breve entendimento - I

Segundo Varejão-Silva (2005), as nuvens são qualquer conjunto visível de gotículas d’água, partículas de gelo ou de ambos, podendo incluir ainda outros elementos de natureza hídrica de maiores dimensões, ou ainda poeiras, areias, fumaça, fuligem, resíduos industriais, etc. Elas estão em constante mudança de forma e cor, alterando continuamente seu tamanho e assim, seu aspecto apresentado. O aspecto de uma nuvem está relacionado a duas questões, a saber: A luminância e cor.
A luminância (termo utilizado em substituição ao antigo termo Brilho, abolido pela Organização Meteorológica Mundial (OMM), diz respeito a quantidade de luz que é refletida, difundida ou transmitida pelas partículas que compõem a respectiva nuvem, estando a fonte de iluminação relacionada ao Sol, a Lua ou mesmo a iluminação de uma cidade. Já a cor de nuvem tem a ver diretamente com a cor da luz incidente sobre ela, ou seja, ao se observar uma nuvem localizada próxima ao zênite (angulo de 90º em relação ao Sol), as nuvens ou suas partes iluminadas são normalmente brancas ou acinzentadas.
Entretanto, ao se afastar em direção ao horizonte, o Sol as nuvens, gerando novas cores, como o vermelho, alaranjado ou amarelo. O horário de observação também deve ser considerado, uma vez que pouco antes do amanhecer ou do pôr-do-sol, as nuvens podem apresentar cor acinzentada, uma vez que ainda recebem a sombra do cone de penumbra da Terra, enquanto as demais podem se apresentar nas cores supra-citadas, por já ou ainda estarem recebendo a luz incidente do Sol. Deve-se evitar também que elas estejam muito próximas ao horizonte, uma vez que podem sofrer o efeito da perspectiva e também da maior espessura existente entre a nuvem e o observador, neste ponto de observação, o que poderá influir na sua interpretação de cor e luminância.
Outro aspecto importante na observação de nuvens é a Espessura apresentada. Nas nuvens esta é uma característica bastante mutável, onde se costuma chamar a sua parte inferior de Base, e a parte superior de Topo. Em nuvens mais espessas, costumamos ver partes escuras ou acinzentadas, relacionadas a sombra projetada pelas partes superiores das mesmas. Nuvens menos espessas normalmente se apresentam completamente brancas, a não ser sofrendo alguma projeção de sombra sobre a mesma, ou com presença ou outros materiais particulados.
No processo de classificação de nuvens, procurou-se selecionar características observadas com maior freqüência em determinadas nuvens, reunindo-se assim nuvens com características comuns num mesmo grupo, procurando não considerar as mais diversas formas intermediárias que uma nuvem possas vir a assumir. O documento oficial de referência para a qualificação de uma nuvem o Atlas Internacional de Nuvens, chancelado pela Organização Meteorológica Mundial (OMM). Segundo este Atlas, as nuvens estão classificadas em 10 tipos distintos, denominados Gêneros, comportando Espécies, distintas entre si em relação a forma e estrutura apresentadas, estando as espécies classificadas em Variedades, estabelecidas em função da sua transparência, do arranjo das suas partículas ou ainda dos seus elementos constitutivos.
Segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (INMET), quanto ao seu aspecto podem ser:
Estratiformes - desenvolvimento horizontal, cobrindo grande área; de pouca espessura; precipitação de caráter leve e contínuo;
Cumuliformes - desenvolvimento vertical, em grande extensão; surgem isoladas; precipitação forte, em pancadas e localizadas.

