Suponho que a espécie de leão que existia em Portugal fosse a mesma que havia um pouco por toda a Europa do Sul. Penso que o último sitio a desaparecer foi na Grécia ou Balcãs, já no século I D.C
Sim, foi. Mas o que eu gostaria de saber é qual era essa subespécie pois a espécie é provavelmente a mesma do leão africano. O mesmo para o leopardo ( Panthera pardus) cuja subespécie devia ser a sickenbergi ( mas não tenho a certeza). Vou ver trabalhos sobre o assunto. Sobre o Queixa ou Tigre ( lince-boreal?) e a sua presença no Gerês ( Xurés na Galiza) aqui vão mais informações ( deixadas pelo nosso colega do forum, Kodiak) : Há tempos encontrei um documento muito interessantes, de 1730, que termina da seguinte maneira: "...a pelle deste bicho levou-a o caçador ao Dom Abade do Convento de Bouro aonde todos os Religiosos averiguarem ser de Tigre. Outro documento de 1758 dizia a certa altura: "...tambem se tem mortos alguns tygres e outros bichos desconhecidos..."
Raça Maronesa: http://www.flickr.com/photos/31565070@N00/505783433/ http://www.diariodetrasosmontes.com/noticias/complecta.php3?id=16773 Fenótipos muito interessantes: a forma de lira dos cornos, a coloração primitiva e a estatura elevada em alguns exemplares ( sem fazer cruzamentos propositados!) Estamos perante, segundo estudos genéticos, uma raça bovina muito primitiva. Uma das mais antigas e arcaicas que vi nos estudos que consultei. E até conservam comportamentos típicos de animais selvagens. Uma selecção de animais com maior primitivismo, podia dar resultados muito interessantes! Se fossem soltos numa reserva natural apropriada, poderiam ter uma vida selvagem e primitiva como sempre tiveram e ser auroques, como sempre foram!
Bem bonitas, mas esta não foi uma das espécies seleccionadas para a tentativa de fazer "renascer" o auroque. http://www1.folha.uol.com.br/folha/bbc/ult272u687461.shtml
Esta não foi uma das raças seleccionadas para fazer renascer o auroque, porque nem toda a gente tem acesso aos estudos genéticos feitos a todas raças da P. Ibérica. Portugal é tipicamente um país mal estudado a nível científico e portanto isto é só mais um exemplo disso mesmo. Edit: Entretanto a Maronesa já foi escolhida para esse projeto!
Luta entre machos de Barrosã: http://olhares.aeiou.pt/chega_barrosa_foto4083035.html O macho mais escuro parece ser um excelente exemplar. Mas penso que há raças mais apropriadas para este objectivo ( recuperar o auroque). http://serradapeneda.blogspot.com/2007/04/vaca-barros.html Barrosã Mas alguns são excelentes exemplares!
Sim é uma opinião muito interessante, obrigado! Sobre o zebro, já sabemos que não está correcto o que aí se diz e relativamente ao auroque, não sei se os cruzamentos dessas raças vão resolver alguma coisa. A opinião sobre o auroque já a dei mais acima, entretanto, se vier algo mais consistente sobre o assunto, que venha, que serei todo ouvidos! De resto, está muito bom!
Será que o «Queixa» é algum animal mítico que nunca existiu na Península Ibérica? Ou seja será que o lince-boreal peninsular é uma lenda? Já recebi a confirmação sobre o seu estatuto, tanto em Espanha como em Portugal, alguém quer tentar responder às perguntas para ver se acerta?
Eu diria que o lince boreal já andou pelo norte da península. Em termos de habitat e clima, o norte é bem mais parecido com o resto da Europa onde o lince boreal existia. Se calhar o lince ibérico não se aventurava muito pelo norte com mais floresta e menos coelhos.
A tua resposta está correcta! De facto, o lince-boreal já chegou a existir até quase ao Sul do Portugal ( há dezenas de milhares de anos, por exemplo), mas quando o clima era diferente ( mais frio). Entretanto, tal como tantos outros animais «eurossiberianos», viu a sua distribuição ficar limitada ao Norte do país.
Tenho que consultar melhor os modelos climáticos para as zonas mais altas de Portugal , o estado dos seus gelos e a permanência ou ausência de neve durante o ano. Será que no futuro ( mesmo próximo), haverá condições para a permanência de animais boreais nas nossas zonas alpinas? Parece-me que perto do Atlântico as temperaturas são mais constantes do que nas montanhas mais secas do interior. De salientar que quando há variações climáticas, a fauna muda ou adapta-se ( quando pode), mas só que desta vez o Homem está aqui a impedir a sua recolonização... Estas espécies já viveram e iriam viver de novo, senão estivessemos aqui a impedir os seus movimentos. A dimensão desta catástrofe ambiental, tem repercussões ainda muito mal entendidas. A presença do Homem é recente e este sim, é o verdadeiro problema. É possível conviver ? Sim, com algumas medidas já provadas como seguras... Então é um modelo que funciona? Claro, que sim. O Homem aqui é que já é um exagero, um capricho, mas já que estamos aqui todos e não vamos de volta para África ou não vamos viver para as cavernas, temos que tomar opções seguras mas úteis e honestas. Não digo que tudo vá funcionar a 100%, mas pode-se tentar e pelo menos um avanço, parece ser o resultado mais provável. PS: A presença e expansão do veado, gamo, ibex, muflão, javali e do corço, em várias partes do nosso país, é uma notícia bem vinda, mas também é um sinal de ecossistemas rompidos... Que medidas de gestão se adivinham para estas espécies? Caça ? Como tem sido feita, não tem sido eficaz, nem tão pouco mais ou menos. Há até locais que têm muita gestão de caça, com muitos veados e muitos têm pouco tamanho e hastes mal formadas. Relativamente ao mamute foi apenas um pequeno devaneio, ainda que tenha curiosidade de saber os resultados do projecto japonês. Quem sabe...
Não estarás a misturar espécies que se extinguiram pela mão humana, com outras que desapareceram por outras causas (climáticas, selecção natural,...)?
As que se extinguiram pela mão humana, normalmente são as que existiram na última fase do Pleistoceno ( ou seja praticamente todas as que foram mencionadas). Mas muitas dessas espécies nem sequer estão extintas ( globalmente). Com o recuar dos glaciares, algumas dessas espécies ficaram restritas às montanhas mais altas ( em autênticos oásis das neves) e estando em situação vulnerável a nível espacial foram depois destruídas pelo Homem. Tenho que estudar melhor a bioclimatologia aconselhável para estas espécies. Mesmo que possa haver um caso ou outro de uma extinção não humana, essas espécies , tendo em conta a sua distribuição actual, iriam mais tarde ou mais cedo, recolonizar o nosso país ( tanto de Norte, numa próxima Glaciação, como de Sul em igual período). O problema são os humanos, que estão aqui para impedir os ciclos naturais de seguirem o seu curso normal. Mas isso pode ser resolvido, pelo menos em parte... Outra coisa, que me assusta um bocado, é existir a ideia de que Portugal sempre foi um carvalhal... Gostava de saber quem ainda acredita nisso e em que períodos acham que isso foi assim...