Pessoalmente, também não retiro a possibilidade de ocorrência de trovoada, apenas esporádica, durante a próxima madrugada, devido ao surgimento de algum LI negativo juntoa o grupo oriental. Situações destas são algo complexas, e julgo ser muito incerta a formação daquele núcleo de LI (tanto a área de abrangência como os valores associados).
Porque é que não ocorrem muitas trovoadas nos Açores?
Fiz a pergunta esperando resposta
Porque é que não há muitas trovoadas nos Açores?
Há alguns estudos sobre atividade elétrica no continente mas não encontrei nenhum sobre as ilhas (estou chocado
). Em 2012 ocorreu uma
supercélula no Havai. Não só eventos deste género são raros lá como também são as trovoadas em geral. Não obstante o clima do Havai ser mais tropical que os Açores também eles são afetados por um anticiclone. Lá, como cá, ocasionalmente ocorre a "inversão dos ventos comerciais" (
trade wind inversions) que é visível nos tefigramas.
Algumas explicações que tenho captado p'la 'net (algumas associadas ao Havai):
- Reduzido lift devido à reduzida extensão dimensão das ilhas (mesmo com CAPE a 2000 trovoadas severas são uma raridade nos Açores se é que ocorrem - não há radar para ter uma ideia);
- Orografia em geral pouco acidentada (mas suficiente para gerar chuva localmente forte);
- Poucos núcleos de condensação (há mais em terra). Isso faz com que as gotas sejam tendencialmente superiores. O reduzido lift impede choques mais violentos entre as partículas;
- A temperatura do oceano não é muito quente. O pós-frontal raramente traz trovoada e quando traz está associada a linhas de instabilidade.
Em suma, geralmente o CAPE pós-frontal é irrelevante para gerar trovoada/tempo severo (mas já
ocorreu uma freak célula na transição). O reduzido lift impede que muitas células resistam ao cisalhamento moderado a forte daí que CAPE's de 400 ou 500 que poderiam gerar tempo severo no continente pouco ou nada geram nos Açores (só com cisalhamento muito baixo). O cisalhamento nos níveis baixos é tendencialmente superior nos continentes e isso ajuda a gerar tempo severo (mas é preciso lift). Paralelamente, o surgimento de cumulonimbus não significa necessariamente o surgimento de (muitos) raios nos Açores (devido ao pouco lift).
Trovoada só mesmo em frentes muito ativas (isóbaras muito juntas ou com grande diferencial térmico) ou linhas de instabilidade em ambientes com um grande arrefecimento. Granizadas só ocorrem tipicamente no inverno. Os tornados são geralmente fracos e de curta duração. Pode haver muita instabilidade latente mas a insolação sozinha não é fator suficiente para gerar convecção. Outros fatores têm que se juntar à mistura.
Isto apenas representa a minha opinião amadora. Dissidentes são bem-vindos
Mais cenas destas só ajudavam o turismo