Sismologia e Vulcanismo nos Açores

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Nimbostratus
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O cozido não me importo, mas deixa as maçarocas quietas, que tenho uma perdição por aquelas maçarocas. Eheh

Nunca tinha ouvido falar em explosões hidrotermais nas Furnas, mas ao que parece, já ocorreram anteriormente.

Comunicado CIVISA

Caldeira Asmodeu – evento de 30 de agosto de 2017 - Ponto de situação

O Centro de Informação e Vigilância Sismovulcânica dos Açores (CIVISA) informa que no início da tarde do dia de ontem, 30 de agosto, ocorreu uma explosão de vapor na caldeira (fumarola) Asmodeu situada no campo fumarólico da freguesia das Furnas, ilha de S. Miguel. A ocorrência do evento foi reportada ao CIVISA pelo Sr. Diretor Regional do Ambiente, Dr. Hernâni Jorge, cerca das 16:00 h, tendo sido transmitido que a explosão tinha sido precedida no dia anterior pelo aparecimento de uma turvação da água desta caldeira. A explosão sucedeu após o total desaparecimento de água da caldeira. Após a explosão, a água surgiu com um aspeto lamacento. De imediato foi estabelecido um perímetro de segurança para evitar a aproximação de pessoas do local.

Esta informação foi transmitida ao Sr. Presidente do SRPCBA, tendo o CIVISA informado que esta caldeira já possuía um histórico relativamente a este comportamento caracterizado pela ocorrência de erupções de vapor ocasionais, intervaladas por várias dezenas de anos, tendo a mais recente ocorrido em 1990.

Elementos do CIVISA/IVAR deslocaram-se ainda no dia de ontem ao local para uma observação preliminar e ao longo do dia de hoje outra equipa esteve a realizar trabalhos de campo que consistiram na amostragem da emissão gasosa de várias fumarolas, na medição no solo do fluxo de CO2 e de temperatura e da obtenção de imagens térmicas. Os dados após a devida análise serão comparados com informação obtida anteriormente.

De acordo com informação obtida no local, o episódio de ontem foi caracterizado pela projeção de uma coluna de água e vapor acompanhada por algum material sólido rochoso. A altura atingida e a dimensão e a distância alcançada pelos blocos projetados terá sido inferior à do episódio de 1990.

Na rede de monitorização sismovulcânica instalada no vulcão das Furnas todos os dados registados até ao momento encontram-se dentro dos valores normais para esta região. De facto, a explosão de vapor ocorrida, encontra-se provavelmente relacionada com a obstrução do sistema de conduta pelo qual o fluido hidrotermal atinge a superfície, a qual terá produzido um incremento da pressão de vapor e originado a explosão. Trata-se assim de um fenómeno muito localizado e superficial que não se repercutiu em qualquer registo anómalo no sistema de monitorização do Vulcão das Furnas.

A explosão de vapor mais recente na caldeira Asmodeu ocorreu no dia 6 de novembro de 1990. Tratou-se de uma única explosão e a caldeira demorou mais de um ano a retomar o seu aspeto habitual de água transparente. Outras ocorrências têm data mais incerta e ter-se-ão registado em 1944-1945 e em 1840-1841.

O CIVISA continua a acompanhar o evoluir da situação.

Ao que parece foi obstrução da conduta..
 


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Nimbostratus
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Faz hoje 60 anos que o vulcão dos Capelinhos entrou em erupção, foi a última "grande" erupção nos Açores. Apesar de ter sido uma erupção submarina junto à costa da ilha do Faial, teve um profundo impacto na vida dos Faialenses.

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https://volcanohotspot.wordpress.com/2016/07/23/coming-to-the-point-faial-azores-part-4/

http://24.sapo.pt/atualidade/artigo...-memorias-da-erupcao-que-fez-tremer-os-acores
 

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"A lava parecia um rio de ouro". 60 anos depois, as memórias da erupção que fez tremer o Faial
26 set 2017 11:21

Um dia depois de começar a erupção do vulcão dos Capelinhos, no Faial, Açores, o jornal O Telégrafo trazia à primeira página as “horas de ansiedade”, porque "no mar, a 100 metros dos Capelinhos", tinha rebentado um “vulcão submarino”. Passaram 60 anos.



