Sistema Sintra-Montejunto -Estrela

frederico

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Estão a falar dos eucaliptos para qualificar a área acima de Aveiro de mais oceânica que mediterrânica?
Antes da praga ser implementada o que mais havia eram vinhas, o mundo mediterrânico em seu esplendor.

O litoral a norte de Aveiro já faz parte da área Eurossiberiana.

Limites da área Eurossiberiana em Portugal:

Sul: uma linha imaginária aproximadamente perpendicular à Ria de Aveiro;

Leste: «barreira de condensação», serras da Arada, Montemuro, Marão, Gerês, Peneda, etc.

A sul da Ria de Aveiro, até ao vale do Mondego, há uma zona de transição, depois a sul do Mondego entramos na área Mediterrânica.

PS: a norte da Ria de Aveiro a percentagem de espécies vegetais atlânticas supera a percentagem de espécies mediterrânicas, entre o vale do Vouga e do Mondego ambas as percentagens são mais ou menos idênticas.

PS2: por exemplo, o sobreiro é uma das espécies mais associados ao mundo mediterrânico que é espontânea no Minho.
 


Costa

Cumulus
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14 Abr 2007
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Re: Seg. Previsão do Tempo e Modelos - Novembro 2010

Julgo que quando o IM se refere por exemplo a chuva a norte do sistema montanhoso Montejunto-Estrela se refere á região a Norte dessa linha no mapa:


DRC, consegues arranjar esse mapa sem a linha?
 

Golden Fields

Cirrus
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8 Ago 2010
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O litoral a norte de Aveiro já faz parte da área Eurossiberiana.

Limites da área Eurossiberiana em Portugal:

Sul: uma linha imaginária aproximadamente perpendicular à Ria de Aveiro;

Leste: «barreira de condensação», serras da Arada, Montemuro, Marão, Gerês, Peneda, etc.

A sul da Ria de Aveiro, até ao vale do Mondego, há uma zona de transição, depois a sul do Mondego entramos na área Mediterrânica.

PS: a norte da Ria de Aveiro a percentagem de espécies vegetais atlânticas supera a percentagem de espécies mediterrânicas, entre o vale do Vouga e do Mondego ambas as percentagens são mais ou menos idênticas.

PS2: por exemplo, o sobreiro é uma das espécies mais associados ao mundo mediterrânico que é espontânea no Minho.

Acho que isso é impossível. O que se vê mais no Norte Litoral são eucaliptos.
A zona de transição entre o clima mediterrânico e marítimo é exactamente o Norte Litoral, embora ainda Mediterrânico devido à existência de meses quentes/secos contrapondo os frescos e chuvosos, característica exclusiva do clima mediterrânico.
 

frederico

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9 Jan 2009
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Acho que isso é impossível. O que se vê mais no Norte Litoral são eucaliptos.
A zona de transição entre o clima mediterrânico e marítimo é exactamente o Norte Litoral, embora ainda Mediterrânico devido à existência de meses quentes/secos contrapondo os frescos e chuvosos, característica exclusiva do clima mediterrânico.

Golden, deixa lá os eucaliptos, que são uma espécie introduzida. Existem várias espécies de eucaliptos, umas adaptadas a climas mais húmidos, outras a climas mais secos. A Austrália tem um quadro climático complexo, ao contrário do que se pensa. Sidney, por exemplo, não tem meses secos, e nos seus arredores há muitas florestas de eucaliptos: http://wmo.meteo.pt/cityForecast.jsp?cityID=300.

O que interessa aqui é apenas isto: considera-se região Eurossiberiana quando o número de espécies vegetais atlânticas supera as mediterrânicas, e isso acontece na região que eu mencionei.

Para além disso, na região Eurossiberiana pode haver até 2 meses secos. A divisão entre Europa Mediterrânica e Europa Eurossiberiana não tem em conta apenas características climáticas.

Por isso, mantenho o que disse.

Região Eurossiberiana em Portugal:

Enquadra indubitavelmente as províncias do Minho, Douro Litoral, Beira Litoral Norte e eventualmente algumas áreas de maior altitude no interior a norte da Cordilheira Central.

