Diversidade climática em Portugal

Dan

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Bragança (675m)
o IM põe assim:

Koppen_Portugal_w.jpg

Esse mapa resulta da aplicação da classificação climática de Köppen-Geiger.

Csb - Clima Mediterrâneo com Verão fresco (temperatura média do mês mais quente inferior a 22ºC)
Csa - Clima Mediterrâneo com Verão quente (temperatura média do mês mais quente superior a 22ºC)
 


Dan

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26 Ago 2005
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Bragança (675m)
Parece-me que esse mapa não tem em conta diferenças de altitude e nem outras especificidades geográficas.

Provavelmente ainda era possível encontrar pequenas áreas em altitude com um clima Cfb ou mesmo Cfc, mas se calhar não existe nenhuma estação meteorológica com essas carcterísticas.
 

belem

Cumulonimbus
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Provavelmente ainda era possível encontrar pequenas áreas em altitude com um clima Cfb ou mesmo Cfc, mas se calhar não existe nenhuma estação meteorológica com essas carcterísticas.

Existe sim.

leonte.jpg


Cfb.

E quanto ao Cfc, não tenho a certeza, mas parece-me possível nas zonas mais altas da Serra da Estrela.

Também me referia a um terceiro clima, que é o subárido (> 500mm anuais) e está presente em algumas partes do Algarve e Douro interior.
 

Dan

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26 Ago 2005
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Bragança (675m)
Existe sim.

leonte.jpg


Cfb.

É bem provável que sim, mas seriam necessários também os dados de temperatura.

E quanto ao Cfc, não tenho a certeza, mas parece-me possível nas zonas mais altas da Serra da Estrela.

Também neste caso é possível, mas não existem dados que o comprovem.

Também me referia a um terceiro clima, que é o subárido (> 500mm anuais) e está presente em algumas partes do Algarve e Douro interior.

Nem todos os locais com menos de 500mm anuais são BS. Também neste caso é necessário ponderar a precipitação anual com os dados da temperatura.
 

belem

Cumulonimbus
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10 Out 2007
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É bem provável que sim, mas seriam necessários também os dados de temperatura.



Também neste caso é possível, mas não existem dados que o comprovem.



Nem todos os locais com menos de 500mm anuais são BS. Também neste caso é necessário ponderar a precipitação anual com os dados da temperatura.

Para não ser Cfb seriam necessárias temperaturas superiores a 30 graus em média no verão, pois só assim daria 2 meses ou 1 mês seco.
No inverno não tou a ver que sejam abaixo de -3 em média nesse local.

Em relação ao Cfc todos sabemos que não há dados, mas é bastante possível.
Seria interessante colocar uma estação nesses locais.
Já agora sabes qual é a definição de temperatura para ser BS?
 

Dan

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26 Ago 2005
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Bragança (675m)
Para não ser Cfb seriam necessárias temperaturas superiores a 30 graus em média no verão, pois só assim daria 2 meses ou 1 mês seco.
No inverno não tou a ver que sejam abaixo de -3 em média nesse local.

Em relação ao Cfc todos sabemos que não há dados, mas é bastante possível.
Seria interessante colocar uma estação nesses locais.
Já agora sabes qual é a definição de temperatura para ser BS?

Claro que existe Cfb em Portugal continental, mas é pena não existir uma estação meteorologica num local desses. O mesmo para o Cfc.

Num clima como o nosso, com pouca precipitação no Verão, para ser BS é necessário que a precipitação anual seja inferior a 10 vezes a temperatura média anual. Porto Santo já corresponde a esta classificação.
 