“Desde há dois dias, quase ininterruptamente, nas freguesias do Capelo e Praia do Norte, a terra tem tremido, pondo em sobressalto as respetivas populações que, assustadas, abandonaram as suas casas, percorrendo as ruas com o emblema do Divino Espírito Santo a implorar a Misericórdia Divina”, relata O Telégrafo na edição de 28 de setembro de 1957.

O jornal, com sede na Horta, Faial, contava que no dia anterior, pelas 06:45, “essa ansiedade aumentou, ao ser avistado a 100 metros a nordeste dos ilhéus dos Capelinhos o mar em ebulição expelindo escórias que eram projetadas a alguns metros de altura”.

“O mar no ponto da erupção tem cerca de 50 braças de profundidade”, lia-se no matutino, acrescentando que “o facto, como era de prever, causou grande pânico na população daquelas freguesias e sobressalto na cidade e em toda a ilha”.

Segundo o jornal, “os baleeiros, que [estacionavam] no Comprido, e suas famílias, abandonaram imediatamente aquela estação”, enquanto a torre do farol “oscilava de uma forma assustadora”.

A erupção do vulcão dos Capelinhos começou a 27 de setembro de 1957 e, um ano depois, começou a perder força. A 24 de outubro de 1958 ocorreu a última emissão de lavas e o vulcão adormeceu.

“De 26 para 27 de setembro, todo o dia a terra tremeu”, conta Manuel Rodrigues Vargas, de 78 anos, que era “vizinho do vulcão”. O idoso recorda depois o momento em que “pararam os abalos de terra”, mas “uma mancha negra apareceu no mar”. Presumiu na ocasião que uma qualquer embarcação tivesse lavado os tanques, até que um colega o informou que estava “um vulcão a rebentar fora dos Capelinhos”, conta, revisitando as memórias desse dia. “O mar estava amarelo e a água a ferver e as explosões aumentavam cada vez mais”, diz. “Todos tínhamos medo”, relata o morador que, após as primeiras explosões, foi obrigado a ir “cinco semanas para a cidade mais a família” (Horta), para depois voltar a casa.

As explosões eram recorrentes, assim como os dias transformados em noite devido às cinzas vulcânicas. “Não se via nada verde, estava tudo negro”, diz, lembrando em particular a noite de 12 para 13 de maio de 1958, quando sentiu “o primeiro abalo de terra” e depois outro, mais outro e muitos outros.

Foram 450 nessa noite, na qual, diz-se, não se conseguia rezar um Pai Nosso completo que não fosse interrompido por um sismo.

Manuel Vargas prosseguiu a narrativa, quase atropelando as palavras na ânsia de que nada ficasse esquecido no acontecimento que mudou a ilha: “Eram casas a cair, cães a uivar, vacas a mugir”. “[Na fuga], houve um tremor de terra que abriu uma fenda no caminho, caímos para cima das hortênsias e uma camioneta ficou lá enterrada”, reviveu, recordando também uma ilha rodeada de barcos na eventualidade de ser necessária a sua evacuação. Parentes de Manuel Vargas “embarcaram” - o que, por estes lados, é sinónimo de emigrar -, mas quando o jovem tentou a sua sorte disseram-lhe: “Já não há mais vistos”.


Aida Silva, agora com 73 anos, reteve a imagem de uma explosão, “um cogumelo como se fosse a bomba atómica”, para reconhecer que “visto de noite era lindo”.


“A lava parecia um rio de ouro”, acrescentou Conceição Silveira. O vulcão surpreendeu-a quando tinha dez anos, com os quais se passeou nos Capelinhos sem medir perigos, mas a sentir medo quando a terra "dava de si".

A evacuação

Rui Coutinho, docente da Universidade dos Açores, conta que na sequência da erupção houve a evacuação de alguns lugares, tendo sido retiradas 1.712 pessoas e meio milhar de cabeças de gado, do Norte Pequeno, Canto e Capelo.

Num testemunho que recolheu de Norberto Fraião, à data da erupção funcionário da Federação de Municípios, é referido "que as areias eram o grande problema, porque destruíam as estradas e quando se acumulavam nos telhados faziam com que estes se abatessem".

