Seguimento Açores e Madeira - Fevereiro 2017

Orion

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Tem sido um bom evento para as regiões altas de S. Miguel.

FHLevgj.png


Escolhi o acumulado semanal porque as outras opções não eram grande coisa (mas o principal da chuva ocorreu ontem e hoje). A tronqueira é uma agradável surpresa tendo em conta a sua posição face ao fluxo dominante.

Já assisti nas Sete Cidades ao nevoeiro matinal associado às inversões mas trocava isso para ver neve nas Furnas :lol:

o0wH8YN.png


Problema recorrente da estação. Essa rede devia ser integrada no IPMA regional.
 
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A tronqueira é uma agradável surpresa tendo em conta a sua posição face ao fluxo dominante.

Já assisti nas Sete Cidades ao nevoeiro matinal associado às inversões mas trocava isso para ver neve nas Furnas :lol:

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Problema recorrente da estação. Essa rede devia ser integrada no IPMA regional.

Relativamente à neve, este ano está a ser muito pouco propício infelizmente, era a minha esperança ver neve este ano, mas o raio do fluxo predominante de sw não está a ajudar nada.
Relativamente à RHMA fazia todo o sentido estar interligada ao IPMA, temos por exemplo o caso da Madeira! Têm estações em locais variados, enquanto nós, apenas temos nas principais localização e por norma a cotas muito baixas. Vem então dessa forma ocultar a realidade metereologica destas ilhas... podemos ver a diferença brutal, por exemplo, entre Ponta Delgada e o nordeste.
Dessa forma, teria-se uma ideia muito mais clara do verdadeiro impacto dos acumulados e gradientes térmicos que ocorrem em nas mais diversas cotas das nossas ilhas.


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Orion

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Esfumou-se tudo... depressão cavada, CAPE frontal (quase todo), tornados... Os ventos são fracos, o cisalhamento é moderado. Fica para outra vez.

No que concerne à Madeira, avizinha-se um evento convectivo potencialmente interessante com a frente (quase) estacionária. Amanhã os dados deverão ser mais claros.
 
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Orion

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Relativamente à RHMA fazia todo o sentido estar interligada ao IPMA, temos por exemplo o caso da Madeira!

Fazer fazia. Mas quem vai lidar com a rede é o CIVISA/CVARG.

Para conseguir a operacionalidade de todos os equipamentos e a fiabilidade dos dados registados, a Direção Regional do Ambiente estabeleceu uma parceria com o Centro de Informação e Vigilância Sismovulcânica dos Açores (CIVISA), "para acompanhamento e avaliação das condições de aquisição, transmissão, receção e armazenamento de dados das estações, 24 sobre 24 horas".

Estão a complicar uma coisa que devia ser bem simples (o 2º outorgante do contrato é esta funcionária do CVARG).



Claro que as estações têm que estar quase online. O contrato foi firmado em Abril do ano passado e faltam apenas 2 meses para o fim do mesmo...

O instituto sismológico-vulcânico a gerir a rede hidrometeorológica com os meteorologistas locais a ver navios. Tanta duplicação escusada de recursos e tanto desperdício de dinheiro. Só mesmo nos Açores :rolleyes:
 
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Orion

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Pessoalmente, também não retiro a possibilidade de ocorrência de trovoada, apenas esporádica, durante a próxima madrugada, devido ao surgimento de algum LI negativo juntoa o grupo oriental. Situações destas são algo complexas, e julgo ser muito incerta a formação daquele núcleo de LI (tanto a área de abrangência como os valores associados).

Porque é que não ocorrem muitas trovoadas nos Açores?

Fiz a pergunta esperando resposta :D

cc0XisM.png


Porque é que não há muitas trovoadas nos Açores?

Há alguns estudos sobre atividade elétrica no continente mas não encontrei nenhum sobre as ilhas (estou chocado :rolleyes:). Em 2012 ocorreu uma supercélula no Havai. Não só eventos deste género são raros lá como também são as trovoadas em geral. Não obstante o clima do Havai ser mais tropical que os Açores também eles são afetados por um anticiclone. Lá, como cá, ocasionalmente ocorre a "inversão dos ventos comerciais" (trade wind inversions) que é visível nos tefigramas.