belem

Cumulonimbus
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10 Out 2007
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Tabela 3.18. Classificação bioclimática de Pina Manique e Albuquerque (Portugal continental) (1954).
Símbolo Zona notas Parâmetros
climáticos
Série transversa (E-W) no norte do país – nível basal
A X MA Litoral. Pinheiro-bravo e Quercus robur. Porto. Q2>100
MA Mediterrâneo - atlântica Pinheiro-bravo e Quercus robur. Vilar de Barrô. Q2>100
MA X AM Quercus faginea ssp. faginea. Régua. 600≤P<900
AM Atlante-Mediterrânea Quercus faginea ssp. faginea. Folgosa. 600≤P<900
AM X SM Sobreiro e Quercus faginea ssp. faginea. Pinhão. 600≤P<900
SM Submediterrânea Sobreiro em pleno. Malvedos. 600≤P<900
SM X M X IM Zona de transição. Pluviosidade anual e estival um pouco superior ao observado na
zona seguinte (M X IM). Sobreiro, amendoeira e azinheira. Vesúvio.
Q2<50
M X IM Clima semi-árido, segundo Emberger. Amendoeira, azinheira. Barca d’Alva. Q2<50
Série transversa (E-W) no norte do país – nível submontano (450 m )
SA X MA Mediterrâneo - atlântica Castanheiro, Quercus, pyrenaica, Quercus robur, pinheiro-bravo. Ribeira de Pena. P>1000
SAXMAXAM Castanheiro, Quercus pyrenaica, Quercus robur, Quercus faginea ssp. broteroi,
pinheiro-bravo. Vila Real.
P>1000
SA X AM A tlante-Mediterrânea Castanheiro, Quercus pyrenaica, Quercus faginea ssp. broteroi. Sabrosa. P>1000
SAXAMXSM Castanheiro, Quercus pyrenaica, Quercus faginea ssp. broteroi, sobreiro. Alijó. P>1000
SA X SM Submediterrânea Castanheiro, Quercus pyrenaica, sobreiro. Vila Flor. Q2<100
AS X I X SM Castanheiro, Quercus pyrenaica, sobreiro, azinheira. Freixo de Espada à Cinta. Q 2 < 100
Série montana no norte do País
BA Boreo-atlântica Juniperus communis. A partir de 1900 m de altitude, na S. Estrela. k>7,0
AO X BA Juniperus communis e bétula. A partir de 1700 m de altitude, na S. Estrela. k>7,0
AO Oro-atlântica Juniperus communis, Pinus sylvestris, bétula, teixo. A partir de 1300 m de altitude, na
S. da Estrela.
k>7,0
SA X OA Bétula, teixo, Quercus pyrenaica, Quercus robur. A partir de 1000 m de altitude, na S.
Estrela.
k<7,0
SA Subatlântica Na S. Estrela: bétula, teixo, sobreiro, Quercus pyrenaica. Noutras serras: Quercus
pyrenaica. A partir de 700m de altitude.
k<7,0
A X SA Zona mais atlântica das representadas em Portugal continental. Castanheiro, bétula,
Quercus pyrenaica, Quercus robur. Vertentes cismontanas dos relevos do norte (da
Peneda á Estrela).
P>1500;
Pe>100
I X SA Zona de transição para climas continentais. Carvalho negral e azinheira. Miranda. P<900
I Ibérica Plena continentalidade ( não representa em Portugal continental).
Série transversa (E-W) no centro e sul do país
MA X AM Elevado grau de oceaneidade. Quercus robur, Q. faginea ssp. broteroi. Cabo Carvoeiro Q2>200
AM Atlante-Mediterrânea Clima húmido, segundo Emberger. Quercus faginea ssp. broteroi. Lisboa. P<550
AM X SM Clima sub-húmido. Quercus faginea ssp. broteroi, sobreiro. Santarém. P < 5 5 0
SM Submediterrânea Sobreiro. Alvega. P<550
SM X IM Azinheira e sobreiro. Ferreira do Alentejo. P<500
IM Ibero- Mediterrânea MediterrânIca semi-árida de tendência continental. Azinheira. Beja. Q2<50
Série do Vale do Guadiana (S-N)
M Eumediterrânea Amendoeira e alfarrobeira. Vila Real de Santo António. Pe<10
M X IM Azinheira, alfarrobeira, amendoeira. Alcoutim. Q2<50
IM Ibero- Mediterrânea Azinheira. Moura. Q2<50
Série da Costa Vicentina e Serra de Monchique
ÅM Termo-atlante-
Mediterrânea
Condições climáticas quase insulares (não representada em Portugal continenta).l
ÅM X SM Ambiente subtropical de feição macaronésica, com influências submediterrânicas.
Sobreiro, Myrica faia, Quercus canariensis. Zona costeira entre Melides e perto do
Cabo de São Vicente; Serra de Monchique, abaixo de 400m.
Q2<100
SM X SÅ Myrica faia, Quercus canariensis, castanheiro. Serra de Monchique, 400-600 m. P>1000
SÅ Termo-subatlântica Ambiente serrano com influências atlânticas. Myrica faia, castanheiro. Serra de
Monchique, acima dos 600 m.
P>1000