Segundo o investigador, na noite de 12 para 13 de maio de 1958, quando ocorreram cerca de 450 eventos, o pároco da Praia do Norte “absolveu coletivamente os pecados do povo”, uma ação que “causou pânico generalizado”.

A 15 de maio de 1958 chegou à Horta o ministro das Obras Públicas, Arantes e Oliveira, que anunciou “um exaustivo plano de recuperação e reconstrução”, ao mesmo tempo que continuou a doação de alimentos a vestuário, tendo ainda o cônsul dos Estados Unidos da América visitado os Açores nesse mês para “discutir a emigração para o país”.

Rui Coutinho adiantou que “cerca de 40% da população ativa emigrou do Faial em consequência da erupção”, estimando os “custos quantificáveis” da erupção em dois milhões de dólares americanos à data, o que seriam hoje 15,4 milhões de dólares.

Porém, “muitos outros custos indiretos ou não quantificados ficaram por contabilizar”, como a perda de receitas fiscais, de rendimentos, as verbas atribuídas à população para limpezas de vias e casas, entre outros, além dos “custos suportados pelos cidadãos”, seus familiares ou famílias de acolhimento.

Rui Coutinho salienta que é “absolutamente espantoso” que não tenha havido uma única vítima mortal num acontecimento que marcou os Açores e no qual considera que se destacaram duas personalidades: Frederico Machado, pelos contributos técnico-científicos”, e Freitas Pimentel, o governador civil responsável pela “gestão da crise”.

Vulcão dos Capelinhos deu terra nova a Portugal, mas resta apenas um quarto

A erupção do vulcão dos Capelinhos levou à acumulação de 174 milhões de metros cúbicos de material e acrescentou a Portugal 2,4 quilómetros quadrados de área, que a erosão reduziu a um quarto em 60 anos.




créditos: EDUARDO COSTA/LUSA


“A acumulação dos 174 milhões de metros cúbicos de material emitido levou à criação de uma paisagem única e com características muito específicas. O cone atingia uma altura de cerca de 160 metros e tinham sido acrescentados à ilha do Faial cerca de 2,4 quilómetros de área, as Terras Novas”, explicou à agência Lusa o diretor do parque natural da ilha, João Melo.

Segundo o diretor, “quando termina a erupção dos Capelinhos, termina o processo de construção de paisagem, iniciando-se, automaticamente, um processo de destruição” por agentes externos, como “o mar, o vento e as chuvas, que têm sido os principais responsáveis pela erosão deste cenário vulcânico”.

O vulcão, assinalou, está “numa zona na ponta oeste da ilha do Faial, onde é frequente haver ventos com mais de 100 quilómetros/hora” e “grande intensidade de chuva”, além de ser um território no mar.

“As taxas de erosão para a recente paisagem do vulcão dos Capelinhos foram extremamente elevadas nos anos que se seguiram à erupção, sendo este processo mais eficiente a oeste e chegando a atingir os 300 metros por ano para este quadrante em 1959”, exemplificou.

Já “entre 1976 e 1981, as taxas de erosão eram de cerca de seis metros/ano”, referiu, observando que foram extremamente elevadas nos anos que se seguiram à erupção, mas que tenderam a diminuir ao longo dos tempos.

“Esta diminuição nas taxas de erosão deve-se a diversos fatores, sendo dois deles mais evidentes. Em primeiro lugar, deste processo erosivo resulta a acumulação de materiais arrancados à paisagem, formando praias de calhau e de ‘areia’ [cinza] que cobrem as margens junto ao cone principal, atenuando, assim, o efeito das ondas junto à base da falésia e abrandando o processo erosivo”, declarou João Melo.

A isto acresce “o facto das cinzas vulcânicas se alterarem ao longo do tempo através de um processo denominado palagonitização, do qual resulta a sua compactação e, consequentemente, uma nova rocha, o tufo, mais resistente à erosão”, esclareceu.

João Melo informou que “nos últimos anos a erosão registada é de 1 a 1,5 metros/ano”, para concluir que, “da paisagem inicial formada por este vulcão, resta apenas 0,5654 quilómetros quadrados”.

“A intensidade da erosão tem vindo a reduzir-se e agora esperemos que ela seja tão lenta que ainda se consiga ter algum território [novo] durante muitos anos”, acrescentou.