Conforme salienta Orlando Ribeiro, um bom indicador da região Mediterrânica é a presença ou ausência do cultivo da azeitona. E na região Eurossiberiana de Portugal, a oliveira está praticamente ausente. No conjunto, o Noroeste de Portugal está mais próximo da Europa Média do que da Europa do Sul, atendendo ao clima, flora, fauna, divisão da propriedade, distribuição da população, tipo de gado predominante, culturas mais comuns, tradições, etc.
 

adiabático

Cumulus
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19 Nov 2007
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Lumiar
Exacto. Se repararem, a norte dessa linha o tipo de revestimento vegetal é diferente daquele situado a sul. A norte floresta mais densa; a sul floresta do tipo montado, que já se nota na Beira Baixa (uma região de transição, pois nas serranias junto à linha há bastante floresta), algo a norte do Tejo. Isto reflecte a diferença de quantidade de precipitação que há nos dois lados da linha.

Tenho as minhas dúvidas de que o montado se assemelhe sequer à forma do coberto vegetal climácico das regiões em que ocorre. Orlando Ribeiro referiu-se à vegetação que existia no Alentejo antes das grandes arroteiras agrícolas como "brenhas impenetráveis" - e reparem como isto se assemelha ao "maquis" que sobrevive, como relíquia, nalgumas regiões mediterrânicas. O montado de sobro ou de azinho é uma "floresta aberta", assim designada no sentido cultural ou silvícola, ou seja, é mantida dessa forma por práticas culturais. Provavelmente, o coberto do Sul seria mais denso e constituído por indivíduos de menor estatura do que o coberto do Norte - menor estatura, mesmo, do que os sobreiros e azinheiras que actualmente se vêem e que, por o sistema ser mantido artificialmente, acabam por atingir maiores dimensões.
 

Golden Fields

Cirrus
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Coimbra, Capital do Amor Eterno
Golden, deixa lá os eucaliptos, que são uma espécie introduzida. Existem várias espécies de eucaliptos, umas adaptadas a climas mais húmidos, outras a climas mais secos. A Austrália tem um quadro climático complexo, ao contrário do que se pensa. Sidney, por exemplo, não tem meses secos, e nos seus arredores há muitas florestas de eucaliptos: http://wmo.meteo.pt/cityForecast.jsp?cityID=300.

O que interessa aqui é apenas isto: considera-se região Eurossiberiana quando o número de espécies vegetais atlânticas supera as mediterrânicas, e isso acontece na região que eu mencionei.

Para além disso, na região Eurossiberiana pode haver até 2 meses secos. A divisão entre Europa Mediterrânica e Europa Eurossiberiana não tem em conta apenas características climáticas.

Por isso, mantenho o que disse.

Região Eurossiberiana em Portugal:

Enquadra indubitavelmente as províncias do Minho, Douro Litoral, Beira Litoral Norte e eventualmente algumas áreas de maior altitude no interior a norte da Cordilheira Central.

Conforme salienta Orlando Ribeiro, um bom indicador da região Mediterrânica é a presença ou ausência do cultivo da azeitona. E na região Eurossiberiana de Portugal, a oliveira está praticamente ausente. No conjunto, o Noroeste de Portugal está mais próximo da Europa Média do que da Europa do Sul, atendendo ao clima, flora, fauna, divisão da propriedade, distribuição da população, tipo de gado predominante, culturas mais comuns, tradições, etc.

Eu sou o primeiro a querer deixar os eucaliptos, devia ser tudo dizimado e dar extensiva produção aos nossos produtos mais conhecidos no mundo inteiro, o vinho e azeite.
Agora é mais que sabido que o Norte Litoral do país está impestado de eucaliptos e o mais triste é ver fotografia antigas da região cheia de lindas vinhas por todo o lado. Foi a febre do lucro fácil do eucalipto destruindo a paisagem e valores.

Concordo com Orlando Ribeiro, a oliveira é o símbolo mais potente da Europa Mediterrânica (mas não só, de longe). E o Norte litoral de Portugal tem cultivo de oliveira, aliás a fronteira do cultivo da oliveira é numa pequena franja sul da Galiza que já falei por aí, onde ainda há produção. O Largo da Oliveira em Guimarães é uma das praças mais bonitas do Norte Litoral do país :) Actualmente as maiores regiões produtores de azeite em Portugal são Trás-os-Montes, Beira Interior e Alentejo. Na Idade Média a região de Coimbra era a maior produtora de azeite a nível nacional junto com Évora.
O Noroeste não está nada mais perto da Europa Média do que da do Sul, porque Portugal inteiro localiza-se no Sul da Europa. Só falta aí dizeres que os Minhotos e Portuenses não são um povo tipicamente mediterrânico nas suas feições :thumbsup:
 

GabKoost

Nimbostratus
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Parece andarem esquecidos que os Sobreiros são QUERCUS tal como os Carvalhos.

