Biodiversidade



Gerofil

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21 Mar 2007
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Estremoz
Floresta portuguesa afectada pelo clima

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Nas margens dos rios do Noroeste de Portugal, um narciso muito especial pode estar ameaçado pelas alterações climáticas. É um indicador dos impactos esperados na flora, da planta mais sensível às árvores.
Apesar de a região ser a menos afectada pelo aumento da temperatura e pela diminuição da precipitação, os "martelinhos", como é conhecido o Narcissus cyclamineus, cujas populações estão diminuídas por causa da pressão da exploração agrícola e do corte da vegetação ribeirinha, podem ser afectados pela intensificação da sazonalidade das chuvas, estima João Honrado, botânico da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto.
Espécies da floresta com elevada importância ecológica como o carvalho, o teixo, o azevinho e o azereiro estão entre as que "podem não acompanhar os ritmos das alterações", devido à capacidade de dispersão limitada e à expansão lenta, como prevê o projecto SIAM II – Alterações Climáticas em Portugal.
Se o clima for mais quente, as espécies tenderão a deslocar-se para Norte e a subir em altitude. Mas "pode não haver tempo para que certas espécies ajustem a sua distribuição às novas condições climáticas, já que as mudanças estão aparentemente a ser mais rápidas e mais intensas do que a sua capacidade de resposta".
Pode não haver impactes directos sobre as espécies, mas sim sobre os habitats. Se o clima ficar seco, as dependentes da água – como os anfíbios e muitas plantas – terão previsivelmente áreas de distribuição mais limitadas. "Mesmo que só alguns atributos sejam alterados, será um problema". O desaparecimento de algumas espécies pode condicionar o equilíbrio de todo o ecossistema e a forma como ele presta serviços ambientais, os conhecidos "serviços ecossistémicos", como a depuração da água e do ar, a polinização ou a formação do solo.
Os problemas das alterações climáticas serão "tanto maiores quanto mais associados a outras pressões de origem antrópica, como a fragmentação dos habitats devido à agricultura intensiva, monoculturas florestais, urbanização e vários outros tipos de uso do solo", sublinha João Honrado.
Com a alteração do clima, a floresta nativa pode vir a conquistar áreas abandonadas. "Isso também depende da dinâmica socioeconómica no território: se se traduzir num abandono da agricultura e da pastorícia, as terras começarão a ser conquistadas por matos e giestas, favorecendo, a instalação da floresta autóctone".
Uma das espécies dominantes, a giesta, garante que o solo ganha e mantém características que assegurarão a regeneração com espécies que existem já nele ou com outras que possam chegar naturalmente, através de sementes transportadas pelo vento ou pelas aves – é a sucessão ecológica.
Se tivermos as serras cobertas com vegetação, haverá regulação dos recursos hídricos e processos biogeoquímicos com efeitos positivos na produtividade das plantas. Mas a capacidade depende do historial de utilização do espaço. Por exemplo, algumas zonas serranas – no Gerês, na Estrela, no Marão, no Montemuro – estão despovoadas e sem vegetação e grande parte da vegetação florestal autóctone está refugiada no fundo dos vales, pelo que se prevê demorada a sua regeneração natural.
Se as precipitações se tornarem menos regulares, nomeadamente no Alentejo e em Trás-os-Montes, e se não houver solo e cobertura vegetal capaz de reter a água, a sobrevivência de plantas e animais pode ficar ameaçada.
Como nos planos de ordenamento florestal se prevê a utilização das espécies autóctones folhosas para produção e compartimentação, para efeitos de protecção conta os incêndios, o botânico crê que "a capacidade de serviços ecológicos e de protecção do solo, retenção de água, regulação de ciclos bio-geoquímicos, prevenção de incêndios, etc. poderá vir a ser bastante incrementada".

Alfredo Maia

Fonte: JN
 

belem

Cumulonimbus
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10 Out 2007
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Contou-me agora, um investigador que está na zona do Sabugal, que o abutre-negro começa a aparecer também por aquela região. ;)
Uma ave que era tão rara há apenas alguns anos, começa agora a alargar o seu feúdo. Também há relatos confirmados de águia-real numa região lá próxima.
 

trepkos

Nimbostratus
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Eborae
Deixo-vos aqui uma foto de Sardão ( Lacerta lepida ) tirada na Casa Branca, Serra de Monfurado, concelho de Montemor-o-Novo.

A foto tem má qualidade porque foi tirada com um telemóvel e foi-me enviada, tenho pena de nunca ter visto um destes exemplares 'in loco' gostava bastante de os fotografar.

PS: Estava Morto.