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Nimbostratus
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Centenas de sensores contribuem para vigilância sismovulcânica nos Açores

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O Centro de Informação e Vigilância Sismovulcânica dos Açores (CIVISA) recebe em permanência dados de centenas de sensores espalhados pelo arquipélago, que constituem as redes de monitorização sísmica, geodésica, geoquímica e meteorológica.





Associação privada sem fins lucrativos, que em 2018 completa dez anos de existência, o CIVISA tem dois associados, a região autónoma e a Universidade dos Açores, em cujo polo de Ponta Delgada está instalada a sua sede e o seu centro de operações de emergência.

À agência Lusa, a presidente da direção do CIVISA, Teresa Ferreira, explicou hoje que este centro foi desenhado “para poder gerir todas as situações relacionadas com eventos naturais que podem ter consequências adversas para a população dos Açores”.

“Esses eventos podem ser de naturezas distintas, eventos sísmicos, vulcânicos, movimentos de vertente, emissões gasosas e, como tal, é uma sala que está equipada para se poder não só analisar a informação que é gerada por todas as redes de monitorização, e adquirida também por outros tipos de monitorização que vamos fazendo”, afirmou Teresa Ferreira.

O espaço também permite ter vários tipos de sistemas de comunicação com a Proteção Civil e para poder manter contacto com as autoridades e entidades governamentais.

A presidente do CIVISA adiantou que o arquipélago dos Açores está localizado numa região do Atlântico “propícia a ser frequentemente afetada por eventos de origem natural que podem, se tiverem magnitudes significativas, causar danos”.

“Porque estamos próximos e sobre, nalguns casos, uma zona de fronteira de placas tectónicas, obviamente que logo o primeiro tipo de evento natural que nos pode afetar é a atividade sísmica”, adiantou, referindo que os Açores estão igualmente “numa região oceânica anómala do ponto de vista de produção magmática”, pelo que, ocasionalmente, são “afetados por erupções vulcânicas”.

Acresce que o arquipélago está numa região “onde se faz uma transição na circulação de massas de ar quentes e frias”, sendo que, por vezes, é afetado “por eventos meteorológicos extremos que podem desencadear movimentos de vertente” e cheias rápidas, realçou.

“Nesse sentido, utilizamos uma rede meteorológica constituída por estações do CIVISA e do Governo Regional, não destinada a fazer previsão, mas uma rede que nos fornece dados principalmente sobre a quantidade de precipitação que ocorre e as condições nas quais essa precipitação pode vir a desencadear movimentos de vertente”, informou a docente universitária, explicando que este “é um dos perigos que mais frequentemente atingem as ilhas do arquipélago e que podem colocar as populações em risco”.

As nove ilhas dos Açores são de origem vulcânica. Existem no arquipélago 26 vulcões e sistemas vulcânicos ativos, oito dos quais submarinos. Santa Maria é a única ilha que não tem vulcões ou sistemas vulcânicos ativos.

Um vulcão ou sistema vulcânico ativo é aquele que tem potencial para entrar em erupção” ou que registou atividade nos últimos dez mil anos.

“Atualmente está tudo sereno, não podemos dizer o que vai acontecer amanhã, porque não sabemos”, referiu Teresa Ferreira, quando questionada sobre se algum indicia entrar em atividade.

A responsável salientou que “a ocorrência de um sismo não pode ser prevista, contudo em períodos de instabilidade sísmica pode ter-se uma atitude preventiva suplementar àquela” usada no dia a dia.

Alguns dos sismos mais significativos nos Açores, observou, ocorreram exatamente durante períodos das designadas crises sísmicas.

“Sempre que existe atividade sísmica que sai fora dos padrões normais e se essa se localiza próxima da linha da costa e, principalmente, no interior das ilhas - por isso, quer dizer que os epicentros são muito próximos de núcleos habitacionais -, emitimos comunicados à Proteção Civil, porque aí basta um sismo com uma magnitude ligeiramente superior para poder vir a ser sentido pela população ou para poder vir a ter alguns danos”, assinalou.

Quanto às erupções vulcânicas, “a instabilidade no edifício vulcânico pode ser colocada em evidência através da monitorização da sismicidade local ou da deformação crustal ou até da alteração de parâmetros químicos nas nascentes ou nas águas e nas emissões gasosas”.