Algumas explicações que tenho captado p'la 'net (algumas associadas ao Havai):

- Reduzido lift devido à reduzida extensão dimensão das ilhas (mesmo com CAPE a 2000 trovoadas severas são uma raridade nos Açores se é que ocorrem - não há radar para ter uma ideia);

- Orografia em geral pouco acidentada (mas suficiente para gerar chuva localmente forte);

- Poucos núcleos de condensação (há mais em terra). Isso faz com que as gotas sejam tendencialmente superiores. O reduzido lift impede choques mais violentos entre as partículas;

- A temperatura do oceano não é muito quente. O pós-frontal raramente traz trovoada e quando traz está associada a linhas de instabilidade.

Em suma, geralmente o CAPE pós-frontal é irrelevante para gerar trovoada/tempo severo (mas já ocorreu uma freak célula na transição). O reduzido lift impede que muitas células resistam ao cisalhamento moderado a forte daí que CAPE's de 400 ou 500 que poderiam gerar tempo severo no continente pouco ou nada geram nos Açores (só com cisalhamento muito baixo). O cisalhamento nos níveis baixos é tendencialmente superior nos continentes e isso ajuda a gerar tempo severo (mas é preciso lift). Paralelamente, o surgimento de cumulonimbus não significa necessariamente o surgimento de (muitos) raios nos Açores (devido ao pouco lift).

Trovoada só mesmo em frentes muito ativas (isóbaras muito juntas ou com grande diferencial térmico) ou linhas de instabilidade em ambientes com um grande arrefecimento. Granizadas só ocorrem tipicamente no inverno. Os tornados são geralmente fracos e de curta duração. Pode haver muita instabilidade latente mas a insolação sozinha não é fator suficiente para gerar convecção. Outros fatores têm que se juntar à mistura.

Isto apenas representa a minha opinião amadora. Dissidentes são bem-vindos :D

Mais cenas destas só ajudavam o turismo :lol:

 
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Cumulonimbus
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Sigo neste momento com 8.8°c. Vento calmo e já caiu 1.1mm de chuva entretanto.
@Orion no dia em que filmei isso, essa célula esteve o dia inteiro nessa localização, ora mais em cima de terra, ora mais no mar. Quando começou a anoitecer, começou a se desmoronar com uma valente porrada de água. Lembro-me em 1995, no verão também haver uma trovoada estacionária, mas dessa fez foi a sul e foi, se a memória não me falha, desde meio da tarde, até ir dormir... lembro-me bem do ano, pois nesse ano passou o Furacão Tânia.


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Peço desculpa, @Orion, pensei que fosse uma pergunta retórica ou que, não sendo, não saberia a resposta :D
Achei interessante a tua explicação, mas há uma pergunta que tenho para fazer... Sendo as condições não muito propícias à formação de tempestades junto (ou sobre) às ilhas açorianas, mesmo com valores de CAPE muito elevados, que fatores consideras serem determinantes nas linhas de instabilidade para que haja uma boa trovoada ou algum tornado/tromba de água? Que essência distingue as linhas de instabilidade de uma série de condições que poderiam despoletar tempo severo mas não são suficientes no nosso arquipélago?
 

Orion

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Sendo as condições não muito propícias à formação de tempestades junto (ou sobre) às ilhas açorianas, mesmo com valores de CAPE muito elevados, que fatores consideras serem determinantes nas linhas de instabilidade para que haja uma boa trovoada ou algum tornado/tromba de água?

As linhas de instabilidade são linhas convectivas não frontais. Às vezes são bolsas de ar mais húmido que aproveitam a instabilidade existente para gerar trovoadas.

Os funis de bom tempo surgem em condições de muita instabilidade (CAPE e LI elevados) e ventos fracos mas é preciso que haja convergência/lift para gerar convecção (insolação, orografia, linha de instabilidade...). Os funis de mau tempo surgem quando há outras variáveis a aumentar a intensidade do evento (cisalhamento...)

Que essência distingue as linhas de instabilidade de uma série de condições que poderiam despoletar tempo severo mas não são suficientes no nosso arquipélago?

Do meu conhecimento o que se aplica às frentes aplica-se às linhas de instabilidade. Estas é que podem ser mais fracas porque não há o choque de massas de ar (especialmente nos Açores que em geral tem pouco lift).