Continua…

Texto original em Rascunho Geo ©
 

Gerofil

Furacão
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21 Mar 2007
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Estremoz
Nuvens: um breve entendimento – II

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Dando prosseguimento a nossa postagem anterior. O que nos motivou a escrever estas postagens sobre nuvens, em particular as CB’s, foi o terrível acidente aéreo com o vôo Air France AF 447, Rio de Janeiro – Paris, que caiu no mar entre o continente sul-americano e o continente africano. Ao que parece há uma estreita relação entre dificuldades técnicas que motivaram a queda deste avião e as características climáticas apresentadas naquela região. Tais características tem a ver principalmente com o fato desta região também ser a Zona de Convergência Intertropical (ZCIT), basicamente uma área de encontro de massas de ar advindas dos hemisférios norte e sul, exatamente na Linha do Equador, e que tem por característica apresentar uma forte nebulosidade. Disto decorre por sua vez a forte presença de formações de nuvens responsáveis por condições meteorológicas extremamente adversas, como é o caso, em particular das nuvens Cumulus Nimbus (CB).
Segundo o texto “Tipos de Nuvens e sua relação com o Quadro Sinótico”, de autoria do Departamento de Ciências Atmosféricas da Universidade de São Paulo (USP), com base no Manual de Meteorologia do Ministério da Aeronáutica, as nuvens cumulus nimbus (CB) apresentam as seguintes características:
Nuvem densa e possante de grande dimensão vertical, em forma de montanha ou de enormes torres; as dimensões horizontais e verticais são tão grandes que a forma característica da nuvem só pode ser vista a longa distância;
Uma parte da região superior e geralmente lisa, fibrosa ou estriada e quase sempre achatada; esta parte pode se desenvolver em forma de bigorna ou vasto penacho;
Constituídos por gotículas de água em suas partes inferiores e por cristais de gelo nas superiores; pode conter grandes gotas de chuva e granizo;
Seu aspecto é sombrio e ameaçador, habitualmente sendo acompanhado por trovões, relâmpagos e fortes pancadas de chuva;
Sua formação está associada a cumulus bastante volumosos e desenvolvidos, sendo portanto análoga à de cumulus;
Após a fase de cumulus congestus, ocorre o cumulonimbus calvus, quando existe um limite claro da nuvem (sem fibras ou franjas ou formações do tipo bigorna); daí para a fase madura (cumulonimbus capillatus) o desenvolvimento é bastante rápido;
A fase calvus implica no início de fortes pancadas, culminando no estágio capillatus;
Pode se desenvolver de um altocumulus ou de um altostratus cujas partes superiores apresentam protuberâncias (nesse caso, sua base está bem elevada);
A existência de cumulonimbus implica, praticamente sempre, em intensa precipitação, forte turbulência, presença de rajadas e avanço de linhas de instabilidade;
Podem conter granizo, que é um dos hidrometeoros mais destrutivos e também ocasionar tornados.
Assim, diante do disposto acima, as Cumulus Nimbus (CB) possivelmente se apresentaram ao vôo AF 447 na noite do acidente com as suas características peculiares, que são:
“Nuvem de trovoada; base entre 700 e 1.500 m, com topos chegando a 24 e 35 km de altura, sendo a média entre 9 e 12 km; são formadas por gotas d'água, cristais de gelo, gotas superesfriadas, flocos de neve e granizo. Caracterizadas pela "bigorna": o topo apresenta expansão horizontal devido aos ventos superiores, lembrando a forma de uma bigorna de ferreiro, e é formado por cristais de gelo, sendo nuvens do tipo Cirrostratos (CS).” Fonte: INMET – Atlas de Nuvens.
Já Varejão-Silva define uma nuvem Cumulus Nimbus (CB) como sendo,
“Nuvem volumosa, muito densa, de grande desenvolvimento vertical, com a forma de montanha, encimada ou não por uma imensa bigorna ou penacho, cujas extremidades são cirrosas. Embora a base destas nuvens esteja bastante próxima da superfície terrestre, seu topo pode alcançar níveis muito elevados. Por isso mesmo as cumulonimbos só são inteiramente observados quando se encontram a considerável distância. Estas nuvens costumam produzir aguaceiros violentos, acompanhados de relâmpagos e trovões. Algumas vezes produzem granizo ou saraiva. Nas porções inferiores são formadas por gotículas de água e de chuva. Nas porções superiores são encontradas gotículas de gelo, neve e pelotas de gelo. Quase sempre se originam do desenvolvimento de cumulus. Ora se apresentam isoladas, ora formando fileiras semelhantes a muralhas.” Fonte: Varejão-Silva (2005, p. 376).
Vale lembrar ainda que naquela região do globo a alta incidência de nebulosidade deve-se principalmente a alta evaporação da água do oceano, por conta da maior incidência de raios solares. Por isso se dizer que o clima nesta faixa do globo é um clima equatorial, caracterizado principalmente por altos índices de pluviosidade. Aliado a isso tem o impacto gerado por nuvens com características distintas em permanente contato. Este é o ambiente climático naquela faixa do Globo e que tão bem caracteriza a Zona de Convergência Intertropical, de acordo com o conceito apresentado pela Fundação Cearense de Meteorologia:
“A ZCIT é uma banda de nuvens que circunda a faixa equatorial do globo terrestre, formada principalmente pela confluência dos ventos alísios do hemisfério norte com os ventos alísios do hemisfério sul. De maneira simplista, pode-se dizer, que a convergência dos ventos faz com que o ar, quente e úmido ascenda, carregando umidade do oceano para os altos níveis da atmosfera ocorrendo a formação das nuvens. A ZCIT é mais significativa sobre os Oceanos e por isso, a Temperatura da Superfície do Mar-TSM é um dos fatores determinantes na sua posição e intensidade.” Fonte: FUNCEME.
Segundo informações o avião voava a 11.000 metros. Nesta área ele encontrou condições extremamente adversas, inclusive com a presença de granizo. Uma das hipóteses da provável causa do acidente foi a falha de interpretação de dados por conta dos computadores de bordo, transmitindo comandos conflitantes ao avião. Aliado às condições meteorológicas apresentadas no momento do acidente, dada a natureza da região, o avião possivelmente se desintegrou ainda no ar, o que pode ser constatado pela distância apresentada pelos poucos destroços apresentados até o momento.