Tabela 3.17. Série litoral da classificação bioclimática de Pina Manique e Albuquerque (1954).
Símbolo Zona notas Proporção da
supremacia
A/M
Parâmetros
climáticos
Série litoral (N-S)
A Atlântica Atlântica genuína ( não representada em Portugal continental). 100/0
A X MA Atlântica galaico-portuguesa Mesotermia estival; chuvas repartidas por todo o ano; mínimos de
aridez. Mediterrânica húmida no sist. de Emberger. Quercus robur e
pinheiro-bravo. Caminha.
70/30 Pe > 70
MA Mediterrâneo-atlântica Atlântica de tendência mediterrânica. Quercus robur e pinheiro-bravo.
Montemor-o-velho.
60/40 50<Pe<70
MA X AM Zona de equilíbrio. Quercus robur, Quercus faginea ssp. broteroi e
pinheiro-bravo. Marinha Grande.
50/50 40<Pe<50
AM Atlante-Mediterrânea Mediterrânica de têndencia atlântica. Quercus faginea ssp. broteroi.
Lisboa.
40/60 30<Pe<40
AM X SM Mediterrânica atenuada. Quercus faginea ssp. broteroi e sobreiro.
Setúbal.
30/70
SM Submediterrânea Sobreiro e zambujeiro. Alcácer do sal. 20/80
SM X M Amendoeira e sobreiro. Bravura. 10/90 10<Pe<30
M Eumediterrânea Mediterrânica genuína. Inverno suave; estio seco, longo,
macrotérmico. Faro. Amendoeira e alfarrobeira.
0/100 Pe<10
 

frederico

Furacão
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9 Jan 2009
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O último post do Belém só prova as minhas suspeitas sobre a distribuição do Quercus Robur no nosso passado, ao referir, por exemplo, a sua presença na Marinha Grande.

Quando estive pela última vez no Tejo Internacional foi-me referida a presença de alguns exemplares de Quercus Robur na região de Idanha-a-Nova. A sua presença também está confirmada na Lousã e no Açor, a sul do vale do Mondego. E pelos vistos, é provável que também se expandisse até à Beira Litoral Sul e até à Beira Baixa.

A acção humana tem sido determinante na extinção de determinadas espécies em determinados locais. A Quercus referiu-me que na Serra da Malcata a erosão dos solos provocada pelas actividades humanas terá levado a que a azinheira ocupasse o território do sobreiro e que o sobreiro ocupasse o território do carvalho-negral.

Também suspeito que no passado o Quercus Canariensis tenha marcado forte presença na Serra de Santa Maria em Tavira e na Serra do Mu em Loulé, já que as vertentes ocidentais destas serras apresentam condições idênticas às da Serra de Monchique ou de Aracena.

Também há referências da presença de carvalho-cerquinho no barrocal a norte de Loulé, espécie que é associada a latitudes mais setentrionais.

