Monitorização do Clima de Portugal - 2022

Esse mapa faz me uma confusão do caneco, então a serra algarvia tem menos água que o litoral algarvio.
O Baixo Alentejo e aquela região do Vale do Tejo tem menos de 1%.
A região do litoral Norte sobretudo a zona de Aveiro tem capacidade de campo quando nem choveu mais de 60 mm sequer na zona!

Os mapas não mostram o conteúdo de água total no terreno. Mostram o conteúdo de água utilizável pelas plantas em % do máximo possível atribuído àquele solo específico, coberto vegetal, declive, volto a referir. São mapas destinados ao uso agrícola. Não são um simples balanço hídrico do que cai, fica, evapora, escorre, infiltra, etc.
 
Não sei se este é o tópico mais indicado, mas achei uma curiosidade interessante:
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Estas são as temperaturas registadas pela EMA de Albufeira às 00:00utc de todos os dias desde 25 de julho.
Após fazer uma regressão linear obtive a função: y = 21.232 - 0.026x.
Como podem ver, o módulo do declive da reta é muito baixo, o que indica que, no que diz respeito às temperatura às 00:00utc, não se faz sentir a progressão das estações do ano. As temperaturas a essa hora têm permanecido "estáveis" nos 21ºC pelos meses de agosto, setembro e outubro.
Claro que isto surge devido ao rápido arrefecimento no verão provocado pelas rajadas de norte/nordoeste (pelo que às 00:00utc já se estava perto da temperatura mínima) enquanto que neste mês de outubro os ventos de sul/sudoeste resultam numa menor amplitude térmica e em temperaturas acima da média...
 
Já saiu o boletim de Outubro de 2022.

O mês de outubro de 2022 em Portugal continental classificou-se como muito quente em relação à temperatura do ar e chuvoso em relação à precipitação.

5º outubro mais quente dos últimos 92 anos. O valor médio da temperatura média do ar, 18.73 °C, foi 2.53 °C superior ao valor normal (outubros mais quentes: 2017, 2014, 2011 e 1997).

Temperatura mínima do ar: valor médio, 13.56 °C, muito superior ao valor normal com uma anomalia de +2.37 °C, sendo o 4º valor mais alto desde 1931 (mais alto em 2006, 13.95 °C).

Temperatura máxima do ar: valor médio, 23.91 °C, superior ao valor médio (anomalia de +2.68 °C) e é o 5º mais alto desde 2000 (mais alto em 2017, 27.11 °C).

Durante o mês: valores de temperatura mínima diária sempre acima do valor médio mensal (exceto dia 1); temperatura máxima, em mais de metade do mês, com valores acima da média mensal, sendo de realçar o período de 2 a 8 com a ocorrência de uma onda de calor nas regiões do interior Norte e Cento, vale do Tejo e alguns locais do interior Alentejano.

Precipitação total: 121.2 mm que corresponde a 123 % do valor normal. Valores da quantidade de precipitação superiores aos deste mês ocorreram em 30 % dos anos, desde 1931.

Quantidade de precipitação registada na 2ª quinzena de Outubro foi significativa, com valores muito elevados na região do Minho e Douro Litoral, onde se destacam os dias 19, 23, 28 e 29 nos quais foram registados valores diários superiores a 60 mm e com um total mensal superior a 200 mm, sendo mesmo nalguns locais superiores a 400 mm.

Percentagem de água no solo: aumento significativo em quase todo o território, mas em particular na região Noroeste, no litoral Centro e nalguns locais da Beira Baixa. No interior Norte e no Alentejo e Algarve ainda se encontram muito locais com valores inferiores a 20 %.

Seca meteorológica: desagravamento significativo da área e da intensidade da situação de seca, terminando mesmo na região Noroeste e em grande parte da região Centro. Mantém-se ainda em seca as regiões a sul de Coimbra, sendo de salientar o Baixo Alentejo e o Algarve nas classes de seca moderada a severa. A distribuição percentual no fim de outubro é a seguinte: 9 % chuva fraca, 29.1 % normal, 34.3 % seca fraca, 17.9 % seca moderada e 9.7 % em seca severa.

Dizer que o mês de Outubro foi chuvoso é muito generalista. Outubro foi extremamente chuvoso no noroeste e seco no sul.

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Dizer que o mês de Outubro foi chuvoso é muito generalista. Outubro foi extremamente chuvoso no noroeste e seco no sul.

Precisamente. Há resumos que não podem deixar de distinguir situações tão opostas como as do caso presente. O território é relativamente pequeno em área mas grande em tipos climáticos de norte a sul e do litoral para o interior. A chuva que cai no noroeste em nada aproveita ao sueste, não é, infelizmente, um sistema de vasos comunicantes, só se existisse uma utópica rede de retenção e transvases.
 
Tornados de Alcântara (Lisboa) e de Santo Estevão (Benavente), 8 de novembro de 2022
Uma superfície frontal fria associada a uma depressão centrada a noroeste das ilhas Britânicas aproximava-se do território do continente durante a madrugada do dia 8 de novembro, em progressão de Oeste para Este. O território, ainda em setor quente, encontrava-se sob a influência de uma massa de ar tropical marítimo caraterizada por conteúdo moderado em água precipitável e instabilidade igualmente moderada. Nesta massa de ar organizavam-se diversas linhas de instabilidade, uma das quais viria a afetar a região compreendendo o sul da Estremadura e o Vale do Tejo, entre o final da manhã e o meio da tarde. A distribuição do wind shear (variação do rumo e/ou intensidade do vento) na vertical, na camada situada entre a superfície e os 6 km de altura suportava um ambiente neutro a marginalmente favorável à formação de convecção organizada. Ou seja, à formação de nuvens com desenvolvimento vertical de ciclo de vida mais longo do que o habitual e circulações específicas, suscetíveis de produzirem condições de tempo adverso. O valor do wind shear na camada entre a superfície e 1 km de altura era relativamente favorável a processos de intensificação da rotação em níveis próximos da superfície.

Nesta linha de instabilidade formaram-se diversas estruturas de natureza supercelular. A assinatura de uma destas supercélulas, cujo mesociclone produziu um padrão de dipolo no campo da velocidade Doppler em relação à tempestade (em baixa elevação), revelador de rotação, pode ser continuamente seguida nas observações do radar de Coruche, por um período prolongado (Figura). A circulação mesociclónica em níveis baixos não corresponde à rotação de um tornado, a menos que se intensifique suficientemente. Este incremento na magnitude da rotação do mesociclone verificou-se em dois momentos distintos durante o referido período. A cada uma destas intensificações correspondeu a materialização de um tornado. O primeiro dos tornados ocorreu no período aproximado 13:55-13:57 UTC na zona ocidental da cidade de Lisboa (freguesias de Ajuda e Alcântara, concelho e distrito de Lisboa) doravante designado por tornado de Alcântara. O segundo tornado ocorreu no período aproximado 14:52-14:58 UTC numa área da freguesia de SantoEstevão (concelho de Benavente, distrito de Santarém), designado por tornado de Santo Estevão.

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