Texto original em Rascunho Geo ©
 

vitamos

Super Célula
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Estarreja
Eheh, absolutamente 666 :p

Fotos muito bem conseguidas. O maior valor delas é mesmo o de se tratarem de nuvens comuns, ao qual o detalhe veio conferir uma nova magia! Porque ás vezes a beleza está em coisas simples :)
 

Mjhb

Super Célula
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.
Talvez isto ajude:

Nuvens(ParteI)

Nuvens noctilúcias:As nuvens noctilúcias são nuvens ténues também chamadas nuvens polares mesosféricas que se encontram na atmosfera superior, visíveis num profundo crepúsculo e são feitas de cristais de gelo. São mais vistas nos meses de Verão a latitudes entre 50° e 70° N e S do Equador.


As nuvens noctilúcias são as mais altas, localizadas na mesosfera a altitudes entre 76 e 85 quilómetros . São normalmente demasiado finas para serem vistas, e mesmo assim só o são se forem iluminadas pela luz do sol no horizonte enquanto que os últimos raios solares na atmosfera estão na sombra da Terra. As nuvens noctilúcias não são completamente conhecidas, uma vez que foram descobertas recentemente e não há evidências de que tenham sido observadas antes de 1885.



As nuvens noctilúcias apenas se formam apenas sob condições restritas; podem frequentemente ser usadas como um sensor para alterações na alta atmosfera. Desde a sua descoberta a ocorrência de nuvens noctilúcias aumenta em frequência, brilho e extensão. É a prova que reforça a teoria que este aumento está ligado às alterações climáticas.

Formação:As nuvens noctilúcias são compostas por pequenos cristais de gelo de água, com diâmetro entre 40 e 100 nanometros e existem a uma altitude entre 76 e 85 quilómetros (47 a 53*milhas),mais altas que qualquer outra nuvem na atmosfera da Terra.