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Para quem não conhece esta espécie, deixo aqui uma foto para se ver bem.

 

MSantos

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3 Out 2007
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Ainda hoje numa aula de campo vi um sardão:), foi perto da Aldeia de Parada, aqui no Concelho de Bragança;)

Esta espécie pode ter quase 1 metro de comprimento da cabeça à ponta da cauda, é o maior lagarto da Europa;)
 

trepkos

Nimbostratus
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Ainda hoje numa aula de campo vi um sardão:), foi perto da Aldeia de Parada, aqui no Concelho de Bragança;)

Esta espécie pode ter quase 1 metro de comprimento da cabeça à ponta da cauda, é o maior lagarto da Europa;)

Eu acho que a maioria dos Portugueses desconhece que temos animais destes no nosso País, é um animal muito belo mas que até se custa a encontrar... e existe no país todo!
 

MSantos

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Eu acho que a maioria dos Portugueses desconhece que temos animais destes no nosso País, é um animal muito belo mas que até se custa a encontrar... e existe no país todo!

Nunca tinha visto nenhum em Trás-os-Montes, hoje foi a Primeira vez. Já vi alguns no Alentejo e Algarve, mas não são faceis de se ver, normalmente são muito esquivos... Eu nunca consegui ver nenhum exemplar muito grande, os que vi tinham todos menos de 40cm
 

Aristocrata

Super Célula
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28 Dez 2008
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Então e lucanos ou cabras loiras alguém tem observado alguns?
Ou já observou alguma vez?

Efectivamente sempre conheci por cabra loira...;) Nome engraçado para tal animal.
Já há uns anos que não vejo um exemplar desses mas em pequeno haviam vários carvalhos velhos por perto de casa e era frequente ver os ditos - quase sempre de cor preta. Por vezes apanhavamos os animais com um pequeno pau nas suas pinças - eu não metia os meus dedos naquilo...mas vi vários amigos a ficarem com elas cravadas nos dedos e mãos.:D
Outros tempos em que abundavam carvalhais. O problema hoje em dia é a raridade de carvalhais na zona, sendo a maioria constituida por carvalhos jovens, o que não proporciona condições de segurança para estes escaravelhos.

Quanto a espécies que vão aparecendo aqui na Chã de Ferreira, saliento a garça cinzenta que comecei a ver por cá há cerca de 3 anos (mais ou menos). Não sei exactamente o local onde pernoita ou passa a maior parte do tempo, mas algures no leito do Rio Eiriz ou zona superior do rio Ferreira.
Outras espécies que há muitos anos não se viam por cá começam a ser vistas. O milhafre que tão raro foi nos últimos 20 anos regressa em força, bem como aparentemente o peneireiro, para além de pequenas aves que os meus olhos pouco treinados não conseguem descortinar as suas espécies...:D
Uma das principais razões para esta situação deveu-se sem dúvida à caça abusiva: tudo o que mexia era alvo dos "artistas". Agora com o passar dos anos as áreas de caça são poucas e é tudo mais regrado.
 

belem

Cumulonimbus
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Ainda hoje numa aula de campo vi um sardão:), foi perto da Aldeia de Parada, aqui no Concelho de Bragança;)

Esta espécie pode ter quase 1 metro de comprimento da cabeça à ponta da cauda, é o maior lagarto da Europa;)

Perto da Ericeira, no preciso local onde costumo de ficar durante a fase de trabalho de campo na região, durante uns 3 anos, aparecia sempre um sardão juvenil com cerca de 30 cm, que era um animal bastante curioso, pois se não fizessemos gestos bruscos, ele aproximava-se e ficava até cerca de 1 metro de nós, quieto a observar-nos! :D
Desde há 2 anos para cá, nunca mais o vi...
 

belem

Cumulonimbus
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Efectivamente sempre conheci por cabra loira...;) Nome engraçado para tal animal.
Já há uns anos que não vejo um exemplar desses mas em pequeno haviam vários carvalhos velhos por perto de casa e era frequente ver os ditos - quase sempre de cor preta. Por vezes apanhavamos os animais com um pequeno pau nas suas pinças - eu não metia os meus dedos naquilo...mas vi vários amigos a ficarem com elas cravadas nos dedos e mãos.:D
Outros tempos em que abundavam carvalhais. O problema hoje em dia é a raridade de carvalhais na zona, sendo a maioria constituida por carvalhos jovens, o que não proporciona condições de segurança para estes escaravelhos.