As redes de monitorização podem dar a indicação de que algo está em mudança, pelo que autoridades e população podem ser alertadas para a ocorrência de uma eventual erupção para serem tomadas medidas preventivas.

http://www.acorianooriental.pt/images/articleframe/28615.jpg

Podiam era disponibilizar publicamente os dados desses sensores, e caso não queiram, para curiosos (como eu) façam análises antecipadas, podiam criar uns relatórios mensais públicos para cada zona vulcânica nos Açores ou relatórios de eventos.

Mas tudo é só para cientista ver...
 

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Nimbostratus
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Identificado centro emissor da erupção da Serreta de 1998-2001 ao largo da Terceira

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O centro emissor da erupção submarina da Serreta de 1998-2001, que ocorreu ao largo da ilha Terceira, foi identificado pela primeira vez num estudo recentemente publicado no Journal of Volcanology and Geothermal Research, uma das principais revistas de Vulcanologia. Os investigadores Adriano Pimentel e José Pacheco do Instituto de Investigação em Vulcanologia e Avaliação de Riscos da Universidade dos Açores (IVAR) e do Centro de Informação e Vigilância Sismovulcânica dos Açores (CIVISA) são coautores do artigo "Serreta 1998-2001 submarine volcanic eruption, offshore Terceira (Azores): characterization of the vent and inferences about the eruptive dynamics" que caracteriza o centro emissor da última erupção vulcânica ocorrida nos Açores, entre 1998-2001, na Crista Submarina da Serreta.

Este estudo resultou de uma colaboração internacional no âmbito do projeto FAIVI (Features of Azores and Italian Volcanic Islands) financiado pela União Europeia ao abrigo do programa EUROFLEETS e que contou com a participação de investigadores de várias instituições italianas, espanholas e portuguesas. Os trabalhos realizados a bordo do navio de investigação L'Atalante permitiram obter uma nova batimetria de alta resolução da Crista Submarina da Serreta e recolher um grande número de amostras dos produtos vulcânicos presentes no fundo marinho.

De acordo com Adriano Pimentel (IVAR/CIVISA) foi possível identificar as estruturas vulcânicas associadas à erupção submarina da Serreta de 1998-2001 e também caracterizar o seu estilo eruptivo. Os investigadores identificaram dois cones vulcânicos coalescentes com morfologia bem preservada no bordo sul da Crista Submarina da Serreta, a uma profundidade de 350 m, sob a área onde foram observados balões de lava a flutuar à superfície do oceano durante a erupção. Para além dos balões de lava basálticos (reconhecidos pela comunidade científica internacional como um novo produto eruptivo) e das cinzas vulcânicas observadas em suspensão à superfície, esta erupção produziu ainda um volume significativo de materiais escoriáceos que cobrem o fundo marinho em torno dos cones vulcânicos.

Ainda segundo os autores deste estudo, a erupção da Serreta de 1998-2001 correspondeu a uma erupção estromboliana submarina de profundidade intermédia em que se formaram dois cones de escórias (semelhantes aos cones que pontuam as paisagens açorianas), sendo que o maior dos dois colapsou parcialmente ao longo do flanco sul da Crista Submarina da Serreta no decurso ou após a erupção. Foram também reconhecidas semelhanças entre a erupção da Serreta de 1998-2001 e a erupção submarina ao largo da ilha de El Hierro, nas Canárias, em 2011-2012, levando os investigadores a considerar que os processos eruptivos que estão na origem da formação dos balões de lava são recorrentes em erupções basálticas submarinas de profundidade intermédia.

O artigo agora publicado pode ser acedido em https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0377027317306480.


Fonte: IVAR
 

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Descoberto novo campo hidrotermal nos Açores
20 jun 2018 17:05

Uma expedição científica no mar dos Açores descobriu um campo hidrotermal novo, o primeiro através de meios exclusivamente portugueses e também o que fica a menos profundidade de todos os oito campos conhecidos nos Açores.

“Estamos muito orgulhosos”, disse à Lusa Emanuel Gonçalves, líder da Expedição Oceano Azul e administrador da Fundação Oceano Azul.