Tal como grande parte das nuvens altas mais familiares, como cirrus, as nuvens noctilúcias são compostas por água colectada na superfície de partículas de poeira, mas as suas fontes, tanto da poeira como de vapor de água na atmosfera superior, não se conhecem ao certo.
Apesar disso, acredita-se as poeiras provenham de micro meteoros, apesar da actividade vulcânica também ser uma possibilidade. A humidade pode ser levantada através de lacunas na tropopausa, bem como se formar a partir da reacção do metano com radicais hidroxila na estratosfera. *
O escape de vaivéns espaciais, que está quase inteiramente composto por vapor de água, tem sido encontrado para gerar nuvens individuais. Cerca de metade do vapor está na termosfera, normalmente a altitudes de 103 até 114 quilómetros (64 to 71*milhas).

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Nuvens polares mesosféricas(nacreous cloud):As “nacreous cloud”são nuvens que se formam na estratosfera a altitudes entre 15 000 e 25 000 metros.
As nuvens polares estratosféricas são raras, e são formados principalmente no Inverno perto dos pólos e foram descritos pelo astrónomo Robert Leslie desde 1885.

Estão envolvidas na formação de buracos na camada de ozono, porque a seu cargo estão as reacções químicas que produzem moléculas de cloro. Estas moléculas podem servir como um catalisador para a reacção e destruição das moléculas de ozono.
A estratosfera é muito seca, ao contrário da troposfera, que raramente permite a formar nuvens. No frio extremo do Inverno polar, no entanto, diferentes tipos de nuvens estratosféricas podem se formar, que são classificados de acordo com o estado físico e sua composição química. Devido à sua elevada altitude e da curvatura da superfície da Terra, estas nuvens vão receber a partir de luz solar abaixo do horizonte e reflectem-na para o chão, brilhando brilhantemente bem antes do amanhecer ou depois de anoitecer. CSP forma em temperaturas muito baixas, abaixo de -78 ° C. Estas temperaturas podem ocorrer na baixa estratosfera no inverno polar. Na Antárctida, temperaturas abaixo de -88 ° C causam frequentemente tipo II CSP. Essas baixas temperaturas são raras no Árctico.

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Cirrocumulus:Cirrocumulus são finas, compostas de elementos muito pequenos em forma de grânulos e rugas. Indicam base de corrente de jacto e turbulência. Com altitude de 6.000 a 12.000 metros.


É um género nubloso que se apresenta geralmente na forma de camadas relativamente pouco extensas, constituídas de pequenos elementos cumuliformes sem sombras, de largura inferior a 1 grau. Em algumas aparições mais espectaculares, essas camadas cobrem parte considerável do céu, usualmente evoluindo para a espécie altocumulus com o aumento do tamanho angular médio e espessamento dos seus elementos. Na espécie cirrocumulus stratiformis, os elementos organizam-se mais compactamente, frequentemente em um ou dois sistemas de ondulações em algumas partes, segundo um padrão que lembra escamas de peixe (undulatus), ou em uma disposição de cavidades bem regulares de céu claro (lacunosus).

Em contraste, em cirrocumulus floccus, não parece haver uma regularidade de disposição, com as pequenas nuvens componentes surgindo mais ou menos ao acaso. A espécie cirrocumulus castellanus é caracterizada por um desenvolvimento vertical maior de suas partes, em virtude da influência de movimentos de ascensão convectiva nos níveis altos da atmosfera, onde a nuvem em questão se encontra, mais não se observa o padrão de uma base comum aos elementos cumuliformes tão regularmente quanto em altocumulus castellanus. A posterior formação de altocumulus ou altostratus pode identificar a aproximação de uma frente fria. Pode-se também observar a formação de elementos de Cirrocumulus em uma camada de cirrostratus, como se aqueles fossem decorrentes de uma descontinuação das camadas antes homogéneas dessa última (cirrocumulus cirrostratogenitus).

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