São árvores da mesma família e muito semelhantes.

Além disso, no Minho todas as árvores se adaptam devido á Natureza benéfica para a vegetação.

Mais raro são por ex. os Carvalhos Alvarinhos no Alentejo pois esses necessitam de muita água e detestam longos períodos secos.

No Minho, não me recordo de um bosque de Sobreiros que exista espontâneo. A maioria dos Sobreiros deve a sua existência pela necessidade de cortiça tal como em qualquer lado.

O mesmo se passa com as Oliveiras. Uma árvore tipicamente mediterrânica que também se dá bem no Minho. O azeite era cá produzido da mesma forma do que no sul do país. Mais uma vez, a vastíssima maioria dessa espécie deriva da exploração humana e não da espontaneidade.

Interessante referir que estas espécies ganham no Norte características distintas.

Uma Oliveira ou um Sobreiro conseguem aqui ter o dobro do tamanho do que no Sul do país.

Como disse e reforço, o Minho devido ao seu clima, consegue suportar qualquer tipo de vegetação pelo que não se deve pensar nos sobreiros como uma espécie marcante e característica.

Essa e outras existem maioritariamente devido á utilização humana.

O eucalipto que surgiu na conversa é, obviamente, despropositado pois deveria ser erradicado do país.

A Vinha essa não é exclusividade do mundo mediterrânico e decorre da utilização humana não sendo caracterizada como uma árvore.

A vinha Minhota, no entanto, por tradição, também ela é altíssima e pendurada ao longo de árvores maiores formando os enforcados. Só recentemente foi introduzido o sistema de vinha rasteira conhecido globalmente.
 

frederico

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O Noroeste não está nada mais perto da Europa Média do que da do Sul, porque Portugal inteiro localiza-se no Sul da Europa. Só falta aí dizeres que os Minhotos e Portuenses não são um povo tipicamente mediterrânico nas suas feições :thumbsup:

Não fui eu que o afirmei, foi o Orlando Ribeiro. Mas depois de viver aqui no Porto e conhecer a região, concordo. E o Orlando Ribeiro argumenta muito bem. O Noroeste tem a paisagem sempre verde durante o Verão, há apenas dois meses secos, aqui predomina o gado bovino, a pequena propriedade, a elevada densidade populacional, o tipo de produtos agrícolas mais cultivados, a vegetação predominante, etc. Não se trata aqui de uma questão geográfica Sul versus Norte, não estamos a comparar latitudes. Trata-se apenas de olhar para a agricultura tradicional, a distribuição da população, o clima, a vegetação, a fauna, as tradições, a propriedade e mais factores característicos do Noroeste e comparar com a Europa Média e com o resto de Portugal.
 

frederico

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Mas o sobreiro é espontâneo no Noroeste, onde tem um comportamento marcescente. Nunca visitei, mas já li sobre o sobreiral da Ermida, na serra do Gerês. Alguém aqui conhece? Aqui mesmo ao lado do meu prédio há uns terrenos abandonados com bosquetes de sobreiro e de carvalho-alvarinho. E já vi sobreiros no Sul da Galiza. É uma árvore que se adapta bem a diferentes regimes de pluviosidade, que podem ir dos 450 mm até valores superiores a 1500 mm ano. Penso que é uma espécie pouco tolerante em relação a extremos de temperatura, talvez isto justifique o facto de ver apenas azinheiras ou Quercus pyrenaica como vegetação potencial em áreas que já visitei no interior do Alentejo, na Estremadura espanhola, na Andaluzia ou na Terra Fria transmontana.