Contactado telefonicamente pela Lusa, Emanuel Gonçalves explicou que a descoberta “foi uma felicidade”, mas os investigadores já tinham indícios.

“Havia indícios de que podia haver este tipo de atividade e termos selecionado esta região não foi por acaso. Mas não havia evidências, apenas indícios, foi uma felicidade”, disse o responsável à Lusa.

A expedição científica Oceano Azul começou no dia 03 e termina no próximo sábado e tem como objetivo explorar zonas ainda pouco conhecidas do mar dos Açores para promover a conservação marinha, no âmbito do programa “Blue Azores”.

E foi dentro dessa expedição que foi feita a descoberta, a 570 metros de profundidade, no monte submarino Gigante, a 60 milhas da ilha do Faial.

Questionado pela Lusa sobre a importância do campo hidrotermal, Emanuel Gonçalves explicou que o facto de ser pouco profundo e próximo do Faial permite investigações futuras de forma muito mais fácil. Os campos hidrotermais acessíveis são raros, salientou o responsável, explicando que são uma fonte “muito importante de informação” e podem por exemplo ajudar “a entender melhor questões como a origem da vida”.

Os campos hidrotermais (água quente vinda do interior da terra, rica em minerais) são zonas de grande riqueza biológica e mineral. São “verdadeiros oásis escondidos no oceano profundo, que normalmente são encontrados a quilómetros de profundidade e a centenas de milhas das zonas costeiras”, diz a Fundação Oceano Azul num comunicado a propósito da descoberta.

Nas declarações à Lusa Emanuel Gonçalves destacou ser a primeira vez que há uma descoberta do género feita por uma expedição de cientistas portugueses e com meios navais também portugueses. “É a primeira vez que uma descoberta assim resulta de uma conjugação de esforços de entidades nacionais”, disse à Lusa.

A expedição é organizada pela Fundação Oceano Azul em parceria com a Waitt Foundation (proteção dos oceanos) e a National Geographic Pristine Seas (projeto para salvaguardar zonas intactas dos oceanos), e em colaboração com a Marinha Portuguesa através do Instituto Hidrográfico, o Governo Regional dos Açores e a Estrutura de Missão para a Extensão da Plataforma Continental.

Participam na expedição, além de cientistas nacionais de diversos centros de investigação e universidades, especialistas de universidades e instituições dos Estados Unidos, Austrália e Espanha.

Telmo Morato, coordenador da equipa da expedição Oceano Azul dedicada aos ecossistemas de profundidade, explicou, citado no comunicado, que “os camposhidrotermais são zonas onde emergem fluidos quentes frequentemente relacionados com vulcanismo, ricos em minerais que criam as condições para o desenvolvimento de um ecossistema único que não depende da luz do sol”.

E disse que o campo agora descoberto é composto por múltiplas chaminés de diferentes alturas e que os fluidos hidrotermais são transparentes, ligeiramente mais quentes que o exterior e ricos em dióxido de carbono.

Atualmente, são conhecidos oito campos hidrotermais profundos no mar Português ao largo dos Açores: “Lucky Strike” (o primeiro a ser descoberto, em 1992), “Menez Gwen", “Rainbow", “Saldanha", “Ewan", “Bubbylon”, “Seapress" e “Moytirra”, lembra o comunicado.

A Fundação Oceano Azul foi criada no ano passado com o objetivo de “reaproximar Portugal do mar”. O programa “Blue Azores” é uma pareceria com a Fundação e a Fundação Waitt a três anos para a promoção, proteção e valorização do mar dos Açores.
https://24.sapo.pt/atualidade/artigos/descoberto-novo-campo-hidrotermal-nos-acores
 

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Magnitude ML 4.1
Region AZORES ISLANDS REGION

Date time 2018-07-21 22:15:25.0 UTC
Location 37.50 N ; 24.80 W
Depth 1 km
Distances 1379 km W of Lisbon, Portugal / pop: 518,000 / local time: 23:15:25.0 2018-07-21
81 km E of Ponta Delgada, Portugal / pop: 20,100 / local time: 22:15:25.0 2018-07-21
54 km SE of Furnas, Portugal / pop: 1,600 / local time: 22:15:25.0 2018-07-21
https://www.emsc-csem.org/Earthquake/earthquake.php?id=697192
697192.local.jpg
 