Quanto a espécies que vão aparecendo aqui na Chã de Ferreira, saliento a garça cinzenta que comecei a ver por cá há cerca de 3 anos (mais ou menos). Não sei exactamente o local onde pernoita ou passa a maior parte do tempo, mas algures no leito do Rio Eiriz ou zona superior do rio Ferreira.
Outras espécies que há muitos anos não se viam por cá começam a ser vistas. O milhafre que tão raro foi nos últimos 20 anos regressa em força, bem como aparentemente o peneireiro, para além de pequenas aves que os meus olhos pouco treinados não conseguem descortinar as suas espécies...:D
Uma das principais razões para esta situação deveu-se sem dúvida à caça abusiva: tudo o que mexia era alvo dos "artistas". Agora com o passar dos anos as áreas de caça são poucas e é tudo mais regrado.

Muito obrigado pelo teu testemunho!
É sem dúvida bastante interessante.
Contrariamente ao que a maior parte das pessoas pensam, as pinças do macho não magoam, mas sim as das fêmeas ( e não é brincadeira).
Elas usam as suas pinças como tornos para abrir a casca dos carvalhos para recolher um pouco de seiva e os machos algumas vezes aproveitam-se disso e assim reúnem-se todos no mesmo sítio.
Se aparecer algum macho extra, à partida deverá haver um combate e é aí que o arsenal espantoso do macho entra em acção, segurando o inimigo com as pinças e levantando-o para o atirar ao chão.
É para este propósito exclusivo que ele usa as suas mandíbulas. Se pusermos os dedos entre as pinças, mal sentimos ele a morder.
Também usam a sua aparência assustadora para tentar afastar predadores e sabe-se que sacrificam a sua vida durante o acasalamento, expondo-se ao perigo e protegendo a fêmea ( cobrindo-a com o seu corpo!). Há mais machos do que fêmeas e estas, muitas vezes portadoras de novas vidas, são mais preciosas para a espécie do que os machos. :)
 

Shimmy

Cirrus
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27 Mai 2010
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Ainda hoje numa aula de campo vi um sardão:), foi perto da Aldeia de Parada, aqui no Concelho de Bragança;)

Esta espécie pode ter quase 1 metro de comprimento da cabeça à ponta da cauda, é o maior lagarto da Europa;)

Eu por exemplo não fazia a menor ideia da existência. Desde que me registei neste fórum ainda não parei de aprender coisas interessantes :D
 

belem

Cumulonimbus
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A situação do Lince em Portugal, a sua ecologia, as medidas de gestão e as perspectivas da sua conservação, são apresentadas por um técnico do Instituto de Conservação da Natureza, Dr Luís Roma, que desde 1990 tem trabalhado com a espécie.



http://naturlink.sapo.pt/article.aspx?menuid=21&cid=1618&bl=1&section=1

Gostaria de salientar que estas populações, actualmente e muito provavelmente já não terão tantos efectivos e algumas delas provavelmente já estão extintas. Embora esta entrevista já seja depois de 2000...
As últimas informações, no entanto, apontam essencialmente para 3 regiões:
Monchique (!) :) , Guadiana e Malcata.
 

belem

Cumulonimbus
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Gostaria de salientar que estas populações, actualmente e muito provavelmente já não terão tantos efectivos e algumas delas provavelmente já estão extintas. Embora esta entrevista já seja depois de 2000...
As últimas informações, no entanto, apontam essencialmente para 3 regiões:
Monchique (!) :) , Guadiana e Malcata.

Estive na última semana na Serra de Monchique com pessoas da Soslynx.org, no local do achado ( escuta de lince-ibérico em 2008) e confirmaram que apenas a 1,5 km daquele local foi avistado um lince-ibérico numa reserva de caça, em 2005.
Segundo consta ainda há linces-ibéricos por lá, mas a soslynx. org diz não haver provas de reprodução efectiva. Eu acredito que sim, mas não da forma desejada ( regular e anual). Existem também vários avistamentos reportados ( mesmo exceptuando todos os casos duvidosos ou incertos).
A região que abordo não inclue apenas a Serra de Monchique, mas várias serranias que constituem uma área bastante apreciável, com vários kms de extensão.
Entretanto após ter sido confirmada a presença de um pequeno núcleo «linceiro» na Malcata, logo ao lado ( Serra de Gata), em Espanha acharam este ano provas genéticas da sua presença, corroborando todos os dados oficiais referentes à presença do lince na Malcata, alguns poucos anos antes.
Em apenas 1 dia e meio em uma das serras, sem procurar muito, registei a presença de javalis, águias de bonelli, corujas do mato,mochos-galegos, coelhos-bravos, perdizes, cucos, pegas-azuis, gaios, mariposas, borboletas, passeriformes, vaga lumes, micromamíferos, etc,etc...