Quanto à vinha, não me parece um bom indicador do mundo mediterrânico, pois é uma espécie cultivada na região de Champagne, na França, ou no sul da Alemanha, isto só a título de exemplo. E a própria oliveira pode surpreender na sua distribuição, a norte de Milão, junto dos lagos alpinos italianos, já vi culturas de oliveiras, e é uma região sem meses secos, tal como toda aquela região do norte de Itália a sul do Alpes (Lombardia, Piemonte, Veneto, etc).
 

frederico

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Tenho as minhas dúvidas de que o montado se assemelhe sequer à forma do coberto vegetal climácico das regiões em que ocorre. Orlando Ribeiro referiu-se à vegetação que existia no Alentejo antes das grandes arroteiras agrícolas como "brenhas impenetráveis" - e reparem como isto se assemelha ao "maquis" que sobrevive, como relíquia, nalgumas regiões mediterrânicas. O montado de sobro ou de azinho é uma "floresta aberta", assim designada no sentido cultural ou silvícola, ou seja, é mantida dessa forma por práticas culturais. Provavelmente, o coberto do Sul seria mais denso e constituído por indivíduos de menor estatura do que o coberto do Norte - menor estatura, mesmo, do que os sobreiros e azinheiras que actualmente se vêem e que, por o sistema ser mantido artificialmente, acabam por atingir maiores dimensões.

Claro que o montado não é o coberto vegetal climácico do Alentejo, é um tipo de ecossistema criado pelo homem, provavelmente desde o período romano ou até antes.

E no Alentejo não surgiam apenas sobreiros e azinheiras, no Alto Alentejo, nas serras, o carvalho-negral marcou e marca presença, o carvalho-cerquinho é espontâneo no Alentejo litoral, o Quercus canariensis é espontâneo no sudoeste alentejano, o pinheiro-manso, o medronheiro, as árvores das galerias ripícolas. O facto do sobreiro e da azinheira terem uma protecção legal histórica ajudou também a este quadro.
 

GabKoost

Nimbostratus
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Mas o sobreiro é espontâneo no Noroeste, onde tem um comportamento marcescente. Nunca visitei, mas já li sobre o sobreiral da Ermida, na serra do Gerês. Alguém aqui conhece? Aqui mesmo ao lado do meu prédio há uns terrenos abandonados com bosquetes de sobreiro e de carvalho-alvarinho. E já vi sobreiros no Sul da Galiza. É uma árvore que se adapta bem a diferentes regimes de pluviosidade, que podem ir dos 450 mm até valores superiores a 1500 mm ano. Penso que é uma espécie pouco tolerante em relação a extremos de temperatura, talvez isto justifique o facto de ver apenas azinheiras ou Quercus pyrenaica como vegetação potencial em áreas que já visitei no interior do Alentejo, na Estremadura espanhola, na Andaluzia ou na Terra Fria transmontana.

Atenção que o que eu qiz dizer foi que o Sobreiro cresce no Noroeste como qualquer árvore por causa de 1º, a riqueza do clima, 2º pela exploração humana.

Apesar de existirem espontaneamente, será sempre em muito menor escala do que no sul e não é uma árvore marcante do clima e da região.

Aliás, eu refiro que o Sobreiro é um Quercus tal como o Carvalho e que por isso não háveria motivo para não crescer cá.

Mesmo assim, os que cá crescem são brutalmente diferentes dos do Sul do país pois tem o dobro do tamanho o que prova a completa diferença do clima e terras.
 

GabKoost

Nimbostratus
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Só falta aí dizeres que os Minhotos e Portuenses não são um povo tipicamente mediterrânico nas suas feições :thumbsup:

Gostaria de saber o que define por feições mediterrânicas?

Até porque o Noroeste Ibérico tem uma percentagem de tons claros de pele, cabelo e olhos, muito superior ao resto da Ibéria.

Em portugal essas diferenças foram atenuadas pela reconquista mas, em Espanha, a diferença entre um Galego e um Sevilhano é BERRANTE.

Poderia entrar numa extensa conversa antropológica mas vou abreviar a questão:

O Noroeste Ibérico teve mais influencias Celticas e de Povos Germânicos do que o Sul do país.

Braga por exemplo foi a capital da Gallaecia, primeiro reino medieval europeu e Reino Suevo.

Os séculos de domínio germânico que se contrapuseram aos seculos de domínio mozárabe a sul criaram DE FACTO um substracto diferenciável entre o Norte da peninsula e o Sul.

Porém, gostaria de saber o que considera como "feições mediterrânicas" pois, na Itália, há imensos olhos azuis assim como há imensos loiros Portugueses de Norte a Sul do país.
 

frederico

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Sim claro, a árvore dominante no Noroeste é o roble, e não o sobreiro.

Também já notei as diferenças nas dimensões dos sobreiros aqui no Noroeste, as copas são mais esguias que no Sul, as folhas também têm uma coloração diferente, e para além disso, o comportamento marcescente é visível.