Assim, possivelmente, até há algumas décadas atrás o quadro da distribuição do género Quercus poderia ter sido muito mais complexo, em íntima relação com o complexo puzzle de microclimas que compõe o nosso pequeno país.
 

stormy

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"Condições climáticas quase insulares (não representada em Portugal continenta).l
ÅM X SM Ambiente subtropical de feição macaronésica, com influências submediterrânicas.
Sobreiro, Myrica faia, Quercus canariensis. Zona costeira entre Melides e perto do
Cabo de São Vicente; Serra de Monchique, abaixo de 400m.
Q2<100"
que giro....tal como eu suspeitava....dai eu ter feito aquela divisao no inicio...que até é parecida com a do senhor rivas martinez:p
 

stormy

Super Célula
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deixo aqui a tal divisao de que falava ( a que eu fiz):

dividi o pais em 5 regioes com caracteristicas parecidas, o litoral norte e centro até sintra, o interior norte e centro, uma zona de tranziçao entre o norte e o sul ( com caracteristicas mistas), o litoral SW e o interior sul:thumbsup:
em termos microclimaticos há incontaveis maneiras de subdividir estas regioes;)
 

belem

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"Condições climáticas quase insulares (não representada em Portugal continenta).l
ÅM X SM Ambiente subtropical de feição macaronésica, com influências submediterrânicas.
Sobreiro, Myrica faia, Quercus canariensis. Zona costeira entre Melides e perto do
Cabo de São Vicente; Serra de Monchique, abaixo de 400m.
Q2<100"
que giro....tal como eu suspeitava....dai eu ter feito aquela divisao no inicio...que até é parecida com a do senhor rivas martinez:p

Eu acho é que há uma contradição nesta definição.
Como se pode dizer que não está representada em P. continental, quando está e até é referida pelo próprio autor?
Eu sempre achei que Monchique tinha algum cariz subtropical, porque não são todos os locais na Europa que têm 17,2 ou mais de média anual e apresentam mais de 1400 mm de precipitação anual.
Só não é um subtropical húmido completo como o da Ilha do Corvo, porque tem meses secos. Mas, no entanto é uma mistura interessante de microclimas, certamente muito próprio e distinto de todos os outros locais, daí a sua indiscutível diferenciação.
Eu sempre que fui a Monchique fui enganado: antes de ir pensava que ia apanhar frio e o que apanhava era calor e ventos quentes locais.
A vegetação infelizmente está algo degradada ( estevais), mas algumas manchas de bosque primitivo mais húmido ainda persistem.
A vastidão de área natural contudo, no geral, não desilude... Muito pelo contrário.
 

belem

Cumulonimbus
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deixo aqui a tal divisao de que falava ( a que eu fiz):

dividi o pais em 5 regioes com caracteristicas parecidas, o litoral norte e centro até sintra, o interior norte e centro, uma zona de tranziçao entre o norte e o sul ( com caracteristicas mistas), o litoral SW e o interior sul:thumbsup:
em termos microclimaticos há incontaveis maneiras de subdividir estas regioes;)

Sim e nem é assim tão difícil.
Basta lembrar-nos o quanto é diferente a grande Serra da Estrela das zonas em redor e o Vale do Douro no seu enquadramento transmontano.
Já agora o que consideras em comum, na Estremadura com a Beira Baixa?
 

joseoliveira

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18 Abr 2009
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Loures (Moninhos) 128m
..., uma zona de tranziçao entre o norte e o sul ( com caracteristicas mistas),...

Já agora o que consideras em comum, na Estremadura com a Beira Baixa?

Foi uma das áreas que vi primeiro, porque mesmo que tenham em comum características ao nível microclimático, as diferenças de base certamente são acentuadas como na amplitude térmica, quantidade de precipitação e até no número de meses secos, contudo concordo quando se atribui a toda esta região assinalada a definição de zona de transição entre o norte e o sul, onde o gradiente é mais visível e como se de um filtro atenuante se tratasse.

Apesar de tudo penso que é um pouco ingrato separar climáticamente qualquer que seja o território desta forma tão rectilínea; obriga a que analisemos a grossíssimo modo as respectivas diferenças, o que leva a um inevitável aumento da margem de erro!