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CAMPO HIDROTERMAL DESCOBERTO NOS AÇORES TEM CARACTERÍSTICAS ÚNICAS QUE ESTÃO A ATRAIR CIENTISTAS
22 ago 2018 14:29
Nuno de Noronha

O Campo Hidrotermal Luso, descoberto dia 16 de junho na ilha do Faial pela equipa científica da expedição organizada pela Fundação Oceano Azul em parceria com a Waitt Foundation e a National Geographic Pristine Seas, voltou a ser visitado por investigadores este mês para um estudo mais aprofundado. (Foto: Campo Hidrotermal Luso ©INFREMER/TRANSECT Cruise)
... https://lifestyle.sapo.pt/saude/not...risticas-unicas-que-estao-a-atrair-cientistas
 
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Angra do Heroismo, Ilha Terceira, Açores
Terceira
Erupção submarina da Serreta: última erupção vulcânica ocorrida nos Açores
Hoje, dia 18 de dezembro, faz 20 anos que teve início a erupção submarina da Serreta. Neste dia em 1998, foram avistadas por pescadores, emanações gasosas no mar a cerca de 10 km da freguesia da Serreta (ilha Terceira).

Quatro dias mais tarde, confirmava-se a erupção submarina de profundidade intermédia, com a emissão de gases, colunas de vapor de água, cinzas e balões de lava flutuantes. Os balões de lava, originados a mais de 300 metros de profundidade, correspondem a estruturas ocas, formadas por uma camada fina de lava, envolvendo uma cavidade central, interpretados como resultado da acumulação de grandes quantidades e bolhas de gás sobe uma película de lava ainda plástica, e que ascendem até à superfície por flutuação. Estes tendiam a flutuar durante poucos minutos (cerca de 15) e, posteriormente, afundavam devido à expulsão dos gases.

Esta erupção foi precedida por um ligeiro incremento da atividade sísmica a partir do dia 23 de novembro, atribuída à fase de fraturação e injeção de magma no sistema vulcânico submarino, que se estende a W da ilha Terceira. O reduzido número de sismos registados ao longo de toda a erupção, e a baixa magnitude dos eventos, entende-se como resultado da ascensão de um líquido magmático muito fluido ao longo de um sistema de fraturas preexistente e bem definido.

Desde o seu início, a erupção apresentou períodos variáveis, alternando com períodos sem manifestações superficiais, tendo sido registada a sua última observação de atividade no verão de 2001.

Um estudo recentemente publicado, que contou com a colaboração de investigadores do Centro de Informação e Vigilância Sismovulcânica dos Açores (CIVISA) e do Instituto de Investigação em Vulcanologia e Avaliação de Riscos (IVAR), identifica pela primeira vez o centro emissor da erupção submarina da Serreta. Para além dos balões de lava basálticos (reconhecidos pela comunidade científica internacional como um novo produto eruptivo) e das cinzas vulcânicas observadas em suspensão à superfície, esta erupção produziu ainda um volume significativo de materiais escoriáceos que cobrem o fundo marinho em torno dos cones vulcânicos. Ainda segundo os autores deste estudo, esta erupção correspondeu a uma erupção estromboliana submarina de profundidade intermédia em que se formaram dois cones de escórias (semelhantes aos cones que pontuam as paisagens açorianas).



Fontes

IVAR/CIVISA


20181218-erupcao-serreta.jpg
 

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Nimbostratus
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Avaliação do impacto de erupções explosivas no vulcão do Fogo na economia do turismo do concelho de Vila Franca do Campo (Ilha de São Miguel, Açores)
https://repositorio.uac.pt/handle/10400.3/4927

Boa leitura sobre a história eruptiva do Vulcão do Fogo e impacto de uma futura erupção VEI4 (erupção de 1563) e VEI5 (Fogo A - 4500 anos) , com simulações de queda de piroclastos de queda (cinzas) com os ventos predominantes do Verão e Inverno e piroclastos de fluxo (nuvens ardentes).

Acho que podia-se fazer um estudo sobre o impacto da economia do turismo em toda a ilha de São Miguel, uma erupção VEI4/VEI5 iria destruir a paisagem na zona central de São Miguel durante décadas, isto afecta a ilha toda.